História Surya: A última ilha - Um brinde a novas amizades

Várias garrafas de bebida depois e Cannon já estava completamente entrosado, um verdadeiro amigo de infância de Heldone e Ramon. Eles contavam histórias, rindo e bebendo despreocupadamente em uma mesa redonda, quando a torre do relógio anunciou as horas: meio dia. Heldone então virou sua caneca de bebida e se levantou.

– É um prazer tê-los na cidade meus amigos, podem ficar na minha casa se quiserem, mas eu preciso ir agora. Ainda tenho muita coisa ainda para organizar. – Anunciou.

A casa de Heldone era na verdade uma mansão, linda por fora e elegante por dentro. Com uma arquitetura clássica, repleta de belos quadros, vasos antigos, muitos quartos espaçosos e vários criados, todos vestidos impecavelmente.

– Acho que vou descansar um pouco então. Pretendo continuar de onde paramos mais tarde. – Disse Ramon com um largo sorriso. – Quer que eu lhe mostre os quartos Cannon?

– Não precisa. Eu vou dar uma volta pela cidade, nunca estive aqui antes. – Respondeu, Cannon, entornando também sua caneca de bebida.

Após a despedida, cada um tomou seu respectivo rumo. Cannon saiu um pouco cambaleante, desceu as escadarias e parou de frente para a rua. Parecia um pouco desorientado.

Ele pensou um pouco e resolveu seguir pelo caminho da direita, o qual acreditava que iria dar no centro. Cannon caminhava despreocupado, com as mãos atrás da cabeça, admirando os enfeites nas casas e a animação das pessoas. A cidade estava repleta de gente alegre, a maioria visitantes, que estavam ali para apreciar o festival e suas atrações: a queima de fogos, as danças e, sem dúvidas, a culinária local.

Além destes, vários mercadores também compareceram, vindos de todas as partes da ilha. Eles montavam barracas pelas ruas e ofereciam seus produtos, disputando no grito uns com os outros.

Tanto a cidade quanto o festival havia crescido muito nos últimos anos, sob a gerência de Heldone. Especialmente quando ele se aliou a Ghazi Kedar, um dos homens mais ricos e poderosos de Surya. Desde a aliança, Ghazi decidiu sair do reino de Trindade, para comemorar as viradas de ano em pascal. Seus investimentos fizeram rapidamente com que o Festival de Limpeza da cidade fosse o maior da ilha.

Cannon caminhou algumas horas, perdido, até chegar em uma praça, onde ao longe pôde avistar Heldone discursar por sobre um palanque. A praça estava tomada de pessoas que se deleitavam com a brilhante oratória de seu novo amigo. Sua concentração foi interrompida por uma voz feminina que vinha de trás dele.

– Será que um moço bonito como você planeja mesmo passar o festival sozinho? – Disse a voz fina e forçadamente meiga. – Por uma quantia generosa, uma pobre dama indefesa, como eu, não resistiria a se deleitar um pouco em seus braços essa noite.

Cannon sorriu maliciosamente com a proposta e se virou.

– É claro que não perderia a oportunidade de pass...

Seus olhos avistaram a pobre dama: uma mulher de uns sessenta anos, ou mais, vestida como uma garotinha. Usava uma blusa pequena cobrindo seus fartos seios, mas que deixava toda a sua barriga exposta. O rosto parecia esticado a força. Um chamativo batom vermelho destacava sua saliente boca, na verdade, toda a sua maquiagem era excessiva, na tentativa inútil de esconder seus muitos anos.

Aquela imagem fez um calafrio percorrer todo o corpo de Cannon.