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História Surya: A última ilha - Primeiro encontro


Escrita por: arturhm13

Notas do Autor


Eu tinha prometido um capítulo mais longo e aqui está ele. Deu um certo trabalho, mas é gostoso vê-lo terminado. Espero que se divirtam lendo, tanto quanto eu me diverti escrevendo. Se quiserem favoritar, compartilhar, indicar a um amigo eu num brigo não viu? Sintam-se livres. <3

Capítulo 16 - Primeiro encontro


A noite finalmente chegou e, na praça central e adjacências, uma multidão estava aglomerada aguardando o início das festividades. Em uma grande mesa próxima ao palanque, grandes figuras políticas da ilha e convidados ilustres estavam sentados, conversando e bebendo.

Entre os convidados estava Lara Gambel, uma guerreira que havia assumido o comando de um dos fortes de Stonia, após a morte da sua antiga rainha e mãe, Nastácia Gambel.

Lara trajava um longo vestido azul e branco, repleto de pequenos cristais e o seu cabelo, loiro, estava muito bem arrumado. Sem dúvidas era a mais bela dama de todo o festival. Sua aparência encantadora, no entanto, mascarava sua verdadeira personalidade, impiedosa e letal.

Heldone se levantou da mesa, ajeitou seu colete, segurou sua taça e olhou para as pessoas ansiosas lá em baixo.

– Amigos. Mais do que isso, creio eu... Gostaria de agradecer a presença de todos! É por nossos esforços conjuntos, e pela boa convivência com os outros reinos de Surya, que este festival, especialmente esse de nossa cidade, tem crescido tanto. Quando ele foi comemorado a primeira vez, depois que nossos ancestrais dominaram essa ilha selvagem, anos atrás, ele tinha um significado: sobrevivência! Hoje, tenho o orgulho de dizer, que sobrevivência não é a única coisa que comemoramos aqui, esse festival é a marca do progresso e da liberdade de nossa nação! – Discursou Heldone com ímpeto, erguendo a taça de vinho mais alto.

Era quase ensurdecedor o barulho do local, devido a expressiva vibração de todos. Uma chuva de fogos deu-se início, abrilhantando o céu daquela noite majestosa, com formas e cores. Um conjunto de músicos começou a tocar uma melodia alegre e várias pessoas se puseram a dançar.

Ouvindo o seu amigo discursar, em um ponto um pouco mais afastado da praça, estava Ramon. O velho marinheiro estava de pé e de braços cruzados assistindo a tudo quando, da porta de uma pousada, Cannon surge em péssimas condições.

Ele parecia muito desgastado: tinha seus olhos fundos como de ressaca, e a roupa toda bagunçada. Andou, com a mão esquerda no bolso, até Ramon e apoiou o braço em seu ombro.

– Os quartos desta pousada devem ser mesmo péssimos. Você deveria ter ficado na casa de Heldone como sugeri. – Disse Ramon, intrigado com o estado dele.

– Não zombe do regresso de um homem, após suas aventuras heroicas. – Respondeu com o ar de dever cumprido.

Ramon franziu o cenho e coçou a barba, sem entender direito do que o rapaz estava falando. De cabeça baixa e sem mais nenhuma explicação, Cannon seguiu seu caminho por entre os becos da cidade, descendo umas escadarias e se afastando daquela multidão em polvorosa. Ele andou Sem destino por alguns instantes, até que o silêncio fosse absoluto.

– Ah, assim é bem melhor…

Com os braços esticado, ele se espreguiçou. Tudo o que Cannon desejava agora era uma cama limpa e um bom banho quente. Decidiu então caminhar de volta para a mansão.

Em certo momento, enquanto ele passava por uma praça deserta, começou a ouvir algumas batidas suspeitas: um som metálico, ritmado, que ressoava pelas ruas. Quase todos os habitantes de Pascal estavam no festival e, até onde a vista dele alcançava, parecia não haver outro alguém. Aquilo começou a deixá-lo bastante intrigado.

Com olhos e ouvidos aguçados, virou-se em todas as direções tentando identificar de que lado vinha o barulho. Após alguns momentos de concentração, ele conseguiu ter ideia de que rumo tomar.

Cannon seguiu a passos rápidos, rua após rua, sempre a se aproximar da fonte. Os caminho iam se tornando cada vez mais estreitos, simples e escuros à medida que ele avançava.

Quando já estava bem próximo à origem, ele avistou um pequeno recinto de onde uma luz vermelha saia, contrastando com a densa escuridão.

Por todas as partes, aquele era o único sinal da presença de algum ser vivo. Cannon se aproximou silenciosamente da janela e viu uma garota de cabelos vermelhos batendo um grande martelo negro em uma bigorna. Era a mesma garotinha que conhecera no cais, filha de Ramon, Leeno.

– Por que não está com o seu pai, no festival? – Perguntou, enquanto pulava a janela.

Leeno interrompeu as batidas e sem olhar para trás respondeu.

– Não gosto dessas festividades. Eu venho de uma cidade muito longe daqui, lá sabemos bem que essa paz não passa de uma ilusão.

– Mais uma razão para aproveitar enquanto pode. – insistiu.

– E eu estou aproveitando, amo fabricar armas. É assim que eu me divirto. – Retrucou Leeno, sorridente.

Cannon também sorriu e aproveitou para olhar melhor os arredores: havia muitas ferramentas espalhadas por todo o recinto. Uma lamparina a óleo e uma fornalha faziam a iluminação um tanto rústica do local. Havia algumas caixas com pedaços de metal, e alguns sacos com pedras brilhando em várias cores em um canto da sala. Tirando este último, parecia ser apenas uma oficina comum.

– Aquela sacola que seu pai lhe entregou no navio, eram pedras de fogo? – Perguntou Cannon. – Elas são bem difíceis de conseguir fora do mercado negro.

– São sim, eu pedi que ele as pegasse para mim nos laboratórios da Guarnição. – Respondeu Leeno deixando seu martelo de lado e se virando.

Pedras de forja são deixadas, ocasionalmente, por algumas espécies de monstro após sua morte. Uma fonte poderosa de Gin, que carrega a natureza do monstro que a deixou. Quanto maior o nível da criatura, maior a chance dela derrubar uma pedra. Alguns caçadores de itens vendem pedras no mercado negro a um preço exorbitante, uma prática considerada ilegal.

– Você me parece um pouco nova para ser uma forjadora. – Comentou Cannon cruzando os braços.

– E... Eu não sou tão nova assim, tenho dezoito anos e sou uma excelente forjadora. – Respondeu, um pouco irritada.

– Sério? Mas você nem tem peit...

Antes de terminar a frase, Cannon foi interrompido por um forte soco. O golpe o derrubou no chão, por sobre umas caixas vazias.

– Ai… Calma, eu só estava brincando! – Continuou Cannon, do chão.

Leeno cruzou os braços, virou o rosto, irritada.

– Se veio aqui para me insultar é melhor...

– Eu já disse, foi só uma brincadeira. Você bate muito forte para uma menina... – Interrompeu, enquanto ficava novamente de pé.

A garota tinha o temperamento tão forte quanto o seu soco.

– Posso dar uma olhada no que estava fazendo?

– Run! Sua sorte é que eu já terminei... – Respondeu, ainda enraivecida.

Os dois foram em direção à bigorna, onde repousava uma bela espada de lâmina vermelha, muito bem trabalhada. Uma alta temperatura inundava o ambiente.

– Parece realmente uma excelente obra prima. Posso segurá-la?

– Sinta-se a vontade, ela é pelo menos bronze quatro.

As espadas eram divididas, pelos forjadores, em seis níveis: ferro, bronze, prata, ouro, platina e diamante; com cinco subníveis cada. A classificação começava com ferro I e terminava em diamante V.

Ao tocar a espada, Cannon pôde sentir o metal queimar sua mão, como se estivesse segurando em brasas.

– Que droga! Isso aqui está pegando fogo! – Reclamou, largando o artefato. – Podia ter me avisado para esperar esfriar!

A garota riu, maldosamente, em seguida respondeu:

– Uma arma feita com pedra de fogo nunca esfria. Não se for bem forjada.

Cannon reparou em seu rosto enquanto ouvia sua explicação. toda aquela raiva inicial havia desaparecido e ela agora esbanjava um alegre e satisfeito sorriso. Era definitivamente uma garota interessante. Só podia ser mesmo filha de Ramon. – Pensou.

Ele voltou então a empunhar a espada, levantando-a para admirar seu brilho e detalhes.

– Que tal “Ignição”? – Sugeriu Cannon, colocando-a novamente sobre a bigorna.

– “Ignição”... Parece um bom nome para ela. – Concordou. – Como a sua se chama?

– Transgressora. – Cannon sacou sua espada e a entregou para que a garota a examinasse. – Pegue, imagino que esteja curiosa para ver de perto.

Os olhos de Leeno brilharam com a oferta. Ela ficou empolgada, observando cada detalhe daquela espada: sua lâmina de um negro fosco, suas marcações, peso e acabamento. Ela sempre teve muito mais jeito com armas do que com pessoas.

– É inacreditável o peso dela, deve ter levado uma grande quantidade de obsidiana na sua composição. De cara eu diria que é uma prata I – Comentou, enquanto alisava o gume. – Estranho. Eu conheço o trabalho de quase todos os bons ferreiros da Ilha, isso não parece obra de nenhum deles.

– É a minha companheira inseparável. Tem um valor mais do que familiar, para mim. – Disse Cannon com um ar nostálgico.

A conversa foi bruscamente interrompida por uma explosão do lado de fora da oficina. Cannon pegou sua espada e virou-se em direção a porta. Dois golpes violentos a derrubaram. Um homem de armadura e espada vermelha, com detalhes pretos, surge da escuridão e entra na sala.

– Sabia que iria encontrá-la aqui, Leeno, meu amor! Você me disse que eu não era bom o bastante, mas eu vim lhe provar o contrário! – Disse o homem gesticulando, visivelmente alterado. – Gastei parte da fortuna do meu pai para comprar, no mercado negro, quantas pedras de fogo fossem necessárias para fabricar a minha armadura. Eu a forjei com minhas próprias mãos, agora podemos nos casar!

O homem se chamava Peter Green, ele era obcecado pela Leeno desde que a viu pela primeira vez na cidade. Desde esse dia ele vem tentando, incessantemente, de tudo para conseguir se casar com ela, que sempre o rejeitava. Peter apontou sua espada em direção a Cannon.

– Quem é esse sujeito aqui?! Que traição é essa?! – Continuou o homem de armadura.

– Leeno, rápido, fique atrás de mim, eu vou acabar com esse maluco! – Ordenou Cannon empolgado com um pouco de ação.

Enquanto os dois discutiam, Leeno surgiu na frente de Peter e desferiu um poderoso golpe de martelo em seu peitoral. O golpe o jogou com força contra a parede. A armadura brilhante que ele usava, começou a trincar e se desfez em pedaços. O jovem apaixonado soltou a espada que segurava e caiu de joelhos no chão, com as mãos no rosto. Cannon caminhou até ele e apanhou um dos fragmentos de sua armadura.

– Está fria. – Disse Cannon, jogando o pedaço novamente no chão. – não foi bem forjada.

Peter se levantou correndo e gritando inconformado pelas ruas e becos da cidade, onde sua voz ecoou até não poder ser mais ouvida. Leeno caminhou até o lado de fora da oficina. Os fogos já haviam cessado, mas o céu estrelado fazia sua própria iluminação naquela noite tão escura. Uma brisa suave massageou seu rosto, era um verdadeiro alívio sentir aquele frescor após horas trancadas no calor daquela sala.

– Os dias aqui são sempre tão calmos. Fico feliz em ter um pouco de animação, só para variar. – Disse Leeno virando-se para trás.

Cannon havia sumido. Ela sorriu e entrou novamente no recinto.


Notas Finais


Já shipo, hein? Ou será que eu sou daqueles escritores que adoram acabar com as expectativas dos leitores com finais trágicos? Ou será que eu só disse isso pra que vocês pensem que eu vou matar alguém? Haha... Se quiserem saber, só lendo. <3
Bem, é isso, indique essa leitura para os coleguinhas, amigos e familiares. Deixem seu comentário, é muito bom quando vocês interagem. Até a próxima. ;*


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