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História Sussurro dos Ventos - Capítulo Único


Escrita por: CaioHSF

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Sussurro dos Ventos - Capítulo Único

SUSSURROS DOS VENTOS

Uma loira deslumbrante sentou ao meu lado e sorriu para mim. Seu sorriso era lindo, assim como o azul de seus olhos. Ela olhou para o balcão a minha frente e percebeu que minha caneca estava vazia. Levantando a mão, ela chamou o barman, e pagou-me mais uma bebida.

Foi a primeira vez que uma mulher fez algo assim para mim.

Curioso, eu perguntei seu nome. Mas ela não me respondeu, apenas mostrou aquele lindo e misterioso sorriso.

Ela pegou fios brancos de sua bolsa. Estes fios eu conhecia. Era uma evolução dos antigos fones de ouvido. Conectou os fios na tela preta fina como papel que estava na mesa - meu celular. Peguei os meus conectores - que eram pretos - e fiz o mesmo.

"Meu nome é Milla Lancaster". Ela respondeu dentro da minha cabeça, em uma frequência mental através dos conectores que ligavam nossas mentes através de meu celular. Esta é só mais uma das inúmeras possibilidades da década de 2060.

Percebi que Milla é muda. Mas como ela me respondeu, não deve ser surda também. Amenos que ela estivesse apenas se apresentando, independentemente de minha pergunta. Ou talvez soubesse ler lábios. Mas, de qualquer forma, nós pudemos nos comunicar desse jeito. Ainda que muitos reclamem das tecnologias contemporâneas, dizendo que os jovens ficam presos nos celulares e comunicações, e se afastam de tudo o que resta da vida, coisas boas ainda são possíveis hoje graças à evolução da ciência humana.

"O meu é Davos White-Rose". Não movemos as bocas para falar. Apenas nossos olhos, e os azuis dela seguiam os vermelhos meus, e analisavam cada pedaço de mim, como se tentasse registrar na mente o meu corpo e guardar em uma estante como um livro para se ler depois.

Ela riu enquanto bebia.

"Achou meu nome engraçado?"

"Achei bonito". Ela era tímida de um jeito fofo, escondendo uma misteriosa sensualidade. Estar diante dela era estar na presença do mais antigo dos mistérios da história. Como poder ver os olhos azuis do Segredo e o sorriso branco do Mistério. Ouvir suas palavras era como ouvir o que os ventos sussurram uns aos outros quando não há ninguém lá para ouvir.

Conversamos. Naquela mesma noite, naquele mesmo bar e naqueles mesmos bancos de madeira escura. Falamos sobre todos os assuntos que você é capaz de imaginar. Desde a cura para o câncer à invenção do teletransporte. Desde nossos filmes e livros favoritos, até os nomes de nossos robôs-criados. E depois, começamos a reciclar conversas antigas.

Sempre sem usar a boca, apenas os olhos e pensamentos. Apenas o sussurro dos ventos.

Me apaixonei por ela naquela mesma noite. Não. Eu amei ela. Paixão é uma atração sexual baseada em aparências e hormônios da juventude. O amor é algo real, forte e persistente. Moderadamente ciumento e saudavelmente atencioso e compreensivo. e o meu por ela, era maior que o de todos. Vem quando você encontra uma pessoa e, ao longo do caminho, vai conhecendo-a melhor até que confiam um no outro para mostrar o que escondem com o véu e o que sussurram quando não há ninguém por perto para ouvir. E finalmente amar a pessoa com o coração.

Ter certeza de que quer estar com ela pelo resto de sua vida.

Foi essa a certeza que eu tive naquela mesma noite.

Tínhamos a mesma idade: 16, e mais coisas em comum que qualquer casal poderia ter. Quando ela teve essa mesma certeza que eu, nos beijamos.

Nunca ouvi a voz dela. Essas conversas mentais pelo celular consistiam em pensamentos (palavras ditas mentalmente) traduzidos em sons eletrônicos em uma frequência a ser ouvida pelo cérebro. A voz que ouço é parada, robótica e desprovida de emoção. Mas eu não me importo com palavras. Elas não são nada além de sons organizados que representam as coisas, mas não são as coisas. Eu ouço a verdade do coração escondida entre as frases de vozes feias. Eu ouvia o sussurro que ela dava para os meus pensamentos quando ninguém mais podia ouvir, quando estávamos só nós, ligados por um fio branco e um preto, em um momento que apesar de ser um um bar - que estava um pouco cheio - era só nosso.
Nunca soube se ela era surda e/ou muda. Mas sempre soube como era doce e reconfortante o som das palavras que os ventos sussurram uns aos outros quando não há ninguém por perto para ouvir.
 



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