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História Sussurros - Capítulo Único


Escrita por: KyraBin

Notas do Autor


Todos os personagens criados por mim. O Enredo, por mais que não seja a história do século, foi pensado e feito por mim também e a capa eu achei no DeviantArt.

Pequena história para passar o tempo, divirtam-se.

Capítulo 1 - Capítulo Único


Anjos são criaturas fantásticas. Eles estão ali, sempre, observando enquanto humanos fazem as suas tarefas do dia-a-dia. Eles ajudam e zelam, cuidando dos mortais para que eles vivam em paz, façam a paz, e sim, até que morram em paz. É uma tarefa difícil, se pensar na quantidade de humanos vivos sobre a terra. E esse número cresce a cada dia, à medida que a população de anjos, estranhamente, diminui.

A missão deles é fazer com que os humanos se sintam felizes, que façam o certo e levem isso adiante, para assim gerar felicidade aos outros humanos próximos até todos serem afetados. É um ciclo que deve ser seguido.

Você já parou para pensar de onde vêm os nossos sentimentos? Sabe aquelas vozes que temos dentro da cabeça, que mandam a gente fazer as coisas? Que muitas vezes a gente age como se tivesse falando sozinho dentro da própria mente, contradizendo os próprios pensamentos? Aqueles elogios e motivações que damos a nós mesmos? Tenho uma surpresa pra você. Essa voz não está dentro da sua cabeça. Não é um pensamento seu. Essas palavras foram sussurradas, bem próximo ao seu ouvido, por alguém que você não pode ver, mas que pode ver você.

Anjos. Anjos são perfeitamente capazes de fazer isso. Sussurrar nos ouvidos palavras que são fortes, capazes de estimular os pensamentos e até as ações humanas. Estão ali te dando coragem num momento de medo, lhe dando esperança e força num momento em que pensa em desistir, ou sussurrando palavras animadoras nos momentos de tristeza. Sussurros de anjos são capazes de te fazer chorar de alegria num momento feliz e te fazer gargalhar quando seu amigo faz uma piada ruim.

Mas eles não são os únicos.

Os outros, que não têm bondade. São demônios, tão ruins quanto anjos são bons. Trazem tanta guerra quanto anjos trazem paz, talvez até mais. As palavras sussurradas por demônios fazem o efeito contrário das que são sussurradas por anjos. Te fazem ter vergonha, medo, angústia, incerteza, raiva, te traz sofrimento e te vira contra seus amigos e pessoas queridas.

Eles sussurram palavras que te fazem querer matar... ou morrer.

Tudo isso se chama consciência. Nossa consciência são os anjos e os demônios que andam ao nosso lado e nos dizem coisas, o que pensar e o que fazer. Tudo o que temos que fazer é escolher qual seguir, qual dos dois mais nos afeta, e é assim que o nosso caminho na vida humana é andado.

Complementares, sim. Opostos, porém.

__

Akliss é um anjo e é bem sucedido na arte de encantar humanos. Talvez tivesse algo a ver, mas pensava que tirava a própria felicidade para dar parte dela aos humanos infelizes. Honestamente, não reclamava. Pelo contrário, gostava de ver os olhos dos alvos brilharem em esperança, calma e conforto e um pequeno sorriso florescer em suas bocas, mostrando satisfação com os conselhos sussurrados.

Todos os anjos tinham um tempo para descanso no céu. Até mesmo eles podem tirar uma folga e socializarem entre si, afinal, merecem. Akliss, porém, quase não subia.

Seguia os humanos que aconselhou, monitorando-os e os protegendo o máximo de tempo que conseguis, até passar para outro humano. Eles, de certa forma, tornavam-se seus, sua responsabilidade. E nada o fazia mais satisfeito do que ver os seus humanos levando alegria à outrem e vê-los tão confiantes no que faziam.

– Vá. – sussurrou a um humano em um parque. Viu os pensamentos do homem, Danilo. – Não vai passar vergonha, não tem nada de ruim que vai acontecer. – soprou nos ouvidos deste, incentivando-o a jogar um daqueles jogos de atirar bolas em patinhos até derrubá-los. – Você é corajoso e tem boa pontaria, vá. – incentivava o pobre humano.

Este foi. Com toda a confiança e um leve sorriso, foi até a pequena barraquinha, pagou o atendente e começou o jogo. Claro que não conseguiu uma pontuação tão alta para ganhar o melhor prêmio. Mas veja bem, melhor tentar e conseguir algo pequeno do que não tentar e sair de mãos abanando.

– Você conseguiu. É um vitorioso, Dan. – parabenizou. Viu quando o humano pegou o prêmio que mereceu, o que pra ele já tinha sido muito. Um urso de pelúcia preto, de tamanho mediano e bracinhos abertos. Tanto Akliss quanto Danilo sorriram ao olhar o bichinho esperando um abraço.

Era aquele sorriso que Akliss gostava de ver florescer.

Interessado, seguiu aquele macho humano por mais algum tempo. Andou ao lado dele vendo-o dar cumprimentos a quem passava, acenar, sorrir... e balançar o urso na mão. Era gratificante.

Outra pessoa chamou sua atenção, fazendo Akliss se desviar um pouco de Dan. Uma fêmea humana, sentada em um banco sozinha, parecendo prestes a cair em prantos. Ela cutucava as unhas umas nas outras, de cabeça baixa e deixando os cachos caírem em seu rosto. O anjo, então, voou rapidamente para perto dela, tocando-a no ombro.

– Ele está no céu agora. – sussurrou. – Você é forte. Vai ficar tudo bem. – continuou, no ouvido da mulher. Oferecia conforto a um coração em pedaços, esmigalhado. Esse tipo de sentimento humano não era fácil de lidar. Humanos não gostavam de perder coisas, muito menos outros humanos, e isso os tornava tão vulneráveis a... sussurros ruins...

– Eu estou sozinha agora.–, Bianca sussurrou de volta, como se falasse consigo mesma.

– Você tem tudo. Todos os amigos que quiser, vá até eles. – Akliss sussurrava. – Ele está em paz. Está feliz, no paraíso. Vamos lá Bia, abrace os amigos que você tem.

Demorou alguns minutos para que ela levantasse. Andou vagarosamente para longe dali e Akliss continuou a segui-la, soprando-lhe palavras de conforto. Ela não sairia pulando de alegria e muito menos sorriria para os outros, mas um pouco mais de calma a dominava. Luto humano era tão forte...

__

Rha’azz conseguia ver tudo, de todos. Como um demônio, era capaz de ser invisível a olhos humanos, porém, não a anjos, mas mesmo assim, permanecia nas sombras, cujas quais eles não se preocupavam em olhar. Seres patéticos ajudando seres mais patéticos ainda. Acompanhou de longe um anjo e seu mais novo humano, rapidamente percebendo o que o anjo fazia. Influenciava o humano para torna-lo mais um dos imbecis que o as caras do céu tanto gostavam. Malditos idiotas.

Ainda não entendia porque eles faziam esse tipo de merda. Ou melhor, não se conformava.

Esperou até que o anjo se afastasse do humano para que ele chegasse mais perto, pois era horrível chegar perto dos anjos. Eles fediam, tinham um cheiro que Rha’azz chamaria de “completamente podre” que picava o olfato. Péssimo.

– Hey, Dan, você não passa de um burro. – sussurrou, pousando o braço nos ombros de Danilo e pondo-se a caminhar com ele. – Um homem adulto na rua segurando um saco de espuma, que decepcionante. O que vai fazer com essa coisa, abraçar para dormir, como uma maldita criança órfã? Que infantil.

Sussurrava, divertindo-se quando o humano começou a olhar estranho para o urso nas mãos, como se tivesse analisando. Acabaram parando não muito tempo depois, com Danilo estreitando os olhos para o pobre bichinho.

– Onde pretendia ir com isso? O que queria fazer? Dar de presente para a pessoa que gosta, você sabe que era isso. Quanta burrice, presente de merda. Essa pessoa nem sequer gosta de você, ao contrário. Te acha ridículo, e realmente é, com isso nas mãos. Largue, assim pode tentar virar um homem.

Rha’azz estava sendo simpático hoje. Poderia fazer grandes estragos nesse humano, mas os efeitos das palavras angelicais ainda podiam formigar no fundo da mente de Danilo. Seria apenas tempo gasto.

– Ideia estúpida–, sussurraram juntos, Danilo de cabeça baixa e olhar cansado e Rha’azz sorrindo diante disso.

– Vergonhoso–, ainda soprou em seguida, enquanto o pobre homem jogava o bicho no chão, colocava as mãos nos bolsos com um semblante visivelmente entristecido e voltava a caminhar.

__

Akliss observava decepcionado o urso de pelúcia no chão. Estava sujo... sentiu vontade de pegá-lo e limpá-lo, para então devolver ao humano e descobrir porque o coitado do bichinho estava jogado ali. Mas não podia. Como os humanos não podiam vê-lo, seria estranho se um urso de pelúcia levitasse no ar. Abaixou-se e cutucou a pelúcia bem de leve, mas com um muxoxo logo levantou-se.

Não podia sempre aconselhar o mesmo humano, e se os efeitos das suas palavras não duraram tanto tempo assim, ele não podia correr atrás. Como seria se Akliss tivesse que sair voando atrás de cada humano em que ele se meteu na vida? Akliss os acompanhava o máximo que podia, sim. Mas quando chegava a vez de outro humano receber seus sussurros, era a vez do outro e tinha que ir. Quem dera ele, ser um anjo da guarda, em que teria um único protegido.

Ouviu um som rouco perto de si. Um que poderia ser confundido com o rosnado de um cão, mas interessantemente, não de um cão raivoso, e sim um cão... rindo. Era como se fosse um eco, de longe, mas mesmo assim foi capaz não só de ouvir, mas também de sentir soprar em sua nuca.

O fez congelar.

Lá, de longe, viu que um deles o observava. E pior, rindo. Merda, um demônio sorrindo nunca é coisa boa, e Akliss percebeu quando ele piscou um dos olhos, num muito aparente deboche. Olhou para o bicho de pelúcia e soube que aquilo era obra dele. O sorriso pavoroso o denunciava.

Óbvio que o humano não esqueceria dos seus sussurros tão facilmente...

Alguém deu um empurrãozinho.

Demônios, sempre fazendo da sua vida um inferno, até mesmo quando você é um anjo.

Encararam-se por mais alguns instantes antes do demônio simplesmente acenar um “tchau” e desaparecer no ar. Tchau. Tchau queria dizer “até logo”, mas isso seria algo que Akliss evitaria à todo custo. Odiava ter que vê-los, mas eles eram tão reais quanto os anjos.

Complementares, sim. Opostos, porém.

Com o mundo como está hoje, as pessoas seguiam e aceitavam muito melhor e com muito mais facilidade os sussurros demoníacos, o que causava certo transtorno no céu.

Akliss de repente lembrou-se da humana Bia. Dan jogou o urso no chão, e seu estado mental estava bom. Bia estava tão frágil... E os demônios eram seres provocantes, perseguidores e velozes. Perseguidores...

– Mas... droga!

__

Rha’azz rapidamente pôs-se ao lado da moça. Ele quase podia pegar no ar o desespero dela. Um coração acelerado, mais fácil de moldar. Segurou-a pela cintura, estabelecendo contato.

– Sua culpa. – soprou em sua orelha. – Você poderia ter estado lá. Era para ser você. – sussurrava delicadamente, quase como uma tortura. Ferimentos leves, mas doloridos. A moça soluçou. O cheiro de dor que irradiava da humana deixava Rha’azz com fome. Talvez ganhasse a alma dela como bônus para o jantar.

Então, um cheiro ruim misturou-se. Rha’azz sabia exatamente que cheiro era aquele e apenas acompanhou com o olhar quando o anjinho chegou. O demônio sorriu olhando para ele, de novo. O resto de um anjo assustado era impagável. Fazendo o cheiro acre aumentar, o anjo aproximou-se, encarando-o e tocando o ombro da mulher, o que rendeu um choramingo da parte dela pela mistura de sensações. Rha’azz não podia ouvir o que ele sussurrou para ela, porém.

A luta armou-se.

Ambos lutando pela atenção da humana, sussurrando incentivos completamente distintos, um em cada ouvido da pobre mulher, enquanto ela contorcia-se, não sabendo em que acreditar. Um anjo não consegue ouvir o que um demônio sussurra, e vice-versa. Isso, porém, não os impediu de brigarem entre si através dos pensamentos dela, competindo para ver quem conseguiria incentivá-la.

Uma pessoa em um estado emocional frágil.

Um anjo.

Um demônio.

E centenas de palavras sussurradas.

Complementares, sim. Opostos, porém.

Não é de enlouquecer?

Akliss, no seu fervor, já segurava o braço de Bia a puxando, ao lugar do pequeno toque no ombro. Rha’azz a segurava pela nuca, forçando-a a aproximar-se mais dele, para assim poder ouvi-lo melhor. E a moça, miserável em sua própria mente, soluçava e gemia, com prováveis dores físicas, e principalmente, psicológicas.

– Saiam da minha cabeça, porra de demônios imundos! – Gritou do fundo dos seus pulmões, jogando-se ao chão e livrando-se dos sussurros e dos agarres. No momento em que ela finalmente conseguiu soltar-se, o cotovelo de Akliss tocou as costas da mão de Rha’azz. Foi quando sentiu câimbras e surgiu um vento tão forte que o levou.

__

Akliss sentou-se em um dos bancos de uma praça na cidade. Conseguia sentir o vento fresco levando seus cabelos e o sol atingindo a sua pele. As pessoas podiam vê-lo agora. Elas passavam olhando, provavelmente o traje que ele vestia, roupas surradas e muito simples. Estavam elas pensando que ele era algum mendigo?

Ele estava em pele humana agora, então todos à sua volta podiam julgá-lo. Ele não mais sussurraria nos ouvidos humanos e nem voaria por aí. Maldito demônio, culpado por fazer de Akliss um mortal. Mas já estava acostumado a ter sentimentos humanos, agora que podia pecar como um.

Com suas atividades encerradas, foi expulso do céu. Ele era um caído, agora? Não sabia dizer. Caídos iam para o inferno? Permaneciam na eternidade sendo torturados por demônios? Viravam os próprios demônios? Akliss pensava que sim. Quando foi expulso, achou que ia descer direto para o inferno, com a perda das suas asas.

Mas assustou-se quando se viu como um humano.

Tinha pensado que tudo estava perdido pra ele.

Nunca conheceu um caído, como ele ia saber o que acontecia com eles quando saíam do céu?

Além de provar as consequências de enlouquecer uma humana, que já era algo muito grave, descobriu que para anjos, tocar um demônio era hediondo. Complementares, sim. Opostos, porém. Assim que houve o toque, era como se tivesse se tornado tão sujo quanto ele, e era por isso que ele tinha sido eliminado de continuar realizando suas atividades.

Pobre Bia, foi parar num hospício...

E a culpa era sua.

Não!

– Pare de sussurrar para mim. – disse para o nada. – Esse pensamento não é meu.

Já fazia muito tempo que estava nessa forma, e aprendeu a saber quando tinha um demônio ao seu lado. Quase sempre. Imaginou se por acaso a sua mente era considerada fraca demais para ter sempre um demônio andando consigo. Ainda não tinha sido capaz de distinguir nenhum sussurro de anjo.

E que anjo sussurraria para ele?

Era considerado um traidor, agora.

Além disso, nenhum anjo chegaria perto dele enquanto tivesse um demônio ali. Anjos e demônios se repeliam pelo cheiro horrível que um sentia do outro.

Houve silencio, até mesmo nos próprios pensamentos. Por alguns momentos, realmente achou que o demônio tinha somente desaparecido, embora ainda conseguisse sentir, no fundo, um sentimento ruim. Muito provavelmente o demônio estava o tocando, também, para que Akliss fosse capaz de sentir isso.

“Se acha esperto mas conseguiu ser expulso. Nunca foi um bom anjo, e levou uma mulher à loucura”, surgiu o pensamento. “Merece estar em terra, pois levou desgraça a quem devia proteger.”

– Você, ou um de vocês é o culpado, demônio. Você pode conseguir sussurrar para mim agora, mas eu não vou cair. Sei como isso funciona. – dizia, desafiador. Não se importava mais com as pessoas o olhando estranho por falar sozinho. Ele não estava sozinho e sabia muito bem disso. – Sei muito bem.

Houve ainda mais silêncio a partir deste ponto. De repente, um sussurro muito mais forte foi ouvido. Talvez um sussurro não... era quase como se o demônio estivesse realmente falando com ele, pois nem sequer aquilo pareceu um pensamento.

– Rha’azz.

O ar vibrou e Akliss se arrepiou, assustado. Não teve como evitar. Agora como humano, nomes de entidades eram pura força. Raiva começou a crescer dentro de Akliss, só de ouvir o nome. Angustia também. Tudo de ruim, misturado. O nome de um demônio.

– Terei prazer em comer o seu corpo e trancar a sua alma quando você morrer. – Akliss conseguiu até mesmo sentir o sopro no seu ouvido. Queimou. – Você me pertence. Pertenceu a partir do dia em que tornou-se mortal. – ele continuou. Akliss sabia que um dia iria morrer, era um humano totalmente mortal agora. Mas só porque é um... ex-anjo, não significa que não pode ir para o céu. Certo?

Iria ficar louco antes disso. Nenhum anjo sussurraria nada de bom à ele pela sua traição, e sua vida seria governada pelos sussurros de um demônio de nome Rha’azz. Talvez essa fosse a sua punição por ter enlouquecido um humano. Tornar-se louco.


Notas Finais


Olá~
Espero que tenham gostado!
Sim, terminei tudo aí. A falta de descrição de locais e personagens foi proposital, pois eu quis dar mais foco no enredo mesmo, então dá pra imaginar eles como quiser (:

Inicialmente eu faria desse assunto uma comédia, mas acho que deu pra perceber que eu não consegui. Comédia não é meu forte... mesmo assim, realmente espero que tenha agradado <3
Até~


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