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História Sweet Boy - Garoto Destruído


Escrita por: narie

Notas do Autor


Oh hi there!

Cap novo senhoras e senhores, yay! Antes de vcs lerem, eu só gostaria de agradecer uma pessoa em especial. Vcs já devem ter percebido que a capa mudou, né? Então, uma leitora linda e maravilhosa chamada Yoonseokster, se ofereceu para fazer uma capa para a minha fic! Ela salvou a minha pele, pq eu não sei mexer em NADA no photoshop, fico mais perdida nesse bagulho do que no supermercado quando a minha mãe me leva. Só queria agradecer essa alma boa que com certeza está lendo agr! Sério, muitíssimo obrigada <3

Aaaannndd, chegamos a 50 favoritos!!! YAAAS!! Lembro lá atrás quando eu tava toda boba com os sete favoritos, e olha só onde chegamos... Muito obrigada a todos vcs que leram a fic de alguém quase sem experiência! Sou muito grata por cada um dos leitores!

Bom, vamos parar de melação e ir pro cap, né? Se preparem hein, que esse vai ser foda (legal que eu digo isso todo santo cap, mas enfim...)

Boa leitura e até as notas finais! ;)

Capítulo 8 - Garoto Destruído


Fanfic / Fanfiction Sweet Boy - Garoto Destruído

         

          Seokmin estava sentado no canto do quarto do hospital.

          Estavam todos lá: Seungcheol, Minghao, Jihoon, Hansol, Seungkwan, Soonyoung, Mingyu... E Jeonghan estava na cama, era a primeira vez que tinha acordado depois de um coma de três dias.

          O quarto estava uma confusão, todo mundo falando alto e rindo, fazendo de tudo para deixar Jeonghan animado. DK ria de algumas piadas, falava algumas coisas de vez em quando, mas na grande maioria do tempo, permanecia quieto em seu canto.

          Estava mais desanimado e isso era bem evidente. Olhava para Jeonghan na cama, com o rosto pálido e os lábios secos, e não conseguia segurar as pontadas de seu coração.

          Ele se sentia partido ao meio. De um lado, sabia quem havia feito isso com ele e se sentia um merda por não ter dito nada. De outro, queria muito dizer quem foi de uma vez, mas temia as consequências que aquilo causaria em Joshua.

          Sim, ainda se importava com ele, por algum motivo. De vez em quando, queria poder ouvir Hoshi e ser que nem ele, insistindo que o Hong era um babaca egoísta que não merecia todo esse cuidado. Mas toda vez que tentava pensar assim, a primeira imagem que lhe vinha na cabeça era de um certo garotinho com olhos roxos.

          - Veja pelo lado bom, Jeonghan – Disse Minghao, que estava sentado na beirada esquerda da cama – Pelo menos você não vai ter que fazer as provas!

          - Verdade – Hansol adicionou – Bora trocar de lugar?

          - Cala a boca – Disse o loiro rindo, embora sua voz estivesse rouca e fraca – Quem se importa com as provas?

          - Diz o número um do trimestre... – Brincou Seungkwan.

          Todos riram, mas Seokmin só se permitiu dar um sorriso de lado. O ambiente estava bom, mas seus conflitos internos o deixavam avulso para o que estava acontecendo.

          Todo mundo no quarto parou por alguns segundos quando se ouviu três batidas tímidas na porta. Os meninos pararam e olharam, em seguida ouvindo Seungcheol dizer:

          - Entra!

          A porta foi sendo aberta lentamente e dela surgiu Jeon Wonwoo, usando um suéter e seus óculos redondos. Quando o viram, imediatamente olharam para Mingyu, vendo que ele tinha serrado os lábios com força e ficado mais vermelho do que nunca.

         - Olá... – Ele disse timidamente com um pequeno sorriso nos lábios – Desculpem o atraso...

         - Ah, que isso – Jeonghan foi o primeiro a falar – Senta ali.

         Ele apontou para o canto direito do quarto, justamente onde Mingyu estava sentado. O de óculos concordou com a cabeça e sentou-se no lugar pedido, não parecendo perceber a pessoa vermelha como um tomate do seu lado.

         Todos no quarto estavam repartidos em segurar o riso e fitar os dois sentados lado a lado.

          - Eu trouxe alguns livros pra você – Disse Wonwoo, pegando uma sacola cheia de livros – O hospital consegue ser bem entediante, então...

         - Ah, que amor! – Disse Jeonghan com um sorriso estampado no rosto – Obrigado, vou ler todos.

         O Jeon deu mais um sorriso tímido. Ele era um fofo, com esse jeito todo quietinho dele. Não é atoa que Mingyu era apaixonadíssimo por ele.

         Todos voltaram a conversar animadamente, ao contrário do Kim que, por algum motivo, ficou calado de repente. Era muito engraçado como há segundos atrás, ele estava piadista e carismático como sempre, e foi só Wonwoo chegar que ele mudou completamente.

         Depois de alguns minutos se passarem, Jeonghan decidiu dar uma de cúpido:

         - Nossa, eu estou com fome... Mingyu, Wonwoo, tragam alguma coisa para mim?

          Todos encararam o deitado na cama, mas o mais alto entre todos pareceu que estava prestes a matar o coitado.

          - Ok – Disse o Jeon, já se levantando e não parecendo se importar nem um pouco – Vamos, Mingyu?

          Ao ouvir seu nome sendo pronunciado pelo outro, Mingyu olhou para os outros como se pedisse por socorro, mas todo mundo apenas o encarou.

          - Ah... Vamos... – Disse inseguro, em seguida indo atrás de Wonwoo quando o mesmo passou pela porta.

          Assim que os dois saíram, não demorou nem dois segundos para o falatório começar:

         - Jeonghan, você é um gênio! – Exclamou Jihoon.

         - Ah, mas eu não perco isso por nada! – Seungkwan disse, já saindo correndo em direção à porta.

         - Nem eu! – Minghao afirmou antes de sair correndo atrás do mais baixo.

        E a partir daí, um por um, todos foram saindo para ver o espetáculo que poderia acontecer com Mingyu e Wonwoo a sós.

        Todos saíram, menos DK, que decidiu ficar sentado ao lado do internado.

      - Você não vai ver o show? – Perguntou o deitado.

      - Não, vou te fazer companhia – Respondeu.

       Um breve silêncio se instalou no local, a atmosfera não estava desconfortável, mas de repente pegou o loiro o encarando, como se quisesse ouvir algo. Então decidiu perguntar:

      - O que foi?

      - Você ficou bem quieto hoje, tá tudo bem?

      Seokmin soltou um suspiro. Deveria contar? Jeonghan tinha todo o direito de saber, mas e sobre Joshua? O que lhe aconteceria caso ele descobrisse? O Yoon poderia ficar puto e dedurá-lo, e ele teria toda a razão, mas as consequências poderiam ser graves...

      E principalmente com o acontecimento de ontem, estava bem claro de que o Hong tinha problemas emocionais sérios. DK não o via como uma má pessoa, e sim como uma pessoa problemática.

       - Olha, eu... – Começou, mas sua voz morreu no final da frase – Eu acho que eu sei quem... Fez isso com você... Mas, eu não tenho certeza, então...

        Jeonghan apenas o observou e abriu um pequeno sorriso, logo dizendo sutilmente:

        - Eu sei que foi o Joshua.

         A frase pegou Seokmin de surpresa, que olhou chocado para o loiro deitado na cama.

        - Você... sabe? – Perguntou com insegurança.

        - Quando me falaram que tinha sido envenenamento proposital, não consegui pensar em mais ninguém que me odeia a esse ponto.

        Seokmin encarou o amigo, incerto sobre o que dizer. Então ele já sabia... Deveria ter suspeitado, ele é muito esperto.

        - E... O que você vai fazer? – Perguntou, temendo levemente a resposta.

        Jeonghan suspirou pesado e se ajeitou na cama, encarando o teto branco do quarto por alguns segundos. Depois dessa pequena pausa, disse finalmente:

        - Eu vou dar um tempo para ele. Que ele venha até mim e admita o seu erro.

        - E se ele não fizer isso? – Perguntou Seokmin, já imaginando que seria muito difícil aquilo acontecer, julgando pela personalidade orgulhosa do Hong.

          Um breve silêncio se fez entre os dois, até que o loiro decidiu responder:

         - Eu vou dedurar ele.

           DK abriu imediatamente a boca para falar algo, mas Jeonghan já sabendo o que seria, o interrompeu:

          - Eu sei que você quer proteger ele, mas isso foi o meu limite. Eu poderia ter morrido, Seokmin. O Joshua é doente, e ele precisa de ajuda, mas talvez fazer com que ele sinta o gosto do próprio remédio faça ele se tocar de uma vez do quão perturbado ele é.

          Não disse nada, simplesmente concordou com a cabeça. Odiava admitir isso, mas Jeonghan estava certo. O Hong precisava arcar com as consequências de seus atos e, talvez, esse é o melhor jeito de fazê-lo perceber o quanto ele é infeliz.

         Talvez Seokmin devesse parar de protegê-lo, por mais que o doía.

         

          Joshua sentia como se estivesse se despedaçando.

          A cada dia, a cada minuto, parecia que uma parte de sua alma caia e despedaçava no chão, se perdendo completamente.

          Estudava, estudava e estudava... Era só isso que fazia, não conhecia mais nada além daquilo. Aquela era sua vida, ou melhor, tudo que havia restado dela.

          E tudo parecia ficar cada vez pior com a aproximação da semana de provas.

          Elas iriam começar amanhã, e para a sua sorte, a primeira prova seria de literatura, a matéria que tinha mais dificuldade e a única em que outra pessoa conseguia superá-lo. Quase conseguia ouvir a voz maliciosa do livro lhe zombando por ter sido covarde demais para se livrar de Jeon Wonwoo.

          Já tinha acabado com cinco potes de pílulas, ainda lhe restavam três, mas teria que se lembrar de conseguir mais com Wen Junhui. Porém agora, não precisava delas apenas para estudar, precisava delas para viver. Elas eram as únicas coisas que ainda o mantinham de pé durante tudo aquilo, como velhas amigas.

          Não era mais questão de querer, era questão de precisar.

          Após estudar ainda mais a matéria de literatura naquela manhã, decidiu que ficaria até tarde no colégio para estudar mais. Não podia arriscar ir mal logo na primeira prova, ele tinha que se sair bem...

          Andou pelos corredores vazios com os livros de literatura em mãos. Parecia um fantasma, os olhos cansados e rodeados por olheiras faziam um contraste com sua pele pálida, o fazendo se assemelhar mais á um cadáver do que um ser humano de verdade.

          E aquilo fazia muito sentido, afinal, não é como se Joshua se sentisse vivo há muito tempo.

          Enquanto andava, sentiu de repente alguma coisa agarrar seu braço magro. Olhou para o lado em um salto, logo vendo Seokmin o segurando fortemente e o olhando no fundo de seus olhos.

          - Eu preciso falar com você – Disse ele com urgência.

          - Me deixa em paz – Resmungou e tentou ir embora, porém o outro apertou a mão com mais força em seu braço.

          - É sério – Insistiu ele, a seriedade transparecendo em sua voz.

          - Olha, eu juro por Deus, eu preciso estudar urgente e não posso perder tempo com...

          - O Jeonghan sabe – Interrompeu.

          Joshua parou de falar e encarou o garoto á sua frente, para ver se ele estava falando realmente sério. E, ao julgar por sua expressão, ele estava mais do que sério.

          - Sabe do que...? – Perguntou pausadamente, tentando se fazer de desentendido. Porém, a falha em sua voz já tinha denunciado tudo.

          - Me poupe, Hong – Seokmin disse, não se deixando enganar – Ele sabe que foi você que o envenenou, ele é muito mais inteligente do que você pensa.

          Joshua perdeu o foco dos olhos e fitou lentamente o chão, a expressão chocada e assustada estampada na sua face. Não via mais motivos para se fingir de inocente, não tinha mais condições de mentir. Havia sido descoberto. Como se não bastasse ele mesmo se culpar todos os dias, agora outras pessoas iriam fazer isso também.

          E ele realmente não sabe por quanto tempo ele aguentaria viver assim.

          - Você precisa admitir o que fez – DK falou, o tirando de seus pensamentos – Ele quer ouvir você dizendo.

          Negou com a cabeça ainda fitando o chão com os olhos chocados. Não, ele não conseguiria fazer isso... Estava cansado, cansado de ser rebaixado...

         - Não... – Disse em um fio de voz – Eu não consigo...

          - Lógico que consegue! – Seokmin apertou seu braço novamente, fazendo-o olhar para ele com os olhos que, até agora, estavam perdidos e arregalados em algum lugar do chão – Você tem que conseguir, senão ele vai te dedurar!

          - O que? – Perguntou, seus olhos grandes se abrindo ainda mais em choque.

          - O que você achou que ia acontecer, Joshua? Você não está dando nenhuma outra opção para ele – Disse, sua voz suavizando, mas a seriedade ainda presente em seu tom que prendia sua atenção – Apenas confesse de uma vez. Senão a escola inteira vai saber, sua mãe vai saber!

          Negou novamente com a cabeça e se libertou do aperto em seu braço, indo para trás lentamente. Olhava para os lados, mas tudo parecia girar. Sua mãe não podia saber, ninguém mais podia... Não aguentaria a culpa, já carregava um peso tão grande nos ombros...

          Aquilo não podia ser a realidade, só podia ser um pesadelo...

          Mas, há quanto tempo ele estava preso em um pesadelo?

          Sentiu suas pernas fraquejarem. DK dizia algo, mas não ouvia nada, sua voz parecia um eco distante. Sentiu que podia desmaiar, cair duro ali mesmo... Então, antes que o pior acontecesse, foi em direção a uma escada e se sentou em um dos degraus, fechando os olhos e soltando o ar pela boca como se tivesse acabado de correr uma maratona.

          Agarrou-se no corrimão, ainda de olhos fechados e com a respiração pesada. Seus músculos estavam tensos e chegavam a doer, o suor escorria livremente por sua testa. Tinha aqueles ataques de vez em quando, mas era só em situações terríveis como aquela que chegava a sentir dor física.

          Abraçado ao corrimão e encolhido em seu canto como uma criança, tentava normalizar sua respiração. Tentava se convencer de que assim que abrisse os olhos, não se veria em uma situação ruim novamente. Mas a tensão de seus músculos o impediam de se acalmar, como se brincassem com ele e se divertissem ao vê-lo tentar ainda mais fugir daquela realidade.

          Até que sentiu alguma coisa se aproximar. Abriu os olhos e olhou para o lado esquerdo, ainda se mantendo encolhido. Seokmin ainda estava lá, por mais que Joshua tentava se esquecer de sua presença. Ele se sentou ao seu lado calmamente, e o Hong apenas se encolheu e olhou para os próprios pés, evitando contato visual o máximo possível.

          - Eu sei que está com medo – Disse ele, a voz muito mais leve e mansa do que antes – Mas precisa admitir o seu erro. Eu tenho certeza de que está se sentindo culpado, e essa é a chance perfeita para se redimir.

          Silêncio.

          Joshua olhou para o outro sentado ao seu lado. E, de repente, sentiu tudo parar novamente.

          O suor e a tensão de seus músculos pararam. Soltou o corrimão que antes se agarrava com tanta força e relaxou seu corpo, deixando de se encolher tanto. Seus olhos anteriormente tão arregalados se tornaram vazios e desfocados.

          Sua cabeça ficou vazia, não pensava em nada, tudo estava branco.

          Mas, por algum motivo, sua boca começou a controla-lo.

          - Não fui eu – Disse, sua voz calma e sem emoção – Elas me obrigaram.

          Seokmin franziu o cenho, parecendo mais confuso do que nunca. Porém, ele mesmo assim permaneceu ao seu lado e perguntou com seu tom suave:

          - Elas quem?

          - Elas – Respondeu, colocando dois dedos em sua cabeça.

          DK se sentia impotente. O mais velho mudou completamente do nada, assim como na outra vez. Mas agora era diferente, ele parecia estar em uma espécie de transe. Suas palavras não faziam sentido, seus olhos não tinham emoção e ele nem parecia ouvir o que dizia.

          Parecia um boneco de ventrículo. Se assemelhava bastante aqueles bonecos sem expressão e vazios, que eram controlados por alguém. A boca que se mexia era a dele, mas a voz que saía parecia ser de outra pessoa.

          - Joshua... – Começou, mesmo sem ter muita noção do que fazer com alguém naquele estado – Seja lá o que está acontecendo, apenas, por favor, me conte.

          O outro apenas virou lentamente a cabeça e encarou Seokmin, sem nenhuma expressão. Ele estava completamente avulso a tudo que estava acontecendo, nada parecia lhe fazer sentindo. Parecia um drogado, um bêbado, seu cérebro simplesmente se recusava a funcionar normalmente.

          Até que, em um piscar de olhos, seu coração começou a bater a mil.

          Um sentimento finalmente surgiu em seus olhos: medo. Afastou-se bruscamente de DK, batendo suas costas contra o corrimão da escada. O outro pareceu se assustar com a mudança repentina, mas nem teve tempo de falar nada.

          - O que você pensa que está fazendo?! – Perguntou Joshua, se afastando cada vez mais – O que você quer de mim?! Quer me destruir?! Quer me machucar?!

          - O que? Não! – Tentou o mais novo.

          - Me deixa em paz, por favor... – Levantou-se, saindo da escada e andando lentamente para trás, seus olhos esboçando a mais pura angústia – Eu não quero receber ordens de mais ninguém...

          - Joshua, eu...

          - ME DEIXA EM PAZ! – Gritou, em seguida fugindo pelos corredores.

          E Seokmin ficou lá, estático. Não fazia a menor ideia do que fazer, parecia que quanto mais ele tentava entender o outro, mais confuso ficava. As coisas pareciam estar lentamente perdendo seu sentido, e aparentemente nada poderia ser feito para impedir isso.

          Mas, no meio de toda aquela loucura que o Hong havia o sugado para dentro, ele tinha certeza de uma coisa: aquele garoto era uma bomba relógio, e não faltava muito tempo para ele explodir.

         

          Não sabia que horas eram, ou há quanto tempo estava lá, não olhava para nenhum lugar que não fosse as páginas de seus livros.

          Lia e escrevia freneticamente, o barulho do lápis indo de encontro ao papel ressoando tão alto e constante que quebrava o silêncio da biblioteca, que já estava completamente vazia naquele horário.

          Suava frio, mesmo permanecendo sentado há horas. Seus olhos grandes devoravam as letras dos livros como roedores, indo de um lado para outro em um frenesi descontrolado. Virava as páginas com tanta força que quase as rasgava, produzindo o barulho do folhear em alto e bom som. Tudo acontecia de forma rápida e frequente, criando um ritmo acelerado e uma atmosfera desconfortável.

          Quando apenas lia e não escrevia, aproveita os dedos livres para arranhar as costas de suas mãos, piorando ainda mais seus arranhões.

          A matéria de literatura martelava em seu cérebro de forma dolorosa, mas aquilo ainda não era o suficiente, não para ele. Sem pensar duas vezes e sem sair de seu ritmo frenético de estudos, esticou sua mão e pegou um pote com suas pílulas, levando cinco a boca de uma vez.

          Até que, somente algo estrondoso como todas as luzes da biblioteca se apagando conseguiu fazê-lo tirar os olhos devoradores dos livros. Olhou em volta, vendo tudo escuro e vazio, as janelas mostravam que já estava de noite, e que provavelmente a escola iria fechar.

          - Com licença – Ouviu uma voz feminina chamando, vendo a bibliotecária que era provavelmente a única pessoa que estava junto com ele. Ela estava parada na porta da biblioteca, carregando suas coisas e pronta para sair – Você não pode mais ficar aqui, a escola vai fechar.

          Não respondeu, apenas bufou pesado e começou a pegar rapidamente suas coisas para ir embora. Nem percebeu quando a bibliotecária se foi com um olhar estranhado no rosto. Na época de provas, era normal os estudantes fazerem muito uso da biblioteca, mas não daquele jeito. Ele tinha ficado praticamente o dia inteiro lá, sem nem sequer parando para comer alguma coisa.

          Joshua pegou todas as suas coisas e saiu, mas ainda com um livro em mãos. Foi para o elevador, mas viu que o mesmo não estava funcionando, provavelmente por ser tarde demais para estar em uso. Bufou mais uma vez e foi em direção as escadas com passos rápidos.

          Seus olhos estavam vidrados no livro, mal prestando atenção por onde andava. Seus passos ecoavam pelas escadas escuras e vazias, ressaltando de que estava completamente sozinho.

          Mas uma voz baixinha ecoou pelas escadas, fazendo Joshua parar de andar e tirar os olhos do livro pela primeira vez.

          Olhou para trás, mas não viu nada. Porém, ainda ouvia sussurros, eles estavam tão baixos que não conseguia entender nada do que diziam.

          - Olá? – Perguntou, ouvindo sua voz ecoar solitária pelas escadas – Tem alguém ai?

          Sem resposta.

          Mas ele ainda ouvia as vozes, elas pareciam conversar entre si, não parecendo notar sua existência.

          Aflito, subiu cada um dos degraus da escada de forma lenta e calculada, olhando fixamente para o lugar de onde ouvia as vozes. Era no topo, bem no lugar onde estava o terceiro andar.

        Engoliu em seco e subiu as escadas, ficando parado no inicio do corredor. Estava tudo deserto e escuro, sem nenhuma presença humana além da dele. Porém, os sussurros continuavam, na verdade, pareciam estar ficando cada vez mais altos.

       Olhou em volta, tentando achar a origem da conversa, mas não viu nada. Até que botou os olhos bem no fim do longo corredor, sentido algo estranho.

         O corredor estava completamente vazio e escuro, mas no fundo, bem no fundo, sentiu a presença de alguém. Apertou os olhos, tentando enxergar algo, mas parecia que quanto mais olhava, mais a escuridão se espalhava pelo corredor.

        Após um longo tempo encarando, conseguiu ver uma silhueta se formando. Ela não parecia muito consistente, se formava aos poucos, se assemelhando a uma ilusão de ótica.

         Apertou mais ainda os olhos, forçando sua vista com tudo que pode. Começou a enxergar os detalhes um de cada vez, como as pernas longas, a curvatura dos ombros, o formato da cabeça, e...

          O sorriso perverso, de orelha a orelha.

          Com a realização de quem era, abriu a boca em choque e saiu correndo. Desceu o mais rápido que pode as escadas, mal se importando com a possibilidade de cair e escorregar.

          Conforme descia as escadas freneticamente, ouvia os sussurros conversando entre si, mas parecia que eles estavam conversando ao seu redor. Não importava o quanto corria, os sussurros o perseguiam.

          Saiu correndo do colégio e correu pelas ruas vazias da noite. Mas os sussurros continuavam, e a sensação de estar sendo perseguido não o deixava.

          Não foi de metrô naquele dia, foi correndo a pé para a casa mesmo. Por mais que fosse longe e cansativo, temia muito o que lhe aconteceria caso olhasse seu reflexo nas janelas do trem.

          Depois de tanto correr, finalmente chegou em casa. Estava exausto, mal conseguindo se manter de pé. Mas mesmo estando em casa, os sussurros continuavam, assim como o sentimento de que alguém estava o seguindo continuar lá, vivo e forte.

          Suado e ofegante, ainda com os sussurros o rodeando, se agachou no chão, sentado com as mãos nos ouvidos. Tentava evitar ouvir aquelas vozes, mas não conseguia, elas continuavam lá como se tivessem prazer em fazê-lo sofrer.

          Tremendo e encolhido em seu canto, mal conseguia raciocinar. Fechava os olhos com força e torcia para que tudo aquilo fosse um pesadelo que acabasse logo, mas não.

          Aquilo era a sua vida.

          - Para... – Implorou baixinho – Por favor...

          Porém, elas não pararam. Na verdade, sua súplica desesperada pareceu ter se tornado um incentivo para elas falarem mais alto.

          Levantou-se do chão com muita dificuldade, mal conseguindo ficar de pé. Cambaleou pelo corredor de seu apartamento, visando somente se trancar em seu quarto e esperar tudo aquilo acabar.

          Com os olhos já lacrimejados, colocou sua mão com força na maçaneta e abriu a porta de seu quarto.

          Porém, sentiu como se tivesse abrido a porta para o inferno.

          No seu quarto, havia vários desconhecidos. Eles estavam lá, de pé, olhando para ele com seus sorrisos estampados no rosto. Os sussurros se tornaram risadas, ficando muito mais altos do que antes. Colocou a mão nos ouvidos com mais força e olhou angustiado para as sombras, sentindo seus olhos se encharcarem.

          - CALA A BOCA! – Berrou em pleno os pulmões, com tanto ódio e desespero que a voz nem parecia ser a sua.

          Correu em direção ao quarto e começou a destruir tudo. Jogou os livros e cadernos no chão, virou a escrivaninha...

          - PARA COM ISSO, PORRA! – Gritava enquanto destruía tudo

          E por último, deu um soco bem dado no espelho, destruindo o que mais odiava. Viu os cacos de vidro caírem no chão e o sangue pingando de sua mão, que ficou com um corte imenso que se destacava no meio dos outros arranhões.

          Porém, aquilo não adiantou nada, eles continuavam lá, as risadas ainda o rodeavam...

          Não adiantava nada.

          Ajoelhou-se no chão chorando, com as duas mãos tapando os ouvidos com força. Soltou um berro desesperado, tentando colocar tudo para fora.

          Mas tudo apenas ia se acumulando, o destruindo aos poucos.

          Sentiu uma mão pesada o virar com violência para trás, se dando de cara com um desconhecido que tentava segurar seus braços.

          - ME SOLTA! – Gritou, tentando se libertar – ME DEIXA EM PAZ!

          - JOSHUA! – Ouviu um grito de uma voz familiar bem na sua frente.

          Parou de se debater e olhou para frente, ficando chocado ao ver que o desconhecido havia sumido, e quem o segurava era a sua mãe.

          - O que está acontecendo com você?! – Ela exclamou, segurando seus braços firmemente.

          Joshua não respondeu, apenas fitou a mulher raivosa na sua frente. Seus olhos arregalados em choque a olharam como se ela fosse outro ser.

          Até que, de repente, se tocou do que estava acontecendo.

          E achou tudo muito engraçado.

          Sua boca aberta em choque se transformou em um sorriso sem alegria. Começou a rir alto, mal aguentando o seu peso. Sua mãe o encarava como um animal e o soltou, deixando com que o filho risse sozinho no chão.

          - Mãe... – Disse entra as risadas, olhando para a mulher sorrindo ao mesmo tempo que lágrimas escorriam por seus olhos – Eu não aguento mais...

          Sua mãe não disse nada, apenas o fitou com aquele olhar que parecia um misto de confusão e raiva. Joshua se levantou de forma lenta, ainda rindo e chorando descontroladamente.

          Ficou de pé, mas suas pernas estavam moles e bambas, mal aguentando o seu próprio peso. Aos poucos, foi parando de rir, sentindo uma tontura inexplicável e colocando a mão na cabeça, vendo tudo a sua volta girar.

          - O que tem de errado com você, Joshua? – Sua mãe perguntou, mas sua voz estava distante, como um eco.

          No meio da tontura, ele pôs os olhos na mãe, vendo-a duplicada e tremula. Até que com a voz cansada e baixa, tentou dizer algo.

          - Joshua...? – Perguntou, sua voz morrendo progressivamente – Quem é Joshua...?

          E com isso, desabou no chão, tendo como última visão sua mãe o encarando perplexa, provavelmente se perguntando para onde foi o seu bom menino.

 

 


Notas Finais


...

Já peço desculpas.

Boooom, oq vcs acharam desse mind fuck? Esse cap é provavelmente um dos mais importantes da fic, pq ele é o marco da loucura do nosso personagem.

Enfim, e agora? O Jeonghan sabe, no que isso vai dar? E o Joshua tá loucão, será q ele vai aguentar tanto tempo?

Ai meu g-deus, se eu fico nervoser e já sei o final, imagino vcs kkkk

Até o próximo cap, queridos! Apenas se lembrem de duas coisas: comentar (sou uma mãe carente sim) e ouvir o debut de Weki Meki, ''I don't like your girlfriend'' (aquela música tá na minha cabeça a dias socorro)

Bye bye <3


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