1. Spirit Fanfics >
  2. Sweet Cody >
  3. Com a gaiola aberta, os pássaros voam.

História Sweet Cody - Com a gaiola aberta, os pássaros voam.


Escrita por: markie

Notas do Autor


Olá! Chegando um pouquinho mais cedo hoje, com o capítulo 4! ~grita
Espero que vocês gostem!
Boa leitura! ♥

Capítulo 4 - Com a gaiola aberta, os pássaros voam.


Fanfic / Fanfiction Sweet Cody - Com a gaiola aberta, os pássaros voam.

Uma extrema adrenalina mesclada ao medo percorria em minhas veias, ao mesmo tempo que sentia o chocar violento do vento contra o meu rosto. As ruas estavam gélidas demais para um garoto situá-las, mas lá me localizava, para contrariar a sensatez da vida.

À medida que o som dos meus calçados atingia o cimento e ecoavam no silêncio da madrugada, torcia com todas minhas forças para que minha mãe não fosse me ver pela manhã. Antigamente ela tinha esse costume, mas não tinha consciência se ainda o tinha, pois, meu sono se tornara um pouquinho mais pesado. Se ainda o tivesse, espero que consiga ver o bilhete que deixei na porta da geladeira, o qual tinha a desculpa esfarrapada de precisar ver um amigo por doença. Eu detestava mentir para os meus pais, especialmente minha mãe, no entanto a voz de Mark soara tão precisa que eu não enxerguei outras opções.

Suspirei e avistei minha respiração se esvair pelo ar, quando virei a esquina. Almejava o destino dito por Mark apressadamente, e a única coisa que sabia era que ficava no centro. Não deveria ser tão difícil encontrar, certo? E outra, ele dissera que aguardaria na porta, então acho que realmente não teria problemas em avistar sua silhueta, mesmo que a escuridão estivesse forte às quase duas da manhã.

Nunca tinha saído de casa pela madrugada, logo sempre achei que as ruas se tornariam desertas depois da meia-noite, porém conforme eu me aproximava do centro e começava a ver indivíduos notívagos eu via que estava errado. Até mesmo o breu de ruas atrás ia sumindo, sendo substituído pela claridade dos inúmeros estabelecimentos abertos. Era uma visão bonita.

Um grupo de jovens andavam aos risos em minha direção, trazendo-me uma vontade absurda de ir ao outro lado da rua apenas para não os cruzar, mas acabei desistindo por notar que seria algo idiota demais para um garoto de dezoito anos. Exatamente, eu já estava crescido o bastante para ter aquele tipo de pensamento.

Desejei que passasse despercebido, entretanto alguém tocou e segurou meu braço, obrigando-me a parar.

— Você nas ruas em plena madrugada, Jackson Hyung? — E eu reconhecia tanto aquele tom de voz quanto a fisionomia.

— Pois é, algo bem novo, hm? — Tentei sorrir, embora soubesse que saíra algo um pouco estranho. — Está indo para casa agora? — O olhar de Bambam acima de mim se tornara algo normal, não me incomodava mais o seu costume de olhar em meus olhos, mas ter a atenção constante daqueles amigos atrás do mesmo, deixava-me um tanto incomodado.

— Para a minha, ainda não, mas não se preocupe, estou em boas mãos. — Duas garotas que o acompanhava deram risadas nessa parte. — Cuidado, está muito bonito nessas roupas, pode arrasar muitos corações. — Sua fala fez meus olhos caírem pelo que vestia, assim me perguntando se uma simples calça saruel preta junto com um moletom não muito grosso arrasariam corações como dizia.

— Ele é gay, Bam? — Uma voz de um rapaz que até aquele momento não tinha notado tomou presença, e o que perguntou acarretou num acanhamento estranho, ainda mais recebendo sua avaliação após o mais novo afirmar. — Acho que já arrasou o meu. — Mais risadas altas, agora de todos, preencheram a calçada.

— Pare com isso, ele é meu Hyung e eu quero respeito! — O mesmo rapaz riu.

— Qual é o seu nome? Não posso ter seu número do telefone?

— Para! — Bambam novamente o advertiu e em seguida voltou-se para mim, ignorando o fato do homem continuar a rir. — Aliás, estamos tomando seu tempo, não é? Não ligue para esse monte de bêbado, devo ser o mais sóbrio daqui. — Respirou fundo, bagunçando a parte de trás de seus fios. — Quer ajuda para alguma coisa? Afinal, você nunca foi de sair assim.

Eu estava um pouco paralisado por presenciar tudo aquilo em tão pouco tempo. Era um pouco difícil não me constranger com alguém descarado daquele jeito. A ajuda do garoto me pareceu interessante e assim que expliquei onde precisava ir, lançou-me uma provocação idiota antes de me explicar. Já era esperado ao menos uma provocação.

Nossa despedida foi rápida, um simples agradecimento de minha parte e mais diversos “tchau” dele e de quem estava com ele. Pelo que explicara, eu estava mais perto do que imaginava.

Seguindo reto, a primeira direita, segunda esquerda. Já consegui saber porque Bambam comentara que não haveria erros. Meus passos ficaram tímidos subitamente, senti-me num lugar desconhecido.

E de certo, estava.

Boates.

Não… Onde raios Mark havia me trazido?

Aproximava-me hesitante, olhando para os lados com certo receio. Uma sensação estranha começava a surgir no meu âmago e rapidamente entalava-se em minha garganta. Repentinamente o ar que eu necessitava começou a esvair e me senti um pouco zonzo. A música atingia meus ouvidos de forma abafada, porém o suficiente para que eu sentisse vontade de correr dali.

Indo contra minhas vontades, cheguei perto o suficiente para ter a música nítida aos meus tímpanos, conhecendo a batida eletrônica de uma música americana. Um cheiro forte de bebida alcoólica marcava o ambiente, causando uma repulsa contra o lugar. Definitivamente eu não gostava daquele tipo de coisa.

— Jackson? — Uma voz de repente se manifestou atrás de mim, forçando meu corpo girar para visualizar seu dono.

Já foram vítimas daquele momento do qual você fixa seu olhar em alguém e o seu mundo parece parar de girar? Foi o que aconteceu comigo assim que pousei meus olhos sobre o garoto mais velho. O tênis aparentemente novo, a calça negra resinada e a blusa de mangas compridas lhe caíam tão bem que pareciam todos feitos exclusivamente para ele. Um pouco mais acima eu encontrei primeiramente seu sorriso curto, seguido do seu olhar, e por último vendo seus fios num topete.

— Você veio mesmo! — A aproximação que fizera, envolvendo meu pescoço com um dos seus braços, privilegiando-me com um perfume forte fora do usual, aos poucos me trouxeram de volta à realidade. — Achei que não viria.

— Mas eu falei que viria, não? — Pigarreei, um pouco sem jeito pela sua íris estar tão firme em meu rosto, como se absorvessem cada detalhe dele. — Que lugar é esse?

— Um lugar onde você consegue muitas coisas. — Soltou um riso breve, começando a caminhar comigo até dentro do estabelecimento. Pensei que fosse ser parado na entrada, mas o homem parado ali sequer moveu um músculo ao nos ver.

A música tão alta aborreceu um pouco meus ouvidos e a visão daquela aglomeração produziram uma careta em minha face. Eu conhecia o cantor da canção, porém o apreciava num volume ameno apenas em meus queridos fones.

Deixei-me ser guiado por ele, já que eu não sabia sua razão de me levar àquele lugar, percebendo então que íamos em direção do bar. Quando sua boca se abriu para proferir algum pedido, eu ligeiramente avisei que não bebia, recebendo um olhar vazio e avaliativo.

— Seja um pouquinho mais jovem, Jackie. — Antes que eu pudesse impedi-lo, acabou demandando um drinque do qual não conhecia. — Você está nos seus 18, um pouco de música e álcool não lhe fará tão mal, hm?

— Não Mark, você não entendeu… Eu não gosto dessas coisas. — Respondi num tom que lhe fosse capaz de ouvir, mas era como se ele estivesse me ignorado, não tardando para me oferecer um copo pequeno do qual não peguei. — Eu não vou beber, Mark…

Meu cérebro foi captando os próximos acontecimentos de forma lenta, pois em um ímpeto me senti hipnotizado. Diante o balcão do bar, fui empurrado para uma daqueles assentos altos, enxergando-o à minha frente com um ar determinado.

— Apenas um pouquinho, Jackie. — Meu sangue começou a bombear mais depressa com seu tom sussurrado rente minha boca, à medida que sua mão esquerda tentava pôr o copo em minha destra. — Só um golinho e eu me satisfaço, eu prometo. — Seus orbes vibraram nas minhas, dando-o uma atmosfera indiscutivelmente erótica. — Prometo.

Foi como ficar paralisado naquela cadeira, sentindo o calor me atingir cada vez mais, enquanto fiz sua vontade de tomar um gole daquele líquido alcoólico. Que a propósito era deliciosamente doce. Mark me observava, rapidamente me perguntando se havia gostado. Óbvio que minha resposta não fora outra se não um balançar de cabeça positivo, colocando-me num dilema de reservar-me ou entregar-me.

— Você pode ter o quanto quiser daqui. Não tem algo que sempre quis experimentar?

A pergunta desencadeou tantas vontades que escondiam dentro do meu peito que nem conseguiria explicar. Tendo uma visão geral, a timidez sempre me impediu de fazer inúmeras coisas e ainda tinha dúvidas se algum dia ela me deixaria à vontade.

— Eu quero ver o Jackson que se esconde dentro desse corpo, quero saber o que se passa dentro dessa tua mente, quero fazer o possível para te libertar, Dongsaeng. — O que dizia surtia um efeito tão devastador em meu interior, algo tão forte que me sentia cada vez mais fraco em suas mãos. Eu queria me conhecer. Queria deixá-lo me conhecer, descobrir-me.

Um pouco acanhado, levei um pouco mais daquela bebida doce ao meu paladar, ingerindo mais de dois goles, até pousá-lo vazio acima do balcão, encontrando uma expressão satisfeita no rosto alheio. A ação seguinte foi a mais vergonhosa para mim, que ainda estava tão descostumado àquele ambiente.

A mão do mais velho fechou-se em meu pulso, conduzindo-me entre as pessoas até encontrar um lugar que coubesse nós dois.

— Você gosta de dançar, Jackie? — Senti os dedos dele resvalando em meu quadril, começando se mover junto da música. — Você parece ser alguém que gosta de fazer isso.

— Eu não sei dançar. — Confessei, tomando um pouco de liberdade em imitá-lo e colocar levemente minhas mãos no seu quadril. — Não mesmo.

— Se mova junto comigo, eu posso te ensinar.

Tê-lo conversando comigo próximo do meu ouvido, despertava diversas coisas em meu corpo e em meu pensamento. Sua voz era tão gostosa, isso era uma certeza indiscutível, mas ser privilegiado com ela tão perto da minha orelha causava-me um estremecer novo.

Segui o que me proferiu, silenciosamente tentando me soltar em sua frente. Se por um acaso eu contasse a Jaebum que estava dançando com Mark no meio de tantas pessoas, no meio da madrugada, provavelmente expressaria uma incredulidade impressionante, para logo em seguida iniciar suas provocações baratas e idiotas.

— Você está tão, mas tão cheiroso… — Meus olhos fecharam-se sozinhos com o murmúrio que repentinamente acariciou meu pescoço, notando rapidamente os dígitos que pressionaram sua silhueta automaticamente. Um arrepio cruzou minha espinha ao mesmo tempo que meus batimentos aceleraram o ritmo. — Perfumou-se apenas para vir me ver? — Senti seu sorriso, embora não estivesse vendo seu rosto com exatidão, por provavelmente saber que eu ficaria sem respostas. — Eu gosto do seu cheiro.

Vi-me impressionado com o poder que exercia sobre mim. Com tão pouco, minhas células ficavam agitadas, almejando que continuasse com seja lá o que estivesse fazendo. Deveria ser por isso que um suspiro escapou pelos meus lábios e que eu instantaneamente me aproximei um pouco mais.

— Eu também gosto do seu. — Confessei, meio desnorteado e perdido em minhas próprias ações. Ouvi sua pequena e baixinha risada.

— E o que mais? — Apertou minha cintura, roçando sua boca e soltando sua respiração quente no pé do meu ouvido. Percebi que minhas mãos estavam agarradas igualmente em sua cintura.

— Mark. — Chamei-lhe firme. — Pare.

— Hm? Por quê? O que estou fazendo? — Enquanto lançava-me suas perguntas encharcadas de cinismo, a umidade dos seus lábios deslizava pelo meu pescoço.

A sensação de tê-lo naquela proximidade tão palpável, em um canto da minha cabeça, não fazia muito sentido, afinal nós apenas nos encontramos uma vez – a qual fora diferente dessa em todos os sentidos possíveis –, e depois simplesmente desapareceu do mapa, desejando me ver numa madrugada qualquer. Era estranho, entretanto, esse pensamento era tão miúdo àquela hora que lhe ignorei.

— Por favor, Mark, não faça isso… — Sussurrei.

— Shh… Vamos sair daqui.

Possivelmente em menos de quinze segundos nós levamos o choque térmico ao sair do ambiente. Uma temperatura tão distinta da que me abraçava lá dentro, cuja fora responsável pelo arrepio em minha pele. Logo no exterior, Mark soltou-se de mim e abriu os braços ao vento que se revelou.

— Está sentindo esse vento? O som dele não te acalma? — Correu um pequeno caminho, aproximando-se de um beco perto dali. Minha cabeça deu um nó quando o ouvi, e meu estômago revirou-se de nervosismo. — Venha aqui, Jackie.

O som dos meus passos ecoava pela minha mente à medida que me aproximava. Era como se estivesse numa zona tão forte de perigo e soubesse daquilo, mas ainda assim não me era concebido parar.

As costas dele encostavam-se na parede gasta e quando cheguei perto o suficiente, ele me puxou contra sua estatura, deixando-me levemente surpreso, pousando minhas mãos em seus ombros.

— Ei, Jackson… — Suas mãos exploravam minhas costas, assemelhando-se a escuridão do seu olhar em meu rosto. Quase a mesma escuridão que me fitara um dia desses, diferenciando-se por algo que eu não conseguia decifrar. — Você já esteve em uma situação dessas? Pertinho de alguém desse jeito?

A resposta, talvez, não estaria óbvia o bastante pela minha falta de ação? Eu não tinha experiência naquele tipo de coisa, estava me deixando levar completamente pelos seus atos, estando ciente de que estava sendo incontestavelmente maleável, influenciado ou manipulado, sim, eu sabia, contudo, o fato não estava de certo me incomodando.

O aceno negativo lhe arrancou um riso tão gostoso, mas que na hora apenas me causou vergonha. De modo vagaroso seu nariz roçou-se no meu, dando-me um absurdo desejo de conhecer seus lábios aparentemente tão macios.

A ponta do seu nariz percorreu meu maxilar no mesmo tempo que sentia seus dígitos adentrarem meu moletom, sobressaltando-me na mesma hora pela temperatura alta que a ponta de seus dedos possuía. Os dentes que compunham o sorriso de tanta admiração por mim fizeram um estrago pequeno na curvatura de meu pescoço, para que viesse em seguida os seus beijos e um pouco depois os chupões.

A sensação que se agitava dentro de mim, a excitação que nos envolvia mansamente, o universo que desaparecia gradativamente… Era tudo tão novo, mas ainda assim tão bom e viciante quanto o melhor cheesecake de frutas vermelhas já servido na SweetCody. Eu teria me afastado muito do meu mundo estando em um beco com Mark Tuan, naquelas circunstâncias?

Não queria dar sentido a nada, nenhuma pergunta, que se intrometesse em minha cabeça.

Não naqueles minutos.

— Sabe o que poderíamos fazer agora? — Ele indagou, guiando minhas mãos à sua cintura, a qual toquei superficialmente. Seus braços rodearam meu pescoço e precisei respirar fundo com a sua atenção tão concentrada em mim. Fitei-o com um olhar curioso, sendo respondido em poucos segundos, numa ação.

A primeira coisa que senti foi o susto com a força de trabalho que meu coração exercia, com o oxigênio que se tornara tão escasso abruptamente, e com sua aproximação. Sua respiração aparentemente tão mesclada na minha dissipou-se com nosso selar.

Um selo tão simples, levemente sonoro, que arruinou quaisquer barreiras que existiam em meu peito, bagunçando-o com ira, devastando o que quer que o presenciasse. Os batimentos cardíacos chegavam aos meus tímpanos, porém tentei focar nos seus lábios que novamente acariciavam os meus.

Uma carícia gostosa, suave, mas que assim que a aprofundou, tomara outros rumos gradativamente. Sua língua agora encontrava a minha, momento pelo qual conseguíamos provar do sabor um do outro. Era diferente beijar Mark e beijar um rapaz qualquer, como se Mark Tuan fosse dono de uma aura sobrenatural que lhe fazia sentir inúmeros sentimentos de uma vez só, tão confusos quanto àquelas aulas de exatas que frequentemente tinha.

À medida que nossas bocas se chocavam, as unhas curtas arrastavam-se pela minha nuca de uma forma que me obrigava a apertar sua cintura. Aquela região tinha uma sensibilidade incrível, e isso apenas se reforçava com os efeitos que surtiam e estraçalhavam meu interior. Seus dentinhos perfeitos repuxaram meu lábio inferior, arrancando-me um suspiro que esquentou ainda mais a atmosfera que participávamos.

Jackson… — Ele sussurrou, trocando nossas posições, chocando com força minhas costas àquela parede. Achei que nossas carícias fossem ficar apenas naqueles beijos deliciosos, entretanto quanto mais o tempo passava ele me mostrava o contrário.

Tudo começou a sair do controle.

Nosso ósculo, o tato curioso, os desejos em crescimento e os sons indevidos que começavam a surgir numa velocidade assustadora. Seus dedos mergulhavam nos meus fios escuros e os puxavam, inclinando minha cabeça para ter acesso à minha pele não tão mais imaculada, abusando do local, desconectando-me do presente a cada segundo, almejando senti-lo como nunca quis alguém.

Porém, um choque de realidade estapeou minha face assim que sua mão apertou entre minhas pernas. Por mais que eu o desejasse tanto, que a excitação fervente em meu corpo fosse tamanha, não queria fazer aquilo num lugar tão público. Aquilo não era para mim.

Foi por isso que eu tentei o afastar, mas meus pulsos foram presos num ímpeto acima da minha cabeça. Optei pela voz, mas sua boca impedia o som de sair coerente. Foi então que eu senti medo, pois Mark estava descontrolado e sequer notava como eu estava me sentindo.

Fiz outra tentativa de chamar sua atenção e dessa vez não foi preciso tanto. Ele subitamente soltou-me e lançou um olhar tão perdido que causou um embaralho gigantesco na minha consciência, para que em seguida despencasse seu peso, que somente não atingiu o chão por eu ter sido rápido e segurá-lo.

Chamei-o uma vez, duas, três, e me desesperei.

Mark havia desmaiado.

×

Agradeci aos céus inúmeras vezes por meus pais não baterem na porta do meu quarto e tiverem saído bem cedo. Provavelmente iriam ver meu avô, como comentavam na noite passada, então eu me sentia um pouco mais aliviado por estar sozinho em casa – ou quase, com uma segunda pessoa em meu quarto.

Não me lembro de sentir-me tão vil como na madrugada, quando cheguei o mais silenciosamente em casa. Saber que Mark havia apagado em minha frente tão facilmente faziam-me pensar em hipóteses para o ocorrido, porém acho que nunca chegaria em alguma resposta.

Afinal, eu não o conhecia o suficiente para aquele tipo de coisa.

Havia o deixado em minha cama, demasiadamente preocupado com seu estado. O que acabou me tranquilizando foi ver que sozinho ele acordara, mas em segundos apagava novamente, murmurando que tinha sono e que sua cabeça doía. Ao menos ele dormira, e eu, claro, fiquei venerando seu sono como uma mãe coruja venera o descanso de seu filho.

O visor do celular informava-me que já se passara das oito horas, mas não era como se o horário fosse importante para quem perdeu o resto da noite acordado, apenas agora sozinho, ingerindo copos de cafés fortes. Minha sorte era que estávamos no sábado, pois se estivesse em um dia útil, certamente estaria ferrado.

Cenas daqueles momentos atingiam-me como um filme enquanto estava sentado em um puff quadrado no meu quarto, com o celular em mãos. O que senti foi tão forte que me doía o peito. Caso fechasse os olhos eu ainda era capaz de lembrar-me de como me senti quando sua boca explorava meu pescoço, que atualmente tinham marcas fracas. Foram minutos tão incríveis que os viveria novamente, se fosse possível excluir os últimos momentos.

Mark mexeu-se acima da cama, deixando-me atento no seu despertar – caso realmente fosse. Seu corpo moveu-se até ficar de barriga para cima e seus olhos apertaram-se com força antes de abrirem por segundos. A destra repousada em sua barriga subiu para seu rosto e com a outra o pressionou, soltando um resmungo baixinho. Considerei que fosse dormir mais uma vez por ter ficado tão quieto, porém enganei-me.

Que porra… — Reclamou tão baixo que por pouco não o escutei, revirando-se na cama em seguida.

— Mark? Tudo bem com você? — Indaguei com um tom terno, levantando-me, ficando perto da cama. Ele ficou em silêncio, e ainda sem abrir a boca, olhou-me de um modo enigmático.

— O que você está fazendo aqui? — Suas sobrancelhas franziram, e logo fechei a persiana da janela barrando os raios solares. Mostrou-se agradecido aparentemente.

— Como assim? Você está na minha casa. — Tomei um pedaço da cama para me sentar. — Não se lembra do que aconteceu?

O corpo alheio paralisou, como se estivesse pausado seus movimentos para refletir acerca da pergunta. Em segundos, balançou a cabeça negativamente, um pouco duvidoso e hesitante. Fiquei um pouco decepcionado com sua resposta, no entanto, esforcei-me em não transparecer.

— Vou pegar algo para você comer. — Avisei, já rumando à porta. De repente não queria ficar ali. — Trarei algum remédio que só pela sua cara vejo que está precisando.

Sem mais nenhum dito por sua parte, deixei o cômodo com uma sensação meio pesada em meu peito, embora estivesse um pouco aliviado por não ter lhe deixado me tomar como bem quisesse. Provavelmente o incômodo em meu âmago seria bem maior caso estivéssemos continuado com aqueles toques tão promíscuos.

Peguei a tigela pequena de sopa que minha mãe havia feito, levando-a por alguns segundos no micro-ondas para que voltasse a ficar quente. Retornei ao quarto após, vendo o rapaz sentado e encostado na minha cabeceira. Seus olhos vagavam pelo recinto, como se absorvessem cada detalhe do mesmo, até que os voltou a mim.

— Se alimente um pouco, hm? — Dispus a bandeja com a refeição acima de seu corpo, cujo retraiu-se ao fitar a comida. A expressão que predominava sua face não demonstrava estar com vontade de comer.

— Não estou com fome… Só me dê o remédio, por favor. — A rouquidão em sua voz estava ainda mais presente. Seu rosto estava horrível.

Insisti um pouco para que comesse ao menos um pouco, para não tomar remédios com o estômago vazio, e um pouco depois ele aceitou a degustação. Ingeriu poucas doses, e ainda que elogiasse o prato, não o finalizou. Sobretudo, já havia sido o suficiente. Foi no banheiro que peguei o medicamento de sua preferência e lhe entreguei.

Ele ostentava uma feição apreensiva e suas íris quase não encontravam as minhas naquela proximidade silenciosa cuja não tinha coragem de quebrá-la. Oferecia um semblante tão prejudicado, piorando o aperto no peito que ainda marcava presença. Subitamente me olhou e travou seu maxilar, causando-me dúvidas na cabeça.

— Jackson, eu fiz alguma coisa com você? — Fora direto, de um jeito frio que me congelou no lugar. O brilho dos seus olhos retornava, contudo expressavam uma impassibilidade assombrosa. Abaixei o olhar, incerto que responder com aqueles orbes tão cortantes caídos sobre mim. — Droga, desculpe-me. — Presenciei como sua cabeça tombou para trás e como seu suspiro alto saiu de seus lábios. — Desculpe-me de verdade, eu não queria… Nossa, estou fodido.

— Não, está tudo bem Mark, eu…

Não, definitivamente não está tudo bem. — Cortou-me; logo, achei melhor calar-me e esperar o que ele estava querendo dizer, mas antes que ele proferisse algo, o telefone na sala começou a tocar e eu tive que sair contra vontade para atendê-lo.

Era mamãe ligando para perguntar se eu estava bem, ligeiramente indagando sobre o estado do meu amigo que na hora inventei que seria Jaebum. Eles já estavam na casa do meu avô e dali minutos voltariam para casa, ainda me avisando que ele sentia minha falta. Afirmei que o visitaria na próxima vez e, inquieto, despedi-me dela. Eu amava aquela mulher, porém estava aflito com um Tuan nervoso em meu quarto.

Minhas esperanças estavam em encontrar um rapaz levantando-se e ansiando desesperadamente ir embora, mas ao invés disso acabei deparando-me com ele ao celular, de pé e de costas para a porta. O que ultrapassou meus tímpanos fez-me semelhante a uma estátua, perdendo por segundos até mesmo minha respiração.

— Você acha que eu não sei que me drogou naquela porra, filho da puta? — Ele tinha dito num tom baixo, mas que soou claro para mim. — Você está rindo? Rindo? — Sua risada sarcástica encheu meus ouvidos, antecedendo outro xingamento até que me avistou parado na porta e desligou o aparelho.

Temi seus próximos atos.

Ele estava tão alterado.

Primeiramente outro riso, porém este sem humor algum, surgiu; em seguida, ele apalpou os bolsos, conferindo-os, e então se aproximou de mim. Tão perto que modificou artificialmente minha respiração.

— Desculpe, arrumei alguns assuntos para resolver. — Olhava meu rosto com cautela, julgando meu semblante. — Cuidado com as pessoas por aí, hm? — E então, naquele segundo, mostrou um sorriso cujo eu nunca saberia decifrar.

Antes, claro, de ir embora e me deixar com aquela cara de bobo.

Talvez fosse meio ilógico, mas a primeira coisa que me veio na cabeça foi contatar Youngjae. 


Notas Finais


Tô sem saber o que falar, então eu espero vocês falarem aí em baixo kdjghdfkh ♡
Não me matem, eu amo vocês.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...