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História Sweet Cody - Imprevisto sentimental.


Escrita por: markie

Notas do Autor


Apenas eu estou passando o final de ano no computador? Sim?
Ok, eu vou embora -n


Boa leitura! ♥

Capítulo 5 - Imprevisto sentimental.


Fanfic / Fanfiction Sweet Cody - Imprevisto sentimental.

— Por que você é tão reservado, Youngjae? — Perguntei suavemente, com medo de como pudesse me interpretar. Sua expressão transbordava preocupação e cansaço. — Se você se abrisse mais, poderíamos lidar com a situação juntos, não acha uma boa ideia?

Seu olhar vazio fixava-se num ponto aleatório da praça, rapidamente mudando para duas crianças que corriam atrás de uma borboleta e ao som de suas risadas. O silêncio que me dava como resposta não me fazia sentir aborrecido, pelo contrário, pois sua cabeça deveria estar uma bagunça assim como a minha.

— Eu sempre consegui lidar sozinho com isso, Jackson, eu não entendo porque agora as coisas saíram do controle. — Ele proferiu baixo, porém o suficiente para que eu escutasse. Não o julgava, entretanto, eu precisava ver um esforço da sua parte. — Ainda não acredito que ele foi se meter nessa…

— Isso só mostra que precisamos, sim, ficar juntos. Ele não vai ficar nessa, Mark parece forte.

— Eu não sei… Já teve uma época que ele simplesmente se agarrou no álcool e até hoje é complicado lidar com ele. — Tomou um pouco mais do refrigerante de latinha que possuía em sua mão esquerda. — E sabe lá o que ele ingeriu dessa vez. — Respirou fundo.

— Ele é muito mais velho que nós e tem uma maturidade que não condiz, isso é tão estranho… — Por segundos, passeei minha visão pela praça, sendo atingido por uma dúvida que se tornou gritante em pouco tempo. — E Youngjae… — Comecei meio hesitante, por mais que eu estivesse curioso, eu não sabia se poderia entrar naquele tipo de assunto. — E os pais dele?

O garoto de olhinhos pequenos e de cabelos caídos sobre sua testa me olhou por alguns segundos, com seu semblante sério e inexpressivo, não demonstrando se havia feito besteira ou não. Crispei meus lábios e abaixei a cabeça, desculpando-me e dizendo que não precisaria dizer se não se sentisse à vontade, afinal, saber sobre os pais de Mark mudaria alguma coisa?

Seu corpo elevou-se do assento em que estava e rumou à lixeira que se localizava em nossa esquerda. Quando voltou, assim que se sentou novamente, aparentemente se preparando para me responder.

— Eles já faleceram, Jackson, quando ele tinha dezessete anos. Mesma época em que ele se agarrou no álcool. Rolou uma baita culpa por parte dele, sabe? — Pausou. — Foi em uma viagem que ele não quis ir e… O avião caiu.

A partir do momento que seus lábios se fecharam, um gosto amargo tomou conta do meu paladar, sentindo-me mal por ter entrado naquela área. Era óbvio pela expressão de Youngjae que não ficava confortável em falar daquilo. Quem ficaria? Mordi meu lábio inferior, imaginando-me no lugar de Mark.

Imaginando o gosto cruel da perda.

Não convivi com ele e tampouco tinha conhecimentos aprofundados sobre sua adolescência, no entanto, eu imaginava que perder os pais por um desejo pessoal num momento tão jovial deveria ser apavorante. Mas, caso ele tivesse escolhido ir, o que poderia mudar? Não seria apenas mais um número na contagem de mortos na notícia que provavelmente correu pelos jornais?

Escolhas.

As escolhas são sempre uma espécie de alavanca que muda os trilhos do trem, o qual simboliza sua vida, e elas constantemente nos param pelo caminho. Algumas simples, outras que merecem mais atenção, mas sempre, sempre presentes e com um poder inimaginável.

— Desculpe por isso, foi muita intromissão da minha parte.

Eu nunca imaginei minha vida sem os meus pais, por mais que eu saiba que um dia eu terei que perdê-los. E só de pensar na ideia, meu coração se encolhia de dor.

— Não se preocupe, já passou. — Colou suas costas no encosto do banco e jogou sua cabeça para trás, fitando o céu. — Mas sabe o que mais me irrita, magoa-me, que seja? — Apenas aguardei sua continuação, mostrando minha atenção. — É que ele parece não ligar se eu me importo ou não com ele… Mais ou menos como se eu não fosse importante para ele.

— Mas, e quando ele ia buscar você no colégio?

Minha pergunta deixou-o calado por mais tempo que eu previa.

— Ele deve ter outros motivos. — Respondeu simplesmente, cessando aquela observação fixa que fizera aos céus. — Mas, enfim, agora tudo que nos resta é esperá-lo da onde quer que ele tenha ido. Ele não vai atender o celular. Mark é alguém complicado demais, não tem como entendê-lo…

Subitamente recordei da intensidade gigantesca que a íris do acastanhado me apresentavam outro dia. Por algum motivo, Mark sempre me observava minuciosamente, como se focasse em minhas reações de uma forma tão concentrada a fim de usá-las mais tarde. Repentinamente, Mark que trabalhava e me encantava na SweetCody parecia tão diferente. Será que ele teria algum distúrbio de personalidade? Ou tudo se tratava de uma máscara?

Ninguém, com exceção do próprio, sabia.

Contudo, algo dentro de mim fazia-me curioso em descobri-lo. No fim, quem precisava se libertar não era – somente – eu, e sim ele também.

— Lembra quando eu disse que seria melhor sem se aproximar? Era para evitar essa confusão que se forma na sua cabeça. — Bagunçou levemente meus fios. — Você não se meteu num lugar muito propício, espero que seja forte. — Riu leve, deixando-me um pouco apreensivo, entretanto ainda o retribuindo com um sorriso. Ser forte com o que afinal? Em permanecer com Mark em minha vida? Em retirá-lo dela? Em fazê-lo superar?

— Eu preciso ir, Youngjae. — Decretei após visualizar as horas e respirar fundo, levantando-me do banco branco de madeira. — Tente focar sua atenção em outra coisa e compartilhe mais coisas comigo, qualquer coisa que ficar sabendo, por favor, avise-me.

— Está bem, acho que eu posso confiar em você. — Lançou-me um sorriso de canto. — A gente se fala. — Balancei a cabeça, concordando e acenando em seguida.

A praça àquela hora da tarde sempre foi mais silenciosa, ainda mais pelo clima que não se decidia entre a aparição ou não do sol. Enfiei minhas mãos dentro dos bolsos confortáveis de meu casaco e enquanto esperava o sinal de pedestres abrir, perguntei-me se Mark estaria bem.

Meu interior estava inquieto desde sua saída da minha casa, dando-me alguns pressentimentos estranhos e um aperto novo e peculiar em meu coração. Não eram tantas informações, porém meu cérebro trabalhava à tona, trazendo consigo indagações cujas as respostas localizavam-se longe demais para minhas mãos alcançarem.

Todas as respostas estavam no mais complexo, Mark Tuan.

×

Agradeci aos céus pelas provas bimestrais finalmente terem terminado, porque eu não aguentava mais me sentir tão pressionado em tentar ir relativamente bem em todas aquelas avaliações. Não que meus pais cobrassem excessivamente notas perfeitas, mas eu tinha um orgulho em ficar pelo menos na média aceita.

Naquele dia o sol resolveu marcar presença e Jaebum, mais cedo, mostrou-se feliz com o fato, pois tinha algum compromisso com a família dele. Para mim, bem, o clima não estava me afetando tanto.

Na verdade, o que me deixava apreensivo era o sonho estranho que tive pela madrugada. Não me lembrava de muitos detalhes, apenas que eu estava deitado em minha própria cama enquanto minha mãe me despertava, deixando a mão em minha testa, medindo a minha temperatura, e então subitamente eu comecei a chorar e abraçá-la. Havia sido um tanto esquisito, mas ao tempo consegui deixar para lá.

Tudo estava correndo no mais pacífico possível, como se nenhum evento novo de dias atrás tivesse ocorrido. Vez ou outra falava com Mark, porém nada muito relevante. A atmosfera que preenchia nosso chat era pesada, algo que me incomodava e que dificilmente conseguia mudá-la. Ansiava estar próximo dele para auxiliá-lo, para dá-lo algum tipo de confiança, eu precisava tê-lo seguro comigo.

O que de fato era uma tarefa árdua, pois rever o modo como se portou em minha frente naquela manhã de sábado fazia-me recuar, deixava-me inseguro no que dizer. Ele aparentemente se mostrava normal, como se nada tivesse acontecido, logo, segui a sua ideia, cogitando retornar às mensagens que trocávamos no começo de tudo.

Por mais que eu tivesse conhecido um lado diferente e um pouquinho mais daquele rapaz, sentia-me incapaz de ter distância dele. Minha mãe costumava falar que quando eu me fixava em algo era complicado eu mudar de ideia ou largar, e agora eu a entendia, já que inexplicavelmente estava fixado em Mark Tuan.

Os passos que exercia pelos corredores, rumando às escadas, eram lentos enquanto vasculhava os bolsos da minha mochila em busca de um dinheiro para algo gélido que me refrescasse. Jaebum não estava comigo pois acabara a prova de física antes, deixando-me curioso em saber como ele decorava aquelas fórmulas tão facilmente.

Com o suficiente em mãos, fui atingindo pelos raios solares que gradativamente se enfraqueciam, embora permanecesse aquela atmosfera quente. Havia uma lanchonete no lado contrário do que seguia geralmente e gastando menos de quinze minutos, o ar-condicionado do estabelecimento me saudou.

Eu não era o único que tivera ideia de comprar uma casquinha no fim da tarde, inclusive certa pessoa que eu vivia tombando por aí. A cabeleira negra, o jeans rasgado e a blusa cinza de mangas ¾ lhe davam uma aparência mais jovial do que já existia. Cuidadosamente, acompanhado de outro garoto de cabelos descoloridos, ele se certificava em não desperdiçar o sorvete de creme.

Como ele estava do lado da pequena fila, foi meio impossível não me notar.

— Oh, hyung! Estamos nos tombando bastante ultimamente, não acha? — Olhou-me, cuidando de ingerir um pouco mais do doce gelado. — Ah, esse é meu amigo, Yugyeom.

Ligeiramente o cumprimentei, dando um tempo para que pedisse a minha própria casquinha de chocolate. Era verdade, recentemente me deparava com sua estatura, seja lá o local que me situava. Por mais que ele não morasse tão longe de mim, era estranho vê-lo próximo ou em todos os lugares que ia.

— Pois é, Seul começou a ficar pequena demais. — Dei um riso soprado, e antes que eu pudesse pensar em algo para dialogar, senti meu celular vibrando em meu bolso. Os olhares de ambos caíram sobre mim, provavelmente notando minha boca entreabrir pela surpresa ao visualizar o visor.

— Hm… Algum problema, hyung? — O mais novo indagou de forma insegura.

Acabei lhe respondendo com um aceno negativo e pedi desculpas por ter que sair tão de repente, mas eu precisava obter algumas informações, e aquela mensagem oferecia um passe livre a elas.

Diferente do usual, usara reticências, proporcionando-me uma visão distinta ao que tinha normalmente. Apesar de ainda conter uma hesitação pela última vez que me chamara, afirmava que daquela vez estava extremamente sóbrio e que só queria conversar comigo.

O que, de fato, era estranho.

Minha mente criava inúmeras hipóteses do que poderia se tratar o assunto, contudo era um caminho circular, onde eu não encontrava algo que se encaixasse. Acabei desistindo, concentrando-me no sorvete que derretia.

×

De certo, eu não gostava de lugares altos, portanto, saber que Mark se localizava ao 11° andar já era o suficiente para que me sentisse um pouco estranho. Não era bem medo, eu só não me sentia confortável. Talvez fosse apenas uma falta de costume. Talvez.

Era um apartamento pequeno, inesperadamente e imodicamente organizado. Um estranho ar executivo pairava no ambiente, tão diferente da vida que o dono levava. A sala era preenchida por um sofá de três lugares, um rack amendoado com alguns DVDs ajeitados e o próprio aparelho, acompanhado de uma televisão média. A parede branca continha dois quadros abstratos, dos quais não consegui ver um significado aparente.

Acima da bancada da cozinha – que ficava logo ao lado –, existia um recipiente com diversas frutas vermelhas e eu me vi preso por alguns segundos naquelas cerejas, morangos e amoras. Pelo visto eu não era o único amante daquelas delícias. Mais para a esquerda tinha uma porta de correr, totalmente de vidro, a qual dava acesso à sacada do apartamento, e um corredor que provavelmente iria para o quarto e banheiro.

Um lugar pequeno, mas confortável o bastante para uma pessoa.

Uma pessoa?

— O Youngjae não mora com você? — As palavras saltaram da minha boca pelo pensamento rápido que tive. Gesticulou para que me sentasse, enquanto aquela tigela lotada de frutinhas vinha desde suas mãos à mesinha de centro, localizada na frente do sofá. Rapidamente ele se colocou ao meu lado.

— Ele fica na casa dos meus pais, não fico muito por lá. — Imediatamente me lembrei das coisas que Youngjae havia me dito naquela manhã. Agora já me era compreensível a razão pela qual não ficava no mesmo teto que ele. — Pode pegar se quiser, não é um cheseecake, mas são frutas vermelhas. — Empurrou o objeto para mim, não me dando alternativas de recusar, já que eu realmente as queria. Peguei timidamente duas amoras.

— Você gosta?

— Cerejas são as minhas prediletas. — Seus lábios sorriram, mas por algum motivo eu não consegui enxergar verdade nele. Na verdade, agora o observando melhor, notava que estava um tanto tenso. — Olha Jackson… Indo direto ao ponto antes que eu mude de ideia, primeiro, ainda quero me desculpar pela aquela noite, você ouviu… Eu estava sob efeitos de drogas. Aliás, é disso que eu… — Respirou fundo. — Preciso falar com você.

Embora, no exato minuto, meu cérebro tenha dado um nó, eu esperei para ouvi-lo e me senti um pouquinho feliz e esperançoso diante a situação. Tentei não demonstrar tanto que eu estava bem com o fato de ele desabafar comigo e agir naturalmente, mesmo sabendo que meu rosto sempre foi um tanto revelador.

As duas mãos de Mark foram à sua cabeça e seu corpo se curvou para frente, como se estivesse organizando as ideias em sua mente para proferi-las. Ainda era um pouco estranho vê-lo pensando no que dizer, e dizê-lo exatamente para mim. Teria algum motivo por trás daquele desabafo?

Ok… — Soltou num fio de voz, respirando fundo mais uma vez. — Eu te chamei aqui porque eu precisava conversar com alguém. Eu poderia chamar o Youngjae? Poderia, mas seu discurso já está gravado na minha mente e acho que preciso de outra voz em meus ouvidos. — Olhou-me, porém, não demorando muito para desviar o olhar. — Acho que a droga que me deram era forte demais… A falta dela está me enlouquecendo. Eu tentei suprir a ausência com bebida, mas…

Absorver a ideia que tinham drogado o rapaz que eu nutria tanto zelo me doía o coração de uma forma esmagadora, porque eu via que ele não merecia aquele tipo de coisa. Deveria, sim, conter seus defeitos, porém seu âmago expunha o seu verdadeiro eu. Alguém que no fundo só precisa de atenção e um apoio marcante. Era o que eu estava determinado a oferecer.

— Você tem noção do que deram para você? — Indaguei, sendo respondido pelo seu balançar de cabeça negativo.

— Eu sinto tantas coisas… Cansaço, surtos agressivos, pensamentos impossíveis, insônia… E claro, aquela vontade extrema de ter aquela porcaria. Minha vida vai ficar assim? Já foram três semanas e… Fuck. — Tombou a cabeça para trás, encostando-a no estofado. Caso eu não estivesse tendo alucinações, poderia dizer que seus olhos estavam marejados. — Eu tenho certeza que foi aquele filho da puta, ele conseguiu fazer a ‘vingancinha que tanto queria, se eu pudesse pôr minhas mãos naquele pescoço, desgraçado eu…

— Mark! — Exclamei ao vê-lo enfurecer, ligeiramente tocando seu ombro, obtendo seus orbes inteiramente irados para mim. — Se acalme… Eu…

— Acalmar-me? — Riu com escárnio, erguendo-se logo em seguida, andando para a cozinha. — Eu nem sei o que eu estou fazendo falando com um adolescente feito você. — Seria aquele um surto do qual falava? Seria assim tão súbito?

— Mark… — Segui seus passos, vendo-o retirar a garrafa de vodca da geladeira, a qual eu tomei de suas mãos, e lhe empurrei para o lado, pousando-a na pia. Chamei seu nome mais uma vez, sentindo a força de suas mãos em meus ombros, deixando-me à mercê dos reflexos cujos me auxiliaram a segurá-lo pelos pulsos. Sua expressão fechada não me amedrontou, mas sua respiração descompassada causou-me um aperto estranho no peito. Fitei sua íris opaca, pondo-o contra a porta do eletrodoméstico, sem quebrar o contato visual. — Não pense nele, olhe para mim. — Falei em bom tom, enchendo-me de coragem para sustentar tamanha tensão que saía de seus olhos. — Eu vou te ajudar.

Aparentando sorver das minhas palavras, gradativamente o estado frenético que se tornou sua pulsação fora amenizando, mostrando-se cada vez mais lúcido. Sua cabeça abaixou devagar e de sua boca saíra um pedido de desculpas baixinho.

— Vamos por partes, hm? — Falei agora de uma maneira mais serena para que se concentrasse. — Precisamos descobrir o que diabos te afetou desse jeito para que você possa tratar.

O silêncio, por mais que momentâneo, fez-me hesitar.

— Eu não quero ficar em uma clínica… — Sussurrou, encolhendo-se, ação que meu coração acabou imitando, por mais que meu cérebro tenha falhado em entendê-lo. — Por favor, não me faça entrar em uma… Você disse que você iria me ajudar!

— Mark, drogas não são uma brincadeira; principalmente a que você ingeriu. Vamos precisar, sim, de uma ajuda extra, e preciso que colabore para que dê tudo certo…

À medida que ia falando, enxerguei seu corpo retraindo-se e só então notei que ele começara a chorar. Recordei de meu sonho, indagando-me se talvez, quando chorei, fosse na verdade Mark precisando de ajuda. O chão que sustentava o meu peso desapareceu num piscar de olhos e sem avisos prévios. Aquilo era uma surpresa e tanto para mim que estava tão habituado em ver risadas e pessoas fazendo travessuras. Ele não demonstrava vergonha em exibir sua fraqueza, apenas soluçava feito uma criança de cinco anos.

— Não me faça entrar numa clínica, Jackson… Por favor… — Com um pouco de dificuldade consegui entendê-lo, afastando quaisquer pensamentos da minha cabeça. Eu não conhecia Mark o suficiente para saber do seu passado, para saber lidar com ele, mas acreditava que em um momento daqueles o melhor a se fazer fosse abraçá-lo.

Vagarosamente larguei seus pulsos e abracei seu corpo quente e esguio, respirando fundo para recobrar a calma de meu interior. Custou um pouco, mas ele retribuiu o meu carinho e desabou em lágrimas nos meus braços. Descobrira que não tinha uma boa experiência com clínicas e isso seria um problema, pois era necessário que procurasse pessoas especializadas ainda que me tivesse ao seu lado.

Naquele minuto desejei que o Choi estivesse presente também, já que ele tem tanta preocupação pelo primo. Era injusto deixá-lo de fora dos assuntos quando deveria ser o primeiro a saber dos mesmos. Eu era apenas um garoto monótono de dezoito anos que tinha uma paixão - talvez platônica -, pelo homem que trabalhava em uma cafeteria.

Eu não era ninguém, porém Youngjae era.

— Conte ao seu primo também, ok? — Murmurei. — Ele se preocupa com você… — Ele assentiu com a cabeça, distanciando-se no segundo seguinte. Conseguia ver os olhos e o nariz vermelhos, as marcas das lágrimas salgadas que deslizaram por sua bochecha.

— Desculpe por isso, eu sou um pouco patético. — Riu sem humor, enxugando o rosto. — Desculpe-me por tantas coisas, eu sou uma pessoa muito idiota… — Fungou, desvencilhando-se de mim e rumando a sala outra vez. — Por que eu chamei sua atenção, Jackson? Com tantas pessoas melhores nesse mundo você foi olhar logo um atendente ridículo de uma cafeteria… Por que não aquele rapaz que sempre está com você?

Tudo que lhe dei foi o meu silêncio. Que no caso fora momentâneo.

— Para mim você é uma pessoa comum, Mark… Mas um comum que conseguiu me prender. Eu não tenho culpa, foi natural, eu simplesmente… Gostei de você e queria tê-lo comigo de alguma forma.

— Você quer ter um cara que tem altas tendências a ser alcoólico, que tem a necessidade de se drogar e que sai pra boates em busca de diversão, Jackson? — Virou-se para mim, que ainda estava parando entre os dois cômodos, com uma expressão que transbordava sarcasmo, ainda que seus olhos estivessem ali denunciando o choro recente. — Honestamente falando, você merece coisas melhores. Pessoas melhores.

— Você é forte, Mark, e eu confio em você. — Aproximei-me, sentindo uma ânsia gigantesca de tocar suas mãos. — Eu só queria que confiasse em mim para que, juntos, pudéssemos lidar com tudo isso.

— Deixe “tudo isso” para lá, Jackson. — Roubou uma cereja e levou-a à boca, fungando pela segunda vez. — Estou confuso demais, não consigo pensar. Logo minha enxaqueca ataca e a merda estará completa.

Quanto mais eu dividia espaço com Mark, conseguia ouvir Youngjae me dizendo ao ouvido o quão ele era complexo, o quão era complicado. Ele era a personificação de diversos sentimentos, todos mesclados com destaques aleatórios, deixando-me sem saber se era parte de sua abstinência ou de sua própria personalidade.

— Eu não posso deixar para lá agora que me contou. Eu falei, eu vou te ajudar. E vou começar isso ficando aqui com você; está precisando de um descanso urgente. — Fitou-me com feições atônicas, até mesmo levantando as sobrancelhas. Quem sabe eu estivesse sendo muito intrometido, audacioso, mas eu sentia que deveria permanecer ao seu lado. Meu coração me aconselhava.

— Você vai… Ficar aqui? — Repetiu, permanecendo com aquela expressão.

— Vou. — Até me surpreendi com a determinação que minha voz utilizou. — E não quero ouvir reclamações, porque você não vai ter como fazê-las. Eu vou cuidar de você. — Engoli qualquer insegurança que pudesse me atingir enquanto Mark ainda me olhava daquele jeito, contudo rapidamente abaixou o olhar e negou com a cabeça.

— Está parecendo a minha mãe falando desse jeito. — Logo, não soube se aquilo significava algo bom ou ruim. O tom de sua voz soou tão simplista. — Mas tudo bem, o que você planeja fazer?

— Acho que em primeiro lugar você precisa de um banho. — Falei simplesmente, sequer notando que existiam sentidos pejorativos nas entrelinhas. Antes que ele pudesse mostrar-me alguma careta, acrescentei. — Banhos relaxam e te ajudam a dormir melhor. — Abri um curto sorriso de canto. — Depois você come alguma coisa e eu fico aqui até que durma, combinado?

— Meu deus… Você está parecendo muito a minha mãe, quer me fazer chorar de novo? — Indagou de um jeito meio retórico ao começar a andar pelo corredor do qual realmente dava acesso ao quarto, eu apenas o acompanhei.

— Desculpe-me, não é a intenção…

Mais uma vez eu presenciei seu balançar de cabeça negativo, e daquilo eu acabei suspirando. A razão pela qual um sorriso melancólico preencheu seus lábios eu sabia, porém nunca imaginei que iria me agradecer por toda aquela determinação, persistência e a semelhança com sua mãe.

Atos que somente fortaleceram minha tese de que ele apenas precisava de apoio e atenção, por mais confuso, complexo e complicado que fosse. Minha certeza momentânea era que passaria muito tempo vagando por todos os acontecimentos do meu dia enquanto aguardasse meu sono. Porque um começo de noite sob o mesmo teto de Mark Tuan, oferecia-me lugares para fixar meu nome em sua mente.

Custou muito para que adormecesse, mas finalmente o fez. Assim que ouvi seu ressonar suave e fitei sua expressão calma, suspirei em admiração. Sua boca entreaberta, os fios castanhos bagunçados, era uma cena tão maravilhosa! Meu coração apaixonado bombeou mais rápido.

Queria ficar ali o resto da noite, porém minha mãe estaria morta de preocupação junto de meu pai. Deixei um bilhete no criado-mudo dizendo para me ligar se precisasse e me desesperei vendo as horas. Estava muito tarde! A única sorte foi pegar o ônibus no ponto, já que quando cheguei em casa ouvia as mesmas frases de “Você quase nos matou de susto” e coisas do gênero.

Entretanto, nada que me fizesse arrependido.

Não mesmo.


Notas Finais


Digam pessoas, como está sendo esse final de ano pra vocês? Hoje faz um ano que "debutei na categoria" e com Markson, tô feliz -q. E falando em Markson, quem aí viu aquelas fotos? Sim, aquelas fotos ( http://vk.com/wall-84522657_4991 )// Alguém empurra minha ficha que ela ainda não caiu JDFJHU só amei muito.
Comentem morebis, amo vocês, até o próximo. ♡

EDIT: GENTE http://cs629225.vk.me/v629225731/1e8c3/sJ5VMHixO3Y.jpg GENTE


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