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História Sweet Cody - A areia que desliza entre dedos.


Escrita por: markie

Notas do Autor


FINALMENTE ESTÁ TERMINADO!
Perdoem minha demora, alguns fatos ruins aconteceram no meu final de ano e eu enfrentei uma barra muito pesada que me retirou toda inspiração do mundo, embora eu todo dia tentasse escrever de pouquinho a pouquinho. As coisas já estão melhores, porém meu bloqueio que também adquiri há um tempo está indo embora _muito_ devagar.

Obrigada a todo apoio, principalmente das meninas que me ajudaram e ficaram comigo todo esse tempo.
Por fim, boa Leitura!

Capítulo 6 - A areia que desliza entre dedos.


Fanfic / Fanfiction Sweet Cody - A areia que desliza entre dedos.

Quando a buzina insistente de um carro adentrou seus ouvidos o despertando, um gosto amargo impregnava sua boca e uma ânsia lhe preencheu, fazendo-o correr até o banheiro. Era pateticamente patético o encontrar naquelas situações, contudo todas aquelas sensações eram mais fortes que si. Nunca alguém com bom senso gostaria de estar em um estado tão miserável.

E isso tudo por culpa de uma noite e um rapaz.

Era impressionante o modo como, de uma hora para outra, as coisas mudam. Como míseros segundos podem modificar uma vida inteira e que todas essas mudanças sejam desencadeadas apenas por nós mesmos. Mark teve a consequência mais forte por uma escolha tão vil.

Assim que fechou o vaso sanitário e deu descarga, o gosto ácido ainda saturava sua garganta. Se tinha algo que Mark odiava fazer, era vomitar. Um suspiro desprendeu-se de sua boca instantes depois, sentindo suas pernas fracas ao rumar de volta ao quarto. Alcançou a cama tocando-a com seus dedos, rapidamente despencando seu peso acima do colchão. A sensação de cansaço era devastadora e indiscutivelmente presente. Era como se ele tivesse realizado inúmeras séries de exercícios pesadíssimos por horas. O corpo também aparentava ferver.

Seus olhos fitaram o teto, porém foi incapaz de fazê-lo por muito tempo, e rapidamente voltou a fechar suas pálpebras. Aquele desejo que se tornou característico chocava-se fortemente contra seus instintos, deixando-o inquieto sobre a cama. O corpo, por mais que febril e enfraquecido, pedia por algo que ele não era capaz de dar. Todas as suas células demandavam por um mísero estímulo pelo que seja lá que Kunpimook lhe dera.

Se ele soubesse que ficar com o tailandês lhe renderia todos aqueles problemas, nunca teria cogitado a ideia de lhe chamar para conversar naquela boate. A princípio fora algo maravilhosamente prazeroso, mas talvez o fato de o ter abandonado pela manhã depois de uma noite de sexo tenha enfurecido o mais jovem ao ponto de, para que numa segunda oportunidade, pudesse se vingar, deixando Mark naquela situação decadente onde não conseguia fazer absolutamente nada direito.

E exatamente por este motivo, diversas vezes sentia-se inútil o suficiente para cogitar suicídio. O fato de dar trabalho para os garotos mais novos lhe frustrava; eles não mereciam aquele desgaste todo em lidar com alguém instável demais. Por vezes ele conseguia trancar-se no quarto, porém isso mudou em uma certa quinta-feira na qual Youngjae lhe pegou abrindo uma caixa de medicamentos. Ele precisava daqueles remédios, seu organismo implorava por algo! Mas o Choi parecia não lhe entender, vasculhando logo em seguida seu apartamento inteiro, decretando que ficaria consigo dali em diante.

Mark começou a achar toda a invasão desnecessária e estranha demais. Certa parte de sua mente abriu-se, e dali enxergou hipóteses que poderiam conter verdades. Enxergou que Youngjae, na verdade, estaria fuxicando suas coisas. Quem sabe senão roubando seu dinheiro enquanto dormia? O parentesco não lhe impedia em nada, muito pelo contrário. Se não estivesse tão exausto, teria a coragem de ficar na sala apenas para lhe monitorar.

Um calafrio estranho percorreu toda sua epiderme, fazendo-o se encolher naquela bagunça de lençóis. Mais uma das sensações das quais se habituava, enquanto inutilmente perdia-se em seus pensamentos em sair daquele sofrimento por bem – de uma forma correta e sensata –, ou por mal – contatando desesperadamente o tailandês ou ingerindo, injetando, qualquer coisa que lhe parecesse plausível.

— Mark? Está tudo bem? – Subitamente a voz de Youngjae soara no recinto, sobressaltando-o suavemente. O mais jovem não podia ver, mas a expressão do maior fechou-se instantaneamente.

— O que você estava fazendo? – Voz crucialmente fria paralisou Youngjae de uma forma a qual se pôs a avaliá-lo. Era sempre aquele tipo de voz que usava com ele. Aquele tom hostil, que se distinguia tanto de seu eu de praxe.

— Estava me arrumando e vim me despedir. – Respondeu cauteloso. — Eu conversei direitinho com a sua gerente ontem, e está tudo bem. – O corpo jazido no colchão moveu-se ligeiramente, sendo atingido por mais um calafrio, porém mais fortes que outros. Mark poderia jurar que seu ar faltou naquele instante. — Como você está? Se você quiser, eu fiz…

— Eu não quero nada vindo de você. – O semblante sério proporcionava receio. Mark agora ficou em uma posição da qual conseguisse vê-lo. Youngjae tinha os cabelos devidamente arrumados, e o uniforme, a blusa de frio e os calçados acentuados em seu corpo. — Você pode colocar algo para me envenenar ou algo assim.

— É claro que não! – Demonstrou-se ofendido. Como Mark poderia pensar daquela maneira?! E não, não era a primeira vez. Era como se tudo que fizesse fosse suspeito demais. — Pelo amor de Deus, Mark, quantas vezes eu terei que dizer que apenas quero o seu bem?

O mais velho deu de ombros, erguendo seu tronco, visualizando a blusa velha que trajava. Quando percebeu, Youngjae se aproximava e estendia a mão em sua direção. Em reflexo, talvez, impediu o toque sua destra.

— Não toque em mim. – O tom hostil empregou-se novamente.

— Eu só quero ver a sua temperatura… – Insistiu. Lembrava-se de uma noite em que Mark dormia, que sua pele estava absurdamente quente.

— Não toque em mim! – Dessa forma gritou, afastando-se para a cabeceira da cama, de olhos suavemente arregalados, com a respiração levemente descompassada. — Fique longe de mim.

Da boca do mais novo saiu um suspiro cansado. O celular no bolso informava que tinha mais seis minutos, e então começaria a se atrasar. Como queria ter suas notas estáveis, para então ficar e cuidar de seu primo. Youngjae sempre tivera aquele espírito paternal com o rapaz, por mais que fosse mais novo. Youngjae nutria preocupação pelos outros e, se possível, retiraria quaisquer sofrimentos das pessoas tristes.

— O que preciso fazer para você confiar em mim? – Jogou, pois necessitava muito daquela resposta. O Mark que situava aquela cama não era o Mark que desabafava a falta dos pais consigo, ou que comentava fatos que ocorreram em seu expediente. Mesmo que ele tenha alguns problemas com seu feitio, aquele Mark era um ser totalmente diferente. — Digo, novamente. Poxa, eu sou parte da sua família, praticamente a única, o que custa você parar de achar que quero te fazer mal?

Ele indagou, porém não obteve respostas. A boca do acastanhado permaneceu numa linha reta com seus lábios um pouco sem cor, e seus olhos escuros estavam tão indecifráveis quanto ele próprio. A cabeça do mais novo maneou negativamente, persistindo na ideia de ver a temperatura do corpo alheio. Subindo em cima da cama, foi rápido em segurá-lo e encostar sua palma na testa por no máximo dois segundos, mas o suficiente para constatar a febre do homem que se localizava na defensiva.

— Você está com febre. Eu vou te dar um remédio, e mais tarde Jackson ficará com você. Ele disse que precisa ficar nas duas primeiras aulas. Por isso, é bom você ficar quieto aqui até ele chegar.

— Ah, que ótimo… Babás. Sou um bebê com vinte e três anos, que engraçado. – Revirou seus olhos, escondendo-se sob os panos na cama. — Vai lá e me deixe aqui sozinho, afinal você sabe fazer isso muito bem. Se não for o que faz de melhor, claro.

E essa frase atingiu o âmago do coreano fortemente. Porém, ainda assim, preferiu ficar calado. Mark não estava em condições para aquele tipo de conversa, e ele menos ainda por estar se atrasando para pegar o ônibus. Engoliu todas as suas palavras e dirigiu-se para a sala, pegando em sua mochila o remédio para febre, levando ele e um copo de água para o quarto. Mark não contestou, aceitando o comprimido sem reclamar.

Após outra vez o mais novo se despedir, deixou tudo trancado antes de sair. Não lhe agradava deixar Mark sozinho e trancado, mas não existiam outras alternativas. Só rezava para que ele, lá dentro, não inventasse alguma moda. Logo Jackson estaria ali.

×

Quando Jackson destrancou o apartamento, pensou no que sua mãe diria sobre ele sair das aulas por alguém. Por mais que ela apoiasse o fato de ele ajudar amigos, quando essa lhe prejudicaria, ela desaprovava. Como a maioria faria.

— Mark? – Chamou uma vez, percorrendo o recinto com os olhos, para rapidamente se deparar com a figura sentada no chão do quarto com um pacote de doces no colo, enquanto folheava um livro qualquer. — Oi Mark. Desculpe a demora.

O acastanhado apenas deu de ombros, suspirando audivelmente. Jackson se aproximou, deixando sua mochila por ali, e sentou-se ao lado do rapaz.

— O que está lendo? – Indagou sutilmente, tentando virar o livro para ver a capa, sendo impedido no mesmo instante.

— É A Música do Silêncio.

— Hm… – Jackson não conhecia o livro. — Fala sobre o quê?

— É complicado de explicar. Precisa ler outros para entender. – Pausou, colocando um pedacinho de papel em certa página, fechando o livro posteriormente. — E sinceramente, você não gostaria dele. É muito monótono.

— É… Talvez eu não gostaria. Mas isso não é uma certeza, hm? – Respondeu, embora soubesse que não nutria uma atração por livros. Não por aqueles; seu gênero era mais ligado à poesia.

— Um livro sem diálogos? Sem ações?

Jackson desviou o olhar, com um leve bico em seus lábios ao refletir. Segundos depois, concluiu que, sim, ele não gostaria.

— Talvez você tenha razão. – Por motivos que o jovem desconhecia, arrancou um sorriso de canto do americano, embora não soubesse se existisse sinceridade no mesmo. — Hm… Você dormiu bem?

— Na medida do possível. – Ergueu-se do chão, arrastando-se até a cama, despencando seu peso na mesma. — É chato ficar trancado aqui dentro. O que Youngjae pensa que vou fazer?

— É só uma precaução… Eu acho. – Enquanto dizia, sentia um leve desconforto por não saber muito bem o que fazer. Sentia uma atmosfera meio tensa os rondando. Jackson sabia que deveria socializar, mas era como se subitamente não soubesse mais como fazê-lo.

O silêncio instalou-se no ambiente alguns segundos depois, e só então sentiu a liberdade de sentar-se num canto da cama. Olhando-o, com aquele aspecto preguiçoso, devaneou sobre o que passava na cabeça alheia. Existiam tantas coisas que desconhecia e que queria conhecer no acastanhado, mas mesmo ele estando tão próximo de si, parecia tão longe.

Contudo, Mark não era tão complexo de lidar – na concepção do mesmo, não –, era apenas as outras pessoas que não tinham capacidade de entendê-lo. Desde sempre o americano fora um bom rapaz, costumava ter uma vida pacífica e sem conflitos exacerbados. À medida que fora crescendo, tivera a perda irreparável de seus pais, a qual modificou toda a sua vida. Após um intervalo de tempo, bebidas lhe soaram atrativas e essenciais para dissipar a culpa predominante em seu peito, e seus dias perderam sentido. Aparentemente seus empenhos seriam em vão, pois a qualquer hora tudo chegaria ao fim. E essas ideias apenas tiveram uma pausa pela presença de Youngjae.

Isto até, inexplicavelmente, ele ter partido e lhe deixado igualmente sozinho. Mark nunca esqueceria daquele dia. Para ele, a ausência repentina do parente seria por motivos implausíveis, já que não queria ficar só naquele meio propício a pensamentos pejorativos. Foi por isso que aceitou a sugestão de um antigo colega, Jinyoung, em trabalhar com ele, levando em conta os diversos elogios que o mesmo fizera do lugar.

No começo foi um tanto estranho, mas ao tempo se acostumou ao ambiente e foi dali que, em certo dia, foi agraciado pelas visitas do moreno. Ele parecia desajeitado no primeiro dia que apareceu, ficando incerto no que pedir, até decidir experimentar Cheesecake de frutas vermelhas. Poderia pensar que seu olhar fissurado era disfarçado, porém Mark enxergou com todas as letras o quão admirado o outro ficou.

Mas no meio disso tudo, ainda existia a solidão do Tuan. Esta cuja começou a levá-lo a boates, a encontros de uma noite que não lhe renderiam apego algum. Era apenas para não se sentir sozinho, e foi em um desses encontros de uma noite que acabara naquelas situações.

Se fosse possível voltar no tempo, as coisas, talvez, poderiam estar diferentes.

Mãos leves tocaram seus fios de cabelo, não sentindo vontade de afastá-los dali. Ele gostava daquele tipo de carinho, e o mais novo o fazia silenciosamente, claramente perdido em pensamentos que não poderia imaginar. Mark virou seu corpo de barriga para cima e olhou os olhos alheios, lembrando-se ligeiramente dos momentos que tiveram até então. A maneira que a voz do moreno tremera ao telefone, o jeito como se portava timidamente em sua companhia; era algo agradável de se ver, embora não quisesse deixá-lo numa expectativa de que viveriam felizes para sempre.

O americano não se via mais em um relacionamento, isso não fazia parte de seus planos. As ficadas noturnas para ele soavam suficientes, ainda que, de vez em quando, sentisse falta de afeto.

E ter o afeto que Jackson lhe oferecia era perigoso, e por um só instante não o queria, pois enxergava a possibilidade da pena implícita. Seu estado degradante despertava aquelas suspeitas de todos a sua volta e, de alguma forma, aquilo fazia sentido em sua cabeça. Não sentia forças para afastar o toque sutil, mas não confiava plenamente em suas ações. Era confuso. Confuso demais para conseguir encontrar uma lucidez precisa.

— Mark… – Chamou-o baixinho, aparentando ter receio em começar alguma conversa. — Posso te fazer uma pergunta? – O mais velho maneou com a cabeça positivamente, e após isso Jackson mordera seu lábio inferior, ligeiramente tímido. — Você realmente não se lembra de nada… Daquela noite?

O acastanhado tardou alguns segundos para entender o que o moreno dizia, e ainda tentou vasculhar arduamente suas memórias, mas ele sequer tinha indícios de avistá-lo na noite. Portanto, sem abrir a boca novamente, balançou a cabeça negativamente, vendo o semblante alheio suavemente decepcionado.

— Eu fiz algo que te deixou desconfortável? – Aqueles calafrios perturbadores voltavam. Antes que pudesse deixá-lo responder, lançou outra questão. — Eu… Devo ter te beijado, certo?

E essa foi o suficiente para descompassar os batimentos do mais jovem, que instantaneamente diminuiu, quase parou, as carícias que exercia sobre os fios castanhos. A timidez exposta, revelava todas as respostas ao Tuan.

— As coisas saíram dos conformes, desculpe por não me lembrar. Deve ter significado para você.

Não existiam respostas que Jackson poderia proferir, na verdade, ele não conseguiu pensar em nenhuma. Tinha significado, bem, claro que sim, afinal era Mark Tuan ali. Mas conseguia compreender o que acontecia naqueles minutos, e honestamente não fazia o tipo sentimental que choraria por ter um fato daquele esquecido. Chatearia e coisas do tipo, mas não achava digno chorar por alguém.

— Está tudo bem, já passou. – Respondeu, inspirando oxigênio aos seus pulmões, desviando o olhar que havia encontrado o de seu semelhante.

Mais uma vez uma quietude pairou aquele quarto, porém durando menos tempo que antes, já que Mark viera com diálogos novamente.

— Sabe… Eu estou sóbrio desta vez. Um pouco estranho, mas lúcido. E eu gostaria de saber como é beijar você… Digo, se você não se importar, é claro.

Foi como se o oxigênio que Jackson puxara não fosse suficiente para manter sua respiração normalizada. Percebia seu peito subir e descer, num ritmo rápido, porém mais devagar que as batidas do seu coração. Um enorme nó formou-se em sua cabeça por ter sido atingido por algo tão repentino. Mark continuava o mesmo direto de sempre, e tudo que fez foi ver seu tronco erguer-se do colchão e ficar ao seu lado.

— Você… Fez eu experimentar uma bebida… Dançou comigo, e disse que queria me conhecer. Mas eu percebi que quem deve conhecer alguém aqui sou eu. Eu devo conhecer você. Aparentemente, você já conhece completamente, pelo menos, um lado meu. – Observou seus pés. — Já que você sempre sabe como me deixar envergonhado.

Jackson não sabia se era a hora certa de dizer aquelas coisas, mas, de qualquer maneira, já estava feito e não havia como voltar atrás. As palavras simplesmente saltaram de seus lábios, o que não aborreceu o mais velho, que soltou um risinho pela situação. Ainda era cômico assistir aquelas bochechas róseas e o olhar que não se fixava em ponto algum.

— Desculpe por essas coisas, eu repito. – Olhou o garoto, com um leve sorriso de canto. – Mas… O que me diz?

— Sobre o quê?

— Você se importa se nos beijarmos?

Embora o interior do mais novo estivesse a mais completa bagunça, sentiu que não deveria impor palavras àquele momento. Levando seu olhar ao do castanho, desviou por um instante aos lábios vermelhos, percebendo que seus batimentos aceleraram ainda mais. Não esperava por aquilo. Sua mente tinha dificuldades para processar os acontecimentos, mas via que naquele momento não existia tempo para sua timidez lhe impedir de algo.

Portanto, após levar ar aos pulmões, tocou as laterais do pescoço alheio, e aproximou seu corpo do mais velho. O coração que batia forte no peito quase rasgava-o, porém nem isso lhe atrapalharia de sentir os lábios macios novamente. Olhou mais uma vez nos olhos imensuráveis do Tuan, e cessou a distância quase nula, tomando aqueles lábios para si com sutileza.

Não demorou para que os dedos do americano fossem de encontro aos braços alheios, tocando-lhe os pulsos, e que ligeiramente retribuísse aquela carícia. Toques sutis, que gradativamente Mark aprofundou, levando-os a um ósculo mais preciso, onde Jackson pôde apreciar o sabor doce que o outro apresentava.

Jackson sentia dificuldade de focar nas ações de seus dedos, de sua língua, e conciliá-las às sensações que lhe afloravam. Sua cabeça parecia girar, piorando à medida que os músculos molhados se tocavam. Estava muito nervoso, e repugnava aquele sentimento. Queria ser capaz de oferecer boas carícias, com calma, e sem confusões dentro da cabeça, mas aquela timidez era muito persistente.

— Ei… – Mark murmurou dentre o beijo, separando-se em seguida, mas apenas para poder proferir decentemente. — Está nervoso… Você está bem?

As bochechas do chinês deveriam avermelhar-se àquela hora.

— Tudo bem… – Sentiu o olhar alheio sobre o seu, deixando-lhe impossibilitado de não retribuí-lo, mostrando um sorriso de canto um tanto tímido. — É o meu normal… Ficar nervoso desse jeito.

O sorriso que o acastanhado lançou-lhe de volta foi tão sereno que jurou sentir-se acolhido com ele. E Jackson sabia que aquilo apenas aumentava as batidas incessantes e rápidas de seu coração, propiciando ainda mais o sentimento que nutria pelo rapaz. De repente era tão incrível vê-lo com seus fios bagunçados e seus lábios vermelhos. Suspirou.

— Espera um minuto. – Dessa forma, levantou-se da cama, rumando seu guarda-roupas, pegando um objeto em uma das gavetas. — Uma pessoa importante um dia me deu, dizendo que quando eu me sentisse nervoso, que era apenas fechar os olhos, segurá-lo, respirar fundo e contar até seis mentalmente. Bom, funcionava quando eu tinha sete anos. – Riu nostálgico, estendendo um colar acompanhado do pingente perolado, que, ainda hesitante, fora aceito pelo mais baixo. — Talvez possa te ajudar.

— Mas se foi uma pessoa importante que te deu… Por que está me dando?

— Eu sou importante para você também, não sou? Só estou tentando ajudar. Não tem problema se ficar com ele.

Os olhos do moreno fitaram o tal cordão, mordendo seu lábio inferior enquanto o americano voltava a se sentar ao seu lado.

— Mas… Mark, você não entendeu. – Apertou o objeto em mãos, desviando o olhar ao do outro, um pouco acanhado. — Eu fico nervoso… Por ser você. – Confessou a última parte baixinho.

Não que Mark não já enxergasse os sentimentos alheios, mas não esperava que fosse os ter diretamente desta forma. Seu olhar baixou, sem saber ao certo o que dizer, voltando a olhá-lo com uma feição mais suave.

— Está tudo bem… — Jackson deixou que Mark selasse seus lábios novamente. – Fique com ele mesmo assim, ok? Eu sei que é algo meio infantil atualmente, mas… Sei lá, apenas fique.

— Obrigado. — Agradeceu baixo, ainda tocado pela ação alheia. De súbito, sentiu um desejo enorme de abraçá-lo, e foi exatamente o que fez, envolvendo o garoto em seus braços, apreciando o aroma que desprendia de sua tez. Embora o coração permanecesse disparado, o toque relaxava seus músculos, principalmente quando foi retribuído.

Queria tanto cuidar daquele ser. Jackson era ciente de sua idade e de que não era muito vivido para saber da vida, mas sabia quando alguém precisava de companhia. E foi separando-se do acastanhado que viu a necessidade de livrá-lo de todo sofrimento. Quem quer que tenha o drogado deveria ter o seu devido troco.

— Ei, Mark… Quer sair um pouco comigo? — Indagou, um pouco inseguro, lembrando-se que Youngjae, na aula, disse-lhe sobre a desconfiança excessiva do acastanhado. E pareceu verdade quando o cenho se franziu.

— Para quê?

— Ah, sei lá, para dar uma volta. Você não reclamou que era chato ficar trancado aqui?

— Hm... Não sei. Estou cansado. E aonde você me levaria? Brincar no playground aqui do prédio? — Riu com certo deboche, o que deixou o moreno subitamente ofendido, embora tenha disfarçado o fato. — Vá cuidar das suas coisas, Jackson.

— Mas no momento eu estou cuidando de você e…

— Você não precisa cuidar de mim. — A fala fria calou Jackson no mesmo momento. Então era daquele modo que Youngjae dissera que ele estava? Mas não tinha muito sentido, ele estava tranquilo há instantes! Acabou suspirando.

— Você não sabe o que está falando. — Ergueu-se do colchão, pondo suas mãos nos bolsos frontais da calça. — Vou estar na sala. Durma um pouco.

E sem visualizar o semblante alheio, deixou o cômodo com a cabeça meio pesada. Aquilo era mais complicado do que pensava. Deixando seu peso cair acima do sofá, pensou numa forma de ajudar o americano, mas tinha seus pensamentos meio limitados. Nunca imaginava entrar naquelas situações, portanto era compreensível que não tinha ideias do que fazer.

E conforme os dias foram se passando, o estado de Mark foi se agravando. Sua expressão já estava medonha, com aquelas olheiras profundas e aquele olhar perdido, onde o objetivo estava focado apenas naquela droga incógnita. Ele começou a se privar das conversas, adquirindo uma mania estranha de cantarolar enquanto observava o teto do próprio quarto. Houve algumas saídas por sua parte, mas ele mostrou-se interessado no que as outras pessoas ingeriam, como se estivesse à procura do que seu corpo tanto pedia.

Youngjae já havia deixado claro ao chinês que não sabia mais o que fazer, que nem mesmo as vitaminas que a internet dizia ajudar funcionaram. Achava que o vício daquela substância era forte demais para se deixar assim, e foi com pesar que decidiram contatar alguém especializado.

O coreano sabia que seria demasiadamente árduo fazer o mais velho concordar com aquela proposta, ainda mais nas condições que estava, porém estava sendo necessário. Ele não aguentava mais vê-lo daquela forma. Ansiava com todas as suas forças o primo saudável que tinha.

Jackson, há alguns dias, contara o que estava havendo aos seus pais, pois eles, sendo maiores, serviriam de enorme ajuda para o ato, além de que deixavam o chinês à vontade para desabafar sobre os acontecimentos ligados ao Tuan. E, de certa forma, isso aliviou absurdamente os ombros do moreno.

Logo, tudo foi acontecendo rapidamente para que Jackson pudesse acompanhar. Em poucos dias, num específico sábado nublado, viu e sentiu como Mark repulsava, desaprovava o que estavam fazendo.

Seus olhos fitavam o desespero escorrendo pelas bochechas alheias à medida que era levado para um carro, cujo destino localizava-se longe de onde se situavam. Guardou com dor o olhar frio e extremamente magoado que Mark lhe lançou, não lhe dando palavras para proferir. Jackson apenas ficou quieto, com o coração apertado demais para que o próprio pudesse respirar com normalidade.

E ele tinha partido. Foi-se com Youngjae e sua mãe.

Isso demorou para fazer sentido na cabeça do moreno. As cenas do rapaz percorriam sua mente e aquela sensação de perdê-lo como areia em mãos lhe acometiam frequentemente. Um remorso esquisito presenciava seu corpo, como se o que tivesse auxiliado não fosse o correto a se fazer.

Exercer ações que forçariam a vontade de outra pessoa era algo certo? Mesmo que fosse pelo próprio bem dela? Jackson, um pouco incerto, concordava com isso; afinal, as coisas melhorariam depois disso, não?

— Jackson, eu estou falando com você. – Notou que até então não prestava atenção nas palavras de sua genitora, assim logo se desculpou. — Aonde esse seu amiguinho andava pra acabar nessas situações? Você que tome cuidado com isso.

O garoto revirou seus olhos, já acostumado com o feitio de sua mãe.

— Pode deixar que eu me cuido. – Terminava de secar o penúltimo e último copo antes de entregar à mulher guardar. — E eu já te expliquei a história, deram para ele. Mark não é desse jeito, ele é uma pessoa legal. A senhora iria gostar dele.

— Ele não parava de chorar o caminho todo, deu um dó tão grande. – Guardou a louça, suspirando enquanto virava-se para o filho. — Mas teve uma hora que ele ficou tão quieto, observando as ruas…

— E não dava para imaginar o que ele estava pensando? – Completou, vendo a mesma assentir positivamente. — É, eu sei. – Pausou certos instantes, escolhendo suas palavras, para logo continuar. — E… Mãe, você acha que fizemos certo?

— Lá eles vão cuidar direitinho dele, Jack, não se preocupe. Desse jeito ele vai ficar bem logo. – A mulher se aproximou do filho pensativo, tocando seus ombros tensos. — Do que estás com medo?

O garoto refletiu um pouco no tempo em que os dedos finos massageavam suavemente seus músculos, concluindo que tudo não se passava de coisas da sua cabeça. Ele ficaria bem naquele lugar.

— Bobagem, mãe. – Saiu dos seus toques para lhe beijar a bochecha. — Vamos, deve estar quase na hora daquele programa que queríamos ver.

Sentando-se no sofá, permitiu-se descontrair com a mais velha. Gostava da sua presença e do jeito que se relacionavam. Sabia que podia contar sempre com aquela mulher de tamanho orgulho.

Mais tarde trocou algumas palavras com o Choi, que também torcia para que tudo desse certo, e logo depois fora dormir, querendo que suas preocupações se amenizassem para descansar bem. Deveria cuidar de si mesmo agora, quando já havia cuidado “o suficiente” de terceiros. Estaria esperando pelo Tuan com todos seus sentimentos firmes, preparado para vê-lo com aquele sorriso aberto que atingia seu âmago com facilidade.


Notas Finais


Bom, este foi o capítulo!

O nome da droga que está tanto oculta no capítulo, se trata da Cristal, Meth, entre outros diversos nomes. É uma droga muito devastadora, ela é terrível, viciante no primeiro contato, pelo que pesquisei. Ela tem efeitos maiores, algo bem louco, e uma abstinência forte também. A droga literalmente acaba com a vida de quem a utiliza. Mas, bem, eu não poderia pôr algo tão pesado na fanfic, até porque eu mesma teria dificuldades de lidar, e eu não queria fazer o Mark ter essa concepção drogada. Então eu amenizei boa parte das coisas, e bom, agora que ele será limpo as coisas mudarão!

Uma outra coisa que eu queria comentar, é que um dos efeitos da abstinência é a paranoia, e nesta eu escolhi o delírio de persecutório, que consiste na desconfiança nas pessoas ao seu redor, onde o indivíduo confia na tese que qualquer coisa que outros exercerem, será para lhe prejudicar ou algo do gênero. Os calafrios, a febre, o desejo súbito de suicídio em momentos, a exaustão, hostilidade na voz, são os fatores da abstinência da droga.

Diria que começará uma outra fase da fanfic, esta sendo a segunda, e pelos meus planos bem esboçados, terão três fases. Não posso dar uma prévia de quando sairá o próximo capítulo, mas eu continuarei escrevendo nem que for um parágrafo por dia. Enfim, até o próximo e agradeço pelos 100 favoritos!! ♥ ♥ e a todos vocês. ≡
XoXo.


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