História Sweet Sacrifice (Larry A.U.) - Suicide...

Zayn's P.O.V.

Já fazem algumas semanas desde que conheci Liam Payne, e ele tem sido um amigo maravilhoso comigo. É sempre atencioso, me ajuda com trabalhos da escola, se preocupa com minha saúde...

Mas eu quero mais que isso...

Não sei se ele já percebeu (na verdade tenho certeza que não) mas eu gosto muito dele, muito mais do que como um simples amigo. Na verdade eu estou apaixonado por ele!

Liam é uma das únicas pessoas que realmente se importam comigo. Quer dizer, também tem o pessoal que é praticamente minha família, mas eles não sabem dos meus problemas, então pra eles eu estou bem.

Mas Liam sabe de cada um deles, de cada um dos meus defeitos, e ele não me julga por isso... Pelo contrário, ele se importa e cuida de mim. Liam é bom demais pra mim, e sinceramente... Não sei se sou ou se até mesmo conseguiria um dia ser tão bom (pra ele) quanto.

As vezes eu fico me perguntando se um dia poderei ser como uma pessoa normal. Sabe, como aquelas pessoas que mesmo com problemas conseguem sorrir, aquelas que não deixam que palavras ruins as machuquem, como aquelas pessoas que são felizes...

Será que um dia eu poderei voltar a ser feliz?

Toda essa tristeza e vazio que se instalaram dentro de mim simplesmente não me deixam viver em paz! Dentro de mim dói tanto, parece que tem uma enorme ferida que nunca sara, e para curar essa ferida, ou pelo menos tentar, eu... Eu faço mais feridas...

É algo que eu não consigo mais controlar. Parece um vício! São muitos os cortes nos meus braços e coxas, muitas as cicatrizes... As pessoas dizem que quem faz isso é louco, que precisa de um psiquiatra, mas eles não entendem...

Ninguém entende o quanto dói até sentir a dor...

De frente para o espelho eu passo a lâmina gelada pela pele dos meus pulsos, sentindo o pequeno objeto rasgar a minha carne, e logo o líquido escarlate passa a escorrer, assim como minhas lágrimas. Quanto mais cortes eu faço, mais elas escorrem...

Um, dois, três, quatro, dez cortes...

A sensação de alívio que aquilo passa é uma mera ilusão, e eu tenho plena consciência disso, mas eu prefiro viver uma ilusão de alguns minutos do que sentir essa merda doer eternamente. Eu juro que eu tentei parar, juro que tentei me livrar desse vício, mas não dá. Simplesmente não dá!

Fraco, patético, ridículo, inútil, idiota, maluco, insignificante, retardado... Essas são só algumas das centenas de coisas que eu ouço minha família me chamar todos os dias. Eles não conseguem me compreender, na verdade acho que nem eu mesmo me compreendo. Mas tem uma pessoa que sempre vai me compreender e, acima de tudo, não vai me julgar:

Liam James Payne.

Enquanto eu faço meus... "Desenhos"... Eu penso em tudo o que Liam já me disse, penso no quanto ele se importa, e eu me sinto um verdadeiro hipócrita por estar fazendo exatamente o que disse a ele que não iria fazer. Não sei como e nem porque mas Liam se tornou o motivo principal de eu não largar o foda-se e acabar logo com essa merda de vida que eu levo. Ele é a única coisa que ainda me mantém nesse mundo. Liam é o único motivo d'eu ainda estar vivo... Na verdade, ele é quem me mantém vivo.

- Me desculpe, Lee... - Sussurro fazendo mais um corte, um dos bem profundos dessa vez. - Você diz que eu sou especial, que eu valho a pena, que sou importante, mas eu simplesmente não consigo me sentir assim. - Mais um corte. - Eu me sinto um verdadeiro lixo por ter dito pra você que nunca mais iria me cortar e agora estar aqui, mas eu sei que você vai me perdoar... Um dia, talvez...

Saí da frente do espelho e fui até o banheiro para desligar a torneira da banheira que eu tinha posto pra encher. Tirei com calma todas as minhas peças de roupa, deixando-as de lado, e por fim entrei na banheira. A água morna fez com que meus músculos relaxassem quase que instantaneamente.

Passei longos minutos pensando em tudo o que já aconteceu comigo durante a minha curta vida, e claro, chorando. Era inevitável não chorar. Eu não aguentava mais. Eu cansei de lutar, cansei de tentar... Cansei de viver...

Hora de desistir, pequeno Zayn...

Me ajeitei dentro da banheira de forma que pudesse executar o que tinha em mente. A água já estava se tornando avermelhada por conta do sangue que escorria dos meus pulsos, mas isso não me importava mais. Nada importava mais...

- Me desculpe, mãe, por não ser seu filho perfeito. Me desculpe, pai, por não ser sua fonte de orgulho. Me desculpe, pessoal, por não ser o melhor amigo que vocês já tiveram, mas admitam que eu fui o melhor possível. - Sorri me lembrando de cada um deles. - E me desculpe, Liam... Por ter desistido mesmo depois de você ter lutado por mim, mesmo depois de ter me dito coisas maravilhosas, mesmo depois de ter feito eu me sentir verdadeiramente amado... - Suspirei e sorri tristemente, deixando minhas lágrimas rolarem livres. - Eu queria poder dizer o quanto você foi importante, o quanto me fez sorrir... Queria poder dizer o quanto eu te amo... Mas ao invés disso, eu digo um adeus?! Talvez, mas prefiro acreditar que seja um até logo... Quem sabe...

E por fim eu deixei que a água cobrisse todo o meu corpo.

Tenho que dizer que foi difícil aguentar a sensação de queimação que depois de certo tempo de baixo d'água se instalou nos meus pulmões, mas eu não iria desistir!

Tudo estava começando a escurecer, quando ouvi uma voz dizer algo que eu não entendi. Parecia estar dentro da minha minha mente. Parecia a voz de Liam... "Por favor, Zayn. Não desista de viver!" era o que ela dizia.

Tarde demais, querido Liam. Eu já desisti.

Minha mente estava girando e em mais alguns segundos eu já sentia minha consciência se esvair, mas antes eu vi alguém entrar no banheiro de forma bruta e senti braços fortes me puxarem.

E então eu apaguei...

Liam's P.O.V.

- ZAYN! -Acordei de repente sentindo um enorme aperto no peito. - Merda, tem alguma coisa acontecendo com o Zayn!

Levantei desesperado pondo qualquer roupa que via pela frente e rumei à casa do moreno. Eu sabia que estava acontecendo algo com ele, eu sabia que ele precisava de mim.

- Não, não, não... - Disse repetidas vezes quando por fim soube o que estava acontecendo.

Zayn iria desistir. Ele iria cometer suicídio.

- Por favor, Zayn, não desista de viver! - Gritei enquanto alçava vôo.

Não é certo que eu fique voando tão indiscretamente por aí, mas eu não tenho outra opção. Meu Zayn precisa de mim, e se eu fosse de carro certamente seria tarde.

Meu Zayn...

Eu juro que tentei de todas as formas não me apaixonar por esse garoto, mas foi algo inevitável. Ele conseguiu me conquistar de uma forma avassaladora, e quando vi seus cortes, sua fragilidade, sua tristeza, sua dor... Eu senti uma vontade enorme de tomá-lo pra mim e cuidar dele.

Enfim cheguei a sua casa, e por sorte ninguém teria me visto pousar abruptamente no gramado. Corri até a porta e bati de forma desesperada, mas ninguém me respondia e aquilo só aumentou meu desespero.

- ZAYN, ABRE A PORTA! - Gritei.

Nada.

- Quer saber, foda-se! - Segurei a maçaneta e a arranquei, por fim abrindo a maldita porta.

Assim que entrei me deparei com a profunda escuridão e com o silêncio... Corri até as escadas e rumei ao segundo andar, logo achando o quarto do moreno e entrando nele sem nenhuma cerimônia. A única luz que se via vinha do banheiro, então corri até lá, desesperado, e me deparei com uma cena que acabou comigo.

Zayn estava dentro da banheira, ensanguentado e aparentemente inconsciente...

- Não... - Deixei minhas lágrimas escorrerem. - Não pode ser...

O tirei de lá o mais rápido que pude, o puxando para o meu colo (já que agora eu estava sentado no chão ao lado da banheira) e abracei seu corpo, este que estava frio e mole, sem nenhuma reação. Seus pulsos sangravam com os diversos cortes e seus olhos mantinham-se fechados, além dele não estar respirando...

- Por favor, Z, não desiste! - O abracei chorando como nunca. - Você não pode acabar com a sua vida dessa forma, você não merece morrer dessa forma. - Passei a acariciar seu rosto que estava completamente pálido. - Por favor, amor, volta... Volta pra mim... Não me deixe sozinho aqui, Zayne... - Beijei sua bochecha e encostei nossas testas. - Eu tô implorando... Não me deixa, por favor... Eu te amo, Zayn...

Mesmo sendo um anjo eu não poderia fazer nada. Não tinha permissão pra interferir no processo "vida e morte", então tudo dependia dele e de Deus. Eu não poderia curá-lo... Não poderia salvar a vida da pessoa que eu amo...

Sim, eu o amo, amo muito! Isso soa errado para um anjo, mas amor é amor, independente do sexo. Amor é algo divino!

- Liam... - Ouvi a voz de Zayn me chamar de forma fraca e logo me afastei dele o vendo cuspir toda a água que havia em seus pulmões.

- Zayn, eu não acredito, você tá vivo! - O abracei forte e o mesmo apenas riu fraco. - Eu pensei que ia te perder, Zaz...

- Não vai se livrar de mim tão fácil... - Sorriu e levou uma de suas mãos ao meu rosto, acariciando levemente minha bochecha.

Ficamos mais alguns minutos assim, com Zayn no meu colo me fazendo pequenas carícias enquanto me olhava atentamente e sorria. E eu... Bem, tudo o que eu fazia era chorar e sorrir, apreciando cada toque do moreno.

- Eu também te amo, Lee... - Zayn quebrou o silêncio com uma declaração que fez meu coração acelerar de uma forma absurda.

Tudo o que eu consegui fazer foi sorrir ainda mais e me atirar contra os lábios do mais novo. A princípio tudo não passava de um encostar de lábios, um selinho demorado, mas logo rodeei os lábios do moreno com a ponta da língua como um pedido de permissão para aprofundar o beijo, e o mesmo concedeu, logo tornando tudo mais intenso e necessitado.

Não sei se era porque eu estava a anos, talvez décadas, sem beijar alguém, mas o beijo de Zayn é simplesmente maravilhoso. O moreno segurou em minha nuca, mantendo sua mão livre no meu ombro, enquanto eu apenas o puxava pela cintura sem sequer me importar se eu estava ficando exarcado ou não. O momento estava maravilhoso, mas de repente Zayn quebrou o beijo de forma brusca e me olhou totalmente envergonhado.

- Liam, e-eu... - Sussurrou, quase inaudível, e se eu não estivesse tão perto dele provavelmente não iria ouvir.

- Você... - O incentivei a continuar.

- Eu t-tô... Hm... P-Pelado... - Finalmente falou, suas bochechas ganharam um tom avermelhado por conta da situação.

Tão lindo...

- E o que tem de mais nisso? - Ri divertido enquanto olhava pra baixo, mas antes Zayn me deu um pequeno tapa, o que me fez voltar a atenção para o seu rosto.

- Ei! Não é pra ficar me olhando, seu tarado! - Pegou uma toalha que estava encima da pia e se cobriu. - Agora saia do banheiro que eu preciso me trocar!

Eu não ia obedecê-lo, mas Zayn fez um biquinho tão adorável que eu não pude resistir.

- Okay, senhor mandão, vou te esperar lá fora. - Dei um selinho em seu adorável biquinho e me dirigi a porta, mas antes me virei e fiz um pequeno comentário. - Bela bunda, Z.

Ri alto quando vi o mesmo arregalar os olhos e ficar ainda mais vermelho, mas logo se pôs a rir junto comigo e me mandou um belo dedo do meio.

{…}

Alguns minutos depois Zayn saia do banheiro apenas com uma boxer preta, e por um segundo eu me perdi analisando seu corpo. Passei os olhos desde seus ombros largos, seu abdômen pouco definido, até suas coxas fartas e...

Suas cicatrizes...

Elas eram muitas e se espalhavam por sua coxas e pulsos. Senti um pequeno aperto em meu coração ao ver as marcas profundas e recém abertas em seus braços, que vez ou outra ainda insistiam em deixar que uma pequena gota de sangue surgisse. Aquilo só fez aumentar a vontade que eu tinha de cuidar de Zayn, de curá-lo e de fazê-lo se sentir amado de tal forma que a automutilação se tornaria algo sem nexo para ele.

- Quer tirar uma foto minha, Lee? Dura mais, te garanto. - Zayn disse brincalhão, me tirando completamente de meus devaneios.

- Não preciso, tenho você aqui pra isso. - Zayn sorriu e se aproximou, se deitando na cama e me puxando para junto dele.

- É bom te ter aqui. - Declarou se ajeitando mais contra mim. - É... Posso te fazer uma pergunta?

Acenei positivamente com a cabeça, cheirando seus cabelos que cheiravam a frutas vermelhas.

- Como sabia? Quero dizer... Como sabia que eu iria tentar... Me matar...? - Questionou levantando seu olhar para que pudesse ver meu rosto.

- Eu... - Hesitei. Suspirei alto. Continuei. - Eu não posso te explicar... Na verdade, eu não sei como explicar. Só posso dizer que eu senti, no meu coração, que você precisava de mim. Senti que você estava em perigo, e simplesmente vim até você. Digamos que foi minha intuição, e, bom, no final ela estava certa...

- Entendi... - Zayn ficou em silêncio durante longos minutos, mas logo o quebrou. - Me desculpe... Digo, me desculpe por ser tão fraco ao ponto de tentar tirar minha própria vida, me desculpe por te prometer algo e não cumprir, me desculpe por ser um tolo e achar que essa era a única saída, e me desculpe por não ser forte o suficiente pra poder ser bom o suficiente pra você assim como você é pra mim, Liam... - Zayn disse num fôlego só, chorando e se embolando com as palavras.

- Ei, calma amor, não precisa chorar. - Disse abraçando o moreno e tentando passar o maior conforto possível. - Olha, não pense essas coisas de você. Você não é fraco, não é tolo... Pelo contrário! Você é muito forte, você é inteligente, lindo, simpático, carinhoso, amável... Você é bom demais, até mesmo pra mim, e mesmo que você pense o contrário, você é simplesmente maravilhoso! Eu não posso dizer que te entendo, que entendo sua dor, porque na verdade eu não faço a mínima ideia do quanto dói, mas eu posso dizer que dor nenhuma é maior que você. Dor nenhuma é mais importante que a sua vida... E mesmo sem entender totalmente eu posso afirmar que eu vou te ajudar em tudo o que você precisar. Vou cuidar de você, vou sarar sua ferida e fazer a dor desaparecer completamente! Não vou deixar que mais nada de ruim te aconteça, Zayn... É uma promessa...

O moreno sorriu abertamente. O sorriso mais lindo e verdadeiro que eu já vi. Mesmo que estivesse se derramando em lágrimas, aquele sorriso era de pura felicidade.

Felicidade...