1. Spirit Fanfics >
  2. Sweet, sweet heart. >
  3. Como tudo isso começou.

História Sweet, sweet heart. - Como tudo isso começou.


Escrita por: fatunicorn

Notas do Autor


Olá! Essa é uma estória que eu havia deixado de lado por muito tempo, mas decidi voltar com ela. Esse primeiro capítulo é bem longo, pra dar uma base da história. Espero que gostem! <3

Capítulo 1 - Como tudo isso começou.


De fato, acho que devia começar isso da maneira menos anormal o possível... Bom, eu tinha uns seis ou sete anos quando Ian se mudou pro mesmo bairro que eu, no fim de junho. Mamãe sempre dizia para eu não me aproximar dele ou da família dele. Acho que sei o porquê. Quando minha mãe era pequena, uma tia dela estava para fazer uma viagem para a Alemanha, mas ela acabou morrendo pouco depois de chegar lá. Alguns dizem que foi o tal ‘amante alemão’ dela que causou tudo isso. Estranho, não? Agora a Sra. Lauren acha que qualquer cidadão da Alemanha vai te enfeitiçar, matar e esconder o corpo no quintal. Enfim, fiz o que minha mãe mandou, apesar de minha curiosidade ser maior que minha fome. Lá estava eu, num dia de verão, sentada ao pé de uma árvore que ficava perto da minha casa. Minha franja batia na metade dos meus olhos, o que atrapalhava o que eu estava fazendo ou tentando fazer, no caso, esboçar qualquer coisa. Do nada, senti algo tocar meu ombro direito e me dizer: “Olá.”. Virei-me para ver alguém que parecia uma menina, cabelos loirinhos bem lisos, quase batendo nos ombros, e aparentava ter uns dois anos a mais do que eu. Logo percebi que aquilo era, na verdade, um garoto. A julgar pelo cabelo, acho que não via um barbeiro a pelo menos três anos. Ou simplesmente era como um daqueles caras da época do meu pai. Ou só um andrógeno bonitinho.

_Olá._ eu disse.

_Sou Ian, e você?_ Só pelo sotaque, percebi que Ian era na verdade o garoto que minha mãe queria que eu evitasse. Tentei arranjar uma desculpa qualquer, dizer que mamãe estava a me chamar.

_E-Erin...

_Belo nome! Eu sou novo por aqui. É a minha primeira semana na Grã-Bretanha.

_Interessante. Sinto muito, mas... Tenho que ir agora... Terminar minhas tarefas de verão..._ Juro que me senti mal por espantá-lo logo assim, de cara. Ele parecia ser uma pessoa tão legal... Mas eu realmente não tinha escolha.

 _Bom, quando quiser conversar, eu moro naquela casa ali._ ele apontou pra casa do lado da minha. Ótimo. Éramos vizinhos. Não estou sendo irônica nem nada, aquilo era mesmo ótimo.

_Okay... Eu acho._ murmurei antes de pegar as minhas coisas e me levantar, logo correndo para a minha casa. Por que eu estava tremendo mesmo?

Até aquele ponto achei que seria só mais uma daquelas conversas únicas na vida, então nem comentei nada com ninguém. Não o faria nem se quisesse.

 Após terminar minhas tarefas, desci para a sala de jantar e minha mãe iniciou o seu ataque rotineiro. Aquele trabalho a tornou uma pessoa extremamente paranoica. Dá até medo.

_Filha, como foi sua tarde?_ a amável senhora Jones já começou a me questionar, como fazia diariamente. Seu tom de voz exageradamente doce era sua forma de disfarçar a desconfiança que ela tinha na própria filha.

_Boa mamãe.

_Ninguém te atormentou?

_Não.

_Nem os novos vizinhos?

_Não, mamãe.                                                                                                  

_Lauren, querida... Será que você poderia confiar um pouco mais na Erin?

Esse é o meu pai. Sempre me defendia das proibições de mamãe. Mas na maioria das vezes isso era em vão, já que... Digamos que era ela quem vestia a “malha de ferro” na nossa casa. Literalmente.

_ Não se intrometa! Querida, qual é mesmo o nosso juramento?

_Não conversar com ninguém além da senhora e do papai. Não confiar em ninguém, especialmente estranhos, pois eles vão me atrair e me fazer comer doces recheados com veneno de rato. _ disse com a voz enfraquecida, já que ter tantas limitações em plena infância era deprimente. Mas hey, como se a minha vida não fosse uma porcaria agora que eu estou quase nos meus 20 anos.

Terminei minha refeição, subi até o segundo andar, escovei os dentes, vesti meu pijama e fui dormir. Na verdade não conseguia cair no sono, já que meus pais sempre discutiam. Principalmente por causa da minha mãe. Mas sabe, às vezes eu acho que concordo com o meu pai quando ele diz que se arrependeu de se casar com uma mulher como a Lauren. E quem não iria? Quando aqueles dois finalmente calaram a boca, do nada eu comecei a ouvir um som estranho, meio distorcido. Depois reconheci ser um som de guitarra saindo da casa vizinha. Levantei com cuidado para não fazer nenhum estrondo, olhei pela janela e vi Ian com uma guitarra na mão, tentando ao máximo tentar alguma boa melodia dela. No que era provavelmente seu quarto, alguns pôsteres de bandas de rock clássico. Um console com vários jogos em volta, e um joystick jogado no chão. Ele estava vestindo uma camiseta preta, bem maior que o tamanho normal para alguém na idade dele. Aos pulos, tentava ter o mesmo ‘impacto’ que alguns vocalistas causavam. Ele pareceu mais maduro com aquilo, eu acho... Até que ele se virou para o lado da minha janela. Na mesma hora, me joguei no chão para que ele não me visse e me rastejei de volta para minha cama, onde me cobri, fechei os olhos e tentei dormir. Quando finalmente consegui cair no sono, tive alguns sonhos esquisitos. Nada fora do normal. Nem toda menina sonha com unicórnios super coloridos e cheios de purpurina, sabe? Por exemplo, eu sonhava com um país feito de crumpets com chá de canela. Mas minha mãe sempre acabava destruindo-o e transformando tudo em salada e leite de soja.

No dia seguinte, após o café da manhã e mais um dos sermões de minha mãe sobre “não conversar com ninguém” eu peguei meus itens de desenho e me sentei debaixo da mesma árvore de sempre. Comecei a imaginar qualquer paisagem que coubesse na folha do meu caderno e fui traçando linhas finas, para colorir depois, ou simplesmente deixar como estava. Escutei passos pela grama. Era Ian, ele deve ter deduzido que eu sempre ficava lá. E acabou adivinhando. Ele estava com um punhado de revistinhas nas mãos. E seu cabelo estava preso! Em um rabo-de-cavalo! Ele ficava ainda mais parecido com uma menina desse jeito.

_Olá!_ ele disse, parecendo estar bastante feliz, o que me fez sorrir.

_Oi oi

_Trouxe alguns mangás. Quer ver?

_Sim, obrigado._ deixei meu caderno de lado e comecei a folhear um dos vários mangás que ele havia trazido. Nunca tinha lido um antes, mas já sabia o sistema de leitura oriental. Mas todos os mangás estavam em alemão. Finalmente as aulas com aquele professor insuportável me serviram de algo.

_ Então, desde quando mora aqui?_ ele me perguntou.

_Desde sempre, acho._ ri de leve. Na verdade eu morava naquele bairro desde que completei um ano e consegui ter alta do hospital. Haha...

_ Suponho que você tenha vários amigos por aqui, já que é uma moradora de longa data.

_Se engana. Eu não conheço ninguém nesse bairro. Exceto o jornaleiro.

_Por quê?

_Bom, simplificando, minha mãe não quer. Ela diz que pessoas são muito perigosas, ainda mais pra alguém como eu. Sei que soa estranho, mas é a verdade.

_Ué, mas como você fica na escola?

_Eu nem vou à escola, na verdade, meus pais contratam professores particulares. Quer dizer, isso fica por conta da minha mãe. Meu pai tenta dizer alguma coisa, mas ela simplesmente o ignora.

_Nossa, que chato... Mas eu acho que sei como é. Não tenho muitos colegas lá na Alemanha. Eles me acham esquisito, mas com razão.

_Por quê?_ Perguntei, olhando para ele. Deus, os olhos dele são realmente bonitos.

_Uns dizem que pareço uma menina e outros que eu só gosto de coisas anormais. Mas eu nem reclamo, já que é verdade.

 Eu ri e olhei em volta, bocejando. Depois de ler algumas páginas do mangá que ele tinha me dado, acho que já tenho uma opinião formada sobre isso. Bom, posso dizer que aquilo não era bem o que uma criança de nove anos iria gostar de ler. Um pouco complexo e violento demais. Mas eu gostei. Eles se pareciam com as séries de investigação que eu assistia com o meu pai quando minha mãe não estava em casa. Eram bem melhores do que aqueles “programas educacionais” que eu era obrigada a assistir, graças a Lauren. Eu acho que fiz muita coisa ruim na minha última encarnação pra ter merecido uma vida tosca dessas.

Após algumas horas jogando conversa fora, o pôr-do-sol anunciava que era minha hora de ir. Sempre tinha que estar em casa antes das seis da tarde, em ponto. Lauren sempre levou esse estereotipo sobre britânicos muito a sério. Se eu me atrasasse em apenas um minuto, a polícia já estaria procurando por mim. E não estou brincando. Isso aconteceu uma vez, e minha mãe quase surtou.

_Olha... Tenho que ir agora, ou minha mãe vai pensar que eu fui sequestrada.

_Okay. Então... Nos vemos amanhã?

Bom, eu deveria ter inventado alguma desculpa, dizer que não ia dar ou algo assim, mas... Sei lá. Estava gostando de passar as tardes com ele.

_Ah, claro. Sempre estou aqui lá pelas oito e meia ou nove da manhã, exceto nos dias que tenho aula, nos quais eu chego após o almoço.

Ian assentiu com a cabeça e acenou para mim. Eu fiz o mesmo e sorri um pouco, logo me virando e indo de volta pra casa, quase que contra a minha vontade.

Assim se passou mais um jantar, com o mesmo diálogo de sempre. Fiz o que sempre fazia, escovei os dentes, pus meu pijama e fui me deitar. Mas não dormi. Como os quartos meu e de Ian ficavam frente a frente um do outro, nós ficamos conversando através de “cartazes”, até eu conseguir dormir. No dia seguinte, tinha que acordar mais cedo para escondê-los, senão obviamente minha mãe descobriria. Depois do café da manhã, eu me sentei debaixo da árvore de sempre, depois de uns cinco minutos Ian apareceu, mas dessa vez em vez de mangás, trouxe jogos. Acho que game boy é o nome correto. Aquele garoto tinha um monte de jogos pra 3ds. Que rico, hein?

_Veja o que meus pais me deram! Quer dizer, meu pai me mandou isso._ ele disse com um sorriso largo e que parecia bastante feliz, ainda mais do que quando ele tinha me mostrado os mangás.  _Adorável_ Eu disse, olhando para os gameboys que estavam nas mãos dele.

Ian me agradeceu e logo perguntou se eu gostaria de jogar com ele. Não me parecia uma má ideia, na verdade. Mas tudo seria mais fácil se eu pelo menos soubesse como usar aquelas coisas. Será que ele não tem um tabuleiro de xadrez em casa não?

_Bom, por que não?_ respondi.

Por mais estranho que vá parecer não me sentia mal por estar descumprindo praticamente noventa por cento das regras que minha mãe me havia imposto. Bom, pelo menos eu tinha um novo amigo agora e isso era algo mais do que bom. Ele se levantou e pegou minha mão, logo caminhando para a casa dele. Ao chegarmos lá, a mãe de Ian nos recebeu com um sorriso terno.

_Ian, essa é a tal Erin que você tinha me falado?_ ela perguntou numa voz doce.

_Sim, é ela. Bom, mamãe, nós vamos jogar um pouco, está bem?

_Sim, mas quando eu chamar desçam rápido, pois tem um bolo no forno.

_Valeu mãe!_ Ele exclamou e deu um abraço caloroso na mãe. Confesso que me senti como se eu fosse a única que não recebia todo aquele afeto materno. Urrr durr, Erin diferentona.

Subimos as escadas e ele disse:

_Você tem que ver, minha mãe faz os melhores bolos do mundo!

_Mal posso esperar_ estava apenas tentando ser gentil, eu acho. Mas também havia meses que não comia nada além de comida enlatada ou de soja. Minha mãe nunca tinha tempo para cozinhar algo que preste, e seu lindo orgulho não permitia que seu marido sequer se aproximasse de seus utensílios de cozinha. Acho que ela tinha medo de ele saber cozinhar melhor que ela... E ele realmente sabia.

Ficamos jogando PVP por umas duas horas, até que a mãe de Ian nos chamou para lanchar. O bolo era de chocolate, aparentava estar ótimo. Estava me banqueteando só por vê-lo. Ela serviu-nos duas fatias generosas de bolo.

_Espero que não se incomode com comida vegana.

_Sem problemas..._ vegans? Interessante..._Nossa, o bolo está tão fofo... E muito gostoso também!

_Oh, obrigado._ ela respondeu num sorriso.

_Eu te falei, não?_ disse Ian.

_Bom... Sim..._ disse eu limpando as migalhas que estavam na minha boca.

Ele riu.

_Ahn... Aliás, meu nome é Anna, poderá me chamar assim, não gosto de ser chamada de senhora W. ou senhora Wernersbach, soa formal demais pra mim. Por falar nisso, qual o seu nome, querida?

_ Erin, Erin Mendelsohn Jones.

_ Erin, é? Este é um nome muito bonito. Ei, Ian, imagine só: Erin Mendelsohn Wernersbach.

Não, não, NÃO! Céus, meu nome já é complicado o suficiente.

_MÃE! Pare com suas paranoias!_ disse ele, parecendo bastante bravo ou apenas envergonhado.

Minhas bochechas ficaram tão vermelhas quanto os morangos que cobriam o bolo.

_ Desculpem-me, mas eu acho que ficariam bem juntos.

(Gente, dona Anna tinha um OTP)

_MÃE!

_B-Bom... A-Acho q-que tenho d-de ir a-agora... Quer dizer, já está ficando tarde._ disse eu. Mas na verdade ainda eram quatro e meia. Três vivas para as minhas desculpas esfarrapadas. Não quero ir, não quero ir. Mas de  novo, não tinha escolha.

_ Bom, se é assim..._Disse a senhora Wernersbach. Ela se levantou e deu um beijinho na minha cabeça._ não se esqueça de que, se quiser doces ou companhia, estaremos aqui, sim?

_Claro.

_Ian, leve-a até a casa dela.

_Tudo bem_ ele respondeu.

 Ele me levou até a entrada da casa e disse:

_Me desculpe pelo transtorno, minha mãe é meio paranoica mesmo.

_ Não, tudo bem... Digo... Todas as mães são assim.

Menos a minha.

_ Tem razão. Então... Até amanha?

_ Até.

Eu sorri, e ele sorriu de volta. De alguma forma, aquele loirinho que a principio eu pensei que fosse menina (?) estava conseguindo se tornar meu amigo.

 Virei-me e caminhei até minha casa. Quando entrei, subi as escadas, tomei meu banho, vesti uma roupa confortável e me sentei na sala de estar, até que minha mãe me chamou para o jantar.

_ Foi a algum lugar hoje, filha?_ disse mamãe.

_ Por quê?

_ Hoje á tarde fui ver se você estava bem, mas você não no “lugar de sempre”

_ Ah... Tinha ido dar uma caminhada pelo condomínio. É que eu estava entediada.

_ Interessante. Não falou com ninguém, não é?

“e se tiver falado?” tive vontade de responder com isso, mas não cairia bem para uma menina de sete anos dizer isso. No soy rebelde...

_ Não mamãe.

_ Ótimo. Mas sempre que for sair me avise certo?

_ Sim, mamãe.

O telefone tocou. Ela correu para atender. Logo depois subiu as escadas e voltou vestindo um blazer e com uma maleta em mãos.

_ Tenho que ir ao trabalho agora. Fiquem bem._ ela trabalhava em uma ‘empresa’ que sempre tinha horários aleatórios para chama-la. Isso era bom, porque toda vez que ela saía, demorava pelo menos quatro horas para voltar, então eu ficava conversando com meu pai._ Ah, já aviso que só volto depois de amanhã.

“Obrigado, Deus” pensei.

Ela deu um beijinho no papai e um abraço em mim. Pegou sua bolsa e saiu.

Cinco minutos depois, papai me perguntou:

_ Você não foi honesta com sua mãe, não é?

_ Bom, não...

_ Deduzi isso. É o garoto novo?

_É. Sei que minha mãe disse pra eu não conversar com ninguém, muito menos ele, mas...

_ Não precisa se explicar pra mim. Eu discordo dela. Acho que é tudo uma grande perda de tempo. Por mim, você pode conversar com quem quiser, contanto que me conte.

_ Eba!_ o abracei._ Posso perguntar uma coisa?

_Vá em frente.

_Se minha mãe detesta os alemães tanto assim, por que tenho que ter aulas de alemão?

_Filha, isso é porque a sua mãe é uma tonta. Agora pode ir lá com seu ‘novo amigo’_ O tom de voz dele era o mesmo que Anna tinha. Será que aqueles dois estavam tramando algo?

_Obrigado!_ eu disse, me levantando.

_ Só não coma tanto bolo, senão sua mãe vai descobrir de alguma forma._ como ele sabia disso??

_ Haha, okay.

Subi, escovei os dentes e fui até meu quarto. Peguei meu caderno e assoviei para Ian. Mostrei meu caderno. Logo começou a troca de cartazes.

“Estou com sorte hoje!”

“O que houve?”

“Minha mãe foi viajar e só volta depois de amanhã”

“Que bom, eu acho... c:” GENTE ELE TAMBÉM USA ESSAS CARINHAS, SOCORRO

Do nada, a senhora Wernersbach entrou no quarto dele, e, quando me viu, arrancou o caderno da mão de Ian e escreveu:

“Corra pra cá querida!”

“Okay... Só um momento...”.

Vesti minhas pantufas de coelho cor-de-rosa, e prendi o cabelo num rabo-de-cavalo. Desci as escadas, perguntei para meu pai se podia ir. Ele deixou. Acho que ele está de acordo com a teoria de Anna.

Toquei a campainha e a senhora Wernersbach me atendeu. Ela me deu um abraço caloroso. Mesmo ela sendo totalmente desconhecida para mim (assim como eu era para ela), ela conseguia ser mais amorosa comigo do que minha própria mãe jamais fora. Enfim, eu entrei e logo Anna gritou:

_IAN! Desça aqui para receber sua amiga!_ ela disse “amiga” com certo sarcasmo. Agora eu me pergunto o porquê disso... É sério. Até hoje eu não consegui decifrar o que ela quis dizer com aquilo.

Logo ouvi passos pela escada, Ian estava de novo com sua camiseta preta, um gorro cinza e fofinho. Parecia ter cara de coelho, que tinha dois orelhões que esbarravam quase na cintura dele, e um jeans rasgado nos joelhos. Ele disse com um sorriso meio torto:

_ Olá.

Ele me puxou pelo pulso até o primeiro degrau da escada, e a Sra. Wernersbach disse:

_ Veja lá, Ian...

_MÃE!

Não consegui não ficar corada. Cobri meu rosto com a mão esquerda, tentando conter as risadas (não sei o motivo, mas sempre rio quando fico envergonhada. Pareço uma hiena, assumo. Como se eu fosse a única pessoa assim no mundo inteiro...).

_Mais, uma vez, eu peço que ignore minha mãe.

_Tudo bem.

Ficamos jogando PVP como fizemos à tarde. Uma hora depois e Anna nos chamou para o jantar. A coisa que eu mais via era salada. Mas estava com uma aparência tão boa... Comer alguma coisa fresca deve ser ótimo de vez em quando. Ainda mais num caso como o meu, que nem me lembrava do gosto de comida de verdade. Apesar de todas as coisas que crianças têm contra legumes e coisas do gênero... Estava ótimo. Ela estava sentada na cabeceira da mesa, o loiro estava do seu lado, respectivamente de frente a mim. Eu me servi, e depois de comer, Anna e eu ficamos uns 15 minutos conversando, Ian me chamou de volta para frente do console, por mais que eu estivesse interessada em continuar a conversa.

_Bom, vejo que você e minha mãe estão se dando bem, não?_ disse ele.

_Ah sim, ela é uma moça muito simpática.

_Sim, é. Mas diga... E quanto a você e sua mãe?

_O oposto. Quero dizer... Ela e eu quase nunca nos falamos, até porque ela viaja com muita frequência. Mas quando nos raros momentos em que trocamos algumas palavras, ela vive me dando conselhos de que não devo fazer amigos e mais umas bobeiras...

_Nossa... Por que será que ela é assim?

_Bom, deve ser por alguma coisa que ela sofreu no passado ou de criação mesmo._ “ou simplesmente não quer que eu seja feliz”, pensei.

_Entendo... Eu acho. E quanto ao seu pai?

_Ah, eu e ele somos muito amigos... Tipo, eu e ele sempre conversamos de coisas bem aleatórias. Ele me defende quando minha mãe diz que eu não devo me socializar. Sempre acaba por ter razão. Também sempre coloca alguns discos pra eu escutar quando mamãe não está.

_Heh. Que tipos de discos?

_Ahn, uns de rock clássico.

Os olhos deles brilharam. QUE BONITINHO, AI MEU CORAÇÃO.

_Rock, é? Seu pai deve ser legal...

_Sim, ele é. Talvez um dia desses você possa conhece-lo. Vão se dar muito bem.

_ É, mas realmente espero que ele não pense como a minha mãe.

Okay, naquilo eu tive que concordar.

Ficamos mais umas duas horas jogando, quando a Sra. Wernersbach nos chamou para tomarmos um sorvete de baunilha que ela havia feito. Tomei pelo menos umas duas taças do mesmo. Agora entendo por que meu pai me pedira para que não comesse tanto. Voltamos para o console e depois de mais uma hora, comecei a ficar sonolenta minha rebeldia sem limites me fez ir dormir quatro horas depois do meu horário de costume. Melhor ter cuidado comigo, acabei de desobedecer minhas próprias regras. Do nada, tudo começou a ficar embaçado e meus olhos pesaram. Logo adormeci. Mas como tenho sono leve, conseguia perceber algumas coisas que se passavam.

 Ian se sentou no carpete enquanto eu me virei na cama e abracei uma das almofadas que estavam jogadas por ali. OLHA SÓ QUE CRIANÇA SOLITÁRIA A ERIN ERA.

Na manhã seguinte, só acordei devido ao clarão que invadiu o quarto. Bom, me assustei um pouco, já que no meu não tinha tanta claridade. Lembrei de que não estava em casa. Bocejei, abri lentamente os olhos. Logo ouvi a porta se abrindo. Era a voz de Anna, que dizia:

_Awww... Que meigos!_

Abri os olhos. Ouvi um grito bem alto da parte de Ian. Mas o que ele estava fazendo de tão grave? Simples. Seu braço esquerdo descansava sobre minha cintura. Estávamos de fato próximos demais um do outro. MAS GENTE QUE COISA IMPRÓPRIA PRA CRIANÇAS URR DURR!!

 _ Meigos é a..._ Antes que ele pudesse responder, Anna deu um daqueles olhares que significam um ‘quer apanhar, moleque miserável?’ e ele imediatamente calou a boca.

Eu ainda tava meio que dormindo, mas podia perceber quase tudo que estava acontecendo.

_P-Perdão... E-Eu só..._  tentei arranjar um jeito de me desculpar, mas Ian acabou por fazer isso melhor do que eu.

Anna me pediu para juntar-me a eles e tomar café da manhã. Mesmo tentando negar, não consegui. Ela usou toda sua persuasão (comida). Na saída, Ian praticamente se matou de tanto pedir desculpas pelo o que havia ocorrido. Bom, eu o perdoei. Claro que o entendia. Mas ainda assim era embaraçoso...

 Ele teve de passar o dia fora, disse que ia sair com a mãe. Então, eu fiquei a tarde toda ouvindo discos com o papai, como de costume, muito rock clássico. Muito mesmo. Erin era rosquerinha, podem zoar gente.

À noite, segui minha rotina de sempre (jantar, trocar de roupa, escovar os dentes e cama).

Ouvi Ian chegar de carro com sua mãe, não lembro que horas, só sei que era meio tarde.

 Na manhã seguinte, eu me levantei mais cedo. Tomei um banho e me arrumei da maneira mais formal o possível, apesar de o verão estar surpreendentemente mais irritante do que o normal naquele ano. Era dia de aula. Tive que ficar por cinco horas aprendendo coisas que eu nunca entendia. Lógica da querida Lauren, mais uma vez. Acreditava que me empurrando tantas coisas pra crianças do ensino médio ia me fazer mais inteligente. Quando finalmente me vi livre daquele professor de voz e personalidade insuportáveis, corri para meu quarto e vesti algo confortável, já que absolutamente ninguém aguentaria ficar mais algum tempo usando roupas de outono em pleno verão. Ficava muito mais confortável no meu vestido favorito, um rosinha pastel cheio de melancias desenhados nele. Depois que eu almocei, corri para a “árvore de sempre”. Ian estava ali.

_Olá. Por que demorou hoje?

_Tive aula.

_Ah. Entendi.

_Olha... Como é seu pai?

_ Todo mundo diz que ele se parece comigo. Então dá pra ter uma ideia de como ele é._ senti uma ponta de ego nisso. Ou não..._ ele ficou na Alemanha. Minha mãe está aqui só a trabalho. Resolvi vir com ela já que eu e meu pai não somos muito próximos... Mas daqui a uns anos eu volto pra lá.

_Deve ter sido chato ter que deixar seus amigos, não é?

_Amigos?_ ele riu, sarcasticamente._ Eu te falei ontem, né? Além de as pessoas me acharam estranho, eu mesmo decidi que não me misturar era a coisa certa pra mim.

Ian got so emo he fell apart.

Ele me perguntou o porquê daquela pergunta tão súbita, mas eu disse que era só curiosidade.

_Percebeu que eu sou esquisito, não é? Haha... Todo mundo deve pensar isso_ ele colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha esquerda. M. A. G. I. A.

 _Hum. Eu não te achei tão esquisito... Você é bem legal, na verdade.

_Olha aqui.

Virei meu rosto em direção ao seu, um pouco receosa. Ele bagunçou o cabelo no topo da minha cabeça, e disse num sorriso:

_ Gostei de você também!

 Cara.... C A R A. a felicidade na voz dele quase me fez surtar.

_Oh, obrigado. Você também._ respondi gentil e sinceramente.

_Já volto. Vou pegar uma coisa.

 Esperei. Ele voltou uns quinze minutos depois. Mais uma vez estava com alguns mangás. Colocou-os sobre o meu colo, e disse:

_São novos. Espero que não se importe em ler Shounen. É que... Os outros gêneros são meio sem graça.

(“E o que seria isso?” pensei. Mas depois de uns segundos, me veio a memoria do que significava. São mangas com historias mais direcionadas para garotos. Pelo menos ele não aparentou gostar de shoujo. Se bem que, se nem eu que sou menina gosto, quanto mais um garoto.

_Não, está tudo bem.

Comecei a ler. Mas, sinceramente, não estava muito interessada. Começar a ler um mangá direto do volume 20 consegue tornar tudo meio confuso demais. Puxei assunto.

_ Então... Quando mesmo que você vai voltar para a Alemanha?

_Não sei... Minha mãe está de contrato aqui, mas... Se algo acontecer por lá ela tem que voltar quase que imediatamente. Então... Fica meio difícil de saber quando eu volto ou não. Ela estava comentando comigo que o contrato dela termina no começo do ano que vem. Lá por fevereiro, eu acho..._ ele deu uma pausa, ergueu a cabeça e respirou fundo. Depois, continuou_ Mas... Eu tento convencer ela a ficar mais um pouco. Por mais que isso seja difícil, eu vou tentar._ não sei se entendi direito, mas... Enfim.

_Tudo bem, então.

Estiquei os braços e soltei um som bastante esquisito, que era pra ser um bocejo. Isso arrancou uma gargalhada da parte do loiro. Daí começamos a rir juntos.

Passou- se a tarde e nós ficamos jogando conversa fora, falando sobre algumas bandas. Descobri que tínhamos exatamente o mesmo gosto musical. Sério, aquilo foi uma ótima descoberta!

Como sempre, tive que voltar para casa. Nos despedimos com um simples “até logo”, como sempre. Confesso que entrei no meu quarto saltitando ( agora imagine, uma menininha de sete anos subindo uma escadaria imensa aos pulinhos. Deve ter sido algo hilário.).Cara... Eu havia me tornado amiga de alguém! Nunca pensei que seria algo tão legal. Ainda mais sendo a primeira! E de alguém quase antissocial!! (?)

Mas... Nessa noite, a cortina do quarto de Ian estava fechada. Não fazia ideia do motivo. Até que me lembrei de que ele ia tentar convencer a Anna. Uma boa faxina no quarto seria uma boa proposta. E ninguém ia gostar de vê-lo como uma arrumadeira. Não vou negar que uma visão levemente horrível se passou pela minha mente naquele momento. Ian com um vestido daqueles que você vê geralmente em mangás com aquelas meninas peitudas. Ah, os famosos hentais. Só fui descobrir o que eram esses mangás quando tinha uns quinze anos. Acabei por pegar gosto por eles. Resolvi ir dormir de uma vez, por mais que a minha curiosidade conseguisse ser maior que meu sono. Depois de duas horas (mais ou menos), ouvi o som levemente destorcido da guitarra de Ian. Um sorriso surgiu de imediato no meu rosto, de alguma forma. “oh, ele pelo menos está vivo...” pensei por um impulso. Me virei na cama e voltei ao meu descanso.

E mais uma vez, na manha seguinte, eu tinha aula. Que maravilha... Mas pelo menos já era sexta-feira – dia de encher a cara de achocolatado. Mas mesmo assim, tinha o dia todo pela frente. Fui trocar logo de roupa. Pareci um robô, vesti qualquer coisa consideravelmente aceitável. Sem dar a mínima para o que aquele professor chato ia pensar sobre minhas roupas. MANO EU TINHA SETE ANOS, QUE SE FODA O JEITO QUE EU ME VESTIA.  Depois de umas três horas perdidas com equações de química, finalmente me vi livre daquele velho mofado.

 Depois de guardar meus materiais, fui ate o quarto, vesti uma camiseta e um short meio velho. Prendi o cabelo no alto, com a franja meio bagunçada para trás. Peguei meus materiais de desenho e corri ate a famosa arvore. Ian estava ali. Sentado, abraçando os joelhos e com o rosto escondido entre eles. Me aproximei, e perguntei:

_O que aconteceu?

_Perdi minha palheta favorita... _ ele murmurou num tom de voz meio triste.

_Sinto muito... Eu acho._ eu respondi, sem ter a mínima ideia do que era uma palheta.

Ele logo disse que estava tudo bem e me pediu pra ir dar uma volta pelo bairro com ele. Eu aceitei, já que não tinha nenhum risco de a minha mãe aparecer do nada e me proibir de respirar ar puro por alguns meses. Depois de andarmos por uns dez minutos, ele olhou pra mim e disse:

_ Você vai estar livre dia vinte e nove do mês que vem?

_Eu acho que sim, por quê?

_É que... Minha mãe está insistindo em fazer algo pro meu aniversário. Então... não se incomodaria em ir, certo?

Aniversário, é? Naquele momento acabei descobrindo que ficávamos mais velhos em datas extremamente próximas. O meu no caso é dia vinte e sete.

_N-Não, claro que não! E-Eu irei sim!

_Sério?

_Claro...! Isso é o que uma amiga faz, não?

Sorri de leve e ele me puxou em sua direção, dando-me um abraço daqueles bem apertados. Foi até que bom. Seria melhor se eu não tivesse ficado sem conseguir respirar. Eu retribuí, meio que sem pensar. Acho que foi algo gentil da minha parte. Só acho... MENTIRA É PORQUE ABRAÇOS SÃO MUITO BONS , PODE CONFIAR!

Mas o mais legal de tudo isso foi que, na hora em que eu classicamente me viro e volto pra minha casa... Minhas pernas simplesmente travaram. Não conseguia mover um musculo. Que ÓTIMO!

Ian ficou lá, parado me encarando de braços cruzados. Era óbvio que segurava o riso. Mas gente...

Depois de alguns segundos mais longos do que o normal, ele disse:

_Quer mais um antes de ir? É que... Eu vou ficar fora o fim de semana inteiro.

Respondi por um impulso.

_S-Sim.

E ele me puxou mais uma vez, me abraçando um pouco mais forte do que antes.

_Se cuida, tá?_ Ian disse em voz suave enquanto alisava a parte de trás da minha cabeça. Não sei como, mas... Aquilo foi algo incrivelmente confortável.

_O mesmo pra você.

Nos separamos e eu voltei pra casa, lutando contra meu próprio corpo. Se aquilo travasse de novo...

Quando cheguei, dei um olá rápido ao papai e corri para o meu quarto, onde enterrei minha cabeça num travesseiro. Conseguia sentir meu rosto queimando. Que maravilha, Erin Mendelsohn Jones. Agora você teria que dar um jeito de aparecer na festa daquele garoto sem a sua linda mamãe descobrir! Bravo!

Quando chegou a hora do jantar, eu desci cuidadosamente as escadas, com medo de tropeçar em minhas próprias pantufas.

_Erin, o que aconteceu? Você está muito diferente hoje._ disse meu pai, me lançando um daqueles olhares do tipo “não minta pra mim, eu te conheço e sei muito bem o que você fez mocinha!”.

_N-Nada...! E-Eu s-só...

_Erin... Conte-me.

_E-Eu só disse a Ian que iria ao aniversário dele.

_Ian, no caso seria o vizinho ali, certo?

_A-Aham.

_Sem problemas. Se a sua mãe não estiver aqui, tudo bem.

_Yay!_ eu quase gritei. Tenho que aprender a conter minhas reações exageradas. Mas enfim... Se até hoje não consigo, acho que não tem mais jeito.

Depois de conversarmos e ouvirmos um pouco de musica, eu inventei uma desculpa qualquer e disse ao papai que estava morrendo de sono - como se de fato eu não estivesse. Subi para o meu quarto. Quando cheguei lá, espiei pela janela e vi Ian arrumando algumas malas. Imagino que ele deve sofrer tendo apenas roupas escuras em pleno verão. Já que não tinha nenhuma pessoa irritante chamada “Lauren Mendelsohn” em casa, gritei mesmo.

_Ian!

Ele se virou quase imediatamente. Consegui perceber que quase o seu rosto inteiro estava avermelhado, principalmente ao redor dos olhos. Por que ele estava chorando...?

_O-Oi Erin..._ ele disse. Isso foi quase uma surpresa pra mim, já que o tom de voz já não era cheio de vida como algumas horas atrás. E aquilo me preocupou um pouco.

_Eu... Um... Espero que você se divirta no lugar pra onde você vai! E... Meu pai e eu já estamos pensando no que dar se aniversário, então... é isso!

Ele sorriu quando eu disse a ultima parte, esfregando os olhos

_Certo, certo... Se cuida também, okay?

Eu sorri de volta e assenti com a cabeça. Dissemos boa noite e eu logo me deitei depois de fechar as cortinas.

No meio da noite, tive um sonho esquisito. Nada fora da rotina. Um tempo depois, minha mãe chegou. Claro que era ela. Escandalosa como ninguém. Confesso que já tive medo de sermos despejados pelos berros que Lauren costumava dar. Gritava por tudo, especialmente quando percebia que ao invés de eu estar lendo um livro “de gente culta”, eu estava me divertindo com alguns quadrinhos que meu pai me arranjava. Ela sempre reclamava que ele não estava me ajudando a ser mais inteligente, já pra mim... Dizia que eu não podia ficar lendo “essas bobeiras”. Como se saber sobre as coisas que aconteceram um zilhão de anos atrás fosse aumentar o meu QI. Tenho quase certeza de que até esse ponto alguém já começou a detestar a minha mãe. Se sim, manifestem-se!

O fim de semana passou bem devagar, mas não foi tão tedioso como de costume. No sábado a minha mãe disse que tinha uma surpresa para nós. Fomos até uma lanchonete. Mais uma vez, comida sem gosto de nada... Eba! Mas tive que fingir estar gostando daquilo tudo, só pra não entristecê-la. Apesar de tudo que eu já disse anteriormente, acho que esse é o sistema dela. Devia ao menos fazê-la acreditar que funcionava. Depois de algumas batatas fritas, acabei concluindo que preferiria um prato de brócolis do que essas tirinhas sem gosto e cheias de gordura.

Quando voltamos pra casa, fiquei o resto do dia trancada no meu quarto, sem ânimo nenhum pra sair lá fora.

No domingo, choveu o dia todo. Finalmente, minha mãe fez uns cupcakes. Confesso que estavam bons.

Mas não tão bons quanto o bolo que Anna fez uns dias atrás.

Finalmente, segunda-feira chegou. Quando acordei, minha mãe já tinha saído pro trabalho, e meu pai estava na cozinha, preparando alguma coisa pra mim. Sim, algumas vezes ele cozinha. Mas só quando Lauren não está, obviamente. Eram waffles. Quase comecei uma dancinha de comemoração naquele momento... Até que... Lembrei que era dia de aula.

Subi as escadas, vesti uma roupa aceitável, arrumei o cabelo e meus materiais. Voltei para a cozinha, onde meu café-da-manhã já estava posto sobre a ilha de centro. Com um pouco de dificuldade, subi num dos bancos e me servi.

Depois de comer, fui até a sala para ler um pouco de Jim Davis, já que meu pai tinha um monte de revistinhas guardadas numa das gavetas da nossa cristaleira.

Lá por nove horas, o meu professor chegou. Deixei minha amada revista sobre o sofá e me arrastei até a biblioteca. Fiquei lá por três horas a fio, tentando entender o que aquele chato tanto falava.

Depois de almoçar, troquei de roupa e caminhei até a entrada de casa. Incrivelmente acho que senti um pouco de saudade de Ian... Só acho. Abri a porta e caminhei até a “árvore de sempre”.

Adivinha quem estava lá? Isso mesmo, aquele loirinho. Acenou todo contente. Quando me sentei ao seu lado, me deu um abraço meio sufocante. Mas foi bom, apesar de tudo.

_Onde você andou nesses dias?_ perguntei.

_Ahn... Tivemos que sair da cidade por... Uns assuntos da minha mãe. Por falar nisso, ela me disse que ia conseguir ficar aqui por mais uns dois anos.

_I-Isso é ótimo!_ Erin, por que tinha que gaguejar? E...  POR QUE DISSE QUE ERA ÓTIMO?!?!?

_Mas enfim...  Anna... quer dizer... Minha mãe comprou uma coisinha pra você.

_Oh! E o que seria?

_Espere um pouco que eu vou lá em casa buscar.

_Certo.

Ian correu até lá e logo voltou com um mega ursão daqueles que você só pensa em abraçar e ficar assim até os vinte e poucos anos ou até ele começar a desfiar todo.

Eu ainda o tenho, pra falar a verdade. E ele não está nem um pouquinho danificado. Viram como eu sou uma menina cuidadosa?

 Não pude conter minha reação, que foi gritar de surpresa e abraçar ambos, o garoto e o urso. Fui carinhosamente retribuída. Depois que nos separamos, Ian sorriu em minha direção, e disse gentilmente:

_Estou feliz que gostou!

_Gostar? Eu amei!_ incrível como eu dizia as coisas sem saber o que viriam depois delas... Mas bem, até que ele pareceu bem feliz depois que eu disse aquilo. E isso meio que me deixou feliz também.

_Verdade?

_Claro! Ele é tão fofo! Já ocupa o cargo de meu favorito!

_Ohh... Fico bem contente em ouvir isso._ as bochechas dele coraram mais do que imaginei_ eu que o escolhi, sabe?

 Não sabia que ele ia dizer isso, obviamente. Mas mesmo assim, foi uma ótima escolha, admito.

Mas continuando...

Depois de ouvir aquilo, senti meu rosto queimar de imediato. Porem já que não dizer nada seria ainda mais tenso.

_A-Ah... B-Boa escolha.

_Bom... obrigado.

Quando eram umas três da tarde (chute detectado), Ian me convidou para ir até a sua casa pra lanchar. Eu aceitei, obviamente. Depois de um minuto, chegamos lá. Assim que nos viu, Anna meio que correu, abraçando-nos.

Sempre gostei da maneira com que os dois se importaram comigo. Sempre me fizeram sentir especial...

E foi nesse momento que eu percebi que a minha vida antes de Ian chegar era uma grande merda.

 


Notas Finais


Aí está :^) estou bastante animada com essa estória, e adoraria saber a opinião de vocês também!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...