História Sweeter Than Sugar - Capitulo Unico

Café, a bebida quente e amarga com todo seu perfume encantador e falsa doçura vinda do açúcar na medida certa, era a bebida favorita de Minseok, em todas as suas formas, com todos os acompanhamentos, leite, creme, canela, chocolate... A vida de Minseok se baseava em café desde pequeno quando já começou a conviver com a bebida na cafeteria de seu pai. E apesar de ser um homem um tanto quanto amargo e seco, o café sempre o fazia se tornar doce e gentil.

Quando seu pai morreu, ele resolveu não continuar o negócio da família, cedendo a cafeteria para um casal de amigos que assumiu o lugar e o gerenciava muito bem, servindo um dos melhores cafés de Seul – afinal não se podia esperar menos de uma cafeteria que sucedia a famosa Paradise Coffee Shop, certo?

Então, se vendo livre da obrigação de cuidar do lugar e vivendo do aluguel que ele o rendia, o primogênito dos Kim começou seu próprio negócio, se tornou critico de café afinal, com toda a sua habilidade para diferenciar o a qualidade do café apenas pelo cheiro, ele não poderia desperdiçar a oportunidade de criar uma nova classe de “críticos gastronômicos”, e assim surgiu Xiumin.

Nada gentil e conhecido por sua dureza ao avaliar as cafeterias e confeitarias que visitava, ele sempre expunha sua opinião real sobre aquilo que consumia, chegando a intitular alguns cafés como sendo donos do tão famoso e desconhecido – ou assim se espera que seja – gosto de meia. Ninguém conhecia seu rosto porque ele achava melhor ser conhecido apenas pelas suas palavras, tal qual aconteceu durante o período de dois anos em que ele viveu apertado financeiramente, porém fazendo o gostava e adquirindo a popularidade necessária para que seu trabalho começasse a despertar interesse de pessoas que procuravam pelo visualmente desconhecido Xiumin para que este fizesse propaganda de seus produtos em seu blog cada vez mais popular que recebia mil e uma indicações de cafeterias e confeitarias coreanas que ele deveria conhecer, sendo a mais pedida nos últimos tempos “Sweeter than sugar” que diziam seus leitores ser a melhor confeitaria aberta nos últimos anos.

E sendo assim, quem seria Kim Minseok para recusar o pedido de seus leitores, certo?

A confeitaria não ficava tão longe assim do apartamento apertado que o pequeno critico dividia apenas com o gato Latte, então não demorou muito para que ele chegasse ao lugar de paredes claras e aparência convidativa, que o recebia com um ambiente ainda mais aconchegante que as paredes externas, sendo todas as paredes do interior da confeitaria cobertos por papeis de parede em tons pasteis e mesinhas brancas com bancos confortáveis acolchoados por grandes almofadas floridas, nos mesmos tons agradáveis aos olhos que os da parede, contrastando com a roupa escura do atendente atrás do balcão que oferecia um sorriso que chegava as orelhas ao jovem desconhecido.

— Posso ajudar? — Perguntou assim que o mais baixo chegou ao balcão, se escorando em cima do mesmo para que seu rosto ficasse mais próximo do alheio e assim pudesse ouvi-lo melhor.

— Ahn, sim, um cappuccino, por favor. — Pediu seco e breve, mantendo os olhos fixos no celular onde fazia anotações sobre o local que acabava de conhecer.

— Algo pra comer? — Perguntou o garoto alto de cabelos vermelhos como geleia de morango, oferecendo um sorriso menor mas ainda assim, gentil, ao coreano de cabelos escuros.

­— Me recomenda alguma coisa? — Questionou de volta, levantando os olhos para a vitrine impecavelmente limpa que mostrava uma variedade de doces oferecidos pela confeitaria.

— Eu recomendaria a nossa torta de coco, é nossa especialidade. — Respondeu o ruivo, enquanto preparava barulhentamente o café de Minseok atrás dos balcões brancos.

— Então que seja a torta. — Concordou o Kim, sorrindo brevemente para o garoto de orelhas avantajadas que se ofereceu para levar o pedido de Minseok na mesa, tal que aceitou a proposta se sentando em uma mesa mais afastada, cujas parede atrás de si tinha estampa de pequenas margaridas brancas misturadas a rosas brancas e orquídeas no fundo lilás, sendo logo servido pelo garoto alto com sorriso bonito que até agora Minseok não tinha reparado.

Largou o celular no canto da mesinha redonda, deixando-o junto com o garfo de bolo que logo usaria para comer a torta que parecia muito gostosa, levando os dedinhos rechonchudos até a alça da xicara branca e a levando com calma até próximo a boca onde se preveniu ao soprar o liquido algumas poucas vezes antes de finalmente bebericar com muita delicadeza, toda aquela que não dividia com as pessoas e guardava apenas para seu precioso café, deixando que o gosto levemente adocicado da bebida em sua xicara enchesse seu paladar, fazendo Minseok duvidar se o café parisiense de Gangnam continuava o primeiro em sua lista de cafés favoritos enquanto entornava a bebida quente mais rápido do que normalmente faria. Arriou a xicara com calma sobre a mesa, suspirando pesadamente antes de se levantar rapidamente para se dirigir ao balcão.

— Com licença... — Chamou, vendo o garoto de cabelos vermelho vivo virar com aquele mesmo sorriso ridiculamente bonito para olhar o mais velho parado a sua frente. — Pode... pode me dizer qual a marca do café que vocês usam pra fazer o cappuccino? É muito bom.

— Ahn... Eu não sei se eu deveria... — Respondeu, desviando o olhar do crítico que o observava com olhos pidões como os de um cachorro faminto, suspirando pesadamente antes de se virar e apanhar a lata de café sobre a prateleira de vidro atrás de si, depositando sobre o balcão em frente aos olhos do Kim que logo foram direcionados as palavras “Café Solúvel” em destaque na lata.

— CAFÉ SOLUVEL?! — Exclamou Xiumin num tom mais alto do que o costumeiro, pegando a lata com ambas as mãos e a levando o mais próximo possível de seu rosto para ter certeza de que seus olhos não o enganavam. — Como pode servir isso para os seus clientes?!

— É uma receita de família... Minha tia me ensinou, você mistura café solúvel com uma quantidade considerável de açúcar e água e voilà, mistura da cappuccino pratica, barata e não sai caro pros clientes também. — Dizia como se fosse algo que Minseok escutasse em dias normais no trabalho, recebendo um olhar fuzilador como resposta do baixinho a sua frente que tomava ar para despejar palavras chulas sobre o rapaz de aparência extremamente atraente, mas acabando por segura-las na garganta com um suspiro alto, levantando os olhos para encarar o par de semelhantes do ruivo.

— Eu estou sem palavras... — Limitou-se a dizer, suspirando tão pesado que tinha certeza que metade dos clientes dispostos pelo lugar tinham ouvido sua respiração pesada. — Tem algo que seja feito com café de verdade? Em grãos ou pó, não faz diferença.

— Vou levar o meu melhor café pra você, por conta da casa, pra compensar o... ahn... incomodo. — Respondeu o garoto mais alto, duvidando das suas últimas palavras, afinal, o que tinha de tão errado em café solúvel? Não era a primeira vez que uma cafeteria servia aquilo, certo? Mas, de qualquer jeito, já tinha prometido um café para o baixinho invocado e teria de levar. ­— Prontinho. Um café brasileiro, todinho seu. —Proferiu depositando a caneca de café decorada com um desenho de unicórnio, gay demais para ser escolhida pelo cara alto que atendia Minseok desde que ele tinha chego a confeitarias, mas a àquela altura do campeonato o coreano baixinho já não duvidava de mais nada.

— Obrigado... Aliás, qual o seu nome? Você não usa crachá. — Agradeceu, engolindo o pedaço de torta que mastigava – e que aliás estava realmente muito boa – questionando antes que o ruivo deixasse a mesa.

— Chanyeol... Park. — Respondeu com um sorriso daqueles que ia de orelha a orelha como se a um segundo atrás não estivesse irritadiço com o Kim e, por algum motivo, aquilo deixava Xiumin irritado, então ele apenas se limitou a agradecer com a cabeça, vendo o mais alto se afastar de si o deixando só com a nova caneca de café que ele odiava admitir mas, realmente era melhor que o café de Gangnam.

A matéria daquele dia seria no mínimo interessante com todas as experiências que teve naquela confeitaria tão simpática e que talvez depois de posta-la, ele desceria até o mercado para comprar uma lata do tal café solúvel.

Sweeter Than Sugar

30/09/2016

16:00h

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Como começar... Posso começar que eu tive uma das mais estranhas experiências com uma confeitaria, a mais estranha, visto que, de todas que conheço nenhuma jamais teve a ousadia de servir café solúvel... Ou talvez até tiveram a ousadia mas não a cara de pau de mostrar para o cliente com certo tom de orgulho que era esse projeto de café que usava. Estragou toda a ilusão que eu tinha criado sobre como era preparado o tal cappuccino perfeito, mas ainda assim, eu não deixei de o amar.

Mas em resumo, Sweeter than sugar é uma confeitaria ótima, a torta que comi estava excelente, o café feito com grãos brasileiros, o que, tenho que admitir, me agrada e muito, estava perfeito e, por mais que me doa a alma, o cappuccino de café solúvel foi o meu favorito, inclusive me dei ao luxo de roubar a receita e coloca-la em pratica eu mesmo. Não ficou tão bom quanto o do simpático Chanyeol, mas é alguma coisa.

E por falar nele, o atendimento é ótimo e feito pelo próprio dono do lugar, Chanyeol, que irritantemente sorria a todo momento, então, eu acho que não podia eu deixar de dar quatro estrelas para o lugar simpático de paredes agradavelmente claras e ambiente calmo. Sweeter than sugar com certeza vai entrar na minha lista de lugares para visitar mais de uma vez e eu não digo isso pra todo mundo, vocês sabem?

E como já dizia Xiumin em formato de crítica, Sweeter than sugar era um lugar para se visitar mais de uma vez e então ele resolveu o fazer em um dia chuvoso, bem diferente do ensolarado que fazia no dia que conheceu o sorridente Chanyeol e, exatamente as 17:45 da tarde de uma sexta-feira ele pegou seu guarda-chuva e seguiu até o lugar convidativo a passos calmos já que não tinha pressa e apenas queria o seu café precioso de fim de tarde.

A loja estava já um tanto vazia por estar quase na hora de fechar então, Minseok pode chegar e ir direto ao balcão falar novamente com o garoto de madeixas avermelhadas, chamando sua atenção com um simples pigarro assim que chegou em frente a vitrine de doces.

­— Boa tarde, posso aju- AH MEU DEUS, VOCÊ VOLTOU MESMO. — Exclamou o ruivo um tanto chocado, sorrindo de orelha a orelha com todos os dentes extremamente brancos a mostra.

— Aparentemente... — Respondeu simples e seco, contrariando sua vontade de corresponder a animação do Park, segurando-se pra não despejar sobre ele todos os elogios que tinha a simples receita de cappuccino dele, de como era pratica e como tinha se tornado sua nova favorita entre todas as que já teve oportunidade de aprender.

— Ai meu Deus, você não sabe como eu fico feliz por isso, sua crítica foi ótima pra confeitaria, o movimento quadriplicou desde que ela foi postada e bem, eu adoro a ideia de ser um dos seus lugares favoritos em toda Seul... Digo, eu não tinha ideia de que você era o Xiumin quando chegou aqui, mas... Bem eu... Só, obrigado. — Desembestou a falar Chanyeol, sem deixar que o sorriso saísse de seu rosto por nem um segundo, praticamente pulando o balcão para abraçar o pequeno crítico.

— O crédito é todo seu, Chanyeol. — Disse apontando para o crachá fincado no avental do confeiteiro, que aparentemente tinha pego o pequeno conselho do Kim em sua última visita.

— Sim, ok... Mas enfim, como posso te ajudar? — Perguntou novamente, acalmando os ânimos para finalmente atender o moreno a sua frente.

— Ahn, sabe, eu fui tentar fazer o cappuccino esses dias e não deu muito certo, eu acho que posso ter errado alguma coisa na receita, visto que você não me deu ela com medidas... Eu queria saber você poderia me ajudar com isso. — Pediu, mantendo a cara neutra enquanto aguardava a resposta do ruivo que continuava a sorrir mas, agora com um tom convencido.

— Claro... Claro, eu vou fechar a loja e depois a gente pode fazer um pouco de cappuccino e eu sirvo algum doce pra você comer enquanto bebe ele, o que acha? — Proferiu simples e direto, vendo o Kim concordar imediatamente com um de seus raros sorrisos tomando o rosto e se dirigindo com até uma mesa próxima ao balcão enquanto aguardava o mais alto fechar a loja. Talvez aquilo fosse o começo de uma boa amizade com um laço forte como o gosto do tão amado por ambos, café.