História Swords and Guns - Mas porque todos tem que ficar acima da sua felicidade?

A reunião havia demorado mais que o esperado, graças a isso já estava tarde e eu estava morrendo de fome. Decidi ir eu mesma na cozinha, já que todos os funcionários já haviam sido dispensados por hoje e seria uma enorme falta de consideração da minha parte se eu incomodasse algum deles em seu horário de descanso.

Sasuke disse que estava sem fome e que iria para o quarto para ligar para o seu pai, o informando de tudo o que havia sido combinado entre os países, então preferi não insistir muito na sua companhia. Ele já havia me ajudado muito hoje e estava aparentemente visível o quanto ele estava cansado.

Desci e fui direto para a cozinha, pegando somente uma fruta para que eu pudesse comer no quarto sem que fizesse muita bagunça. Subi para o meu quarto e me sentei na cama, enquanto dava uma mordida naquela vermelha maça e pensava no tanto de coisas que eu teria que fazer amanhã.

Comecei a pensar como tudo era mais fácil antes. Quando eu só me preocupava com a escola ou com o fato do Nate pegar mais pesado nos treinos e depois eu ficar toda dolorida. Tudo era mais simples, mas agora é tudo tão complicado e tão complexo que eu não sei quanto tempo mais eu aguentarei antes de enlouquecer por completo.

Decidi tomar um banho para me desestressar um pouco, mas tudo o que aconteceu, foi me fazer pensar ainda mais, então o terminei logo e vesti meu pijama antes de sair do quarto para ir ver meu pai e o Toji.

Passei um tempo com meu pai, mas logo ele adormeceu e eu fui ver o Toji, que para a minha surpresa ainda estava acordado. Uma enfermeira me disse que ele havia tido aqueles surtos novamente hoje, então tiveram que dopa-lo, mas que agora ele parecia estar normal.

- Oi Toji - Disse e me sentei na cadeira ao lado da cama dele. - Como você está hoje?

- A pergunta melhor seria como você está - Ele disse e eu fiquei confusa, deixando isso claro na minha expressão. - As enfermeiras já devem ter dito tudo, mas agora estou bem, porém, você está parecendo bastante triste, eu sei que você tem muitos motivos para isso, mas hoje você parece pior, o que houve?

É claro que o Toji sabe que eu estou mal e ele poderia facilmente olhar o motivo na minha mente, mas isso é uma das coisas que eu mais amo nele, ele raramente invade sua privacidade. Sempre deixa que você conte se quiser e se não, ele simplesmente aceita o seu silêncio.

- Eu odeio tudo isso - Eu disse e ele me olhou nos olhos, parecendo prestar atenção em cada palavra que eu dizia. - Eu não quero mais ser rainha, não quero mais meu pai doente, não quero que meu melhor amigo continue mal, só quero que tudo volte a ser como antes.

- Tudo? Principalmente o Kilua de volta, né? - Toji disse olhando fixamente nos meus olhos, então pude notar que ele não estava brincando ao dizer isso, mas também não entendia porque ele havia pensado nisso, já que não falo mais do Killua - Eu não li sua mente, mas isso era só para confirmar uma teoria.

- Que teoria? Do que você está falando? - Eu perguntei realmente ainda mais confusa.

- O fato de você não falar dele não é porque ele não tem importância e sim porque você está tentando se enganar dizendo a si mesma que ele não tem - Toji disse e se ajeitou na cama. - Você sente falta dele, mas por ter sido sua decisão fazê-lo se afastar, seu subconsciente quer te convencer de que foi a escolha certa a se fazer.

O que ele dizia fazia sentido. Era verdade, o Killua não era insignificante para mim, ele era importante, mais do que eu queria que fosse, porém ele havia ido realmente embora e eu teria que me conformar com isso, querendo ou não.

- Mas não foi? - Perguntei sobre a minha escolha. Queria a opinião do Toji, já que eu sabia que ele me daria uma resposta sincera.

- Você é quem deve responder - Ele olhou para a janela por alguns segundos, parecendo pensativo e voltou a olhar para mim. - Você acha que daqui alguns anos, vamos dizer que uns 10, quando for esposa e mãe, você vai conseguir ser tão feliz como se tivesse ficado com ele?

- Isso só o tempo dirá - Eu disse e o Toji pareceu fazer uma cara de frustração, mas simplesmente balançou a cabeça, concordando com o que eu disse.

- Você acha que fez a coisa certa quando o mandou embora? - Eu ia responder, mas antes que eu pudesse, ele completou. - Quando for responder, não pense no que os outros pensariam e nem no reino, somente em você.

Assim que ele fez essa pergunta, minha mente parecia estar a mil. Comecei a lembrar de quando nos conhecemos na floresta e na maneira que ele me irritava nas primeiras vezes que nos vimos, me lembrei que ele havia me salvado daquele robô que fingiu ser meu pai e também na floresta, quando pensei que aqueles monstros eram o Toji e seu irmão, também lembrei das visitas que ele fazia no meu quarto e da vez que ele acabou me embebedando. Eram tantas lembranças em tão pouco tempo, foram tantas coisas que passamos juntos, tantas discussões, conversas bipolares da parte dele e até aquele pedido para fugirmos que pode se considerar uma declaração vindo dele.

Havíamos vivido tanta coisas juntos e agora, eu nem ao menos posso vê-lo mais, não posso mais sentir seu abraço e nem sua mãos frias tocando em meu rosto. Pensar em tudo isso, realmente me deixava mal e nesse momento, eu só queria voltar para o dia em que ele pediu para fugirmos e aceitar. A verdade é que eu sentia mais falta dele do que devia e isso acabava comigo, então talvez, esse fosse o motivo para eu evitar falar nele, porque realmente doía, e agora, eu tinha que aceitar.

- E-eu fiz o que era melhor para todos - Disse tentando dizer a minha mesma que seria mais feliz se simplesmente ficasse com o Sasuke, porém, dessa vez, não estava dando certo e a dor de lembra que talvez eu jamais veja o Killua novamente me deixava com vontade de chorar.

- Mas porque todos tem que ficar acima da sua felicidade? Você deve algo a todos eles? O que eles fizeram para merecer tudo isso? - Toji perguntou e eu o abracei, ainda tentando me convencer de que o Killua não apareceria mais. - Vamos para de falar sobre isso, Sayu, não quero ser o motivo de mais tristeza na sua vida.

- Eu te amo, seu maldoso - Disse e o abracei com mais força. - Por favor, nunca mais fale do Killua para mim, 'tá bem? 

- Eu também te amo, Sayu - Ele me abraçou. - E eu não vou mais falar dele, acho que meu jeito de mostrar que você não pode deixar todos acima de você foi muito duro, me desculpe.

- Tudo bem, agora eu preciso ir dormir, boa noite - Disse e me levantei, mas o Toji segurou com delicadeza meu pulso e negou com a cabeça, como se não quisesse que eu fosse. - O que foi? Precisa de algo?

- Não... nada, er... boa noite - Ele me soltou e deu um sorriso forçado. - Te vejo amanhã.

Eu sorri e sai de lá, me perguntando o que ele queria falar comigo. Ele parecia normal quando conversávamos, mas às vezes, ele dava umas recaídas e parecia que iria desabar a qualquer momento.

Fui para o meu quarto e peguei meu celular. Eu não era de mexer muito, mas agora o olhava bastante para ver se o anônimo não me mandou nada e para a minha felicidade, ele havia me mandado uma mensagem há duas horas atrás.

"No grupo da família real também é cheia de imagem de bom dia, para cada dia da semana?"

"Desculpa a demora e sim, algumas tias que moram longe, adoram mandar imagens com bom dia haha até hoje não sei aonde elas arrumam tanta imagem"

"Se eu descobri, eu te aviso para você banir o que quer que seja onde elas encontram isso, beleza? Hehe"

"Combinado, então, ou podemos criar uma tag dizendo #menosfotodebomdiamaisfotodeunicornios hahaha"

"Primeiro, acho que minhas tias não usam essas redes sociais, só usam alguns e postam #bomdia #amoviver #maisumdia #amominhavida #família, essas coisas nada a ver e segundo, mas porque caralhos tem que ser unicórnios?"

"Porque unicórnios são seres de luz"

"Mas eu sou das sombras e a escuridão mandou lembranças hehe"

"Eu sou da luz e nunca irei conseguir levar a sério esse hehe que você manda"

"Mas não é para levar a sério, é uma risada .-."

"Se for começar com essas piadinhas, já pode se retirar xoxo"

"Chorando ~ Fui expulso pela própria princesa, que absurdo"

"Pode chorar, não terei piedade shuashuashua para quem não entendeu, essa é minha risada do mal"

"Nossa, essa risada com certeza deixou tudo mais maligno, agora posso ver que falava sério, que medo :p"

"Para de ser irônico comigo :p"

"Não estou muito a fim não :3 Agora vai dormir porque você tem que acordar cedo e dormir pouco faz mal"

"Você não manda em mim"

"Mas o reino todo agradece"

"Boa noite, senhor mandão"

"Boa noite, minha princesa"

"Não sou SUA princesa"

"Mas poderia ser ~aquela carinha"

"HAHAHA Meu Deus, está dando em cima de mim descaradamente mesmo? HAHAHA"

"Faço o que posso :)"

"Haha"

Bloqueei meu celular e me deitei, o cansaço era tanta que dormi rapidamente.

Miyuki POV.

Já estava deitada quando ouvi uma batida na porta. Me levantei sem muita vontade e fui andando até lá lentamente, a abrindo e dando de cara com o Kurapika, já de pijama e com uma cara de cansado.

- O que você quer aqui a essa hora? - Perguntei e dei espaço para que ele entrasse, coisa que ele fez. - Aconteceu algo?

- Só vim avisar para iremos voltar para o reino da terra amanhã e depois disso, você poderá viver sua vida normalmente - Ele disse e eu o olhei confusa. Não sabia se seria bom perguntar algo, mas minha curiosidade falou mais alto.

- O que te fez mudar de ideia e sair daqui solteiro? - Me sentei na cama e ele se sentou ao meu lado, bocejando de tanto sono e cansaço.

- O príncipe Sasuke descobriu quais eram minha intenções com a Sayu e disse que eu devia parar e dizer a verdade a ela, me garantindo que ela era boa e que iria entender - Ele disse e ficou olhando para a porta, como se estivesse pensativo. - Eu fiz o que ele pediu e ganhei o acordo com a Sayu e ele acabou fazendo um acordo entre o meu reino e o dele.

- Então nós já vamos amanhã mesmo? - Perguntei e ele assentiu.

Eu não queria voltar para a escola, mas queria poder ver o Kirito novamente e me explicar direito tudo o que aconteceu. Eu não sei bem o porque, mas sentia que devia uma explicação a ele, mesmo que eu não tenha feito nada de errado.

- Boa noite, arrume suas coisas e oito horas esteja na porta do palácio com tudo pronto - Ele se levantou e andou até a porta, olhando em meus olhos. - E sobre o garoto que te fez sofrer, se ele te fizer chorar novamente, eu mesmo acabo com ele.

Antes que eu pudesse dizer algo, ele saiu porta a fora com seus passos rápidos. Notei que seria perda de tempo dizer a ele que não faz sentido ele fazer isso, já que ele nunca me escutaria, como sempre e no fundo, eu me senti feliz em ter ouvido aquilo, me senti segura, como se ele fosse meu irmão mais velho.

Me deitei na cama e fechei os olhos, na esperança de conseguir voltar a dormir, mas essa notícia me deixou ansiosa e acabei não conseguindo nem ao menos fechar os olhos.