História T3ddy-Cuidar de Você - Mãe?

Faz exatamente vinte minutos que estou sentada aqui encarando a maldita parede cinza, já era para Gabriel e Lucas estarem aqui, e nada, Marcelo, o homem que se diz meu pai me encara, tento falar algumas palavras mas eu o parei, não quero papo, enquanto Gabriel e Lucas não chegarem eu não vou conversar seja lá o que for.

— Senhor...— A porta se abre e uma mulher entra, me ajeito na cadeira e a olho.

— Sim?— Marcelo a olha.

— Eles estão aí.— a mulher fala. Eles? Ela deve estar falando de Lucas e Gabriel.

— Deixem entrar!— Meu pai diz, ela concorda, se vira e sai. Dois minutos depois vejo Lucas entrar, trás em seu colo Gabriel, me levanto da cadeira e sem pensar duas vezes corro em sua direção.

— Graças a Deus.— Digo ao abraçá-los, Lucas passa uma das mãos em volta do meu corpo, e me aperta, Gabriel permanece do mesmo jeito, ele não deve ta entendendo nada. Me solto de Lucas e olho para Gabriel— Oh meu amor...— Disse o pegando no colo, o aperto em meus braços.

— Milena o que está acontecendo, porque estamos aqui?— Lucas pergunta. Eu o olhei, não sabia o que dizer, olhei em direção a meu pai, com o olhar desesperado, esperando que ele explicasse, mas ele não fez, olhei para Lucas.

— Eu também to querendo saber, prometo que te falo tudo quando ele me contar.— Falei olhando pro meu pai, Lucas o olhou.

— Apareceram uns cara lá em casa e foram me arrastando pra um carro sem ao menos dizer pra onde estavam me levando, quando entrei no carro dei de cara com Marina segurando Gabriel, ela parecia tranquila, mas eu, eu estava desesperado.

— Marina também veio pra cá? Onde ela está?— perguntei.

— Sei lá, uns cara saiu levando ela pra uma sala…— Lucas falou.

— O que vão fazer com Marina?— Perguntei olhando para meu pai.

— Não se preocupe, Marina sabe se cuidar.— riu.

— O que?— o encarei— Você é maluco não é?

— Relaxa Milena, Marina trabalha com a gente…

— O que?— Eu não acreditava no que ouvia.

— Marina é uma de nós, se lembra quando eu disse que tinha pessoas cuidando de você mesmo você não percebendo?— me olhou— Eu falava de Marina, sem falar nos outros…

— Marina é a babá de Gabriel, ela...Ela…

— Marina é uma das agentes que trabalham no caso do Paulo, e posso dizer que é uma das melhores!

— Ai meu Deus...— Eu não conseguia raciocinar direito.

— Eu entendo que isso possa parecer loucura Milena…

— Não, você não entende!— O olhei com raiva— Se tem uma coisa que você não entende é isso, você não sabe a bagunça que está minha cabeça, não sabe de como eu tô me sentindo, pra você é fácil, afinal você tem sentimentos?— o encarei— A minha vida virou de ponta cabeça depois que você apareceu, e agora isso, esse circo todo, eu não to entendendo nada, se você voltou pra bagunçar minha vida eu te peço que volte pro lugar de onde você veio, eu não to afim de entrar nessa coisa, nem um pouco!— Falei transbordando de raiva, Gabriel me olhava assustado.

— Milena por favor se acalme.— Lucas falou.

— Eu juro que to tentando, mas não dá!— falei.

— Pelo Gabriel, olha como ele está assustado.— Disse Lucas.

— Miih, o que tá acontecendo?— Gabriel perguntou afundando seu rostinho em meu peito.

— Nada meu bem, vai ficar tudo bem tá?!— falei acariciando sua cabeça.

— Milena é melhor você deixar ele com Marina...— Meu pai falou, o olhei.

— Não, ele fica comigo!— falei— Não confio nela, e muito menos em você!

— Milena ela cuidou dele esse tempo todo, além do mais não faz bem pro menino participar dessas discussões!— ele falou.

— Nã...— tentei falar.

— Amor...— Lucas me olhou— Deixe ele ir com Marina, ele vai ficar bem.

— Não, Lucas a gente nem conhece essas pessoas!— o olhei.

— Essas pessoas, é que vai ajudar você!— meu pai falou, me virei o olhando— Ele vai ficar bem com Marina, Milena!— o olhei por alguns segundos, olhei para Lucas, em seguida para Gabriel.

— Se fizerem alguma coisa com ele eu juro, juro que acabo com vocês, eu não me importo se vocês são a cia, o Fbi, seja lá o que vocês forem!— disse convicta.

— Vamos cuidar dele!— meu pai falou, não disse nada, ele pegou o telefone, discou alguns números e falou com alguém pedindo pra que chamasse Marina— Ela já vai subir!— falou nos olhando, apenas concordei.

— Isso tudo é louco, você viu o tanto de computadores lá embaixo?— Lucas sussurrou.

— Vi...— falei.

— Cara eu me senti num filme de ação policial.— riu.

— Não foi só você.— ri.

Ficamos em silêncio, era constrangedor, Gabriel brincava com meus dedos, depois de cinco minutos a porta se abriu e Marina entrou.

— Senhor.— Ela disse cumprimentando meu pai, ele apenas balançou a cabeça numa forma de cumprimento— Avisaram que o senhor pediu que eu subisse…

— Peço que fique com o menino, preciso conversar com minha filha.— Meu pai falou, Marina me olhou.

— Milena...— Ela falou— Eu, eu posso te contar tudo depois e…

— Me poupe das suas mentiras!— Falei.

— Eu, eu não podia lhe contar e…

— Já disse!— falei.

— Marina leve o menino!— meu pai falou.

— Okay senhor.—falou— Vem Gábi.— falou pegando Gabriel de meu colo— A gente pode conversar depois?— Ela me olhou.

— Não temos nada pra conversar!

— Por favor Milena!—insistiu.

— Eu confiei em você, você era minha amiga, você me escondeu coisas que me envolvia!

— Era para sua segurança…

— Marina vá!— meu pai disse grosso, Marina apenas me olhou, abaixou a cabeça e saiu com Gabriel nos braços, ele nem se importou já que estava acostumado com ela— Presumo que não vai querer que seu namorado se retire, então peço que se sentem!— disse apontando pra cadeira em frente à mesa, Lucas me olhou, concordou, caminhamos até as cadeiras, me sentei, Lucas fez o mesmo.

— Então, o que tanto quer conversar comigo?!— falei.

— Eu contei a vocês tudo o que aconteceu, sobre Paulo, não sei se lembra eu havia usado seu celular para rastreá-lo, e havíamos conseguido algo, as coordenadas nos levaram a um galpão, mas quando chegamos lá estava abandonado, e mais uma vez os perdemos.

— E o que eu tenho haver com isso?— perguntei.

— Nos últimos dias pedi para que os meus agentes ficassem perto da sua casa, e um carro estranho estava rondando o prédio, por sorte conseguimos pegar os homens que estavam no carro, e eles acabaram entregando Paulo, mas não passava de uma armadilha, e dois dos nossos agentes foram mortos!— Ele falou, me mexi na cadeira me sentindo desconfortável— Paulo é muito esperto, cada plano dele está sendo bem estudado, e ele está atrás de você Milena, ainda não sabemos porque, se é pelo seu irmão, por você, você precisa me contar tudo, tudo o que sabe sobre ele, se ele lhe deu algum objeto, se lhe contou alguma coisa!

— Ele não me deu nada, e muito menos contou, eu mal falava com ele!

— Você precisa se lembrar, vai que ele falou algo pra você e você por ser nova não se lembra.— Falou.

— Exatamente, eu era uma criança, acha mesmo que eu iria me lembrar?— o encarei.

— Mas tente, preciso da sua ajuda!

— E o que eu ganho com isso?— perguntei sem entender.

— Segurança, você seu irmão e seu namorado estão seguros aqui, os mais bem treinados agentes estão dispostos a tomar conta de vocês!— falou.

— E eu achando que estava fazendo isso por ser meu pai...— falei me levantando da cadeira— Sou mesmo uma idiota!— ri.

— Milena...— Ele tentou falar mas eu o parei.

— Eu não sei nada sobre Paulo, eu não quero saber nada sobre ele, e eu agradeço a gentileza por cuidar da gente, mas eu sei me cuidar sozinha, fiz isso minha vida toda, sinto muito por não poder ajudar!— falei debochada.

— Milena você não sabe no que está por vir, Allan...— me olhou, e abaixou a cabeça, respirou fundo— Paulo é muito perigoso minha filha, ele é capaz de matar pra conseguir o que quer!

— Eu não tenho nada dele, a não ser o filho, mas se o que você diz for verdade…

— Você ainda duvida?— me encarou.

— Se o que você diz é verdade...— continuei— Ele não vai querer saber de Gabriel, ele estará muito ocupado com o tráfico dele!

— Como pode duvidar de mim ainda?

— Eu não conheço você, não sei se o que fala é verdade, Como vou saber se você é o lado certo? Não tenho nada que possa comprovar isso!

— Ele está falando a Verdade Milena!— A voz feminina falou atrás de mim, senti meu corpo todo tremer, meu estômago embrulhou, me senti zonza.

— Milena...— Escutei a voz de Lucas, lentamente me virei pra trás, senti meu corpo todo tremer ao vê-la ali.

— Mãe?— a voz mal saiu, me tremia inteira.