História Tá Gravando?! - Cap. 1 - Yuki e Kagura. Tá Gravando?

— E aí, Yuki? Já tá gravando?

A pergunta ecoa, porém a imagem ainda está preta, não dá pra ver quem está falando. Tudo o que sabemos, é que é uma voz feminina.

— Peraí que tem alguma coisa errada aqui.

Uma voz masculina responde.

— Shi, seu celular quebrou de novo?

— Quem quebra vinte celulares por mês é você!

E fica o silêncio, até a garota voltar a perguntar:

— Mas o que está acontecendo então?

— Eu não sei! Diz que já está gravando, mas a tela tá escura...

— Vê em configurações, se é alguma coisa que- pera, já está gravando?!

 Bem nessa hora, a imagem fica boa e podemos ver uma garota de uns onze anos, sentada em pernas de índio num sofá azulado e usando um conjunto moletom azul claro. Seus longos cabelos, rubros como o fogo, estão presos em um rabo de cavalo alto e firme, deixado bem à vista seus olhos castanhos-mel arregalados e a boca aberta em espanto.

— Consegui!

O garoto comemora, antes de entrar em nosso campo de visão para se juntar à garota no sofá. Ele usa uma camisa vermelha com magas pretas e um short cinza, além de um boné preto com o desenho de um trevo cobrindo seus cabelos estranhamente brancos. Quando ele se atira no sofá, podemos ver um pequeno sorriso triunfante em seu rosto, na companhia dos belos orbes turquesa.

— Dá pra apagar, não dá?! – Podemos perceber a aflição da garota. – Editar, sei lá!

Sem mudar nem um pouco sua expressão, o garoto volta-se para ela.

— Você sabe como fazer?

A menina então parece prestes a chorar e isso o faz suspirar, ajeitando o boné antes de dizer:

— Podemos fazer a apresentação.

— Sério?! – O choro passou na hora e os olhos mel dela chegam a brilhar.

— Sério... – Já ele, não parece tão animado.

— Então vamos lá: um... – Com o maior dos sorrisos, a menina começou a contar. – Dois, três...

— Oi, oi, gente!! – Ambos exclamam, gesticulando exageradamente com as mãos e se aproximando um pouco da câmera, dando sorrisos gigantescos.

Após isso, eles voltaram a ficar direito no sofá; a menina feliz da vida e o menino, envergonhado pela cena.

— Sejam bem-vindos ao primeiro vídeo do canal Tá Gravando?!

— E você fez jus ao nome falando isso no início do vídeo, olha só! – O garoto parecia mais bem humorado de repente. Talvez seja a emoção de gravar o primeiro vídeo.

— Pois é, né? – A alegria dela era evidente. – Bem, galera, nós dois resolvemos criar esse canal porque é o seguinte-

— Espera! – Ele a interrompe. – Antes de começar qualquer coisa, acho melhor a gente se apresentar, né? – Olhou para a câmera. – Oi, pessoas do Spirit, eu sou o Yuki e ela é a Kagura.

— Não é assim que se apresenta. – Kagura repreende, emburrando a cara. – Nós falaremos sobre isso mesmo então não faz sentido manter suspense! Vai, fala seu nome completo, vai!

— Eu além de tudo tenho que ir primeiro? – Yuki ergue uma sobrancelha, descrente, mas não é como se já não esperasse esse tipo de coisa vindo dela. Ao ver o bico que ela fazia, suspira, se rendendo. – Meu nome é Hitsugaya Yukimaru. Sim, sou filho de Hitsugaya Toushiro, capitão do 10° Esquadrão e blá, blá, blá... Mas sério, me chamem de Yuki mesmo.

— E também tem a tia Karin! – Kagura acrescentou, fazendo o albino sorrir.

— Com certeza! Minha mãe é a melhor, a mulher mais forte que eu conheço!

— Eu também amo minha mãe e meu pai! Ah! Falando nisso, se vocês estiverem assistindo, ó: - Ela manda um beijo pra câmera. – amo vocês demais.

— Nossos pais vendo essa coisa...? – Yuki sente um arrepio desagradável só de pensar, mas decide deixar isso de lado. – E quem são os pais dela, vocês se perguntam? – Ele segura o rosto da ruiva, deixando-a quieta para que o público analise seu rosto. – Bom, se ainda não deu pra notar pelo cabelo ruivo, pelas reações exageradas e pela cara de cachorrinho que ela faz há um minuto-

— Meu pai é Hanakari Jinta! – Kagura o interrompe, se soltando das mãos do garoto de tão agitava que ficou. – E minha mãe é Hanakari – ex-Kurosaki – Yuzu!

— Isso aí, nossas mães são irmãs. Gêmeas.

— O que faz de mim e do Yuki primos gêmeos! – Ela ergue os braços em animação.

— Isso existe?

— Se não existe eu inventei agora! – O sorriso da ruiva não sumia.

— ... Então tá, né?

E volta o silêncio.

— Do que a gente ia falar mesmo, antes das apresentações? – Pergunta Yuki.

— Hm... – Kagura pensou um pouco. – Ah! Do motivo do canal!

— Isso!

— Então.

Os dois se voltam para a câmera, olhares sérios. Quem começou foi o albino:

— Nós dois criamos esse canal por um motivo.

— Um. Único. Motivo.

— Preparados?

Ambos se aproximam da câmera, ficando uns segundos quietos para manter o suspense até que, juntos... declaram:

— Nossa família é louca.

E voltam a se sentar como estavam.

— O que? – Karuga questiona. – Vocês acham que isso é pouco?

— É porque eles ainda não conhecem, Karuga. – Yuki balança a cabeça, como se relevando a ignorância do público. – Vocês devem estar pensando “Ah, mas todas as famílias são meio estranhas, vocês estão exagerando”... Não!

— Nem chega perto de ser só isso.

— Porque a nossa família não é só louca e excêntrica, mas também bizarra! Uma prova e exemplo disso sou eu porque... fala sério, meu pai tá meio que morto.

— E o vovô também.

— Pois é, olha aí!

— E essas não são nossas únicas conexões com a Soul Society. Ou pra vocês que não estão familiarizados com a coisa: Mundo dos mortos.

— Exato, mas isso a gente vai mostrar aos poucos.

— E por que não começar agora?

— Oi? – Pela cara de Yuki, dá pra ver que isso não estava nos planos.

— É, afinal o vovô está aqui e foi com ele e com a vovó que a nossa família começou.

O albino ponderou um pouco e decidiu, até que não era má ideia.

— Tá bem.

Kagura abre um grande sorriso e se impulera no braço do sofá antes de chamar:

— Vovô!

Mas não houve resposta.

— Vô! – Yuki tentou. Mas de novo nada. – Ai, desculpa, gente, é a idade.

— Vocês entendem, né? Já tá velho... Mas a gente traz ele aqui. Yuki, me ajuda.

— Ô, VÔ!!

Outro grito ecoa do fundo da casa e logo passos rápidos são ouvidos, vindo na direção sala, acompanhados de gritos:

— Calma, crianças, o vovô tá indo!! Não se preocupem que eu vou defender voc... eeeeeeeh!

Isshin entrou em cena em grande estilo, escorregando em algo que estava largado no chão até tropeçar no tapete e cair de cara, bem na frente da câmera.

Dá pra piorar? Sim, dá sim, porque ao invés do rosto do velho patriarca dos Kurosaki, quem está nos dando um alô é a sua cueca amarela com estrelas vermelhas.

Kagura e Yuki apenas ficam olhando, meio chocados meio acostumados a uma cena daquelas.

— E essa, senhoras e senhores, é uma das mil razões porque achamos nossa família louca. – Declara a garota.

— Nós temos que aprender logo a editar os vídeos. – Yuki suspira, ainda perturbado pela cena do avô. – Urgente.

— Vovô, tá tudo bem? – Kagura já estava se preocupando pelo mais velho.

— Awn, Kagura-chan! – Isshin se levantou na mesma hora, finalmente tirando sua cueca do foco da lente. Ele olha para a neta como se visse um doce anjo caído do céu. Do mesmo modo que fazia - e ainda faz - com suas filhas. – Não se preocupe, meu docinho, vovô está bem. Mas e você? Eu te ouvi gritar! – Ele abriu os braços. – Venha com o vovô, ele te protegerá para sem-

POW!

— Já chega, velho. – Yuki socou a cara do avô antes que ele se aproximasse mais de sua prima.

— Yuki, isso é jeito de tratar o seu vovozinho querido? – O mais velho questiona com lágrimas nos olhos e uma mão cobrindo a bochecha atingida, recebendo em resposta apenas um revirar de olhos do garoto. – Oh, o que está acontecendo com você? Você era um garoto tão bonzinho e agora está pior que o ingrato do meu filho! E a Kagura-chan também não quis me dar um abraço! Masaki!!

— E lá se vai para o pôster. – Yuki revira os olhos.

— É um pôster enorme da nossa avó. – Explica Kagura. – Grande mesmo, vai do chão ao teto.

— E ele fala com o pôster.

— E isso não é recente, heim?

— Bom, gente, o nosso primeiro vídeo fica por aqui-

— Ahh, mas já? – Kagura protesta fazendo bico.

— Fala sério, Kagura, o vovô já deu pra estrear o canal.

A menina, ainda emburrada, acaba concordando. Ela logo precisaria ir para casa mesmo. Sem falar que não via a hora de postar o primeiro vídeo e ver se atraía publico.

— Então tá, a gente encerra por aqui mesmo. – Olha para a câmera e sorri. – Obrigada por assistirem!

— E aí? – Yuki fita a câmera e cruza os braços. – Ainda acham que nossa família não é estranha?

— Querem mais provas? Ou gostaram e querem ver mais dessas loucuras?

— Se gostaram, cliquem para favoritar.

— E deixem um comentário bem lindo para sabermos o que acharam! Vocês também podem dar dicas, fazer perguntas e até sugerir um membro da nossa família que vocês gostariam de ver aqui.

— Valeu por assistirem e fiquem ligados que logo, logo tem mais!

— Beijos, galerinha. - Repetindo o gesto de antes, Kagura manda um beijo para a câmera. - Tchau!