História Taehyung (manual do agricultor) - Quando a bexiga aperta

Meu nome é Taehyung. Jung Byun Taehyung. Ou só Taehyung mesmo.

Tenho recentes 16 anos, moro com o meu Omma, Byun Baekhyun – ou simplesmente o cara que consegue ficar extremamente sexy mesmo com uma barriga de 8 meses. É meio difícil acreditar que era eu ali dentro, comprimido entre tripas, fígado, rins e coração. Meu Omma sempre se emociona quando fala dos meses mais felizes – e terríveis – da vida dele; a minha gestação.

Ele também foi Omma na adolescência, eu brotei na barriga dele – com uma pequena grande ajuda do Appa Daehyun – quando ele tinha 19 anos. Eles não estavam nem um pouco preparados para cuidar de um – segundo eles – feijãozinho . Porque na primeira ultrassom foi exatamente isso que o Appa Dae viu. E vendo essa foto hoje eu tenho que concordar, era um feijãozinho mesmo.

Também tem as fotos do meu primeiro banho, e a primeira foto do Omma e do Appa comigo ainda dentro da sala de cirurgia - eu sou aquela coisinha enrugada e com cara de joelho ali. Eles sorriam tanto, com eyesmile e tudo.

Uma foto minha na banheira, todo arreganhado e com cara de choro – meu primeiro nuds. Que, inclusive, papai Baek fez questão de vazar no meu aniversário de 15 anos. Valeu pai.

Eles pareciam tão felizes.

Meus pais se casaram faltando 6 meses para o meu nascimento, por livre e espontânea pressão da família Byun. Nas fotos só aparece a família do Appa Dae, sempre sorrindo e festejando, e nenhuma da família Byun. Eu nunca tive um contato maior com os meus avós pela parte do Omma. E na verdade, eles nunca vieram me visitar ou coisa do tipo.

E tem outras fotos também, meus pais fizeram questão de registrar vários momentos constrangedores meus desde pequeno para usarem contra mim em futuros aniversários. Parecia que eles tinham adivinhado que isso ia virar moda algum dia.

As fotos do meu chá de bebê são as melhores. Eu tinha 7 meses lá dentro da barriga do Omma. Eles fizeram tudo numa temática meio fazenda. Os tios, amigos do Omma e do Appa, apareciam ao fundo vestidos com pijamas de bichinhos, papai Baek era uma vasinho de flor - vestido com uma jardineira jeans e um arco de plantinha na cabeça – e o Appa Dae era o fazendeiro.

Na foto o Appa regava a barriga do pai Baek com uma mamadeira, a barriga com “70% loading...” escrito com o batom vermelho da vó Jung. A cara que o pai Baek fazia era impagável, essa com certeza eu vou postar no aniversário dele.

Meus pais se divorciaram quando eu tinha 13 anos. Foi um divorcio amigável e eles optaram pela guarda compartilhada. Eu lembro que naquele dia o pai Baek chorou horrores. Eu até que levei bem essa coisa de divorcio e tals, mas senti falta de ver os dois juntos todos os dias de manhã, mas hoje entendo que eles não seriam felizes se continuassem juntos. Eles estão bem melhores como só amigos mesmo.

E isso me fez questionar se o amor tem data de validade.

Papai Baek conseguiu superar bem a separação, ele até encontrou um novo amor. Um tal de Park Chanyeol, o cara mais alto e com as maiores orelhas que eu já vi. A gente joga junto de vez em quando. Ah, ele se mudou para casa do Omma recentemente, ele é bem legal. Tem umas fotos dele no meu chá de bebê até. No final o tigre branco conseguiu o vasinho de flor – que estranhamente gerava um feijãozinho, vai entender né.

- Taehyung!?

Era a voz do pai Baek.

- Tô no quarto! – respondi, e não demorou muito para ele subir as escadas e me encontrar no quarto que ele divide com Chanyeol.

- Isso é saudade? – perguntou quando me viu deitado na cama rodeado de álbuns. Algumas fotografias soltas e os meus rabiscos infantis, Omma guardava todos numa pastinha especial.

- Omma, como faz pra voltar aí pra dentro?

O abracei pela cintura e encostei minha cabeça em seu ventre, se eu pudesse voltar e fazer tudo diferente...

- TaeTae... – riu afagando meus cabelos como quando eu me machucava e precisava de cafuné, ele sempre ficava comigo até eu dormir – O que aconteceu?

- Nada, só... Me deixa voltar, por favor... – resmunguei com meu rosto contra sua camisa, o apertando mais contra mim. Eu me sentia tão sensível que era bem capaz de eu chorar bem ali.

- E jogar fora todo o esforço que eu fiz pra te parir? Nem fodendo.

***

- Bebe mais essa. – Jimin me estendeu mais uma garrafa de água.

Eu tinha tomado praticamente um galão de água, minha bexiga estava a ponto de explodir.

- Se eu me molhar, a culpa é sua.

- Não é como se o bebê fosse sair no seu xixi, fica tranquilo.

Ele dizia dando mais um gole no refrigerante de uva dele. Tomara que engasgue.

Brincadeira.

Park Jimin – ou só Jimin, ou Jiminnie, ou Chim Chim, ou... – é meu melhor amigo desde... Desde quando mesmo? A gente cresceu praticamente junto. Estudamos juntos, até banho a gente toma junto, e, sinceramente, me pergunto até hoje o por quê da gente não namorar.

Estudamos de manhã e eu, como o melhor amigo que sou, o convenci a matar aula para fazermos o maldito teste de gravidez numa loja de conveniência de posto de gasolina, numa cidade perto da nossa. Tudo para não levantar suspeitas.

- Essa coisa tá com defeito. – resmunguei ajeitando a calça enquanto saía do banheiro da pequena loja de conveniência com o terceiro teste em mãos.

- Deixa eu ver. – Jimin pegou o teste e me aproximei pra ver o resultado.

O meu coração acelerava na mesma medida que aquela segunda listra azul cruzava a primeira, rápido demais para eu acompanhar.

Jimin suspirou.

- Três testes, três marcas diferentes... – disse quando o Park me abraçou fortemente contra si, encaixei minha cabeça na curva do seu pescoço e me permiti apenas sentir, já que pensar estava um pouco difícil no momento.

- Bom, pelo visto o problema não era com os testes. – ouvi o tiozinho do balcão dizer, tudo o que eu queria era dar um soco na cara de alguém naquele exato momento.

E eu tinha alguém em mente.

Jeon Jungkook, filho dos vizinhos da casa ao lado. Calouro, 14 anos de idade – quase 15 -, mentalidade de 6 e aparência de 17. Bonito demais para o meu próprio bem. Vocalista da banda e atual causa do feijãozinho que brotava dentro de mim.