Pedi licença para a minha mãe e ela se retirou, me deixando sozinha no quarto que era maior do quê o tamanho aparentava e mais barulhento do quê o silêncio me permitia ouvir.
Meu corpo todo estava suando frio, embora o cômodo fosse muito bem refrigerado. E eu sabia que isso não tinha nada a ver com o casamento em si. Lauren ainda não apareceu e isso estava me fazendo tremer e ter vontade de sair correndo até estar longe o suficiente para que a minha mãe não me encontrasse jamais.
Segurei a saia do vestido para que eu não me embolasse toda e fui até a porta. Quando a abri eu levei um susto, do outro lado, pronta para bater na porta estava Lauren. Eu tentei segurar o sorriso para mostrar que eu estava brava com a sua demora, mas ela estava tão linda que eu não consegui segurar.
Lauren estava com uma maquiagem bem pesada, diferente da minha. Seu cabelo estava preso em um coque, com alguns fios caindo estrategicamente. Seu batom era de um vermelho chamativo. E seu vestido com um decote que praticamente fazia os seus seios saltarem. O vestido verde tinha algumas pedrinhas brancas brilhantes. E o salto que ela estava usando era desnecessário já que só me fazia me sentir mais baixinha ainda.
— Gostou? Me arrumei toda só pra ver o Tyler tomar no cu. — Lauren falou animada e eu arregalei os olhos.
— LAUREN PELO AMOR, OLHA A BOCA! — exclamei e ela fez uma cara cínica.
— O quê? Quando eu xingo bem reclama, quando eu xingo mal reclama também. — dei um sorrisinho me lembrando do que ela se referia.
— Cabelo de farofa, né? — provoquei e ela me deu a língua. — Mas quer dizer que está aqui só pelo Tyler né? Não tem nada a ver comigo... — me fiz de emburrada e tentei bater a porta na cara dela, mas ela não deixou.
Soltei um gritinho agudo não muito alto e corri depressa para dentro do quarto. Lauren conseguiu me alcançar e me deu um abraço pela cintura me levantando e me girando enquanto nós duas sorriamos e eu jogava a minha cabeça para trás. Coloquei os meus braços ao redor do pescoço dela enquanto parávamos lentamente de rir.
— Você veio me salvar disso tudo? — perguntei em um tom bem baixinho enquanto colava as nossas testas e fechava meus olhos, roçando levemente o meu nariz no dela.
— Eu vim sim, Camila. Eu sempre vou vir por você. — ela disse com os braços ainda ao redor de minha cintura enquanto eu sorria ainda mais com suas palavras. — Eu nunca vou te deixar entendeu? — nesse momento eu abri meus olhos e ela estava me encarando como se quisesse que eu visse em seus olhos a veracidade de suas palavras.
— Entendi. — assenti e ela sorriu.
Ficamos abraçadas por um tempo, nenhuma das duas tomou a iniciativa que ambas sabíamos que desejávamos mais que tudo. Eu quase o fiz, mas então me contive.
— Não quero beijar você enquanto está noiva daquele lixo, primeiro vou acabar com ele, depois vou te levar pra bem longe daqui, e então eu vou te dar o seu primeiro e melhor beijo. — eu assenti sorrindo, eu realmente preferia ser totalmente dela antes de me entregar à ela.
— Baby boo? — usei o apelido que eu sei que ela adora e ela me olhou sorrindo, murmurando em sinal para que eu continuasse. — Eu preciso ir. — ela olhou o visor do celular e viu a hora.
— Eu também, preciso ir buscar Josephine no aeroporto. — a encarei arregalando os olhos.
— AGORA? Lauren você não pode! Você vai se atrasar e aí... eu vou... Lauren, não. — me desesperei e ela tentou me acalmar inutilmente.
Ela colocou as duas mãos em meu rosto me forçando a encará-la, o verde de seus olhos me acalmou e eu respirei fundo três vezes.
— Eu te disse que eu não vou me atrasar, eu te prometi isso. Você sabe que essas cerimônias demoram muito antes de finalmente chegar na parte que interessa. E outra, se eu não chegar é só dizer não ao invés do sim. Simples assim. É que o voo dela atrasou e ela só chegou agora. — Lauren beijou a minha testa e eu respirei fundo.
Descemos juntas até a entrada do prédio aonde haviam três carros. O de Lauren eu reconheci por ser extremamente bonito e caro. O que me levaria até a igreja, que também era muito bonito e o outro eu não soube de quem era até avistar Normani. Ela sorriu pra mim e acenou, eu e Normani havíamos ficado amigas, posso dizer assim, depois da conversa que Lauren teve com a mesma. Sorri me lembrando das palavras de Lauren.
Lauren entrou em seu carro e eu abri a porta do meu, antes que eu pudesse entrar completamente Lauren parou o seu carro ao meu lado e abaixou o vidro para poder falar comigo:
— A propósito, Camz. Você está linda, completamente deslumbrante. — eu sorri para ela. — Mas vai estar ainda mais quando for a nossa vez. — eu corei e Lauren subiu o vidro e saiu apressada me deixando para trás com uma expressão e um sorriso bobo que eu não consegui controlar.
— O que ela quis dizer com isso? — gelei ao ouvir a voz da minha mãe, eu não havia visto ela dentro do carro.
— Não diga que não entendeu, Sinu. — meu pai falou sarcástico e eu virei o rosto para disfarçar um risinho.
Minha mãe me encarou o caminho inteiro até a igreja, estava claramente aborrecida e zangada. Mas o olhar repreensivo de meu pai fazia com que ela se mantivesse calada. Eu estava engolindo em seco. Lauren tinha que chegar a tempo, ela tinha que chegar.
Como eu já disse, sou muito curiosa, e uma parte de mim estava quase roendo as unhas de ansiedade para saber o que aconteceu com a tal Josephine. Lauren, Normani e Dinah se negaram a me dizer, e aparentemente pelo que eu entendi, até Ally sabia o que havia acontecido.
Quando chegamos na igreja Ally me esperava do lado de fora, andando impacientemente de um lado para o outro. Desci e logo fui correndo abraça-la. A minha anãzinha estava linda, com um vestido dourado que ia até a metade das suas coxas e um salto preto. Com uma maquiagem leve igual a minha e um batom não muito forte. Seu cabelo preso em uma trança embutida de lado.
— Sabe, Camila. Eu nunca fui com a cara de Lauren. Nós nos conhecemos há um bom tempo, entende? E eu nunca confiei nela. Eu a achava muito imatura pra estar em um relacionamento. Mas o que ela está fazendo para ficar com você? Eu tenho que admitir que isso é lindo. Talvez o problema fosse outro, talvez ela não amasse Jose o tanto que Jose a amava, talvez ela só esteja amando agora, você. Eu realmente acho, desejo e espero que vocês sejam muito felizes. — Ally falou aquilo tudo baixinho para que minha mãe não escutasse e eu assenti, com lágrimas nos olhos.
— Ela disse que sempre viria por mim, Ally. —eu falei sorrindo boba, eu fico assim ultimamente quando o assunto é Lauren.
Respirei fundo me preparando e contando mentalmente para entrar naquela igreja. Meu pai veio para o meu lado e minha mãe entrou para assistir a minha entrada.
— Pela primeira vez eu realmente acredito nela, Camz. Ela te ama de verdade. E o Tyler não te merece, com certeza. Ele só quer se vingar porque uma vez Lauren tirou o que ele achava que era dele e agora ele quer fazer o mesmo com ela. — Ally me falou e eu assenti.
— Mas, é diferente. Lauren não precisa achar que eu sou dela, porque eu sou. Completamente dela, mesmo antes de saber disso. — respondi com o mesmo sorriso que Ally estava dirigindo à mim.
— Olha, não vou mentir, é bom saber disso. Porque deu um trabalhão pra ajudar a folha de papel. — voz de Dinah me assustou e eu corei com o que eu havia dito agora a pouco. — Ai que fofa você. — Dinah sorriu para mim me abraçando. Normani apareceu logo atrás, apreensiva. Quando me viu tentou disfarçar.
— O que foi, Normani? — perguntei nervosa, queria saber o que estava havendo, é da minha vida que estamos falando aqui.
— Nada, Camila. — a encarei com cara de quem não ia desistir, ela suspirou derrotada. — Os policiais que Lauren chamou não chegaram ainda, pro Tyler sair preso daqui eles tem que ver o depoimento da Ally e da Josephine. — arregalei meus olhos assustada.
— NINGUÉM CONSEGUE CHEGAR NA HORA NA PORCARIA DESSE CASAMENTO? ATÉ EU QUE SOU A NOIVA ESTOU AQUI E QUEM DEVERIA NÃO.— gritei estressada assustando todos, meu pai ainda estava confuso, mas se virou pra mim.
— Que história é essa de prender o Tyler, Camila?— meu pai estava mais confuso do que me dando bronca, mas ainda assim eu me assustei por ter falado demais.— O que ele fez?— meu pai perguntou para mim e eu dei de ombros.
— Eu não sei, elas não me contam.— apontei para as meninas e meu pai as encarou.
Normani e Dinah puxaram o meu pai para uma canto e ficaram conversando com ele por uns três minutos, quando voltou meu pai estava branco como Lauren, mas tentava disfarçar.
— Nós só não queremos te assustar no dia de seu casamento, Camila. Você vai ficar bem.— Ally me garantiu se pronunciando pela primeira vez desde a chegada de Normani e Dinah e eu revirei os olhos, eu não tinha escolha mesmo. Elas não me contariam, então eu teria que esperar Lauren chegar.
Se ela chegasse. Balancei a cabeça afastando esses pensamentos, ela iria chegar, ela me prometeu isso.
Se promessas não fossem quebradas elas nem precisariam existir, em primeiro lugar. Meu subconsciente tratou de me deixar nervosa novamente.
Mas não hoje, hoje não. Hoje eu seria de Lauren e ela seria minha. Nada podia dar errado hoje. Por isso eu respirei fundo e segurei com força no braço do meu pai enquanto as meninas entravam na igreja e mandavam a pequena orquestra tocar a marcha nupcial.
— Você está linda, minha filha. Vai precisar se esforçar pra ficar ainda mais bonita no seu casamento com Lauren, como ela disse.— o olhei sorrindo. — Mas com certeza não irá precisar se esforçar para ficar mais feliz. — eu assenti tristonha e ele beijou o topo de minha cabeça.
Sofia apareceu na minha frente saltitando e eu a encarei subitamente animada. Ela sorriu sapeca para mim com uma cestinha com rosas na mão. Ela é a daminha de honra mais linda que eu já vi.
— Aonde a senhorita estava, Sofia Cabello? — ela sorriu para mim, mostrando os dentinhos.
— Brincando.— ela continuava sorrindo sapeca, até que a música começou.
Um pajem que eu sinceramente não conhecia se aproximou da minha irmã. Sofia sabia direitinho o que fazer, por isso ela parou de brincar comigo e foi andando em minha frente. Quando entrou na enorme igreja começou a jogar as pétalas de rosa para cima. Forcei o meu melhor sorriso e andei junto com o meu pai, logo eu via todas as pessoas na igreja sorrindo para mim. E eu tentei sorrir de volta, conseguindo em alguns casos e outros não.
Até que eu avistei Ally, Dinah e Normani, isso me fez sorrir de verdade pois me lembrou que Lauren estava vindo.
O sol ainda estava se pondo, mas a igreja já estava muito bem iluminada. Minha mãe insistiu que o casamento fosse no fim da tarde, pois, segundo ela, casamento não deve entrar noite adentro. Eu concordei com ela, casamento ao fim de tarde é lindo, mas eu queria muito que fosse ao ar livre. E é claro que eu não pude escolher, assim como nada nesse maldito casamento.
A marcha parou de tocar assim que eu cheguei ao altar e meu pai me entregou à Tyler, -de muita má vontade, diga-se de passagem-, e me deu um beijo na testa. Tyler sorriu para mim e ao ver a expressão de minha mãe eu sorri também. Ele deu um beijo na minha bochecha e nos viramos para o padre.
— Irmãos e irmãs, estamos todos aqui hoje reunidos para celebrar a união entre Tyler John Garret e Karla Camila Cabello Estrabão. — o padre deu início à cerimônia e eu senti um aperto na minha barriga, pois Lauren não havia chegado ainda. — Chamo aqui a mãe da noiva para a primeira leitura.
Minha mãe se levantou sorrindo orgulhosa. Todos na igreja se sentaram. Minha mãe foi até a bíblia posta estrategicamente e pegou um microfone, pronta para ler a passagem que eu escolhi. A mais bonita da bíblia na minha opinião. Pelo menos isso me deixaram escolher, hm?
— Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor. — minha mãe finalizou e eu e Tyler levantamos a cabeça, eu sorri, mesmo que não fosse para Tyler. Eu sorri porque aquilo sim era amor, independente de gênero, ou crença, ou etnia. Amor é puro, e Tyler estava longe de conhecer o amor.
Eu tenho fé em Lauren e que ela não irá me abandonar. Esperança que ela consiga colocar Tyler atrás das grades. E sinto amor, amor por ela, de uma forma simples. Pois Lauren me salvou quando eu nem sabia que estava perdida, quando eu nem sabia que precisava de salvação. E ela não desistiu quando eu relutei. Ela lutou contra a minha ideologia, e a derrotou.
— Ambos estão aqui de livre e espontânea vontade?— se eu tive vontade de negar? Claro. Mas eu não o fiz.— Pretender ser fiéis ao votos do matrimônio?— essa foi a vez de Tyler considerar, mas assentimos novamente.
Depois disso eu me desliguei, raiva era pouco pro que eu estava sentindo por Lauren no momento. Ela me prometeu que estaria aqui. Me prometeu...
Eu sempre tive esse dom de me perder em pensamentos enquanto pareço interessada para todos os que me observam. Eu estava vagando em meus pensamentos até que eu ouvi a maldita pergunta:
— E você Karla Camila Cabello? Aceita Tyler John Garret como seu legítimo esposo?— minha boca secou e eu não consegui dizer nada.
Eu nem precisei, pois quando o padre abriu a boca para perguntar de novo as portas da igreja se abriram.
Ela sorriu de lado e caminhou até a metade do corredor coberto de pétalas. Meus olhos se iluminaram e mesmo muito assustada e com raiva eu senti um alívio reconfortante no peito ao ver que ela não quebrara sua promessa.
— Eu sinto muito, seu padre. Mas ela não aceita não.— Lauren falou e os Garret e minha mãe se levantaram furiosos para ir até ela, mas todos pararam ao que viram três policiais fardados entrarem na igreja e atrás deles um delegado.
Logo atrás do delegado entrou uma garota cabisbaixa. Ela tinha a altura de Dinah e a pele da cor da de Lauren. Seus cabelos loiros cortados na altura dos ombros e usava óculos escuros redondos. Sua calça jeans continha alguns rasgos e era bem colada às suas belas pernas. Jesus! Ela parecia uma modelo. Sua blusa não era nada adequada para uma igreja pois mostrava a sua barriga e cobria somente os seus seios, se podemos dizer isso já que tinha um grande decote e eu conseguia ver seu sutiã inteiro.
Ela tirou os óculos e eu pude ver seus belos olhos azuis sorrindo ironicamente para Tyler Ele não havia reconhecido ela, até que ela ficou ao lado de Lauren e ele pôde ver mais de perto.
— Jose?— seu tom não era surpreso ou assustado e sim... apaixonado (?).
— Oi, Garret. Tudo bem?— Tyler se afastou mais de mim e colocou as mãos na boca, tinha lágrimas nos olhos.
— Eu sinto muito, Jose. Eu me arrependo tanto.— seus pais pareciam confusos e a essa altura Tyler já estava quase chorando.
— Não se arrepende, não.— ela falou com nojo, seu sotaque era estrangeiro o que me dizia que ela morou aqui, mas não foi criada. Acho que ela é da Noruega, ou Suécia. Algum desses países que qualquer um gostaria de ter nascido. Dinamarca. ISSO. Dinamarca.
Ao ouvir as palavras dela Tyler parou de tremer e tirou as mãos do rosto, levantando a cabeça e encarando a garota. Ele limpou as lágrimas e sorriu. Sorriu não, ele gargalhou bem alto para toda a igreja ouvir.
— Tem razão, não me arrependo de nada.— Lauren teve que segurar a loira que tentou correr para pegar Tyler, raivosa.— Aliás, nós podíamos repetir qualquer dia desses.— ele tinha um tom cínico e aquilo irritou até a mim que não sabia do que se tratava.
— Nós até podíamos, mas você só vai sair daqui preso.— ela se recompôs e Lauren a soltou, sei que esse não é o momento, mas eu agradeci por aquilo. Foi a vez dela de sorrir sarcástica para ele.
— Vai me prender? Como? Sem provas?— Tyler estava confiante, mas nem Lauren e nem Josephine se abalaram.
— Ela tem mais do que isso, ela tem uma testemunha.— todos os olhares se viraram para a baixinha, Allyson estava de pé e encarava Tyler, até seu olhar se desviar para a estrangeira que sorriu para ela e abriu os braços.
Juro que eu tentei evitar aquela coceirinha atrás da orelha quando Ally saiu correndo para ela e a abraçou, sorrindo. Tirando isso era até engraçado, as duas. Ally não chegava nem ao peito da outra, que tinha que se curvar para abraça-la melhor.
— E as provas, Garret? Você marcou elas em mim, se lembra disso?— pela primeira vez eu vi Tyler vacilar em toda a sua confiança. E então ela andou até o altar onde Tyler e eu estávamos e parou na frente dele. — Se lembra que você me humilhou junto com os seus amiguinhos? Que você e seus cinco cachorrinhos me fizeram tirar na sorte o que cada um ia fazer comigo? Você se lembra Tyler, que você acendeu um isqueiro e mandou um deles aquecer a faca e riscar uma cruz nas minhas costas? VOCÊ SE LEMBRA?— ela gritou chorando e ele assentiu, calmo.
— Como eu poderia esquecer? Foi o melhor dia da minha vida. — eu cobri a minha boca com as mãos assustada com o sadismo dele, ele nem sequer tentava negar. Até a mãe de Tyler estava assustada. Ele ficou totalmente ereto e ergueu a cabeça, sorrindo. Colocou as duas mãos no bolso da calça.
— Eu passei três meses sem conseguir sair do meu quarto nem pra ir beber água. Você me queimou o quanto quis, somente pra me ver gritar, Tyler você não merece nem colocar os pés em uma igreja. Você literalmente me torturou por três incansáveis horas. Ah e não pense que eu esqueci das fotos que você tirou. Tudo isso por que eu preferi uma garota à você? Meu Deus, quem não preferiria? Sua atual noiva prefere com certeza.— ela me olhou sorrindo e eu corei olhando pra Lauren.— Lauren, vai.— ela falou e Lauren estendeu a mão pra mim.
Levantei a barra do vestido e corri até chegar em Lauren. Eu não sei se eu poderia prever ou não, o ato de Lauren me assustou de início, mas eu não me afastaria de jeito nenhum. Se eles se incomodassem, eles que fechassem os olhos.
Lauren havia me beijado, sua mão na minha cintura a minha em seu rosto. Eu conseguia escutar todos os burburinhos ao meu redor, mas nada me importava além da boca de Lauren na minha. Ela pediu passagem e eu cedi, deixei que a língua dela passeasse cada canto inexplorado da minha boca.
Beijar Lauren é mais do que o paraíso, eu diria que é algo ainda melhor se possível. Eu sentia um milhão de estrelas se alinhando para me mostrar o caminho, e o meu caminho é, e sempre foi, a garota satânica de olhos verdes.
Desde o dia em que o padre morreu e eu descobri que religião é mais do que igreja. E que eu entendi que fogo e gelo podem se combinar. Desde quando eu me libertei e tive uma noite de auto descobertas. Desde que eu me despedi da minha baby boo. Quando eu entendi que Lauren é o anjo dos meus sonhos e eu conheci o meu "futuro" marido e quem ele realmente é. Desde que o jantar foi por água a baixo e eu escutei histórias. Bem-me-quer ou malmequer, eu não dou a mínima, porque garotas gostam de garotas e eu estou sentindo falta de Lauren há tempo demais e isso dói. Já que ela é meu atlas, meu caminho, meu mapa.
Eu era uma noiva em fuga, e meu príncipe é uma princesa, mas ela é igualmente encantada. Nos separamos sorrindo e eu encarei os olhos verdes de Lauren. Ela entrelaçou as nossas mãos e me puxou para fora da igreja. Mas eu escutei a voz da minha mãe e parei:
— Se você sair dessa igreja com essa garota você não é mais a minha filha. Fale com ela, Alejandro.— meu pai andou até mim e eu soltei a mão de Lauren para poder abraça-lo.
— Se você ficar, você não é mais a minha filha.— meus olhos brilharam para meu pai que sorriu para mim.— Vá, Camila. E seja feliz. Sem medo, porque sempre que você precisar eu vou estar aqui.— ele beijou a minha testa e olhou para Lauren.— Cuide muito bem dela.— Lauren assentiu sorrindo e me ofereceu sua mão.
Encarei a minha mãe por um momento e uma lágrima caiu de meus olhos. Eu não podia desistir da minha felicidade por ela e eu sabia, mas doía tanto deixar ela. Por isso eu fiz o que fiz.
Arranquei o meu anel de noivado e tirei o véu da minha cabeça. Tirei o cordão que minha mãe havia me dado quando eu tinha dez anos e entreguei para meu pai. Sequei as lágrimas e disse:
— Sinto muito, mama, mas eu não vou ficar como você. Eu preciso ser feliz, e é ao lado de Lauren. — aceitei a mão estendida de Lauren e saímos da igreja enquanto os policiais prendiam Tyler e o encaminhavam algemado para o carro.
Lauren me abraçou pela cintura quando Tyler nos olhou com nojo e ódio. Me encolhi um pouco ao ver seus olhos negros ardendo em ódio.
— Sejam bastante felizes, Camren. — Jose apareceu e sorriu para nós duas.— Eu preciso ir pra delegacia dar o meu depoimento oficial, então... Obrigada, Lauren. Por tudo. Eu precisava entregar o Tyler, talvez agora eu possa dormir de noite.— sorriu para Lauren que retribuiu, elas deram as mãos em um cumprimento e a loira se virou para acompanhar os policiais.
— A surpresa está prontinha, Lauren. Vai lá.— agora era Normani quem falava, Lauren sorriu de orelha a orelha e pegou um pano na mão de Dinah.
— Camila, entra no carro e põe isso.— me entregou a venda e eu a obedeci mesmo não entendendo nada.
* * *
Lauren estava me arrastando há vários minutos até que paramos e ela chamou um elevador, sei disso pois é daqueles que faz um barulhinho irritante quando chega. Ela me fez entrar e apertou outro botão, aproveitou e roubou um selinho, me fazendo rir. As mãos de Lauren só saíram da minha cintura quando ela precisou dirigir. Eu não estou reclamando, pelo contrário, estou adorando o abraço dela.
O lugar aonde Lauren estava me levando deve ser bem alto, digo isso pois estamos há bastante tempo subindo. Finalmente o elevador para e Lauren volta à me puxar indicando a direção. Ela para um momento e pega uma chave, abrindo uma porta.
Logo nós entramos em um lugar que a pesar do cheiro forte de tinta tem um cheiro bom de flores. Isso me fez sorrir.
— Aonde nós estamos, Lauren?— eu não segurei a minha curiosidade e perguntei, mordendo os lábios em seguida.
Ela tirou a venda dos meus olhos e eu vi um apartamento muito grande e igualmente bonito, tinha muito preto e branco, mas alguns detalhes em azul ou verde se destacando. Tinha umas flores na varanda e uma sala espaçosa e confortável. Eu amei simplesmente tudo naquele lugar. E mesmo assim me assustei com o que Lauren disse:
— É a sua nova casa, e se você quiser, depois do Ensino Médio eu venho morar com você.— eu conseguia sentir o enorme sorriso em seu rosto mesmo sem vê-lo.
Eu quero, Lauren. É claro que eu quero.
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