História Take My Hand - Relief

Reyna’s P.O.V

Eu corri o máximo que pude até chegar á um corredor vazio. Minha mão que segurava o celular tremia tanto que eu não sabia como ainda não o tinha derrubado. O pânico estava tomando conta de mim lentamente. E quando finalmente pude parar, bati com as costas em uma parede e respirei, encarando a tela do celular. Se as noticias fossem tão más quanto eu imaginava, talvez fosse melhor adiar ao máximo. Mas não, eu não conseguiria.

Olhei mais alguns segundos para a foto de minha mãe na tela do celular. Ela tinha um raro e conservador sorriso, envergonhada pela câmera em seu rosto, mas mesmo assim parecia feliz e mais jovem. Ela não tinha uma aparência assim, mas nesse dia, seu aniversário, nós estávamos reunidas como uma família de verdade, e estávamos todas exuberantes de felicidade.

-Mãe?- Minha voz saiu tão tremula que eu temi que ela não tivesse me ouvido. E então seus soluços preencheram o silencio e ela chorava em meu ouvido, provavelmente não querendo dar as noticias. E então eu comecei a chorar também. Foi mais forte que eu.

Deixei meu corpo escorregar pela parede até o chão, me engasgando com o peso das lagrimas e do meu coração afundando no peito. Pude ouvir alguém correndo em minha direção e eu supus que fosse Nico. Mas não parei de chorar e larguei o celular no chão.

Nico se abaixou na minha frente, com meu rosto baixo pude vê-lo pegar meu celular do chão.

-Alo? Belona?- Ele perguntou- O que? Ok eu entendo, a Reyna está bem, não se preocupe. A senhora não está em condições de falar, pode passar para o Will?

O encarei e o vi me lançar um olhar de calma e apertar minha mão.

-Oi, Will, sim, ela está bem? Ótimo, obrigado- Ele ficou ouvindo mais um pouco das palavras de Will e por algum motivo eu estava com expectativas por sua calma e quase sorriso no rosto. E então ele finalmente desligou.

-Não chore principessa, a sua irmã está viva- Ele apertou minha mão e eu quase gritei ao me jogar nele para um abraço, chorando mais que antes, mas dessa vez de alivio. -Ela reagiu e ficou acordada por algum tempo, mas pelo visto ainda não está bem recuperada. O importante é que o perigo maior já passou. Ela vai ficar bem.

-Eu não acredito- Falei, chorando na gola de sua camiseta. O sentimento era tão bom, tão bom mesmo, só de saber que eu não iria perder minha irmã.

Nico me apertou e eu pude senti-lo sorrir. Minha vontade era sorrir junto, mas meu estado emocional anda não estava funcionando direito.

-Ela vai ficar bem, Rey, sua irmã já saiu da pior- Ele murmurou e eu chorei mais. Chorei de alivio, chorei de felicidade, chorei por toda dor que senti durante todo esse tempo. Finalmente as coisas boas tinham começado.

-Você sabe, nós temos que voltar, nós já perdemos metade da primeira aula e nossas coisas ainda estão na sala, sua mãe não quer que você perca mais aula- Ele disse subindo e descendo as mãos pelas minhas costas. Claro, nós não poderíamos continuar sentados no chão do corredor pra sempre.

-Eu sei, mas preciso lavar o rosto, tomar alguma coisa e me recompor, não vou voltar pra primeira aula- Falei, suspirando.

-Vamos Rey, eu te levo para o hospital depois, mas você te que voltar pras aulas- Ele pediu e eu assenti.

-Volta pra primeira, a professora te adora e você pode se explicar, eu vou me ajeitar e te encontro na segunda aula, você pode pegar meus livros na mesa?- Pedi e ele hesitou um pouco, mas assentiu.

-Você pode me ligar e me mandar mensagem á qualquer hora, eu venho se você precisar- Ele disse, colocando meu celular em meu bolso novamente.

-Tudo bem, não preocupe Nico, eu vou ficar bem- Falei e ele sorriu, se levantando e me ajudando á me levantar.

-Vamos, eu te acompanho até o...

-Não! Eu consigo chegar sozinha até o banheiro, vá pra aula logo Di Angelo- Revirei meus olhos para meu namorado exagerado. Eu ainda tinha um pouco de orgulho guardado, mesmo depois de tudo que aconteceu, de eu ter precisado dele mais do que esperava. Mais do que eu queria precisar.

-Tudo bem, mas tente não ficar em perigo no caminho- Ele riu e me deu um beijo antes de sair correndo. Revirei os olhos por sua infantilidade e segui para o banheiro.

Meu reflexo no espelho parecia um fantasma de mim mesma. Meus olhos estavam vermelhos, decorados com olheiras arroxeadas e minha pele estava pálida. Eu já estava me sentindo exausta. Mas tão aliviada, que nada daquilo importava. Afinal, a tensão em meus ombros tinha se aliviado visivelmente.

Enxaguei o rosto e respirei fundo, e me virei pra sair do banheiro, e acabei quase dando um grito de surpresa por ver Octavian parado ali na porta.

-Você tá maluco garoto? O que está fazendo aqui?- Perguntei o encarando com uma posição autoritária.

-As noticias correm, Reyna. Bom te ver, se salvou dessa hein- Octavian riu andando pra dentro do banheiro. Não me movi, não tinha medo dele. Já passei por coisa pior.

-Infelizmente para você Octavian. E eu não morri graças á minha enorme habilidade de chutar traseiros, se eu fosse você não me desafiaria- Falei e ele quase vacilou, mas não faria isso na minha frente.

-Então você está namorando o Di Angelo, huh?- Ele perguntou e fui pega de surpresa.

-Como sabe?- Perguntei, cheia de suspeitas.

- Como eu disse, as noticias voam nesse colégio- Ele sorriu novamente. Na verdade, não sei se era correto chamar aquilo na cara de Octavian de sorriso. Seus lábios se repuxavam pra cima, mas ele não parecia hábil á sorrir verdadeiramente, como se não soubesse como o fazer. Provavelmente não sabe.

- Tudo bem, agora se eu fosse você saia logo daqui, o sinal já vai tocar, e as garotas sempre passam pelo banheiro no caminho – Falei e ele deu mais passos pra frente.

-Eu acho que você ainda sente algo por mim, Reyna, não tem motivos pra ter tanta raiva assim- Ele riu e foi chegando mais perto. O parei com a mão.

-Em primeiro lugar, eu sinto nojo e desprezo por você. Segundo, você é uma pessoa terrível, por isso tanto ódio. Terceiro, se você der mais um passo á frente eu te jogo no chão e faço questão de te fazer perder pelo menos um dente, e ganhar um olho roxo. E ai você não vai se sentir tão bonito assim, não é Octavian?

-Não precisa de violência Reyna querida, já estou de saída, mas quando você cansar daquele riquinho gótico que não é metade do que eu sou você sabe onde me encontrar.

Eu não sei se foi o fato de eu já estar á flor da pele, de ter passado por muitos problemas durantes esse tempo, ou talvez tenha sido o fato de eu já ter raiva do Octavian ou por ele ter ofendido o Nico. Mas a única coisa que eu sei é que eu soquei minha mão na cara dele. Puxei o braço pra trás e desferi um soco com muita força no meio de seu rosto. Meus nós dos dedos até doeram, mas valeu á pena quando ele apertou o nariz com os olhos arregalados. Ele estava furioso.

-Você tá maluca, Reyna?- A fúria em sua voz era evidente, ele deu outro passo pra frente e então a porta do banheiro se abriu. Algumas alunas entraram e pararam, olhando confusas para o que estava acontecendo.

-Eu vou precisar chamar alguém, ou o moço ai já está de saída?- Uma delas perguntou e eu me senti grata.

-Você vai ver só- Ele olhou pra mim, antes de passar pelas garotas com uma cara feia.

-Tudo bem?- A mesma garota perguntou e eu apenas assenti.

-Sim, obrigado- Falei e ela apenas sorriu. Sai do banheiro e esbarrei em alguém.

-Ei, ei Reyna tudo bem?- Olhei pra pessoa e vi que era Annabeth.

-Annie, a Hylla acordou- Falei, e ela sorriu surpresa. Eu resolvi ignorar os últimos acontecimentos no banheiro e focar apenas nas coisas importantes. Ter minha irmã novamente estava no topo de coisas importante.

-Ah deuses, que ótimo Rey!- Ela me abraçou e eu sorri aliviada.

-Se você precisar, eu vou com você lá depois da aula- Ela disse e eu neguei.

-Nico vai comigo- Falei e ela deu um sorriso malicioso.

-Vocês estão grudados, que bonitinhos. -Ela brincou, apertando minhas bochechas e eu dei um tapa em sua mão, deixando com uma expressão ofendida- Ei!

-Claro que estamos. Nós estamos namorando- Sorri de lado por sua cara de espanto.

-Sério? Como você não me conta isso? Reyna!- Ela disse irritada.

-Eles estão namorando desde sexta-feira!- Bianca saiu de um lugar que eu desconheço, ao lado de Thalia.

-E por que você sabe e eu não?- Annabeth perguntou com uma sobrancelha arqueada em minha direção.

-Definitivamente não fui eu a portadora da noticia- Ri olhando pra Bianca e ela me abraçou.

-Ela é minha cunhada agora, claro que meu irmãozinho iria me contar- Ela mostrou a língua pra Annabeth.

-Minha irmã acordou- Contei e ela e Thalia sorriram.

-Nós já sabemos, acho que o Nico gosta mesmo de reportar noticias sobre você, quem sabe ele não cria um fã club pra namoradinha dele?- Thalia revirou os olhos.

-Thalia, minha querida Thalia Grace, essa sua fachada frozen não nos engana, e eu sei bem que você e o Travis andaram presos no vestiário nas aulas de ginástica, e não precisa ser um gênio pra saber o que você fizeram lá- Foi a vez de Selena aparecer, ela sorriu e me abraçou- Eu estou feliz por sua irmã e por vocês. Você já mudou totalmente de aparência desde que chegou hoje cedo, está mais iluminada.

-Isso se chama alivio- Falei, e senti o “alivio” queimar minha garganta de novo e uma vontade de chorar. Talvez eu estivesse muito bipolar. Muitas emoções pra lidar em um único dia.

-Eu acabei de ver o Octavian com o nariz inchado- Piper disse de seu posto ao lado de Silena.

-A culpa inteiramente dele- Me defendi- E agora eu tenho que ir pra aula, beijinhos pra vocês.

-Pera, Rey- Silena chamou e eu olhei pra ela.

-Nico está louco esperando você na sala, então é melhor você correr- Ela riu e eu comecei a andar. Qual o sentindo dela me parar pra me mandar correr? Não importa. O que importa é que as coisas vão voltar ao normal. Ou muito melhor que o normal. Assim espero.