Reyna’s P.O.V
- Aliviada agora? – Nico me perguntou, e eu não pude evitar dar um sorriso maldoso.
- Ah se eu estou, vai ser um orgulho vê-los apodrecer na prisão. – Falei, tomando um gole do meu Milk Shake de morango.
- Impressionante a polícia ter encontrado eles, não achei que fossem prendê-los tão cedo. – Nico disse, colocando uma batatinha na boca.
- Nem eu. – Assumi. E sim, nós tínhamos ido ao Mcdonalds comemorar a prisão de Robert e Lane. A polícia os pegou duas semanas depois de Hylla ter acordado, e eu fui reconhecê-los. Foi um alívio saber que eu não corria mais riscos, os dois seriam presos por sequestro e tentativa de homicídio, e mais diversos assaltos.
- Você acha que eles vão passar um bom tempo presos? – Nico perguntou.
- Provavelmente, não acho que vão escapar de tantos crimes. – Dei de ombros. Eu esperava isso, chega de pesadelos para minha família.
- Temos que levar as crianças para passear. – Falei, mudando de assunto, e Nico sorriu.
- Nós não os tiramos de casa faz dias, já está na hora de dar atenção para os dois. – Ele disse e eu assenti.
- Aurum e Argentum já estão enormes, não entendo como cresceram tanto em pouco tempo. – Falei, abismada e Nico riu da minha cara.
- Parece que você está falando de crianças de verdade. – Ele observou.
- Eles são meus filhos, mesmo sendo labradores. – Falei e ele revirou os olhos.
- Eu sei que são. Agora nós temos que ir, sua mãe te quer em casa até as sete – Nico jogou o lixo de nossas bandejas fora, e nós seguimos para o carro, Nico me forçando a colocar o cinto de segurança. Ele estava literalmente parecendo a minha mãe, acho que depois de tudo isso ambos pegaram algum trauma com a minha segurança. Não os culpo, eu mesma às vezes me sentia mal me lembrando do que passei naquele quartinho escuro, e as cicatrizes em meus dedos não me deixavam esquecer-me da dor que passei pra me libertar.
- Nos vemos amanhã? – Perguntei quando ele estacionou em frente a minha casa.
- Ah, sobre isso... Eu... – Ele deixou a frase no ar, e temi que ele fosse dizer que já tinha compromisso esse sábado.
- O que? – Perguntei confusa. Claro que ele podia ter outros compromissos, não sou a vida toda dele, mas seria legal fazer um piquenique no parque e levar os cachorros para passear um pouco.
- Eu estive conversando com a minha avó esses dias, queria lhe fazer uma visita amanhã, e, bom, achei que você... Que você pudesse ir comigo, ela iria adorar te conhecer. – Ele murmurou e eu sorri.
- Você tem certeza? – Perguntei, só pra garantir.
- Tenho. – Ele disse firme.
- Então por mim está ótimo! – Falei e ele me beijou, dando um sorriso logo em seguida.
- Minha avó é uma excelente cozinheira, você vai adorar a comida dela, acredite, ela capricha quando tem convidados especiais. – Ele riu.
- Você podia ter dito antes, eu nem teria hesitado em aceitar. – Ri enquanto ele dava um peteleco em meu nariz.
- Você só pensa em comer! – Ele disse.
- É talvez – Dei de ombros, e depois sorri maliciosa. – Falando nisso, amanhã você podia dormir aqui...
- Você é inacreditável. – Ele gargalhou.
- Ah, tudo bem, se você quer dispensar a oferta. – Falei e comecei a sair do carro, ele me puxou e me beijou de novo.
- Nunca. Vou até deixar uma mochila no carro. – Ele sorriu e eu gargalhei.
- Agora eu tenho que ir, boa noite amor. – Lhe beijei uma última vez, antes de entrar pra casa.
Minha mãe e Hylla estavam na sala, Hylla ainda estava em repouso, ela iria voltar na próxima segunda ás aulas. Ela já estava fazendo recuperações de matérias em casa, mas a Universidade não pegaria muito leve com ela.
- Oi. – Me sentei na poltrona, olhando as duas estavam vendo algum filme de romance bobo.
- Oi filha, como foi o passeio? – Minha mãe perguntou sorridente, ela adorava o Nico e se empolgava por mim até se fossemos apenas na padaria.
- Normal mãe, nós só fomos ao Mcdonalds. – Revirei os olhos para o sorriso malicioso de Hylla.
- Assim nós esperamos, não é mamãe? – Hylla deu risada e minha mãe lhe deu um tapa no braço.
- Pare de falar essas coisas pra sua irmã, Hylla, que falta de bom senso. – Mamãe a repreendeu, mas Hylla apenas riu mais um pouco.
- Eu vou deixar vocês aqui, pelo amor de Deus. – Revirei os olhos, começando a subir para o meu quarto.
- Ei mana, volte pra ver um filme com a gente – Hylla pediu e eu me virei pra ela.
- Se eu puder escolher o filme, eu tomo banho e volto. – Exigi e minha irmã resmungou sobre eu ser chata e querer tudo do meu jeito.
- A escolha é sua – Minha mãe se levantou. – Eu vou fazer pipoca!
- Tudo bem! – Ri e subi para colocar meu pijama e ter uma noite de meninas com a minha família. A vida não poderia estar melhor nesse momento. Nós estávamos nos recuperando, tantas coisas ruins aconteceram de uma vez. Mas é como diz o ditado. Depois da tempestade, sempre vem a calmaria.
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
Nico chegou á minha casa dez da manhã em ponto, e eu mal tinha levantado da cama.
- Reyna, você está viva? – Ele chegou entrando em meu quarto, e eu ainda estava deitada na cama, com a cara afundada no travesseiro.
- Quem te deixou entrar? – Perguntei de mau humor. Nós tínhamos ido dormir muito tarde mesmo, depois de uma maratona de Sex and the City.
- Sua mãe, ela me ama, você já deve saber disso. – Ele riu, abrindo as cortinas do meu quarto e deixando a luz entrar. Dei um grunhido irritado.
- Vamos Rey, minha avó está nos esperando para almoçar meio-dia, com o transito vamos demorar um pouco pra chegar até Hoboken – Ele sentou na beira da minha cama e começou a me cutucar.
- Por que eu combino as coisas com você mesmo? – Reclamei, mas me levantei mesmo assim. Peguei minha toalha e roupas íntimas, e segui para o banheiro. Tentei não demorar no banho para que meu namorado não resolvesse surtar.
Sai do banheiro com meu roupão e fui procurar o que vestir. Nico estava largado em minha cama, mexendo no celular como se não tivesse nenhuma preocupação no mundo.
- O que eu devo vestir pra conhecer sua avó? – Perguntei e ele me olhou com o cenho franzido.
- Sei lá, se vista do jeito que sempre se veste. Minha avó não tem frescura, ela é bem simples. – Ele deu de ombros.
- Nunca sei o que esperar da sua família. – Dei de ombros e peguei uma calça jeans e uma camiseta verde. – Que tal?
- Pra mim está ótimo, você sabe disso. – Ele sorriu.
- Ok, então se vire porque eu vou me vestir. – Pedi, e ele levantou o olhar do celular pra mim novamente.
- Qual é! Você está usando suas roupas intimas já, e não é como se eu nunca tivesse visto nada disso. – Ele levantou a sobrancelha de um jeito insinuador, o qual eu me irritei e joguei minha toalha em sua cara.
- Ouch – Ele reclamou, e quando tirou a toalha do rosto, eu já estava vestida com a calça, e terminando de passar a camiseta pela cabeça. – Você pode se apressar um pouco? Sem pressão, mas minha vó gosta das coisas no horário certo.
- Já que você está com pressa, vai colocando ração lá embaixo para o Aurum e o Argentum, e eu vou terminar aqui. – Apontei para mim mesma, enquanto amarrava os cadarços dos meus coturnos.
- Tudo bem, mas anda logo! – Ele passou perto de mim e me deu algumas cutucadas na barriga, tais quais fizeram eu me encolher de cócegas. Saiu pela porta rindo enquanto eu me levantava direito, para poder terminar uma maquiagem básica e trançar meu cabelo em uma cumprida trança caindo pelo lado esquerdo do ombro.
Peguei meu casaco de lã cinza, e minha bolsa na cama. Notei que o celular de Nico ainda estava lá, e eu peguei pra entregar pra ela. Acabei me distraindo com suas notificações do Facebook. Por algum motivo bizarro, havia várias notificações com o nome da Drew, me surpreendi que ela ainda estivesse atrás do meu namorado, baixo até pra ela persegui-lo nas redes sociais. Desci as escadas dando pulinhos, com o celular de Nico na mão. A maioria das notificações era de curtidas e comentários de flerte em suas fotos e publicações. Revirei os olhos de um jeito bem dramático, porque aquela garota é extremamente insuportável.
- Drew ainda está atrás de você? – Assustei o moreno que brincava distraído com os cachorros. Pela primeira vez no dia reparei no que ele estava vestindo, um suéter vinho o qual eu nunca tinha visto, por baixo de uma jaqueta preta e suas típicas calças pretas.
- Ela tenta, até que admiro os esforços dela. – Ele brincou e eu bufei, indo para a cozinha tomar uma xícara de café, ou qualquer líquido que desse algum sabor á minha manhã.
- Você está estressada hoje. – Nico comentou, se encostando na bancada ao meu lado.
- Só estou cansada. Noite mal dormida. – Falei e suspirei de contentamento quando achei café ainda quente na cafeteira.
- Nós precisamos de umas férias. Não vejo a hora de o verão chegar. Uma viagem seria ótima. – Ele disse e eu sorri.
- Há tantos lugares. Austrália, Canadá, Marrocos, Cuba e quem sabe até a Itália? – Perguntou sorrindo ao ver que ele se animou ao ouvir a palavra Itália.
- Eu adoraria ir novamente até a Itália. – Vi-o suspirar.
- Então quando você for eu estarei ao seu lado. – Peguei em sua mão, enquanto dava um gole em meu café.
- Ótimo, um dia iremos juntos para a Itália. Mas provavelmente não esse ano, eu acho que o mais longe que vamos poder ir enquanto somos menores é até a Califórnia. – Ele me deu um sorriso enorme e depois apontou para a minha caneca. – Pegue a tampa dessa caneca térmica e vamos logo, chica – Ele disse e eu ri com sua tentativa falha de imitar o sotaque espanhol.
- Vamos logo Di Angelo, antes que você me enlouqueça. – Reclamei, colocando a tampa em meu café e o levando pra fora de casa, para seu carro, á caminho de conhecer uma das mulheres mais importantes da vida dele.
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
Olhei para o garoto deitado ao meu lado, e uau, eu ainda me impressiono com a sorte que tive em tê-lo comigo.
Eu estava contente por sua vó ter gostado de mim, senti que a opinião dela era importante para o Nico, e saber que ela me aprovava era quase um alívio. E como prometido, nós voltamos para a minha casa e Nico ficou para dormir aqui. E agora, ele já havia pegado no sono depois de certa atividade física, e eu estava o admirando como uma psicopata, mas é que ele é tão importante pra mim que chega a doer, e minha cabeça fica dando voltas lembrando-me do quão rápido e de repente ele entrou em minha vida para mudar tudo.
Olhando pra ele, não consigo deixar de pensar que ele é o cara com quem eu posso passar o resto da minha vida. Não tenho como saber se isso vai acontecer, já que nada pode me garantir que algo não nos separe, que daqui alguns anos nós não acabaremos, a única garantia que eu tenho é que vou aproveitar enquanto estivermos juntos. Nico é melhor de mim, e eu sou seu melhor, e o que importa é que somos a soma de tudo isso.
- Eu te amo. – Sussurrei passando os dedos de leve em seu cabelo, e quase pude jurar que vi seu lábio tremer em um sorriso.
Virei de costas relaxando em minha posição, tentando pegar em um sono tranquilo. Fui sentindo a consciência se esvaindo de mim, e quando estava quase lá, ouvi suas palavras sopradas em meu ouvido:
- Eu também te amo.
E adormeci.
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