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História Tal Mãe, Tal Filha (em revisão) - Toalha amarela


Escrita por: Candidamente

Notas do Autor


Boa leitura!
(Obs.: a Rose é toda confusa, não se assustem)

Capítulo 21 - Toalha amarela


Era estranho para Rose o fato de que ela realmente não se importava com aonde Scorpius a levaria, nem se ele ainda não havia soltado sua mão. Era estranho o quanto fazia diferença para ela que ele quisesse estar ali, quando ela também queria muito estar.

Queria, sim. E admitia pelo menos isso sem medo, pois estava cansada de fingimentos. Não sabia o porquê de não querer largar a mão de Scorpius e, antes que pudesse soltá-la, enganchou seus mindinhos para manter o contato; logo depois sentiu o calor subir em seu rosto e o som da risada tímida do garoto encontrou os seus ouvidos.

Rose torcia para que ninguém os visse depois que a chuva cessou, enquanto eles contornavam o castelo, andando até perto das estufas, onde os alunos costumavam ficar nos intervalos das aulas.

— Podemos nos sentar aqui? — perguntou Scorpius, parado debaixo de uma das poucas árvores que havia ali além do Salgueiro Lutador.

Rose analisou a grama. Estava úmida como em toda parte. Ela pediu para a Scorpius que esperasse um pouquinho e se afastasse, sacou a varinha e concentrou-se. Rose conjurou uma espécie de toalha de piquenique não muito grande, mas suficiente para que os dois pudessem sentar, estendida bem debaixo da árvore.

Scorpius arregalou os olhos, admirado, e sorriu.

— Agora sim. — assentiu Rose.

E então eles se sentaram lado a lado na toalha amarela. Scorpius pousou a vassoura ao seu lado e Rose sentou-se encostada ao tronco da árvore, começando a raspar as unhas distraidamente no tecido trançado abaixo de si.

Ela observou brevemente a linha do horizonte. Eles estavam em uma parte mais alta, portanto, lá embaixo, descendo aquela elevação no terreno, ainda depois da cabana de Hagrid, estava a distante e sombria Floresta Proibida. Rose notou também as nuvens escuras começando a se dissipar e deixando o sol, que estava prestes a começar a se pôr, aparecer com seu brilho quase inexistente.

A menina fitou Scorpius discretamente, pelos cantos dos olhos. Ele tinha os olhos no Salgueiro Lutador à sua esquerda. Rose engoliu em seco para fazer suas cordas vocais funcionarem novamente.

— Parabéns por hoje — falou.

Scorpius virou-se para ela imediatamente, com os lábios cerrados, balançando a cabeça positivamente em sinal de agradecimento. Rose esperou, sem tirar os olhos do perfil do garoto quando ele desviou os olhos para frente e não a percebeu encarando-o.

Ela olhou para a toalha e falou mais uma vez, voltando-se para Scorpius com mais segurança.

— Pensei que você iria comemorar a vitória com o resto da Sonserina depois do jogo... — Rose deixou o comentário no ar, até que Scorpius o respondesse.

Ele sorria amarelo quando se virou para ela novamente.

— Eles não precisam de mim agora — disse. — É a mesma coisa de sempre. E principalmente depois dessa briga que Gough arranjou com Corner. O clima na sala comunal vai ficar no mínimo insuportável.

Ah, então era a tal apanhadora da Sonserina e o irmão de Mary quem estava no centro daquela confusão toda.

— Foram eles que...? — Rose sinalizou para trás de si, com curiosidade na voz e a expressão incrédula.

Scorpius assentiu.

— Corner tem o pavio curto e, Patricia, adora provocar. Quando ela se mete com alguém, é para fazer a pessoa chegar ao limite. Nem sempre consegue um duelo ou uma confusão grande, como a de hoje, mas tenta. — explicou ele.

Rose franziu a testa. Mesmo que não quisesse falar de Gough, ainda estava curiosa.

— Mas por que ela faz isso?

— Dizem que ela tem ótimas habilidades em feitiços, então deve ser para chamar atenção para isso. Ou mesmo porque gosta de deixar as pessoas com raiva. — Scorpius deu de ombros. — Uma hora ela vai amadurecer e cair na real. Eu espero.

A garota assentiu desconfortável, cutucando as próprias cutículas.

A tal briga de Patricia e Douglas não era para ser um assunto viável naquele momento. Conversar sobre coisas aleatórias parecia fazer com que se perdesse o objetivo de terem fugido da vista de todos, que ambos Scorpius e Rose, não sabiam ao certo qual era realmente. Mas ainda havia algo lhes dizendo que não estavam sentados ali, intencionalmente sem ninguém por perto, para falar sobre coisas aleatórias.

Rose, mesmo tão pragmática, desviava-se do objetivo não tão claro assim, dando voltas e voltas. Ela não ia dizer nada se Scorpius não dissesse; continuavam andando em círculos.

A garota só estava com medo de deixar a própria zona de conforto, apavorada com o quão desconhecidos os lábios de Scorpius insistiam em ser para ela.

— Rose?

Ela fitou a face de Scorpius cuidadosamente. Sempre podia ver brilho em seus olhos expressivos. Tinha vontade de lhe perguntar como se sentia naquele segundo que imediatamente viraria o próximo, no presente que corria virando passado a todo instante. Queria saber o que trazia tanta emoção para o cinza de suas íris de nuvem, não em um tempo qualquer, mas no seu agora.

Scorpius acomodou-se frente a Rose, fazendo com que o coração da garota parecesse falhar uma batida. Ela prestou atenção nos detalhes dele a seu alcance no momento; alguns que já houvera notado ao longo dos anos e nos últimos meses e, também, o que só percebera agora, como suas mãos que pareciam costumar ficar inquietas quando ele estava prestes a falar.

— Até quando vamos continuar com isso? — perguntou Scorpius, cuidadosa e delicadamente, porém de modo bastante direto, contendo tom de dúvida na voz. Rose esperou que continuasse, ele pigarreou. — Não quero invadir o seu espaço, Rosie, mas eu estou confuso.

Scorpius respirou fundo.

— Eu preciso entender o que está acontecendo aqui — Com os olhos baixos para as mãos ainda inquietas, acrescentou: — Caso estiver acontecendo algo. E me desculpe por soar assim. É só que... Eu não... Não consigo parar de pensar... — Scorpius cravou os olhos nos de Rose. — Por que você me beijou?

Rose ficou completamente estática. Sua boca secou e provavelmente mais nenhuma palavra inteira conseguiria passar por ali. Ela sabia exatamente porque beijara Scorpius. Não queria admitir, pois tinha medo, muito medo.

Sabia que estava estragando tudo ali, deixando que o silêncio tomasse conta de tudo por não conseguir dizer nada. Não queria que Scorpius desistisse de insistir e não queria magoá-lo por não conseguir. Encarava os olhos do garoto, suplicantes para que Rose dissesse algo.

— Ah — tentou começar Rose. — Eu não... sei, Scorpius.

— Certo. — Scorpius assentiu. — Agora, por gentileza, poderia me dizer a verdade?

Rose negou com a cabeça, fugindo dos olhos dele.

— Eu não sei — repetiu. — Realmente não sei. É a verdade. Me desculpe, Scorpius.

— Não tem porque pedir desculpas, Rose.

Rose respirou fundo, não conseguia mais olhar nos olhos dele.

— Eu não...

Scorpius a interrompeu.

— Olhe para mim. Por favor. — pediu ele. Rose fixou-se em seus olhos, obrigando-se a permanecer assim até onde aguentasse. Scorpius chegou mais perto. — Só deixe escapar. Não importa o que for, seja sincera.

Rose soltou um muxoxo impaciente, embora estivesse culpada.

— É fácil para você falar. Queria ver se os papéis fossem invertidos.

— Se eu tivesse feito o que você fez, você ainda estaria fugindo.

— Por que acha isso?

— Talvez porque você não admita o que sente?

— Quem disse que eu sinto algo?

Não, não, não. Ah, ótimo. Brilhante, Rose! Você conseguiu estragar tudo.

Scorpius riu.

— Vai ficar na defensiva agora? — provocou ele. — A primeira alternativa é voltar para dentro da toca, não é? — E então ficou sério. — Olhe, Rosie, você sabe que não precisa falar nada se não quiser. Cada um tem o seu tempo. E tudo bem se você não quiser me dizer...

Rose fitou o Salgueiro Lutador atrás do garoto. Não era fácil falar. Ela mal conseguia dar um nome para aquilo, como se sentia quando estava perto de Scorpius. Era como se fosse compreendida e abraçada, embora não conseguisse se abrir. E ele tinha todo aquele ar estranho em seus olhos cinzentos demais e entupidos de emoção.

Scorpius era um amigo do qual ela sentia mais falta que o normal, de um jeito diferente do de sempre. Ela sentia muito, com certeza, seus sentimentos só não eram tão claros. Rose tinha vergonha, medo, receio de dizê-los em voz alta justamente a quem os causava nela.

— Zona de conforto — murmurou. — Não consigo me livrar disso. Eu sinto necessidade de me proteger. — Disse tudo sem olhar para Scorpius.

— E se eu te ajudar? — ariscou Scorpius.

— Como, Scorpius? — Ela olhou para ele, desacreditada.

— Te ajudando a sair da sua zona de conforto — esclareceu o garoto. — Quem sabe se você me der sua mão — Ele estendeu a mão para que Rose a segurasse e ela o fez, insegura. —, eu possa te tirar daí. Te levantar...

Rose sorriu. Scorpius levantou-se, ainda segurando sua mão e puxou-a para que fizesse o mesmo.

— E te puxar — disse, enquanto o sorriso de Rose aumentava e ela chegava inconscientemente mais perto. — Veja, talvez seja melhor, talvez você goste do lado de fora da zona de conforto. — Rose mordeu o lábio sem deixar de sorrir, porém ainda insegura. — Bem longe dela.

Ela assentiu e abraçou, um pouco hesitante, a cintura de Scorpius, descansando sua bochecha à dobra do pescoço do garoto, que apoiou o queixo no topo de sua cabeça, com os braços em volta de Rose.

— O que você sente, Rosie? — perguntou delicadamente Scorpius.

Rose fechou os olhos e mais uma vez respirou fundo, quase como num suspiro. Engoliu um pouco de saliva e abriu-os novamente.

— Mãos formigando, estômago embrulhado, alguma coisa pesada na garganta... Ao mesmo tempo, eu me sinto acolhida e aquecida. — disse ela, lentamente, e fechou os olhos de novo. — Eu gosto disso e de te abraçar. Eu gosto de v-você. — Rose apertou os olhos, sentindo o coração bater forte de nervosismo. Não acreditava como tinha dito aquilo em voz alta. — E você, Scorpius? O que sente?

Rose esperou sem poder ver o rosto de Scorpius, enquanto ele parecia hesitar.

— O mesmo, Rosie, gosto disso — falou. — Me sinto aquecido também e melhor do que no dia todo por estar aqui com você. E eu também gosto de você. Muito.

Ela sorriu contra a pele do pescoço de Scorpius. Sentia-se mais leve e acreditava nele, confiava que ele estava falando a verdade porque Scorpius era sincero, muito mais do que ela costumava ser. Mas Rose não mentira ao responder a pergunta do garoto, tudo o que disse era a mais pura verdade arrancada da parte mais funda dela mesma.

— Tanto assim? — Rose perguntou, sentindo algo diferente crescer em seu peito.

Sim, bastante. Você costuma me deixar inspirado. — confidenciou-lhe Scorpius, num sussurro.

A garota perguntou-se que tipo de reação causava a Scorpius. O que ele queria dizer com inspiração? Ela o inspirava? Mas logo esqueceu, pois ele baixou o rosto na altura do de seu, e ela abriu os olhos, encontrando os dele. Rose desencostou sua cabeça do pescoço de Scorpius, pondo suas mãos uma de cada lado de seu rosto alvo.

Eles encostaram as testas e os narizes. Rose deslizou o polegar pelo lábio inferior de Scorpius, sentindo a textura macia e levemente rosada. Scorpius segurou as mãos de Rose em seu rosto e beijou-a.

Ele passou os dedos por entre os dedos dela, enquanto os dois respiravam o mesmo ar e nem ao menos pensavam na hora de descolar seus lábios. As mãos de Rose permaneceram no pescoço de Scorpius e as de Scorpius pousaram na cintura de Rose. Ele a puxou para mais perto ainda, segurando-a contra si como num abraço apertado e necessitado.

Scorpius e Rose beijavam-se quase desajeitadamente, de modo lento e acolhedor. Para Rose era assim, pois acolhida era como ela se sentia junto a Scorpius, ainda mais compreendida, aquecida. Se ele sentia-se da mesma forma, ela já não poderia afirmar com certeza.

Certamente, tinham muito mais para conversar, o que não importava realmente agora. Ainda havia muitas palavras guardadas, contudo também havia tempo suficiente para que elas fossem ditas.

E então Rose e Scorpius pararam e fitaram um ao outro, olhos nos olhos, como tinha de ser. Sorriam, os dois. Rose tinha o peito tão aquecido que não sabia nem como explicar direito. Porque vendo a luz alaranjada do pôr do sol refletida nos olhos cinzentos de Scorpius, ela percebeu que gostar ainda não era a palavra certa. Simplesmente não conseguia encontrar um termo que explicasse de forma exata como se sentia em relação a Scorpius, juntando tudo num só.

Era como um turbilhão de sentimentos juntos. E empatia, atração, amizade, encanto, vontade de abraçar e beijar até que um dia ela esquecesse os deveres dos fins de semana e chegasse atrasada em uma aula qualquer. Havia coisas que deixavam de importar só quando ela estava ali, no lugar onde se sentia verdadeiramente acolhida. E mesmo que essas coisas nunca devessem deixar de importar, Rose não ligava, não naquela hora em que podia esquecê-las sem culpa.

O sorriso de Scorpius era grande e cativante de um jeito diferente do usual. Tudo à volta estava dourado devido ao sol despontando no horizonte e Rose admitia. Ela admitia sem tanta dificuldade assim. Sentia tudo aquilo profundamente dentro de seu peito, o que às vezes nem fazia sentido. Sentia sem se preocupar com lógica. E gostava de sentir; gostava de, de certa forma, gostar tanto assim.


Notas Finais


Espero que tenham gostado, babes *-*

Até a próxima!
xx


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