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História Tales of Dragon Planet: Coração Sincero - Amor à primeira vista


Escrita por: PhoenixDragon

Capítulo 1 - Amor à primeira vista


Eu era um cara frio e rancoroso. Andava sem rumo na estrada escura da minha vida, sem objetivos ou sonhos. Estava sozinho nesse mundo. De vez em quando, sentia meu peito doer. Será que isso é o sentimento da tristeza e da solidão? Me sinto vazio a cada dia que se passava, o que faltava para me completar? Essas eram as perguntas que cruzavam minha mente como flechas que atravessam o campo de batalha como um raio feroz.

Mas tudo isso desapareceu de minha cabeça quando eu o encontrei.

Andava pelas ruas de concreto de Seaside City, uma bela cidade projetada numa montanha, em paralelo ao mar, criando uma paisagem artista digna de ser retratada numa moldura e exposta nos mais famosos museus artísticos. Era simplesmente linda a visão que eu tinha quando percorria o calçadão. O nascer do sol marcava um novo dia com seus raios brilhantes refletindo no oceano, criando um chão cristalino perfeito. As pessoas ainda levantavam-se de suas camas, algumas já comiam seus cafés da manhã enquanto meia dúzia de gato pingado debatia-se em meio ao nada, procurando apoio na parede das casas da era colonial. Seaside, em suma, era um lugar extremamente calmo, sem aquela monotonia da cidades grandes. Aqui, o povo era tranquilo, desfrutava mais de uma vida pacifica do que um cotidiano atarefado. Claro, sempre há exceções, muitos comerciantes tem que sair ao amanhecer de suas casas para abrir seus negócios. Mas, mesmo assim, eles parecem levar isso mais como um hobby do que obrigação.

Eu estava distraído com a paisagem natural do horizonte, quando percebo que, em minha frente, está ele. Um belo garoto que, julgando-o, parece ser um pouco mais novo que eu, apoiava-se no parapeito de uma mureta de pedras ornamentadas. Observava a paisagem com uma admiração natural. Ele era simplesmente lindo. Parei meus passos alguns metros longe dele, senti meu interior pulsar, mas não sabia descrever o que eu sentia, só sei que algo dentro de mim estava preenchendo o vazio que devorava minha alma. Isso é o que chamam de amor a primeira vista?

Meu corpo estava em choque, não sabia bem como reagir a esse turbilhão de emoções. Fiquei parado por algum tempo até resolver tomar coragem e me aproximar dele, respirei fundo e me aproximei a longos passos. Ele parece não ter notado minha presença.

"Linda a paisagem" comecei, tentando puxar conversa com ele. O garoto apenas olhou para mim, meu coração acelerou num breve instante, não sabia como reagir aquela situação, essas emoções me deixam confuso. "Sim" disse com um sorriso agradável e depois voltou-se para o mar. Não conseguia pensar em alguma resposta, então eu preferi ficar em silêncio, olhando junto com ele o horizonte azulado.

"Desculpe, mas qual é o seu nome" disse roucamente "Yasuhiko, mas meus amigos me chamam de Yasu".

"Belo nome" elogiei.

"Obrigado! Mas então, qual é o seu?"

"Dark" Yasu parecia surpreso, mas apenas sorriu de forma sarcástica "um nome bem sombrio".

"Sim, Tyrannos me disse que esse nome significa Escuridão ou Trevas ou algo de origem macabra, mas eu não acredito no que ela diz, esses termos não combinam comigo" Por um breve instante, uma pontada de tristeza me invadiu junto com uma avalanche de lembranças ruins do meu passado. Yasu interrompeu meus pensamentos amargos "Eu te entendo, meu pai dizia algo parecido comigo. Ele falava que Yasuhiko seria algo tipo Alma do Guerreiro ou Espada que Mata o Inimigo. Mas minha mãe falava que o verdadeiro significado do meu nome era Coração Sincero ou Beleza Angelical". Fiquei impressionado com essa revelação, alguém compartilhava a mesma indignação que eu tinha.

"Nomes são tão estranhos", afirmei enquanto observava um barco velejar no véu azul do mar "Sim, tem uns nomes que não tem sentido nenhum!" concordou ele, também fixando-se na pequena embarcação "mas o que importa não é o que o significado de um nome, o mais importante de tudo é o coração. Mamãe dizia que, por mais horrível que um nome seja, isso não iria impedir da pessoa em ter um coração generoso" concluiu.

"Bem..." Fiquei sem palavras, estava desesperado pelas emoções intensas que cobriam meu ser "vou indo, foi bom conversar com você" disse, encerrando a conversa. Ele concordou e se despediu de mim, abandonando sua posição para caminhar ao leste. Eu segui meu caminho para o oeste, subindo um pequeno, mas íngreme, morro. Em meu interior, uma briga era disputada entre minha consciência e minha timidez. Nunca, em toda minha vida, tive tanta dificuldade em falar com alguém. Aquela enchente de emoções que me invadiu de repente me deixou totalmente estonteado. O que aconteceu comigo naquela hora? O que aquele garoto tinha para me deixar assim? Perguntas sem respostas surgiam em minha mente, apenas caminhei para meu lar enquanto os raios de sol cobriam a face de Seaside City.

Em casa, joguei-me no sofá velho. Olhava sem rumo para o teto cinza enquanto me ajeitava no couro duro. Queria apenas dormir, acalmar meus sentimentos e minha inquietação. Dentro de mim, sentia que deveria reencontrar Yasu novamente. Mas eu sinceramente não sei... Estava completamente confuso. Aos poucos, eu adormeci.

Acordei com os roncos de minha barriga e os gritos quase histéricos de meu irmãozinho, Butterfly. Provavelmente ele deve ter encontrado alguma sujeira no seu corpo "perfeito" e agora está tentando desesperadamente tira-la, ou também uma aranha pousou em seu rosto e ele acabou surtando de medo. Seja o que for, eu não ligo. Levantei-me aos bocejos e me direcionei a porta até ser barrado por Tyrannos, a irmã mais velha da família.

O mesmo de sempre aconteceu. Ela começou a discutir comigo, nervosa pelos meus passeios noturnos e por minha irresponsabilidade perante meus irmãos mais novos, principalmente Butterfly e Akugan. Já estava acostumado com esses sermões. Como punição, ela me forçou a ter que levar Butterfly comigo quando eu for sair. Era só o que faltava, ter que ser babá de um garoto histérico e irritante. Mas fazer o que? O que Tyrannos diz é lei, então não repliquei.

No mundo afora. Eu me guiei até uma praça próxima de casa, levando comigo meu irmão, que praticamente ficou o caminho inteiro contando de suas relações românticas com seu namorado e suas roupas super coloridas e detalhadas. Como eu queria meter um soco nesse moleque pra ele calar a boca. Tentei me segurar ao máximo. Chegando na praça, um lugar relativamente simples, com alguns banquinhos e palmeiras acopladas em um circulo de arbustos e flores, uma fonte no centro que cantava ao som da queda constante de água e alguns postes negros. A praça localizava-se no centro de um bloco de edifícios de dois andares (um sendo a loja e o outro uma residência), as únicas aberturas eram duas ruas paralelas. Na esquina de uma estava o Dom Arguiles, um restaurante humilde que eu frequento bastante, sou até conhecido pelos clientes mais frequentes e amigo do dono. Butterfly me cutucou dizendo que iria passar numa loja de roupa para procurar algo de marca que ele não tenha. Ou seja, mais um vestido extravagante para lotar seu decimo terceiro armário. Mas pelo lado bom, eu fiquei sozinho.

Quando entrei no Dom Arguiles, encontrei a pessoa na qual inexplicavelmente ocupava meus sonhos, Yasuhiko. O que aconteceu comigo horas antes se repetia quase que instantaneamente. Não entendia o que acontecia comigo quando eu o via. Sai do restaurante, tomando o cuidado dele não me ver. O que eu estava fazendo? Eu nunca agi assim antes? Isso seria timidez da minha parte? Mas como? Minha mente borbulhava com inúmeros questionamentos, resolvi finalmente me sentar num banco e apenas relaxar. Tentar apagar esses pensamentos da minha mente.

Tudo estava ótimo quando eu fui cumprimentado por Yasu. Ele acenava com sua palma esquerda, pois a direita estava ocupada carregando um sorvete de baunilha. "Oi!" disse animado. Eu respondi gaguejando. "Posso sentar com você?" perguntou com o mesmo sorriso gentil que me deu hoje de manhã. Esse sorriso era o que me matava, corava quando o via. "Curioso a gente se encontrar novamente" afirmou enquanto lambia seu sorvete "Sim, o destino as vezes é tão estranho".

"É mesmo. Mas o que você veio fazer aqui?" questionou enquanto comia seu sorvete.

"Bem... Eu ia dar uma passada no Dom Arguiles, mas... Ele estava lotado demais então eu resolvi passar um tempo na praça, até o restaurante se esvaziar" não acreditava no que eu acabei de dizer. Estava tentando arrumar desculpas para ocultar minha timidez e o sentimento estranho que apropriava-se de meu ser. "Dom Arguiles é muito bom, pena que eu só tinha dinheiro pra comprar esse sorvete".

"Entendo" fiquei quieto por alguns instantes, ele estava quase acabando com seu sorvete que agora derretia com o calor do sol "eu posso pagar o seu almoço".

"Sério?" animou-se o garoto, mas logo sua empolgação desaparece, eu notei uma certa entonação de tristeza na expressão de Yasu quando ele voltou-se seu olhar para a casquinha de sorvete que agora era segurada por suas duas mãos. Eu senti algo também, era como se meu ser partilha-se das mesmas magoas que Yasu, me senti preocupado com a súbita mudança de comportamento "mas meu pai diz que é falta de educação depender dos outros...", explicou-se.

"Não se preocupe com isso, eu tenho dinheiro o suficiente para alimentar um pais inteiro. Além do mais, isso não é falta de educação como seu pai fala, mas sim um ato de bondade em ajudar o próximo" retribui com um sorriso consolador e pude ser recompensado com aquele sorriso que tanto me conquistava. Caminhamos juntos ao restaurante onde lá almoçamos e passamos longas horas conversando. Eu tenho que admitir, desfrutava de cada momento que passava com ele. Era simplesmente incrível. Eu e ele nos tornamos amigos nessa hora e sentia que nossa amizade ia além disso.

O sol já se preparava para esconder-se no horizonte, dando ao céu uma entonação alaranjada capaz de conquistar a admiração de qualquer telespectador. Eu e Yasu saímos do restaurante indo para o meio da rua de paralelepípedos brancos. "Muito obrigado, Dark! Muito obrigado de coração!" Yasu transbordava animação, ele fazia me lembrar da minha infância, eu ficava todo empolgado quando Tyrannos comprava picolés para mim, uma sensação nostálgica. "Não precisa agradecer, eu faço apenas o que meu coração me manda fazer".

"É estranho pensar que dois desconhecidos possam se tornar amigos em um único dia", indagou Yasu e  eu concordei "mas mesmo assim, eu estou super feliz por conhecer uma pessoa tão legal como você!" corei com o elogio "digo o mesmo", repliquei perdido em minhas palavras. Nós ficamos conversando por algum tempo até o sol perder mais da metade de sua forma para as altas montanhas verdes, alertando a chegada da noite.

"Bem, acho que já está na hora de eu ir, então boa noite Yasu".

"Boa noite Dark!" ele disse animado, me dando um abraço amigável e indo embora para sua casa. Eu fiquei extremamente corado, meu rosto agora parecia um tomate. Isso nunca aconteceu comigo antes.

"DAAAAAAAAAAARK!!!" Um grito surgiu do outro lado da praça, era meu irmãozinho que acabou de sair de uma loja de cosméticos. Caminhei até ele e fui recebido com uma torre de caixas com suas compras, enquanto ele carregava apenas três dúzias de sacolas. "O que você comprou tanto assim?" Indaguei ligeiramente assustado com a quantidade de conteúdo que ele adquiriu nas lojas. "Ah, pouca coisa. Comprei só alguns perfumes exportados de Paris, umas roupas de marca feitas pelos mais famosos estilistas do mundo e alguns pares de sapatos feitos pra arrasar!" contou enquanto admirava a torre de mais de dez caixas que eu carregava. "Você gastou tudo isso com seu dinheiro, não foi?"

"Mais ou menos, eu gastei meu dinheiro comprando esses brincos de diamante ultra chiques. Ah, e eu também comprei um pôster do Yan, o cantor mais sexy desse mundo e o meu ídolo preferido!" Butterfly admirava mentalmente a imagem de seu cantor, dava pra ver claramente a admiração que ele expressava em seus gestos, toda vez que falava dele, seus olhos brilhavam como joias polidas. Eu sinceramente não entendo essa obsessão que ele tem por Yan, na verdade, eu até acho que esse cara não merecia tanta fama, ele é um péssimo cantor. Mas fazer o que? O mundo é assim.

Nós caminhamos para casa, eu estava em silêncio enquanto Butterfly admirava sua compra enorme e me contava sobre assuntos de moda, que sinceramente, eu nem ligo pra isso. Mas o que ocupava meus pensamentos nesse instante era Yasu, ele era gentil e conseguia me conquistar, senti nele algo que eu nunca senti na vida, uma sensação diferente. Será que isso é o amor? Não sei, apenas quero encontra-lo demovo amanhã...



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