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História Tão parecidos Cobrina - A Festa de Aniversário


Escrita por: isabellapequena

Capítulo 1 - A Festa de Aniversário



 

Acordei sentindo os raios de sol no meu rosto. Encarei a sacada, procurando o motivo pra tanta claridade e bufei ao constatar que Bianca deixara a cortina aberta de novo. Cobri minha cabeça com o lençol e, enquanto o sono esvaia-se de mim, a consciência voltava lentamente. Eram aqueles poucos segundos em que você não tem noção de nada. Após esse momento ilusório, a realidade atingiu-me como um raio.

Hoje é meu aniversário de 19 anos.

Quando era pequena e ainda não tinha consciência sobre o que aconteceu quando eu nasci, gostava de comemorar meu aniversário. O tema da minha festa de cinco anos até foi da Barbie.

Mas, aos sete, uma amiga da escola me perguntou por que eu não tinha mãe, e fiquei sem saber o que dizer. Ao chegar em casa naquele dia, chorei. Chorei tanto que cheguei a soluçar, meu pai, preocupado, me perguntou o que havia acontecido e eu o respondi com outra pergunta:

Por que eu não tenho mãe como as outras crianças?

Sabia que não era filha de chocadeira, Bianca e papai sempre falavam da minha mãe, a grande atriz Ana Duarte. No entanto, pra mim, uma garotinha de 7 anos, era como não ter mãe.

Gael me contou que minha mãe deu sua vida pra mim, e o que eu entendi foi:

Para eu nascer, ela teve que morrer.

Eu a matei.

E a partir daquele momento, tudo mudou. Aquela garotinha, que brincava de casinha com a irmã, morreu.

Eu já treinava Muay Thai na época, adorava ficar perto do meu pai e já gostava de luta.

Entretanto, sabendo daquela informação me tornei mais agressiva, eu não conseguia mais treinar com as meninas porque sempre acabava machucando alguma, então comecei a treinar com os meninos.

Tive meu primeiro ataque de raiva no meu aniversário de 8 anos. Eu quebrei tudo, joguei os doces, salgados nos convidados, estourei os balões e destruí a decoração; e enquanto fazia isso gritava:

Eu me odeio!

Não estava destruindo a festa, mas sim a mim mesma.

E por anos foi assim, nunca mais comemorei a data de meu nascimento depois do ocorrido, até o meu aniversário de dezessete anos.

Pedro fez uma surpresa pra mim e, é claro, não gostei. Na verdade, odiei.

Mas ele é brasileiro e não desiste nunca, Bianca contou pro meu namorado sobre minha mãe e, arrependido, me pediu desculpas.     

Uma das coisas que me irrita no Pedro e, ironicamente, que fez eu me apaixonar por ele, é seu jeito bobão, como se ele fosse um eterno alienado. Pedro não vê as maldades do mundo, ele é doce, e até mesmo um pouco ingênuo.

No instante em que me dei conta de que ele não sabia sobre o maior tormento da minha vida não fiquei brava, fiquei chocada.

Pela primeira vez depois de anos, passei meu aniversário, feliz e sendo amada.

Comemorar um novo ano de vida não era mais um problema.      

Ano passado, minha família, Pedro e eu celebramos com um jantar íntimo no perfeitão. Quase todo mundo que eu amo estava lá, menos meu melhor amigo e irmão Cobra

Nós nos falamos por skype e, devido a seus treinos incessantes, o lutador fez poucas visitas ao Rio, mas, mesmo assim, nossa amizade e o meu amor por ele só crescia sem percebe.

Acho que uma das primeiras coisas que contei a ele sobre mim foi a história do meu nascimento. Porque quando estou com Cobra sempre é assim, as palavras simplesmente saem da minha boca, desabafar com ele é, e sempre vai ser, fácil, natural.

Agora voltando ao assunto aniversário, esse ano vai ser uma droga porque briguei com o Ramos. Não quero pensar nos motivos de nossa recente briga.

Ontem, conversei com Bianca e disse à ela que não queria comemorar esse ano, a atriz pareceu entender. Porém, eu conheço minha irmã e tenho certeza de que ela vai fazer algo.

Passos me tiraram de meus pensamentos e, para fugir do provável parabéns de Bianca, resolvi fingir que estava dormindo.

—   Acorda.

—   Acorda, K.

Sem saída, concluí que era melhor acabar logo com aquilo e abri meus olhos lentamente, deparando-me com quase todos os moradores da minha casa.

Que droga -die isso em pensamento ao ver

Meu pai estava segurando um bolo, Bianca, Dandara e João estavam em volta da minha cama. E, só pra me alegrar mais ainda, todos começaram a cantar:

— "Parabéns pra você

     Nessa data querida

     Muitas felicidades

     Muitos anos de vida".

A cantoria foi finalizada e meu pai pediu:

— Sopra as velas, K.

— E faz um pedido, irmã.

Ele aproximou o bolo do meu rosto, e no segundo em que eu ia soprar as velas

Olhei para o bolo à minha frente e vi que as velas ainda estavam acesas.

Peguei o prato e disse:

— Feliz aniversário pra mim — e as apaguei.

Embora não desejava aquele dia me sentia pessima mesmo assim ficava quieta sobre aquilo

***

Aos poucos eles saíram do meu quarto eles sabiam que eu e aniversário não combinava muito e  passei aproximadamente uma hora ouvindo músicas, sem vontade nenhuma de olhar na cara de ninguém. O som da porta da frente batendo, anunciou que Dandara com Miguel à tiracolo, Gael e Bianca haviam ido para à fábrica – isso virou rotina, todos os dias os quatro vão juntos pra Ribalta/Academia. Satisfeita com minha solidão, fui tomar um banho, escovar os dentes e lavar o rosto, após concluir tais tarefas, tomaria café da manhã.

Selecionei uma roupa de ginastica – um short largo preto, um top cinza e por cima uma blusa branca cavada –, pois treinaria hoje. Fitando as peças escolhidas, comecei a pensar em como mudei nesses dois anos, deixei meu cabelo crescer e passei a me vestir de forma mais feminina, não sou nenhuma patricinha, todavia, ando mais arrumada.

Se sentir amada faz isso com você, querer estar bem, mas não só amada por Pedro, amada por meus familiares, pelos meus amigos. Toda essa onda de felicidade me fez refletir sobre o porquê de eu não me arrumar, então, com um pouquinho de coragem, pedi ajuda à Bianca.

Não foi algo fácil, entretanto. Como Bianca dissera, minha mudança caminhou em passos de bebê. Comecei em uma ida à academia, com um simples batom nudez, durou uns vinte minutos até que totalmente paranoica, pensando que todo mundo estava comentado sobre a discreta cor em meus lábios, corri pro banheiro e lavei minha boca.

Na segunda vez, tentei algo mais simples – para mim foi um terror, porém, para minha irmã era algo tranquilo –, um short mais apertado, que deixava minhas curvas mais evidentes. Consegui aguentar por uma hora, com diversos olhares sobre mim – isso era verdade, tanto é que Bianca comentou em tom de brincadeira, que eu estava fazendo sucesso com o bendito short. A declaração da atriz foi o motivo do meu surto, e troquei a peça curta por uma confortável calça larga.

Pouco a pouco, mudei. Foram muitas tentativas até que finalmente comecei a me sentir bem com minha vaidade. A insegurança ainda existe, ela sempre vai estar presente, mas atualmente ocupa um pequeno espaço em minha mente.

O comprimento de meu cabelo é uma espécie de experiência. Quando já estava confortável com meu novo estilo, quis mudar minhas madeixas, parei de conservar o corte Joãozinho. Apesar de viver em uma cidade extremamente quente, amo meu cabelo assim, claro que vivo o prendendo, coques, tranças e rabos de cavalo salvam minha vida em dias mais ensolarados, contudo, adoro deixá-lo solto.

***

João não me incomodou durante o café. Como Papai ainda devia estar bravo, por umas idiotices do nerd decidi treinar mais tarde. Sem nenhuma pendência a ser resolvida, pretendia visitar minha melhor amiga, Nat. Entretanto, o nerd, que até então me deixara em paz, apareceu estragando meu cronograma.

— K, aonde você tá indo? — inquiriu, interessado demais.

— Na casa da Nat — respondi, aborrecida com seu interrogatório.

— Você pode ir na Ribalta comigo antes? — pediu sem dar explicações.

— Pra quê, João? — questionei impaciente.

— Eu tenho uma surpresa pra você — anunciou, sorrindo de maneira pretensiosa.

— Se for uma surpresa do seu amiguinho desafinado, pode dizer pra ele que eu não quero vê-lo nem pintado de ouro. — abri um sorriso irônico.

João soltou um suspiro cansado e questionou:

— Brigaram de novo?

— Sim.

— A minha surpresa não tem nada a ver com ele.

O nerd saiu pela porta e me estendeu seu braço.

— Me acompanha até a Ribalta, Karina? — fechei a porta, aceitando a proposta do ator:

— Só porque eu não tenho nada pra fazer. — enlacei meu braço no dele e começamos a andar.

— Você não disse que ia na casa da Nat? — perguntou curioso.

— Sim. Mas a gente não tinha combinado nada, eu ia aparecer lá de surpresa.

— Você ta tão carente assim, irmã? — debochou.

— Ah! Cala a boca, João. Aliás, sabe do que eu acabei de lembrar? — indaguei, sorrindo falsamente. Ele balançou a cabeça em negação. — Que tô muito puta com você — completei, fazendo uma expressão macabra.

No mesmo instante o nerd soltou meu braço e ajoelhou-se na minha frente.

— Desculpa, deusa do Muay Thay. Você sabe que eu só falo merda — fez graça.

—   Levanta daí, idiota — mandei, rindo. Ele levantou-se e voltamos a andar.

— Não tô mais brava com você, mas tinha que falar do Pedro? Meu pai enche o saco sempre que alguém fala sobre ele — reclamei.

— K, você sabe que essa implicância toda é amor. Mestre Gael adora o capiroto. O que tá acontecendo?

— Eu sei disso, só que mesmo sendo de mentira, essa implicância toda me incomoda.

Assim que entramos na Ribalta João tentou me confortar:

— Relaxa, K. Tenho certeza que minha surpresa vai te alegrar. — Ele olhou para a academia, provavelmente procurando por algo ou alguém. — Ué, cadê ele? — coçou a cabeça em sinal de dúvida.

Que surpresa é essa?

cont

 



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