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História Tão parecidos Cobrina - Telefonemas, desastres na cozinha


Escrita por: isabellapequena

Capítulo 11 - Telefonemas, desastres na cozinha


Atendi meu celular e falei

— Oi, Pe... — logo ele me cortou no mesmo instante que falei aquele oi e escutei.

— Que história é essa de você estar morando com o Cobra?!   — esbravejou, irado de raiva.

— Quem te contou? —   perguntei. Escolha errada de palavras. Eu devia ter me explicado, mas toda sua pose de bravo me irritou.

— Não acho que isso seja importante. Assim como você acha que essa sua mudança de endereço não é relevante. —   Touché.

O sarcasmo em seu tom de voz era quase palpável. E eu não sabia o que fazer.Explicar? Brigar com ele para facilitar o término?

— Olha, Pedro — comecei, tentando pensar no que falar.

— Karina, como você acha que eu me senti ao descobrir que a minha namorada está morando com o cara que eu sempre senti ciúmes? E que, inclusive, esse sujeito acaba de se divorciar?   — ainda estava bravo. Mas havia se acalmado um pouco.

Esse era o por quê de não ter contado sobre estar morando com Cobra. De todas as pessoas que nos conheciam, Pedro era o único que não nos via necessariamente como irmãos. Durante todo o período que o guitarrista pensou que eu e o lutador fôssemos irmãos biológicos, seu ciúmes ficara adormecido.Contudo, ele havia voltado junto com a descoberta de que não compartilho laços sanguíneos com meu melhor amigo. E ele também não sabia sobre a separação.

Quantas vezes mais eu teria que explicar que Cobra e eu somos apenas amigos? sabia que aquilo em mim martelava eu não o via assim simplesmente não queria machuca o Pedro com novidade como fala -''oi amo o Cobra'' era verdade eu admitia ue estava apaixonada pelo Cobra mais sabia que não era facil fala nem admite meus sentimentos que tinha por ele e mesmo assim eu  continuei

— Primeiro, o sujeito em questão é o meu melhor amigo. Segundo, ele estar separado não importa. E terceiro, que merda você tem na cabeça, em, Pedro?   — despejei minha raiva de toda essa situação ridícula nele. —   Pelo amor de Deus, Pedro! O Cobra é meu amigo!

— A questão, Karina, é que o seu amiguinho sempre foi afim de você. E você também, né? Esse divórcio veio na hora certa, não acha? — sua respiração se tornou pesada. Enquanto eu sentia a culpa me corroer. Não havia acontecido nada. Porém eu me sentia culpada. Aquele quase beijo de ontem à noite me veio à mente, e também as diversas vezes em que eu olhei o marginal por um tempo longo demais.e ele prosiguir

— Que coincidência maravilhosa! Agora acho que vocês vão poder ficar finalmente juntos. Como sempre quiseram. Talvez já estivessem planejando isso. O divórcio, a mudança. tudo Karina por isso queria muda para ica com ele. — então a culpa deu lugar à mais raiva.

Como ele podia dizer essas coisas?

— Eu espero que você saiba bem o que está dizendo. — não deixei que continuasse a proferir aqueles absurdos. Ele estava completamente insano. Eu nunca o trairia. Muito menos teria um caso com alguém casado. Aquela briga já estava ultrapassando os limites.

— Pedro, melhor a gente parar por aqui. Ok? Você já disse merda demais por hoje. Vai esfriar sua cabeça. — desliguei antes que ele dissesse algo.

Que belo jeito de começar o dia, não?

Fui tomar um banho. E fiquei refletindo sobre tudo e sobre nada. Não parava de me perguntar mentalmente o que estava acontecendo entre Cobra e eu. Tudo parecia tão diferente. O calor que nos rondava quando estávamos juntos. Minha vontade de ficar observando-o. E o fato de que ele não saia dos meus pensamentos. Era tudo tão recente. Ainda assim eu sentia que estava lá. Que sempre esteve lá. Seja lá o que isso for.

Me troquei e sai em busca do causador de tantos conflitos comigo mesma. Ele dormia e eu estava com fome. O lençol estava todo enrolado e suas costas morenas à mostra. O cobri e desci as escadas.

Eu teria que preparar algo. Não acordaria Cobra só para fazê-lo cozinhar algo pra mim. Havia o visto executando tal tarefa tantas vezes que poderia muito bem fazer isso sozinha.

Decidi fazer um omelete, simples e prático. Tirei dois ovos da geladeira. Encontrei nos armários os utensílios necessários, uma vasilha de vidro, um garfo e uma frigideira.

Minhas dificuldades já começaram na suposta parte mais fácil: quebrar os ovos. Várias cascas caíram dentro da vasilha e tive que tirar uma por uma. Bater os ovos foi mais descomplicado, tirando as vezes em que o conteúdo espirrou em mim.

Um outro dilema surgiu quando me lembrei de um item importantíssimo: o azeite. Procurei muito, mas não o achei, então tive que usar o tradicional óleo.

Tentei me lembrar da quantidade que Cobra usava, como não consegui me lembrar desse pequeno detalhe usei minha intuição. Despejei bastante óleo na frigideira e fiquei a uma boa distância do fogão. Acendi o fogo e me virei pra pegar a tigela na bancada, quando voltei minha atenção ao fogão uma grande chama saia da frigideira.

Gritei desesperada, sem saber o que fazer e fiquei em choque, fitando o fogo.

Deus, eu botei fogo no apartamento do Cobra!

— K! Que que houve?! — Cobra provavelmente foi acordado por meus gritos, e veio correndo até à cozinha.

Ele me empurrou pro lado e fechou a boca do fogão. As chamas continuaram brilhando, bravamente o marginal segurou a frigideira, a jogou na pia e ligou a água, apagando o fogo.

— O que você tava fazendo? — fiquei com medo dele estar bravo, no entanto, seu tom de voz era preocupado.

— Tentando fazer o café da manhã — sorri sem graça, e me surpreendi ao ser acolhida nos braços do marginal. Rodeei sua cintura com meus braços e apoiei minha cabeça em seu peito, aproveitando a sensação incrível que estar com ele me proporcionava.

— Eu cozinho pra você, ok? —   balancei minha cabeça em concordância. Ele beijou minha testa carinhosamente enquanto afagava meu cabelo. — Calma, já passou — só quando ele disse isso que percebi que eu estava tremendo.

— Desculpa, eu nunca mais vou cozinhar — me sentia constrangida e desapontada. Fala sério, eu não conseguia fazer um simples omelete?! Isso era o cúmulo da falta de habilidades na cozinha.

— Ei, não fala isso. Eu vou te ensinar — ele levantou meu rosto e o segurou com suas mãos. Seu olhar era terno, o fitei agradecida.

— Acho melhor a gente comer fora. Depois nós podemos fazer a compra do mês — nos separamos lentamente, ele continuou:

— Vai lá trocar de roupa, que eu vou terminar de limpar aqui e depois me arrumo em cinco minutos. — após concordar,o ajudei depois fui para meu quarto.

***

Com nosso novo café feito com a ajuda dele aprendi fazer omelete e assim nossos pratos já estavam praticamente limpos no momento em que o assunto desnecessário entrou em pauta.

— K, você já pensou no que vai dizer ao Pedro? — perguntou, na lata. Sem hesitações. Cobra era assim, direto. O cafe estava sendo bem divertido, conversamos sobre filmes, lutas, - como o QG era em baixo do apartamento estávamos lá conversando e alguns clientes estranhos do QG. Só amenidades e risos até aquele momento.

— Não — respondi, soltando uma bufada de ar em seguida. Não tinha como ensaiar para um término, infelizmente.

— Sabe, marrenta, você sempre me disse que a verdade era o melhor. Então só... Seja sincera. Você vai magoá-lo, isso é uma certeza. Mas a sinceridade vai ser importante, vai fazê-lo um dia entender seus motivos — aconselhou, me fitando atencioso.

— Esse é o problema, Cobra! Eu não quero magoá-lo. Mas sei que isso é impossível. — massageei minhas têmporas. Exaustão era um bom diagnóstico pra mim. Passei noites tentando pensar em uma maneira menos dolorosa de por um ponto final em meu relacionamento com o guitarrista. Para minha decepção, nada surgira em minha mente. Talvez o melhor fosse seguir o conselho do réptil. Sinceridade. A verdade sempre foi algo que eu prezei. E mais uma vez seria ela que me ajudaria em um momento difícil.

— Sinto muito, K. Mas a vida é assim. Às vezes a dor é melhor do que a falsa alegria. — eu sabia ao que ele estava se referindo. O acordo. Eu era feliz, mas envolta em diversas mentiras. Doeu descobrir a verdade. Me reconstruir fora quase impossível. E eu consegui.

Ele tinha razão. Eu não poderia criar explicações confusas para dar a Pedro. Doeria, sim. Entretanto, no final, valeria a pena.

— Ok, você tem razão, Ricardo.   — ele parecia querer perguntar algo. — O que foi, Cobra? —   inquiri.

— Você nunca me explicou direito como começou essa crise. Talvez isso te ajude — sugeriu, bebendo o resto de seu suco. Assenti, mergulhando nas memórias do começo do fim.

— Não houve um momento em que tudo se quebrou ou uma grande briga. Simplesmente... aconteceu. Eu amadureci muito, Cobra, você sabe disso. E o Pedro estagnou. De repente nós éramos duas pessoas que não se entendiam mais. Esses desentendimentos começaram pouco antes de eu fazer dezoito. Mas antes disso, as coisas já não eram as mesmas.

— Então você passou mais de um ano tentando consertar seu relacionamento com o guitarrista? — indagou, em choque.

— Eu não diria que tentava reconstruir nosso namoro, mas por um tempo pensei que pudesse ser um fase. Uma simples crise. Todo relacionamento têm crises. É normal. Mas as coisas não mudaram. Continuou tudo naquele clima ruim. Você se lembra de uma conversa nossa pelo Skype em que eu despejei todos meus problemas em você? — ele riu, balançando a cabeça positivamente.
Uma semana havia se passado após meu aniversário de dezoito. Cobra não pudera ir por causa de um campeonato. Como o marginal estava extremamente ocupado com seu treinamento, naqueles dias conversávamos apenas por telefone. Então um dia ele finalmente me chamou para uma chamada de vídeo. Eu não estava bem naquele dia. A conversa que começara com felicitações por sua vitória, de minha parte, e por meu aniversário, de parte dele, passou a focar apenas em minhas reclamações. E acabei chorando vergonhosamente no final. Tudo que queria era um abraço de meu melhor amigo.

— Você estava histérica — afirmou, divertido. Deixei uma risada escapar ao ver seu semblante descontraído.

— Pois é. Bem, naquela época as coisas estavam começando a desandar.

— Sinto muito, K. Por tudo.

— Eu também. Mas chega desse assunto depressivo. — lhe sorri. — Aí, aquela vitória sua foi épica! — exclamei. Cobra venceu no primeiro round, nocauteando seu adversário. Acompanhei tudo por um canal de lutas e comemorei muito quando o marginal deu o chute que derrubou o outro lutador.

— Foi um dos melhores chutes que eu já dei! — apontou, orgulhoso.

Depois que saímos do restaurante, fizemos compras em um supermercado. Pedro e o iminente fim não foram assuntos citados, para minha alegria.

Assim que chegamos no catete, avisei que passaria na casa de minha família para pegar algumas coisas que havia esquecido. O lutador ficou encarregado de descarregar o carro e de guardar as compras. Seu veículo me intrigou no instante em que o vi. Afinal, ele acabara de investir em um negócio e se mudara recentemente para o Rio. Cobra me explicou tudo, o carro prata era o mesmo que ele usava em BH. E já que voltou de avião, precisou deixá-lo na capital mineira. Uma transportadora o trouxe para cá no dia anterior.

Despedi-me de meu melhor amigo com um sorriso.

***

A última coisa que faltava era juntar todos anos de meu relacionamento com Pedro em uma caixa. Digo, as lembranças. Camisas dele, cartas de amor, o ursinho de pelúcia que ele havia me dado. Meu pai foi quem abriu a porta pra mim. Ele sorriu surpreso ao me ver.

— Filha, resolveu finalmente visitar seu velho pai — dramatizou, me dando passagem.

Adentrei, revirando os olhos. No momento em que pus meus pés dentro da sala, ele me deu um abraço apertado. Quase me esmagando. Gael sempre seria extremamente dramático. Poderia ser um ator. Capaz até de Bianca ter puxado sua veia artística dele, e não de nossa mãe.

Me soltou minutos depois, sorrindo largamente. No entanto, minha frase tirou qualquer traço de alegria de seu rosto.

— Vim buscar umas coisas que eu esqueci — a cada palavra dita, sua careta de desaprovação aumentava.

— Pelo visto você realmente nos abandonou — resmungou.

— E o resto do povo dessa casa? — perguntei, tentando mudar de assunto.

— Dandara está com o Miguelzinho na Ribalta. Bianca gravando, e João ensaiando. Eu vim aqui para almoçar, sozinho   — começou a podar seus bonsais, praticamente esquecendo que eu estava ali.

— Minha menina!   —   exclamou Beth, surgindo da cozinha. Corri para abraçá-la.

— Nossa, parece que eu não te vejo há séculos. Você está tão diferente. Até mais alta — disse, me analisando. Balancei a cabeça, em negação. Era impressionante como Beth e Gael conseguiam exagerar.

— Beth, foram só alguns dias. Não é pra tanto — ela abraçou-me novamente.

— O seu pai fala de você toda hora. Já perdi as contas de quantas vezes ele assistiu vídeos dos campeonatos que você participou — cochichou.

— Ele é inacreditável. Mas confesso que também senti falta de vocês. — ela me sorriu carinhosa. Disse que vim buscar umas coisas, e ouvi uma reclamação de meu pai.

Subi para meu antigo quarto e peguei a caixa de lembranças no guarda-roupa.

Todas as coisas do meu namoro com Pedro já estavam separadas. Bianca havia feito isso pra mim. Abrir aquela caixa foi como voltar no tempo. Ele voltaria na semana seguinte e então eu a entregaria a ele. Não consegui jogar tudo aquilo fora. Fui muito feliz com o guitarrista. Se ele quisesse, podia se desfazer de todos aqueles objetos. Eu não pude, nem deveria. Porque seria ele quem teria que superar, e aprender a viver sem mim. Saber que partiria seu coração era extremamente doloroso.

Voltei à sala, e fui coagida a ficar mais. Tive que assistir um filme com meu pai e ajudá-lo com seus bonsais.

A noite já dava seus primeiros sinais quando deixei a casa que fora meu lar. O céu estava azul anil e a lua despontava fraca. Caminhei sem pressa, com o auxílio das muletas. A rua estava vazia. O QG aberto, onde Cobra ria com Thawik e alguns garotos mexiam nos computadores. O perfeitão não havia iniciado o turno noturno ainda. A academia estava com as portas abertas, consegui avistar três alunos de meu pai jogando conversa fora perto da escada. Mais poucos metros e estaria na frente do estabelecimento do réptil. No entanto, a voz familiar dizendo meu nome me parou.

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