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História Tão parecidos Cobrina - Surpresas


Escrita por: isabellapequena

Capítulo 2 - Surpresas


 

De repente alguém tampou meus olhos e disse com uma voz que eu nunca iria esquecer:

— Adivinha quem é?

— Cobra! — gritei,seu nome em alto e bom som eu  já sentindo aquele velha sensação que ele me causava. Estar com Cobra trazia uma sensação única, um conforto sem igual. Uma tranquilidade, uma paz. É como voltar pra casa depois de uma longa viagem, é voltar a sentir que pertence a um lugar, a alguém.

Espantei minhas divagações absurdas de minha mente e me deixei ser acolhida pelos braços do lutador. Ele me apertou contra si,  pelas costas tirando-me do chão, confortando-me e logo me virou para verdadeiro abraço que me vez.

O sentindo tão perto de mim, com seu cheiro invadindo minhas narinas, seu coração pulsando com o meu, de repente aquele dia, que estava horrível, tornou-se maravilhoso e alei sem me importa com nada apenas com ele.

— Senti tanta a sua falta, Cobra — declarei em um sussurro.

— Eu também, loirinha — disse no mesmo tom.

Irmãos não deveriam ficar abraçados por tanto tempo, certo? Bem, não sei. Nunca iria me acostumar com essa situação, sempre teria dúvidas quanto a esse laço de sangue. Afastei-me, um tanto quanto constrangida pelo tempo do nosso contato. Longe dele, meu juízo voltou, trazendo minhas mágoas junto.

— Seu safado! — comecei a dar tapas e murros no peito e nos braços do idiota — Você sabe quantas vezes eu precisei treinar com você?! — continuei batendo nele, que não esboçava nenhuma reação — Eu senti sua falta, porra! E agora aparece fazendo uma surpresinha?! — ironizei. — Você não pode entrar e sair da minha vida assim! — Parei de agredi-lo. — Sabe quantas vezes eu precisei de você? — exausta por causa do surto e abalada por sua visita surpresa, comecei a chorar pateticamente.

Cobra delicadamente colocou seus braços em volta da minha cintura e eu rodeei sua cintura com os meus, em um abraço aconchegante.

— Loirinha, eu também senti a sua falta. E tenho uma novidade que, quem sabe, faça você me perdoar — começou, misterioso. — Adivinha quem voltou a morar nessa cidade maravilhosa? — separei-me dele e fitei seus olhos, notei que ele também chorara, não tanto quanto eu, mas, mesmo assim, era bom saber que alguém se importava... Que ele se importava.

O ex-marginal sem sentimentos se importa com a amiga... irmã.

-''ele me olhava eu a ele me fazendo lembra de toda 

Nossa irmandade trouxe dúvidas e certezas, dúvidas sobre como me comportar perto do marginal, e certezas sobre a intensidade de meus sentimentos. Cobra tem essa mania irritante de me deixar confusa, entretanto, nosso parentesco respondeu meus maiores questionamentos.

Por que me sinto tão ligada a ele?

Por que sou tão parecida com ele?

Por que eu sinto algo tão intenso por um amigo?

Simples: Porque ele é meu irmão.

Nas poucas vezes em que o vi nesses anos, tendo conhecimento de nosso laço, esquecia-me disso, involuntariamente. Ver Cobra como irmão era um pouco desconfortável, infelizmente, existem momentos, como esse pós abraço embaraçoso, em que me lembro de que somos filhos do mesmo pai, e fico sem saber como agir. Mas, quando não lembro desse pequeno detalhe, somos nós, Cobra e Karina, melhores amigos, treinando, desabafando, rindo; confortáveis e felizes com a companhia um do outro.

Não é uma coisa que eu goste de admitir, todavia, ser irmã do Cobra me incomodava essa era a verdade mesmo não querendo fala disso me Incomoda porque simplesmente eu travo ao lembrar desse fato, incomoda porque já ficamos,uma vez incomoda porque nos limita, não nos permiti sermos quem quisermos, é quase como se ao saber de nosso laço tivessem tirado algo de mim, de nós, o direito de nos gostarmos da maneira que quiséssemos. Não que isso tenha entrado em pauta, mas séria hipocrisia minha mentir descaradamente e dizer que nunca pensei nessas... Limitações de sentimentos.

''Porque pensava nisso naquele abraço

E fitando-o tão... L ...o Não sei dizer, acho que ele é ele, Cobra, pode ser calmo, doce, mas também raivoso, talvez até violento. Mas nunca comigo, comigo ele sempre é ele mesmo. Sem máscaras, sem pose de bad boy me deixei leva era isso mais

Em poucos segundos digeri suas palavras, sendo invadida por uma felicidade plena.

— Cê tá falando sério, Cobra? — questionei, extasiada.

Ele assentiu e alargou seu sorriso, deixando os caninos à mostra.

— O quê?! Há quanto tempo? E a faculdade da Jade? — o bombardei com minhas dúvidas.

— Voltei hoje, novinha. A Jade conseguiu passar pra uma outra faculdade de enfermagem, aqui no Rio — explicou. — Há alguns meses ela se inscreveu em um projeto de um ONG e agora está no avião a caminho da África, são alguns meses, depois... — ele pareceu incerto por um momento, contudo, logo voltou a falar — ela volta pro Rio.

— Nossa. Isso é incrível! Onde vocês vão morar? — perguntei empolgada.

— Em cima do QG.

— Naquele apartamento? — me lembrei do espaço em cima do estabelecimento. Na época em que o réptil trabalhava no loja, o espaço era usado como uma espécie de deposito.

— É — confirmou. Arregalei meus olhos, não acreditando que a bailarina aceitasse morar no pequeno apartamento.

— A Jade quis morar naquela caixinha de fósforos? — questionei incrédula.

— A Lucrécia contratou um arquiteto pra reformar o loft. E é claro que eu consegui convencê-la de um jeito bem... — sorriu malicioso. Senti meu rosto esquentar e não permiti que terminasse sua fala:

— Chega, Cobra! Detalhes demais! — o réptil riu debochado de minha reação.

— Ok. — Observei-o levar suas mãos em direção ao bolso traseiro da calca jeans e tirar de lá um envelope. Em seguida, seus olhos buscaram os meus, depositando o papel minhas mãos.

— O que é isso? — indaguei curiosa, arqueando a sobrancelha.

— O seu presente de aniversário — respondeu, sorrindo abertamente.

Curiosa, abri rapidamente o envelope e, quando descobri o conteúdo em seu interior, soltei um grito de felicidade.

— Cobra... Isso são dois ingressos pra luta do Anderson Silva?! — indaguei eufórica.

— Sim. Mas um deles já tem dono.

— Ah, é? E eu posso saber quem é esse dono? — questionei, já imaginando quem era o dono.

— Eu, é claro. Ou você acha que eu ia deixar você desperdiçar esses ingressos da luta do século com alguém que não entende nada de luta?! — perguntou, fingindo indignação.

— Eu ia te dar esse ingresso de qualquer jeito — murmurei.

— Por quê?

— Primeiro: porque eu quero ir nessa luta com você, segundo: porque você é meu melhor amigo... — hesitei: — meu irmão, e terceiro: porque eu quero passar meu aniversário com você.

— E o Pedro? — perguntou em um tom de voz baixo, como se estivéssemos compartilhando um segredo.

— A gente brigou, pela quarta vez na semana — comentei desanimada, mas surpreendentemente, não triste, e sim conformada.

— Nossa, K. Você quer conversar? Ou lutar?

Olhei pra ele com uma sobrancelha arqueada e um sorriso desafiador no rosto.

— O que você acha?

***

Passamos o resto da manhã lutando. Na hora do almoço, comemos no perfeitão. Jogamos conversa fora e, após a digestão ter sido completada, voltamos ao nosso treino nostálgico.

Ao pôr do sol, deitamos no tatame ofegantes. Esgotados pelas horas seguidas de esforço físico.

— Loirinha, nós temos que ir.

— Já? — questionei, infeliz. Não estava com a mínima vontade de ir embora.

— Sim. A luta é às 21:00. — alertou, compartilhando da minha desaminação.

— Ok — assenti derrotada, precisávamos ir embora, não adiantava insistir para ficarmos mais.

Cobra levantou e estendeu a mão para me ajudar a me erguer. Já de pé, inquiri:

— Você vai voltar a trabalhar no QG?

— Não exatamente — fez suspense, com uma expressão divertida no rosto.

Encarei-o, com dúvida.

— Eu tinha um dinheiro guardado de alguns campeonatos de BH e usei esse dinheiro pra comprar o QG — esclareceu.

— Cê tá falando sério?! — questionei, admirada com sua atitude.

— Sim! — confirmou, animado. Seu estado de espírito me contagiou. Fiquei na ponta dos pés e o abracei pelo pescoço, em resposta a minha ação, o réptil cercou minha cintura com seus braços.

— Puta que pariu, isso é fantástico! — gritei, animação correndo por minhas veias. — Parabéns, Cobra! — o felicitei pelo feito.

— Parabéns, K! Feliz aniversário! — sua congratulação foi, sem sombra de dúvidas, a melhor que recebi, a mais sincera e a que mais mexeu comigo.

O réptil e eu nos despedimos na porta do QG, combinando o horário em que sairíamos para assistir à grande luta.

Cheguei em casa, feliz, com um sorriso no rosto e, animada com a ida ao evento esportivo, mas principalmente, eufórica pela volta do réptil ao Rio de Janeiro.

***

Às oito e vinte, Cobra e eu já estávamos dentro do carro que ele alugara.

O toque de meu celular tomou minha atenção, alcancei o aparelho em minha bolsa e encarei o visor. Pedro estava me ligando, ignorei a ligação e liguei o rádio.

— Não vai atender? — perguntou com interesse.

— Não. — a música que invadia o ambiente me era familiar. Me deixei ser embalada pela melodia tranquila, tirando Pedro e, consequentemente, meus problemas de meus pensamentos.

 "We're not friends, we could be anything

If we tried to keep those secrets safe

No one will find out if it all went wrong

They'll never know what we've been through"

"Não somos amigos, nós poderíamos ser qualquer coisa

Se tentássemos manter esses segredos a salvo

Ninguém descobriria se tudo desse errado

Eles jamais saberão de nada do que passamos".

— Falar também ajuda, sabia? — me aconselhou.

— Eu sei.

Olhou pra mim, incentivando-me a falar. Deixei de lado minha tentativa de ignorar meus dilemas e comecei meu desabafo:

— Pedro e eu estamos brigando, porque já tem uns seis meses que eu estou tentando fazê-lo aceitar a ideia de morramos juntos. — meu melhor amigo não se surpreendeu. Ele conseguia ver que eu tinha maturidade suficiente para sair de casa.

— Morar juntos? — repetiu minhas últimas palavras, pedindo que eu explicasse direito.

— É. Acho que esse seria um grande passo na nossa relação.Eu me sinto pronta, sabe?

O encarei, vendo-o balançar a cabeça em concordância, concentrado na direção.

— Porém, eu sinto que ele não está pronto pra isso. Sempre que falo sobre o assunto, ele desconversa, diz que o meu pai nunca vai deixar — disse, enquanto minhas diversas discussões com o guitarrista vieram à minha mente.

— K, eu sei que você quer isso. Mas não seria melhor esperar o moleque se sentir pronto pra dar esse passo? — inquiriu, solícito.

— Sim. Mas...

— O quê? — perguntou compreensivo.

— Desde o meu aniversário de dezoito anos, eu tenho meio que... — hesitei. Era difícil admitir essas coisas.

— Continua, K.

— Sei lá. É que já tem um tempo que o jeito do Pedro tem me irritado.

— Como assim? — franziu as sobrancelhas, em sinal de confusão.

— Primeiro foram algumas brincadeiras dele que eu não acho mais graça. Depois foi o jeito medroso dele. E esses dias a gota d'água tem sido a infantilidade dele. Eu me sinto namorando com um garoto de 15 anos.

— Mas você ainda o ama?

— Amo — respondi sem pestanejar.

— Talvez seja só uma fase, loirinha.

— Eu pensei nisso diversas vezes, Cobra. Mas já tem meses que venho me sentindo assim. E por mais difícil que seja admitir isso... Não tô aguentando mais.

Me sentia mal e ao mesmo tempo bem por finalmente estar desabafando. Era difícil admitir que as coisas entre Pedro e eu mudaram, entretanto, também era aliviante falar tudo isso.

— Você tá pensando em terminar?

— Não sei. Talvez.

Fitei a paisagem pela janela, pensativa. Um toque em minha mão esquerda me fez olhá-la, encontrei a mão do réptil acariciado a minha. Ele a voltou pro volante e me lançou um sorriso, que retribui na mesma hora.

Querendo entrar no clima de festa, disse soando animada:

— Agora chega de tristeza. Nós estamos indo assistir a luta do século, Cobreloa!

Cobra riu da minha animação, e  troquei a estação de rádio.

Uma música eletrônica acabava de tocar e o locutor anunciou:

— Essa música é pra animar a noite de sábado dos nossos ouvintes. Começando nossa playlist nostálgica: Marron five Shiver

— Ahh! Eu amo essa música, Cobra!

Comecei a cantar junto e dançar de um jeito meio desengonçado.

— 
I shiver when I hear your name
Think about you but it's not the same
I won't be satisfied til I'm under your skin
Immobilized by the thought of you

 

Eu dançava e cantava enquanto fazia caretas, usando uma mão como microfone. Cobra devia achar que eu havia enlouquecido.

— Canta comigo, Ricardo! — pedi, numa tentativa de contagiá-lo com minha euforia.

— Não! Eu não vou fazer isso! — negou com a cabeça, rindo.

— 

Paralyzed by the sight of you
Hypnotized by the words you say
Not true but I believe them anyway

A música chegou no refrão e ele não resistiu mais. Começou a cantar junto comigo.


So come to bed It's getting late
There's no more time for us to waste
Remember how my body tastes
You feel your heart begin to rac

Toda a animação presente no carro se foi no momento em que o som de uma buzina de caminhão berrou em nossos ouvidos. E antes que inconsciência me levasse, senti sua mão entrelaçando-se a minha.


Cont



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