História Tão profundo... - Esperança?

Eu odiava aquele lugar, eram 10 anos naquele mesmo espaço, tolerando sempre as mesmas coisas, as mesmas pessoas, as mesmas dores...
Durante o intervalo, eu entrava na sala do zelador e pegava uma pequena faca parecida com uma adaga e, sem nem mesmo passar gelo, eu fazia leves cortes logo acima de meus seios e deixava a dor escorrer junto com o sangue que manchava o chão claro da pequena sala; Embora eu o fizesse 3 vezes por semana, restavam apenas leves cicatrizes naquele busto adolescente que carregava o motivo de tanta dor, um coração frágil e quebradiço, enfraquecido com os anos que passei naquela maldita escola. Porém ainda havia esperança que, embora pequena, é sempre a última a morrer...

*Passaram dois meses*

Esperava anciosa por essa notícia e enfim ela chegou, porém não como eu esperava.

- Filha você precisa se animar, não gosto de te ver assim.- Disse calmamente minha mãe.
          - Como você quer que eu fique feliz? Estava esperando essa transferência desde o começo do ano, e agora você me vem com isso.- Minhas lágrimas insistiam em cair, porém seguro-as com dificuldade.
           - Eu sei minha filha, mas a vaga que tinham disponibilizado para você foi preenchida essa semana; Eu sinto muito, tanto quanto você.
           - Me deixe sozinha, e por favor, feche a porta quando sair.- Digo com toda frieza que existe em meu ser, embora soubesse que a culpa não era dela.
Tentava esquecer essa história, mas era algo que mudaria minha vida para sempre, para melhor, tudo seria novo, tudo seria diferente. Resolvi ouvir um pouco de música e coloco uma das minhas favoritas, (obviamente depressiva para melhorar minha situação), e lentamente ouço o toque de Stitches começar; De alguma forma aquilo diminuíra, drástica e estranhamente, minha sufocante dor, me animando um pouco a levantar e ir até o parque para esquecer de tudo pelo menos por um momento e descansar a cabeça de todo aquele sofrimento.

A densa floresta aparecia no horizonte a medida que eu me aproximava do parque da cidade, um lugar reconfortante e quieto, perfeito para eu me sentar e ouvir só o vento soprar por entre as árvores grandes e velhas de lá. A trilha que eu costumava fazer não era muito popular porque dava em um enorme paredão de pedra, porém o que muitos não sabiam é que o lugar tinha algo a mais; Uma pequena rachadura escondida atrás de um punhado de bambus, que revelava incrível segredo: um grande antro se abria, com um pequeno buraco no teto formado por rochas e alguns musgos que cobriam partes das paredes. No canto esquerdo havia uma repartição da caverna que descia até chegar à uma piscina natural de água cristalina. Eu descobrira um esconderijo e passei a ir lá todos os dias sempre acompanhada de comida, os fones e a pequena adaga (da sala do zelador). 

Para comemorar a descoberta coloquei meus fones a tocar Something Big, fiz um corte na palma de minha mão e marquei a parede da caverna com as minhas iniciais.