- É uma longa história, seu delegado.
- Pode contar senhorita.
- Está bem. De uns tempos pra cá, assimilei algumas coisas. Começou quando minha 'mãe'...- torci a voz.- Foi presa. Quando estava andando pelo prédio abandonado reparei em alguns objetos estranhos e que não pertenciam à ela. Depois, enquanto eu ainda estava em minha casa, reparei que toda noite alguém me observava pelas janelas e principalmente, quando Henry estava comigo.
- Continue.- disse o delegado, pensativo.
- Desde semana passada venho recebendo estranhas ligações, de um número até ontem, desconhecido.- percebi que Albert foi ficando tenso.- Mas, com a ajuda de um amigo, descobri de quem é o suposto número. Algum tempo atrás, a mãe biológica de Henry foi presa por tentar tomá-lo de mim, e percebi que ela usava uma aliança de casamento no dedo. A mesma aliança que observo na mão do senhor Albert, além do relógio em seu pulso que eu quebrei na noite do prédio abandonado.
- Mas o que ele tem a ver com as ligações senhorita?
- Como disse, meu amigo descobriu que o número que me liga, está localizado na prisão municipal, onde estão as réus antes mencionadas. E esse número é o particular do senhor Albert.
- Entendo. Mas como pode provar o que está dizendo?
- Mande eles checarem as prisioneiras. Verá que elas possuem algum aparelho escondido.
Minha voz era firme, o que fez o delegado seguir minha sugestão e trazer as duas para revista. Não queria ver minha mãe, mas não tinha escolha. Precisava provar o que disse.
Elas foram viradas para a parede da sala. Uma policial veio junto e começou a apalpar as pernas, braços, costas e não encontrou nada. O delegado me olhou duvidoso, mas eu ainda tinha uma carta na manga:
- Bom senhorita, vejo que ainda não provou suas palavras.
- Na verdade, provei sim.
- Como dis..?
- Joel!- gritei e de repente, meu amigo surge com um celular e alguns fios.
- Seu delegado, aqui estão as provas. Foram confiscadas da cela onde as duas estavam. Os fios são um ponto eletrônico de onde recebiam informações de fora da cadeia. O celular a gente já sabe de quem é.- concluí e todos nos viramos para Albert.- Permita-me.- disse, pegando o dedo do senhor e colocando no leitor biométrico, que reconheceu a impressão e desbloqueou o telefone.
- Muito bem. Albert McLaggen venha comigo. O senhor está preso. Senhorita, acredito que precisa dar um depoimento sobre o caso e depois já pode ser liberada.
- Está bem. Já estou indo.
Ele assentiu e se retirou acompanhado dos presos.
Esperei todos se retirarem e abracei Joel:
- Muito obrigada meu amigo.
- Sem problema Kathe.
- Não sabe o quanto me ajudou. Muito obrigada.- ouvi Shawn se levantar.- Ah claro, não fiz as apresentações. Joel este é meu namorado, Shawn. Amor, esse é meu amigo e ex-professor Joel.
- Prazer.
- Prazer.
- Onde está Henry?- indaguei.
- Está com uma secretária, já que ele não podia entrar conosco.- disse Shawn.
- Oh sim.- disse me retirando pra ir atrás de Henry, seguida de Joel e depois de Shawn.
- Kathe, sinto ter que voltar para meu trabalho. O dever chama.- disse Joel, animado.
- Sim vai lá, senhor rosquinhas doces. Muito obrigada, outra vez.- brinquei.
Ele assentiu e saiu "saltitando".
Assim que me viu, Henry veio até mim e pediu colo. Agradeci a moça que ficou com ele e saí da delegacia. No caminho até o carro, reparei em Shawn e senti que ele não estava bem:
- Shawn, está tudo bem?
- Sim Kathe, estou bem. Por que?
- Não sei, mas você me parece estranho.- Coloquei Henry no carro e fechei a porta.
- Quer que eu diga a verdade?
- Claro amor.- disse contornando o carro e indo à seu encontro.
- Estou... me sentindo excluído.
- Como assim?.- agora eu o encarava.
- Você não me disse nada do que estava planejando, me escondeu tudo o que estava fazendo. Achei que por ser seu namorado e pai de Henry, eu deveria saber disso. Até porque eu poderia ter ajudado.
- Aah amor, sinto muito. Mas eu precisava esconder, porque não foi só Joel que me ajudou.
- Não?
- Não. Teve mais alguém. E por isso, não te disse nada, já que você não gosta tanto dele.
- E poderia levar tudo por água abaixo?
- Sim... Mas, não fique triste. Você sabe que eu te amo. E eu não queria perder Henry. Assim como não quero perder você.- o final saiu como um sussurro.
Ele ficou em silêncio por um tempo. Pensando, eu acredito. E depois disse:
- Prometa-me que não vai me esconder mais nada.
- Prometo.
- Como posso garantir?
- Assim.- colei nossos lábios, num beijo suave e quente.
Ele não disse mais nada e entrou no carro. Eu voltei para meu lugar e fiz o mesmo.
Deixei Henry em casa; Eu e Shawn partimos para o centro, onde ele tinha que dar uma entrevista para um programa de rádio. Chegamos no prédio e coloquei o carro na garagem à pedido da segurança. Subimos para o 7º andar e encontramos o repórter nos esperando. Eu planejava deixar Shawn ali e vir buscá-lo mais tarde. Porém quando o repórter me viu, pediu que eu participasse da entrevista. Na hora eu entendi o que ele queria. Será que era a hora? Eu não sabia e acho que Shawn também não.
Eu tentei convencê-lo que eu não iria participar, mas ele persistiu e acabei cedendo. De uma hora para a outra, meu nervosismo subiu, eu comecei a tremer. Tentei não ligar, mas era impossível.
Entramos no estúdio e nos preparamos para entrar no ar. Tirei rapidamente os fones. Só tive tempo de perguntar uma coisa a Shawn:
- Eu respondo tudo ao pé da letra?- cochichei em seu ouvido.
- Sim, só não revele coisas demais de sua vida pessoal. Você vai se sair bem.- ele piscou e antes que eu recolocasse os fones, entramos no ar. O locutor nos apresentou e a entrevista começou:
- Bom ouvintes da Rádio Teen. Temos aqui hoje, uma grande celebridade da música pop atual, ele mesmo. Shawn Mendes, pessoal!
- Hey guys.- ele brincou.
- E ele não veio sozinho. Está acompanhado! Qual seu nome?
- Eu me chamo Katherine.
- Muito bem. Então Shawn...- E o papo foi sobre a carreira de Shawn. Depois que esse assunto acabou, a atenção se virou pra mim. O que me dava muito medo:
- Bom, e você Katherine?
- Pode me chamar de Kathe.
- Claro. Como quiser. Então Kathe.- ele enfatizou.- Conte-nos um pouco mais sobre você.
- Está bem.- resumidamente contei sobre minha vida, sem detalhar. E então o locutor mandou:
- E agora vamos responder as perguntas que vocês fizeram no Twitter com as tags #Katheresponde e #Shawnresponde.- ele parou e olhou atentamente o celular, ficou procurando os melhores e os separou.- Vamos começar com essa: #Shawnresponde Quando você virá à América do Sul? O Brasil te ama ❤️.
- As datas da turnê estão marcadas mas ainda não temos nada por aí, embora eu pretenda fazer algo grande. Assim que eu souber, contarei à vocês.
- E acredito que quando fizer, elas vão agradecer. Próxima, para Shawn: #Shawnresponde Como vocês se conheceram?
- Nós nos conhecemos pela internet. Acabamos trocando mensagens e nos tornando amigos.
- Pela Internet? Tá aí algo que não se vê muito e que de certo. Já que há muita gente mal intencionada por aí.
- Sim, concordo. Por isso, que a gente tem sempre que alertar crianças e jovens para não compartilharem informações pessoais e fotos comprometedoras com desconhecidos na internet.- afirmou Shawn.
- Sim, com certeza. E pra concluir, essa que foi a mais pedida e é para os dois responderem: #Katheresponde #Shawnresponde Vocês pretendem se casar?
Eu corei e não consegui dizer nada, então Shawn respondeu:
- Não sei exatamente. Não havíamos pensado em nos casar.
- Sim, mas na idade de vocês, é cedo, eu acredito. Hoje em dia, isso está se tornando muito precoce. O que de longe não é bom, porque as pessoas acabam pulando fases da vida que a gente tem que aproveitar.
- Claro. A gente tem que passar por todas as fases. 'Tudo tem seu tempo' minha mãe costumava dizer.- Shawn completou.
Depois de um tempo, a entrevista acabou e íamos retornar pra casa, porém quando chegamos em nosso carro o segurança nos alertou:
- Vocês terão de esperar um pouco. Há algumas fãs querendo vê-los ali fora e estão bloqueando o portão. E há alguns paparazzi também.
- Quantas pessoas mais ou menos?- perguntou Shawn.
- Umas 50 pessoas.
- Okay.- ele fechou o vidro.- Kathe, você se importaria de eu ir lá fora cumprimentá-los?
- Claro que não Shawn. Você é livre pra fazer o que quiser.
Ele ia sair do carro, quando teve uma ideia e parou:
- Não quer ir também Kathe? Acredito que eles vão gostar de conhecê-la.
- Pode ser Shawn.
- Então venha.
Saímos do carro e a segurança foi alertada. A rádio montou uma mesa na parte interna da entrada e os seguranças foram controlando a entrada das fãs para que Shawn e eu autografássemos e tirássemos algumas fotos. Nisso, o resto da tarde se foi.
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