História Tão profundo... - Imisericórdia

Saí do parque  rumo à minha casa, meio osciosa, para saber o que havia no pacote e quem tinha mandado ele para mim. Chego em meu destino, desço da bicicleta e estranho a porta da frente estar aberta, meu coração acelerou mas mesmo com medo entrei em casa.
A sala continuava igual, tudo no lugar (meu pacote jazia na mesa de centro). Era uma caixa de médio porte, embalada com um papel vermelho cor de sangue, e em seu topo grudado um laço e ao seu lado escrito: 'Para Kathe'. De início pensei que vinha de meu amigo, mas não nos conhecíamos à tanto para tal, então de quem seria? (Descobri da pior maneira).

Comecei a rasgar a embalagem, ainda com medo, e aos poucos fui desembrulhando a caixa que escondia o enviado. Abri a tampa e me deparo com um objeto asqueroso e horrendo: Uma boneca de pano com o tórax cortado, os olhos costurados e coberta por inteiro de sangue, ao seu lado tinha um bilhete que apenas dizia 'Eu sei'; Larguei a boneca dentro da caixa, caí no chão da sala e chutei a caixa para longe de mim e fiquei ali a processar o que havia acontecido, estática. Minha mãe logo desceu as escadas e correu ao meu encontro logo que me viu no chão quase a chorar: 

- Minha filha, o que aconteceu?

- Foi o pacote que me mandaram.- Logo que termino a frase ela se levanta e vai olhar dentro da caixa.

- Filha, quem te mandou essa coisa?- Diz ela em choque.

- Não faço ideia mãe, não mesmo.   
Concluo a frase, me levanto e vou rumo ao banheiro me acalmar com um bom banho de banheira, minha mãe se encarregou de cuidar da caixa de horrores (nome que eu à dei. Fiquei horas lá dentro pensando em tudo aquilo derramando algumas poucas lágrimas até que o meu celular apita:

- Oi Kathe, sou eu seu diário. Tudo bem?
Ele ainda não havia me contado seu nome.

- Oi diário, estou bem, só assustada. E você?

- Bem. Assustada com o que?

- Recebi uma boneca de pano coberta de sangue e um bilhete pelo correio hoje de tarde.

- Meu deus, que horror. O que dizia o bilhete?

- 'Eu sei'. Apenas isso.

- Nossa, quem teria te feito isso? Uma garota tão legal como você.

- Obrigada, mas nem todo mundo aqui compartilha da sua opinião quanto à mim. Aqui sou esquisita e rejeitada.

- Mesmo assim, uma pessoa com estilo diferente não deve ser hostilizada dessa maneira. Foi medíocre.

- Concordo diário. Mas podemos parar de falar nisso? Não me sinto à vontade.

- Sem problema nenhum.
A conversa fluiu até a hora de eu ir me deitar e a gente ter que se despedir. Fechei o Messenger e coloquei uma "canção de ninar" para que eu conseguisse dormir depois de receber a caixa de horrores, era Mercy do Shawn, porque naquela hora era o que eu mais precisava: Misericórdia.

Acordei no outro dia cansada, pois não dormi direito à noite, tive pesadelos com aquela boneca maldita que me atormentaram o sono. Cheguei à escola cedíssimo como de costume, sentei-me na minha carteira e dormi por meia-hora já que não tinha nada para fazer e estava extremamente cansada; Assim que os outros alunos começaram a chegar eles riam eternamente e eu não entendia o porquê de tantas gargalhadas, até que ouvi um deles dizer: 'Ela recebeu a Pesadelo', me enfureci com tamanha intensidade que até me surpreendi e gritei enraivecida:

- Foram vocês que me mandaram aquela coisa?

- Dããr, claro que fomos. Você é tão lerda que só descobriu agora?
Apenas fiquei quieta e guardei aquela raiva para mim e tentei me acalmar. Eles acharam que escaparam mas não... Eles ainda vão pagar por aquela brincadeira.