A caminho do médico, meu celular tocou. Era Dwayne:
- Olá Kathe.
- Dwayne, olá. Quanto tempo!
- Sim, muito. Está tudo bem por aí?
- Claro, todos estamos bem. E você, sua esposa, como estão?
- Bem, obrigado. Escute Kathe, essa semana se inicia o 9º mês de gravidez da minha esposa, e eu gostaria que você comparecesse ao chá de bebê.
- Oh Dwayne, meus parabéns. Quando será o chá?
- Na quinta feira, às 15hrs.
- Hmm, Okay. Eu irei então. Obrigada pelo convite.
- De nada. Lhe mando o endereço por e-mail.
- Obrigada. Até quinta então.
- Até.
Entrei na clínica, e sentei-me para esperar o doutor me atender. Enquanto eu estava ali, resolvi ler uma revista, já que ver meu Twitter não seria uma boa ideia.
Passada uma meia hora, andaram pela sala, uma mãe e sua filha que aparentava ter 16 anos. Percebi que a menina me reconheceu e, enquanto a mãe dela falava com a secretária, sentou-se ao meu lado. No começo ela não disse nada, mas depois sussurrou:
- Sua sem caráter. Você gostaria se fosse ele beijando outra garota?
- Eu não o traí.
- Eu sei, então aquilo tudo que está na internet é uma montagem neh?!- ela disse em tom arrogante.
- Não é montagem, mas o beijo foi roubado. Eu não queria beijar aquele garoto.
- Aham...
Aquela garota estava me irritando.- Olha, não quero ser chata, mas você está me incomodando. Pode fazer o favor de parar?
- Claro, apenas se confessar o que fez.
- Eu já disse perfeitamente o que aconteceu. Agora, se me der licença.- virei para frente e continuei minha leitura. Logo depois, a mãe a chamou e ela saiu do local.
- A próxima paciente é a senhorita. Pode entrar.- disse a secretária. Assenti e bati na porta do consultório. O doutor a atendeu e me deixou entrar:
- Boa tarde, senhorita Katherine.
- Boa tarde doutor. Prefiro ser chamada de Kathe, se não se importa.
- Não, por favor. Sente-se.- disse, me indicando o divã.
- Com licença.
- Então, pode me contar. O que está acontecendo com essa cabecinha?- ele riu de leve. Eu retribui o riso.
Contei-lhe tudo sobre os pesadelos, como eles aconteciam, em que frequência. Tudo. Ele pareceu sereno o tempo todo, apenas ouvindo minhas palavras. Assim que concluí, o doutor escreveu alguma coisa em sua prancheta e me disse:
- Esses pesadelos senhorita Kathe, provém de algo que a senhorita passou e que agora pesa na sua mente.
- Como assim doutor?
- Digamos que você tenha passado algo bem difícil, assustador ou doloroso. Com o passar do tempo, você acaba "esquecendo" daquele sofrimento, porém o seu subconsciente não. E ele manifesta essa dor através de pesadelos.
- Mas, pensando na situação mais difícil que eu passei, esses pesadelos tem um cenário totalmente diferente. Porque?
- Acredito que seu subconsciente esteja te mostrando algo que seria mais doloroso para você que a situação que está pesando, entende?
- Sim. Faz até sentido.
- Bom então, tudo certo. Pode se levantar.
- Claro.- disse, sentando-me na cadeira recostada à mesa dele.
- Bom, o que eu posso recomendar é, seja feliz, preencha sua cabeça com memórias felizes. Acredito que isso vá melhorar e os pesadelos acabarão sumindo.
- Okay então doutor. Muito obrigada.- disse apertando sua mão.
- De nada, senhorita.
Saí da clínica, passei no centro para comprar o presente do chá de bebê de Dwayne e encontrei James caminhando sozinho. O abracei forte, causando um leve estranhamento:
- Aconteceu alguma coisa Kathe?
- Você me ajudou mais uma vez James.
- Ajudei?- fingiu desentendimento.
- Sabe do que eu estou falando. Muito obrigada.- lhe abracei outra vez.
- De nada. Era o mínimo que eu podia fazer.
- Como posso te retribuir?
- Não precisa.
- Mas eu quero. Insisto que venha jantar comigo e Shawn uma noite.
- Nossa, eu adoraria, Kathe.
- Combinado então. Verei uma data e lhe aviso assim que tiver acertado tudo.
- Okay, então, até depois.
- Até.
Caminhei para meu carro e voltei para casa.
Nós tomávamos café quando avisei a Shawn do chá de Dwayne e do jantar que planejei com James. Ele ficou empolgado com a ideia e aceitou na hora. Quando eu acabei meu café, voltei a pensar no que a garota havia me dito na clínica e, sabe se lá Deus como, Shawn sentiu que havia alguma coisa errada e resolveu perguntar:
- Amor, algum problema? Você parece incomodada com alguma coisa.
- Se lembra que eu havia dito que ia ao médico para ver o assunto dos meus pesadelos? Então, lá na clínica, uma garota, provavelmente sua fã, começou a me interrogar e pressionar para que eu confessasse que traí você.
Shawn não falou nada, apenas saiu da cozinha em direção ao nosso quarto. O segui e falei:
- More, o que foi? O que você está procurando?
- Meu celular. Preciso fazer uma ligação.
Pressenti o que ele ia fazer e resolvi impedir. Observei-o procurar o telefone por todo o quarto, até que ele parou e se sentou na cama, virado para a cabeceira. Eu continuei olhando o ambiente, e avistei o celular na pia do banheiro. Fui deslizando de fininho até lá, enquanto Shawn falava:
- Kathe, eu me preocupo com isso sabia? Pode parecer algo normal para você mas para mim é algo diferente.
- Como assim diferente?
- Eu tenho receio de que minhas fãs a machuquem.- ele se virou e eu me encontrava recostada na porta do quarto, escondendo seu telefone.
Caminhei até ele e parei bem à sua frente. Ele continuou:
- Elas podem querer te machucar apenas por você estar namorando comigo, ou até porque mal-interpretam uma noticia que sai na internet. Temo por sua saúde. Temo por você.
- Shawn, eu sei me cuidar sozinha.
- Sei disso, mas ainda assim me preocupo. Se elas resolvem formar grupos para te perseguir ou agredir, você fica obsoleta.
- Sim. Você tem razão.- o envolvi com os braços.- Mas lhe digo uma coisa. Por você, eu corro todos os riscos.
- Eu também.- ele me abraçou mais forte e colou nossos lábios. Quando o beijo cessou, senti sua mão correr minha barriga e descer levemente até o começo da virilha, retirando o celular que estava preso na calça. Shawn ligou para seu agente afim de marcar uma coletiva de imprensa, já que nós queríamos esclarecer o escândalo.
Marcamos as entrevistas para amanhã mesmo, na sede da Billboard. Também marquei o jantar com James para sábado.
O pesadelo se manifestou outra vez, porém o torturador era uma garota, que aparentava ter 19 anos.
*No dia seguinte*
O auditório principal da revista ficou lotado de gente, incluindo fãs e repórteres, que esperavam a coletiva começar. Assim que eu e Shawn fomos anunciados, todos se sentaram e a sessão começou:
- Kathe, pode nos responder quem era o homem que estava beijando a senhorita nas fotos que vimos circularem a internet?
- Ele era um dos convidados da festa.
- Você já o conhecia?
- Não.
- Como foi que a situação resultou naquele beijo?
- Eu estava sentada em uma mesa, ele se aproximou, me puxou do assento e roubou um beijo. Mais alguém?
Silêncio.
- Abertas as perguntas para o Shawn.- disse o agente.
Não fizeram muitas perguntas à ele, o que acabou acarretando no rápido fim da coletiva. Voltamos para casa e eu decidi preparar algo na cozinha, para relaxar um pouco. Quis agradar Shawn e fiz seu doce preferido. Quando terminei, ele estava tomando banho e eu lhe falei pela porta:
- Amor, já está acabando o banho?
- Quase. Porque?
- Tenho uma surpresa para você. Me avise quando acabar aí.
- Está bem.- ele disse, com um tom malicioso.
Alguns minutos depois, ele me chamou e eu o vendei. O coloquei sentado na cama apenas de toalha mesmo:
- Kathe, o que você está planejando?
- Quieto Mendes.- disse, colocando um pedaço de muffin em sua boca.
Ele mastigou por algum tempo e sorriu.
- Uau está delicioso. Quem fez? Lúcia?
- Não bobo. Fui eu que fiz.
Ele riu.- Eu sei linda. Adorei a surpresa.-tirei a venda dele e continuamos comendo o muffin. Estava delicioso.
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