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História Tarde da Noite - Verdade


Escrita por: requintte

Notas do Autor


Já faz um tempo que estou com esse projeto de fic, então eu pensei, por que não postar?
E cá estamos nós!!
Espero que gostem szsz

OBS: A parte em negrito, são as memorias do personagem, sao narradas em primeira pessoa, variando entre o Chang e o Jooheon.

Capítulo 1 - Verdade


“A brisa que vinha do norte
Indicava mau agouro
Embora tudo estivesse quieto
Nada acontecia
Porque era Tarde da Noite”

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Capítulo Um - Verdade

 

Numa noite qualquer, num lugar qualquer, um rapaz qualquer andava sem rumo pelas ruas de um lugar esquecido. Era uma cidade comum no interior do país, onde os pontos turísticos, eram uma igreja, uma escola e uma praça onde os senhores, pelo horário já avançado, guardavam suas ultimas peças do famoso dominó sob os olhares da juventude que saia para os bailes.

O rapaz que citei no começo dessa narração, caminhava tranquilo arrumando a franja castanha de modo que não caísse de novo em seus olhos, não era considerado o deus grego da beleza sul-coreana, porém era dotado de um semblante tedioso e zombativo que o dava uma beleza única. Com o seu típico all star, jeans e cabelo bagunçado, quem o visse ali, nunca iria imaginar tudo o que tinha passado naquele dia, muito menos o que tinha acontecido em seu psicológico com o passar dos anos.

Com o tempo, o menino aprendera a se isolar do mundo, se tornando uma pessoa fraca, miserável com fortes tendências a depressão. Engana-se quem pensa que aquela muralha era real, por dentro ela estava caindo, deixando ele perdido e desconsolado, cansado e despedaçado, a procura um lugar para se perder. Talvez encher a cara seja uma opção, afinal havia acabado de terminar com o possível primeiro e único amor de sua vida. E a lembrança lhe ocupou a cabeça por alguns instantes.

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 “Porra Changkyun! Você sabe que eu nunca te amei!” disse a menina “Na verdade eu nunca gostei de você, sempre tive pena do garoto fofo e bobão que sentava na carteira da frente” ela continuou, cuspindo as palavras em cima do rapaz.

“Foi tudo fingimento?! Nunca chegou a me amar?” falei esperançoso descendo da carteira.

“Eu tinha terminado com o Jinwon e precisava de uma distração!” argumentou a menina, abaixando a cabeça entediada.

Incrédulo, tirei meus olhos do chão, olhei na cara dela e ainda sufocado nas minhas próprias mágoas, disse:

“Então sou apenas mais um brinquedinho que usou para superar outro filho da puta?” eu disse empurrando a mesma carteira na qual me sentava.

“Não foi bem assim, eu sempre quis o melhor para você!” respondeu com um olhar vago.

“Como você teve coragem?! Você conhece os meus problemas, incluindo os psicológicos!” minha voz saiu tremula, eu já sentia os olhos marejados.

“Pare de culpar o seu passado pelas suas atitudes do presente!” deu uma pequena pausa, e continuou: “Você sempre foi assim, sempre que algo dava errado, botava a culpa nos outros sem nunca pensar em evoluir”.

Nessa hora, eu não consegui segurar o choro, não me dei o trabalho de olha-la na cara, sai de lá batendo a porta sem nem mesmo olhar para trás. Arrependi-me no mesmo momento, pois mesmo não aceitando o fato, eu a amava, e lá no fundo não me importei de ser seu brinquedinho manipulável, fiz isso por um bom tempo da minha vida, porque razão iria querer mudar agora?

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x

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Afastando essas más recordações, ele continuou andando pela rua calma e pacata. Desde que saíra de casa, o menino nunca tivera um destino fixo, só queria uma distração rápida e prática. Avistou uma pequena porta com letreiros brilhantes na esquina de um beco, era quase que ofuscada pelas outras lojas e até mesmo pelo próprio beco, a curiosidade o fez entrar lentamente no local e olhando mais atentamente, percebeu ser um pequeno estabelecimento, onde poderia encontrar com certeza, uma garrafa de álcool, musica e distração.

Por ser uma cidade pequena, se surpreendeu ao encontrar aquela espécie bar, equipado de mesas de jogos aos fundos e um grande acervo de bebidas diferentes a sua esquerda, tudo isso ao som de alguma musica desconhecida. Do seu lado direito, havia algumas pequenas mesas, onde pessoas aleatórias bebiam e sorriam animadamente umas paras as outras. Em uma das mesas de canto, notou um rapaz um pouco maior que si, tinha olhos rasgados e gargalhava debochadamente enquanto olhava fixamente para as pessoas e seus grandes tacos  de sinuca, tempos depois finalizou dando um gole em seu copo já quase vazio.

Ao terminar da cena, Changkyun caminhou até o balcão ainda encarando o rapaz que por algum motivo tinha lhe chamado à atenção. Ao ver o sorridente barman lembrou o motivo de ter entrado ali. Em sua cabeça, só queria beber e esquecer-se de tudo que já tinha acontecido na sua vida, esquecer-se de todos os momentos ruins que já passara e principalmente, esquecer-se das merdas que havia feito.

Sentou-se em umas das banquetas estrategicamente colocadas na frente do balcão, e enquanto o barman não lhe notava, refletiu sobre o que ela havia dito na tarde do mesmo dia, seria a culpa do que aconteceu realmente sua? Por nunca ter tentado se renovar? Por sempre colocar a culpa nos outros e não em si mesmo?

O leitor deve compreender que nem tudo que aconteceu com Changkyun foi por sua culpa, era um menino frágil e talvez até incapaz, que negava para si mesmo que era doente, psicologicamente falando. Sentia-se inútil, vão e tolo, tão desprezível que chegou ao ponto de querer descontar a raiva que sentia por si mesmo na bebida. Fez isso ao pedir o famoso Jack, única bebida na qual tinha “intimidade”.

Balançando a cabeça, na tentativa de expulsar tais pensamentos, olhou ao redor encontrando o mesmo rapaz de segundos atrás, que agora o encarava sugestivamente, ele não gargalhava mais, porém Changkyun ainda não conseguia tirar os olhos do mesmo, tombou a cabeça um pouco para o lado ao tentar observa-lo melhor, ele por sua vez, serrou um pouco os olhos, ficando se enxergar nada assim começando uma brincadeira estranha e divertida entre eles, que poucos segundos depois do show de caretas, foram interrompidos pelo barman que também que trouxe a bebida do mais novo.

No primeiro gole de sua bebida, já imaginava como seria seu futuro, já não lhe restava nada daquilo que considerou importante outrora, sua família, seu emprego, sua faculdade. Com medo de onde aquela corrente de ideias poderia o levar, tirou a franja dos olhos e observou o local novamente, olhou para a direita e notou um DJ improvisando uma pequena pista de dança onde pessoas balançavam seus corpos no ritmo de uma batida qualquer, ele também olhou para o outro lado não vendo nada de interessante, e, finalmente olhou para a porta, e mesmo com o horário já avançado, conseguiu notar um pai sorridente, que passava por ali fotografando a filha com a boca suja de sorvete, Chang sorriu sozinho se recordando da própria irmã, que havia perdido recentemente, ele tentou, mas não conseguiu impedir as lembranças de alguns anos atrás invadirem minha cabeça.

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"Mano mais alto! VÁI!” gritou a minha irmã mais nova.

Hoje é domingo, dia em que eu incorporo o meu lado “irmão mais velho bobão” e trago a minha pequena para brincar, quando eu digo pequena, é porque a criaturinha tem apenas 5 anos e já é a minha joia. Aterroriza-me o fato que ela logo não precisará de mim para empurrá-la do balanço.

“OPPA EU VOU PULAR!” Yoona gritou inesperadamente.

“Você não se atreveria” disse fazendo cara de mau.

“ 1... 2 ... 3 ... AAAAAHH”  e a criança voou pelo parque, tendo a coragem de olhar para trás, rindo da minha cara de trouxa e sair correndo logo em seguida.

Foi direto para os braços de um desconhecido, ver ela correndo daquele jeito, me fez lembrar que logo seria seu aniversario e que algo deveria ser preparado para a criança. Com toda aquela disposição para correr e pular, eu me pergunto de onde ela tira toda essa energia. Só pelos trajes, reconheci o desconhecido como meu pai, eles se abraçaram e ali permaneceram por um tempo, ate que o homem lembrou que tinha um filho e me cumprimentou com um mísero aceno com a cabeça. Mesmo com todo aquele descaso familiar, a gente já havia superado a perda de mamãe, prontos para seguir em frente, traçando uma nova rota de destino, E foi naquele dia, diante daquela cena, que eu percebi o quanto eu era feliz.

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Era feliz.

O impacto das palavras que dissera a tanto tempo atrás pesaram em sua consciência, naquela época, ele era só mais um adolescente que fazia piadinhas sem graça com tudo e com todos enquanto se preocupava com a recuperação de matemática. Atualmente, ele nem se lembrava do significado da palavra felicidade, acostumou-se a viver a vida fazendo com que expressão empurrando com a barriga se tornasse uma realidade. Na época da lembrança, o pai ainda cuidava da pequena e aconselhava o mais velho como um verdadeiro Appa digno de respeito. Seus pensamentos foram interrompidos por uma voz desconhecida com um leve odor de álcool.

 ― Assim, eu sei que eu sou lindo, mas não precisava me secar daquele jeito ― disse o desconhecido.

― Q-Que? ― respondeu ainda assustado pela intromissão.

Localizou o dono do corpo, e viu ser o rapaz da gargalhada, que agora cumprimentava o barman como se já se conhecessem de outra data.

― Sou o Jooheon― respondeu sorrindo ― Você não vem sempre aqui né ― continuou na tentativa de iniciar um diálogo.

― Não ― respondeu ainda surpreso pela iniciativa do outro ― Não sou daqui. ― acrescentou olhando o outro de cima a baixo, notou que além dos olhos rasgados, o rapaz possuía um rosto largo e com covinhas, coisa que o deixava adorável com o moletom surrado que vestia no dia em questão.

― O que faz um estrangeiro nessas terras longínquas e desconhecidas? ― perguntou ainda sorrindo.

― Uma garota ai ― falou e deu mais um gole em seu copo.

― Então o cara antipático do bar tem um coração? ― falou e na primeira vez na noite, não estava sorrindo ― O que essa menina te fez cara? ― e o sorriso retornou.

― Não quero falar nisso, na verdade eu não quero falar sobre nada ― respondeu reerguendo todas as suas barreiras contra estranhos.

A resposta do cara antipático do bar fez Jooheon se lembrar de um amigo de sua cidade natal.  Jooheon não era um garoto ruim, não ao todo, apenas não sabia lidar com os fatos, logo criando uma tempestade desnecessária no copo d’água. Parte do motivo de estar ali era por conta de sua intensidade, o garoto se preocupava demais, sorria demais, chorava demais, confiava demais, e sobretudo, ele amava demais...

O mesmo respondeu um simples Ok para seu novo amigo, soltando uma de suas risadas amargas. O ponto é o amigo que havia se lembrado, tinha sido um de seus melhores amigos, se não o melhor, mas a dor da traição havia desfeito todo e qualquer laço entre eles, deixando aquele rapaz sorridente, triste e vulnerável. Com essas lembranças, não pode evitar o flashback de alguns anos atrás, da época do ensino médio, para ser exato.

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°

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"Jooheon, cadê a porra do dinheiro?” Ele gritou, e recebi um tapa do lado esquerdo  “Você realmente achou que eu não viria atrás de você?” continuou.

Eu já sentia o sangue escorrer pelo meu nariz, olhei nos olhos dele e não me rebaixei.

“Eu vou recuperar a merda do seu dinheiro Woonseok” eu disse de forma calma e compassada.

“Você me deve seu merdinha” disse, e me jogou no chão “E vai me pagar, não importa como” falou iniciando uma sequencia de chutes, depois saiu, me deixando sozinho naquele lugar.

Assim que ele saiu, uma única lagrima solitária caiu, enquanto estava encolhido naquele canto tratei de enxuga-la rapidamente e limpar o sangue com o casaco. Eu sabia que estava fazendo o que era certo, não havia motivo para aquilo. Taemin, meu melhor amigo, precisava daquele dinheiro para o tratamento da tia dele, e até que ela melhorasse, eu suportaria Woonseok todos os dias, sem paga-lo tão cedo, apenas precisava aguentar a pressão por mais tempo.

Woonseok era envolvido com tráfico de drogas, sei dessas coisas por causa da minha “mãe” que fez com que eu o conhecesse desde que me entendo por gente, como Taemin precisava de dinheiro urgente, eu não hesitei em inventar uma historia para subornar Woonseok até conseguir a quantia necessária. Foi tudo O.K. até ele descobrir a façanha e querer a porra do dinheiro que eu não tenho. Taemin e minha vó eram as duas únicas pessoas na qual eu não suportaria perder, ver ele triste de alguma forma, me deixava triste.

Juro que conseguia escutar passos largos na rua daquele beco, torcia para que não fosse nenhum dos empregados de Woonseok, pois já era tarde da noite e eu não deveria estar na rua. Meu nariz não sangrava mais então amarrei meu casaco na cintura de forma que encobrisse o sangue, quando os passos pereceram mais perto da minha porta, eu sentei  e esperei o pior.

“ Porra Jooheon, pensei que você tinha morrido!” afirmou uma cabeleira na entrada do beco, que percebi ser Taemin  “O que aconteceu? Não foi o Woonseok de novo né?! Já falei para você parar de pegar o dinheiro dele, minha tia está melhor”

“Você sabe que eu não vou parar! Taemin, só quero te ver bem, quanto tempo faz que você não come ou dorme direito?” eu rebati.

“Cala a boca Jooheon, quem esta levando a bronca aqui é você” disse e mostrou a língua “Vem, eu te levo pra casa”.

Ele me abraçou, e eu me senti bem em seus braços. Éramos como um só, e naquele momento, eu percebi que podia contar com ele pra tudo.

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°

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Jooheon bate com o copo na mesa com o termino do flashback. Ele balança a cabeça com raiva dos próprios pensamentos ao dar o ultimo gole da bebida, pensar em Taemin ainda o machucava, ao lembrar tudo que o amigo lhe aprontara lhe fez rir novamente.  Na maior parte do tempo, Taemin era exatamente igual à Chankyun, ou aquilo que Jooheon vira do mesmo naqueles poucos instantes de conversa, que havia se mostrado uma pessoa mal humorada e grossa, e se os instintos de Jooheon estivessem corretos, também seria totalmente instável psicologicamente falando.

O leitor deve se perguntar o motivo das tantas risadas de Jooheon, sendo que o rapaz tivera tal episodio trágico em sua vida. A resposta é simples, o menino ria de deboche e desprezo, ria de onde estava, e principalmente, do fato de se encontrar novamente na estaca zero, o menino chegava rir das luzes na sala ao lado, e das musicas animadas que ali tocavam.

Porém, realidade é nua e crua, igual dizia aquele velho ditado, melhor rir do que chorar até porque, assim como uma criança foge do escuro, o nosso querido Jooheon fugia de si mesmo, e da verdade.

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“Como uma bomba,
Ele aparece
Uma flor floresce
Uma sentença renasce
A ilusão do poder
Que cura a alma
E dá prazer
Porque era tarde da noite”


Notas Finais


Minha primeira fanfic oficial! não querendo colocar a culpa dos erros nisso, só destacando minha falta de experiência
Eu realmente trabalhei duro nisso então deem muito amor se gostarem, e me xinguem se odiarem!
Até o próximo cap.
Bjs :)


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