História Tattooed Heart - Little Boy

Isabella's Point Of View

Duas semanas depois:

Bufei assim que eu percebi que não tinha jeito. A ansiedade não ia me deixar dormir, pelo menos não hoje. 

Foram duas semanas completamente planejadas para este dia, e eu sentia que a minha cabeça poderia explodir a qualquer momento. Investimos em mais armas e munição, coletes à prova de balas e outras coisas relacionadas. Não só eu como Meghan, Brooke, Cassidy e até Lily se envolveram, sem falar nos outros milhares de funcionários da empresa que até que pegaram o jeito da coisa rapidamente. 

Olhei para o meu lado e Zayn dormia tranquilamente, com as duas mãos sobre o peito enquanto seu peito subia e descia. Não queria atrapalhar o seu sono e por isso saí da cama delicadamente, sem fazer nenhum barulho e nem movimentos bruscos.

Acendi a luz do corredor e desci degrau por degrau lentamente, prestando atenção em cada passo. Também acendi a luz da sala assim que cheguei na mesma, e, como eu esperava, King ergueu a sua cabeça do tapete e me olhou por alguns segundos antes até mim. 

— Oi, garotão. — Eu sorri ainda mais quando ele se apoiou em mim, ficando quase do meu tamanho. — São três da manhã, bebê, está acordado a essa hora? — Passei as minhas mãos pela sua cabeça, ganhando uma lambida dele logo em seguida. 

Assim que King me soltou, fui até a mesa de jantar e me apoiei sobre a mesma, vendo basicamente tudo que eu e Zayn precisaremos ali. Havia um mapa do barracão afastado em que Caleb passa a maior parte do seu tempo com a sua gangue fazendo sei lá o que, e eu não sei como Liam conseguiu ter acesso a ele, mas sou eternamente agradecida por ele ser expert nessas coisas de computador. 

Sinceramente, não tem como as coisas derem errado. As pessoas estão preparadas, tenho o plano inteiro arquitetado na minha cabeça, sei usar a maioria das armas da empresa e, dessa vez, possuímos mais homens do que Caleb. 

Respirei fundo e bufei, encarando a aliança no meu dedo que já passou por cada mulher da família de Zayn, inclusive de Trisha. 

É claro, como nós não conseguimos pensar nisso antes? Ninguém mexe com os Malik, a não ser que ele seja um. 

Eu não vejo a hora de estar livre de Caleb e das suas ameaças constantes pra poder finalmente focar na coisa mais importante pra mim agora: o meu filho. 

Olhei para a minha barriga por breves segundos e toquei a mesma por cima da blusa de Zayn que eu estava usando como pijama, e logo mais um par de mãos tatuadas aparecem ali, me abraçando por trás e escondendo o seu rosto no meu pescoço. Sorri instantaneamente por isso. Ele sempre me pegava desprevenida. 

— Não consegue dormir? — Perguntou, fazendo com que eu me arrepiasse inteira pela sua respiração naquela área tão sensível. 

— Sim. Estou pilhada demais. — Disse, colocando as minhas mãos por cima das dele na minha barriga. — E você? Também está?

— Na verdade, não. Só senti a sua falta na cama então vim te procurar porque não consigo dormir sem você. — Eu ri. Zayn repara em tudo mesmo. — Você está estressada. Não sabe o quanto eu me culpo por isso. 

— Zayn, não vamos começar esse assunto novamente. — Me virei para ele, colocando o seu rosto entre as minhas mãos. Sorri levemente ao ver o seu semblante de sono que eu tanto adoro. — Você sabe que se eu estou aqui com você, é porque eu quero. Me casei com você, Zaynie. 

— Devo falar o quanto eu amei esse apelido? — Ele brincou, rindo e tirando as minhas mãos do seu rosto para beijar cada uma delas respectivamente enquanto eu ria. — Ainda quer tentar dormir? — Olho em seus olhos e assinto. Sua mão segura o meu queixo e ergue o meu rosto, selando os nossos lábios. — Vamos. — Zayn sussurrou e olhou para King, que nos olhava com atenção. — E você também, garoto, sobe. 

Ele segura a minha mão e me puxa até o segundo andar de volta, enquanto King passava como um furacão na nossa frente, arrancando as nossas risadas. 

Zayn puxou as cobertas para que eu me deitasse, e assim eu fiz. Ele se deitou por cima de mim, como faz todos os dias como o seu "boa noite", mas acabamos aprofundando aquilo. O que era para ser somente um selinho se torna um beijo lento, porém profundo. Suas mãos foram até a minha cintura, por baixo da blusa dele, enquanto eu suspirava. 

Droga, o beijo dele é tão viciante! 

Senti seus lábios sugando a pele do meu pescoço carinhosamente, o que me fez olhar para o lado com os olhos fechados para que ele tivesse mais acesso a essa área. Assim que os abri por impulso, enxerguei os olhinhos curiosos e brilhantes de King nos observando próximo a cama, e com isso não consegui aguentar a minha crise de riso. Zayn me olhou, curioso, e apontei para o cachorro, contagiando ele também. 

— Eu acho que não consigo fazer alguma coisa com ele nos olhando assim. — Continuei rindo. 

— Você é um baita pervertido, sabia? — Zayn diz, se sentando na cama e fazendo carinho no cachorro, que balançava o seu rabo repetidamente, mostrando que estava adorando. — Já não basta acabar com a minha noite gloriosa? 

— Noite gloriosa? — Debochei. 

— Claro. — Zayn dá de ombros, sorrindo para mim, mas logo volta a olhar o cachorro ao nosso lado. — Quer subir aqui, parceiro? — Ele dá dois tapinhas no colchão. 

Sem delongas, King pula na nossa cama, se deitando perto dos nossos pés, deixando que ainda sobre espaço. 

— Ok, não foi dessa vez. — Zayn diz, fazendo uma careta e eu sabia que ele estava falando sobre a sua "noite gloriosa". — Mas nós ainda podemos dormir. 

Eu sorri e Zayn se deitou ao meu lado, me abraçando por trás e deixando alguns beijinhos pelo meu ombro antes de dizer que me amava e me desejar uma boa noite. 

Hoje o dia seria muito longo...

[...]

— Eu sinceramente não sei como você faz tudo isso estando grávida de três meses. — Meghan diz, me encarando surpresa assim que eu acerto o tiro novamente no alvo central. 

— Acostuma. — Dei de ombros, guardando a mesma pistola M19 no coldre preso na minha cintura. 

— Eu que não estou grávida e sou dez mil vezes pior que você. — Revirou os olhos encarando a Beretta 92 novinha em folha que Harry a deu. 

— Não está grávida ainda. — Falei, dando ênfase na última palavra, sorrindo atrevida. 

— Vem cá, só porque eu fui pedida em casamento quer dizer que eu vou engravidar? — Maggie fala, um pouco indignada. 

— SIM! — Eu, Lily, Cassidy e Brooke dissemos ao mesmo tempo e rimos todas juntas depois. 

— Experiência própria, viu? — Apontei para a minha barriga, mas as nossas risadas cessaram quando Niall se aproxima. 

— Conseguiu aprender aquela coisa que eu te ensinei mais cedo? — O loiro pergunta para Lily, apontando para a arma nas mãos da morena. Presto bem atenção nos dois e percebi perfeitamente o tom rosado na bochecha de ambos. 

— Ah, sim, Niall. Obrigada. — Ela sorriu, tímida e fofa, fazendo com que o loiro sorrisse mais e se afastasse novamente. 

— Hmmm, aí tem coisa! — Brooke exclama, batendo de leve o seu quadril com o de Lily, que esconde o seu rosto com as duas mãos. 

— Ele só me ensinou como melhorar a pontaria. — Ela praticamente sussurrou, olhando para baixo. — Suas pervertidas! 

— Ok, chega, estamos distraídas demais. Zayn nos chamou para o subsolo para treinarmos e não colocar as fofocas em dia. — Cassidy diz, e logo depois nós retomamos todo o foco ali, voltando a olhar para os alvos como todos os outros funcionários e os meninos estavam fazendo. 

...

Quando já era próximo das sete horas da noite, começamos a nos preparar. 

Zayn deu as últimas instruções para todos e repetiu os mínimos detalhes do plano, e logo depois nos encaminhamos para o estacionamento da empresa, e acabamos por precisar de 6 carros para acomodar todas as pessoas que iam conosco até Caleb. 

Desci do carro preto de Zayn, percebendo que todas as outras pessoas também fizeram o mesmo que eu. Olhei para o prédio a nossa frente e respirei fundo, mas eu não estava com medo. Na verdade, longe disso. Trouxemos trinta homens e mulheres para que isso acabe de vez e não há como 15 gangsters nos ganharem. Não treinados como todos foram. 

— Deixa eu ver se isso está certo. — Zayn diz, me deixando de frente para ele e erguendo a minha blusa, checando o colete à prova de balas mais uma vez. 

— Zayn, você já viu isso dez vezes. — Reclamei, tirando as suas mãos dali e beijando as duas. — Eu vou ficar bem. — Ele fechou os olhos e bufou, mas logo depois os abriu novamente. 

— Eu sei. — Ele disse. Segurou o meu rosto e beijou a minha testa. — Eu te amo, princesa. 

— Eu também te amo, Zaynie. — Eu ri, beijando a sua bochecha. — Precisamos ser rápidos. 

— Eu sei. Vamos terminar com isso logo. — Ele disse e eu assenti. Ele segurou a minha mão e fomos até as outras pessoas, que silenciosamente carregavam as suas armas e se preparavam. — Vamos começar. Relembrando: eu e a Ella vamos por trás do prédio e entrar pelos fundos e pegar Caleb desprevenido enquanto vocês estarão prontos para o combate. Se nós demorarmos muito, Styles, você sabe o que fazer. — Zayn pisca para Harry, que assente, e antes que demorássemos demais e a gangue de Caleb nos visse e percebesse a ausência minha e de Zayn, nós corremos até os fundos do prédio. 

Havia um pequeno portão que impedia a nossa entrada diretamente, mas isso não iria nos parar. Olhei para Zayn, que sorriu levemente e segurou a minha cintura, me ajudando a passar para o outro lado do portão. 

Assim que nós dois passamos para o lado de dentro, procuramos silenciosamente por alguma porta aberta ou algo parecido, e por uma falha deles, a encontramos. Quando conseguimos adentrar no prédio, notamos que alguns dos capangas de Caleb circulavam pelos corredores tranquilamente, ainda não sabendo de nada que estava acontecendo. Ficamos escondidos por um tempo, até que os tiros começam e todos eles correm para frente, deixando o local livre para mim e Zayn. 

Ainda sim, passamos pelos corredores cuidadosamente, subindo várias escadas com pressa até chegarmos ao último, no qual sabíamos que era o qual Caleb costuma ficar. 

Dentre tantas portas abertas, havia apenas uma fechada. Olhei para Zayn e sussurrei que a partir daquele momento ele poderia deixar comigo. Ele assentiu, relutante, e deixou um beijo demorado em meus lábios, logo depois olhando em meus olhos e dizendo que me amava muito. Sorri por isso, mas tive que sair dos seus braços e infelizmente voltar para o mundo real. 

O plano era simples. Mesmo Zayn odiando isso, eu seria uma espécie de isca e distração ao mesmo tempo, enquanto ele agiria. 

Abri a porta lentamente, não querendo fazer nenhum barulho, e confesso que me assustei ao ver Caleb sentado de costas para mim em uma poltrona, olhando para fora da janela, a qual poderíamos ver perfeitamente a guerra que acontecia lá fora. 

Mesmo de costas, vi ele colocar o cigarro no cinzeiro encima da pequena mesa ao seu lado, e a fumaça poderia ser vista de longe. 

— Estava esperando por você, Isabella. — Ele diz, me deixando totalmente surpresa. 

Isso não estava no plano. 

Com os olhos arregalados, olhei para trás, mas assim que fiz isso, um dos homens de Caleb fecha a porta com brutalidade e um sorriso estampado no rosto. Instantaneamente, escutei Zayn esmurrando a porta e proferindo palavrões, mas a porta não parecia que iria quebrar tão fácil. 

Olhei para a frente novamente, e levei mais um susto ao ver Caleb tão próximo de mim que por impulso eu dei um passo para trás, encostando as minhas costas na porta. 

— Você achou que eu não sabia que viria aqui? — Ele se aproximou de mim, me encurralando entre ele e a porta. — Você estava enganada. — Ele tentou tocar o meu rosto, mas eu não deixei, batendo em sua mão e virando o meu rosto para o lado. — Ah, boneca, me deixa te tocar. 

— NÃO TOQUE NELA, SEU IDIOTA. — Zayn grita do outro lado da porta, ainda tentando abri-la, fazendo Caleb rir, debochado. 

— Parece que o seu maridinho quer ficar para escutar o show, não é mesmo? — Caleb disse, ainda sendo sarcástico. 

— Se você tocar em um fio do cabelo dela, eu juro que você não vai sair vivo daqui. — Zayn rangeu, fazendo com que o sorriso de Caleb desaparecesse. 

— Você está me ameaçando, primo? — Perguntou, com um ar de riso em sua voz, mas não havia graça em sua fala. — Vamos jogar um jogo, hum? Você tem que adivinhar onde eu estou tocando a sua esposa, ok? E não há como trapacear. 

— NÃO! SE VOCÊ TOCAR NELA... — Caleb interrompe a voz furiosa de Zayn. 

— Ah, já escutei muito isso. Agora...onde eu estou a tocando? — Ele diz, passando uma das suas mãos pelo meu braço, o que me faz rapidamente retirá-lo de lá. — Ah, princesa, você precisa cooperar. Você tem uma pele tão macia...

— FILHO DA PUTA! — Zayn parece chutar a porta atrás de mim. — NÃO DEIXE ELE TE TOCAR, ISABELLA! NÃO DEIXE! 

Em um momento de desatenção por parte de Caleb, usei a tática de sempre e com o meu joelho, bati no meio das suas pernas, fazendo ele gemer e andar para trás, me dando uma chance e um pouco de espaço. 

Tentei pegar a arma na minha cintura, mas não a encontrei, arregalando os meus olhos mais ainda. Olhei para Caleb, que apesar de ainda ter uma expressão de dor, sorriu e me mostrou a minha arma em suas mãos. 

— Está procurando por isso, vadia? — Ele disse, se aproximando de mim. 

Olhei em volta do quarto procurando por alguma coisa para me defender, e achei um taco de baseball apoiado na parede. Antes que eu o alcançasse, Caleb me puxa de volta para o meu lugar de antes, na porta, encurralada novamente, e me dá um tapa tão forte no rosto que me deixa um pouco tonta, o que me fez soltar um gritinho baixo pelo susto enquanto tocava o lado ardente atingido do meu rosto. 

— VOCÊ BATEU NELA, CARALHO?! — Zayn grita. — ISABELLA, SAI DE PERTO DA PORTA, EU VOU ATIRAR NESSA PORRA. 

Tentei fazer o que ele disse, mas Caleb me segurava com força, me impedindo de me mover. 

— Eu não consigo, Z. — Eu sussurrei, já entre lágrimas, me sentindo a pessoa mais fraca do mundo. 

— É claro que consegue, amor. — Ele também diz, ainda tentando abrir a porta atrás de mim. 

Escutei Zayn falando com mais alguém, que provavelmente era Harry, já que demoramos demais, e logo os dois estavam tentando arrombar a porta juntos.  

— Isso está tão clichê. — Caleb protesta, revirando os olhos. — Vamos acabar com essa merda, certo? 

— O que você quer de mim pra que isso acabe? — Perguntei, desesperada. 

— O que eu quero de você? — O moreno a minha frente perguntou, baixo, com o rosto próximo de mim, me causando calafrios. — Eu quero um beijo, Isabella. 

— NÃO! — Zayn gritou do outro lado. — NÃO FAÇA ISSO, ELLA! POR FAVOR! 

— Essa é a única opção, Zayn. — Sussurrei, sentindo a dor dele em mim ao escutar o seu desespero nas suas palavras. 

— ISABELLA, NÃO FAÇA ISSO! D.DEVE HAVER OUTRA MANEIRA... — Harry também se pronuncia, mas eu sabia que eu precisaria me sacrificar para acabar com tudo aquilo. Nem que eu machuque Zayn ou até mesmo Harry por isso. 

Mas como eu disse para Zayn hoje mais cedo, agora é comigo. 

— Me desculpa, Zayn. — Eu falei assim que Caleb me puxa pelo braço até o centro do quarto brutalmente, com um sorriso típico de idiota. 

Por um minuto as batidas da porta pararam, e com isso Caleb aproveitou para segurar a minha nuca e me beijar de uma maneira que me enojava. 

Eu me senti completamente suja.  

Tentava a todo custo em soltar, mas as minhas forças pareciam ter esgotado, e eu conseguia sentir o gosto das minhas lágrimas durante o beijo. 

Mas nada passou da dor nos olhos de Zayn assim que a porta foi completamente quebrada por ele e Styles. Me soltei de Caleb e o cacheado e o moreno permaneceram imóveis, enquanto eu podia ver os olhos lagrimejados de Zayn. 

— Zayn... — Sussurrei, tentando chegar perto dele. 

Seu olhar passa de mim e se encaminha para Caleb, e todo aquele brilho doloroso se esvai e se assemelha a chamas ardentes. Styles, percebendo o rumo que as coisas levariam ali, rapidamente segurou o meu pulso e me trouxe para perto dele, me abraçando e escondendo o meu rosto em seu peito para que eu não visse o que aconteceria ali. 

Mas foi inevitável escutar. 

Zayn xingava Caleb com todos os palavrões existentes, enquanto eu sabia que o barulho estranho ao fundo era das suas mãos chocando-se contra o rosto do primo, que pela tamanha raiva do mais velho, nem sequer pôde se defender. 

E isso era bom. 

Tentei inúmeras vezes olhar o que acontecia, mas Harry não deixava, e só assim pude perceber que a situação era grave. 

Aos poucos, mais pessoas foram chegando e também me abraçaram, dizendo palavras de apoio, mas eu estava tão...longe que mal sabia quem estava me abraçando. Apenas acabava por molhar a blusa de todos com as minhas lágrimas. 

— Hey, venha aqui. — Escutei Harry me chamando e fui até ele, que me colocou encima de uma espécie de balcão e encostou uma embalagem repleta de gelos contra a minha bochecha, que era a última coisa que doía em mim nesse momento. — Isso não parece legal. — Ele disse, com certeza se referindo ao machucado em meu rosto. 

Não fui capaz de dizer nada, apenas ficava observando o quarto a todo o momento, esperando ver Zayn ali. 

Depois de alguns minutos em que todas as meninas me ajudaram e se preocuparam comigo, realmente esperava que alguém fosse tirar Zayn de cima de Caleb para que estragos maiores não acontecessem. Mas me surpreendi ao vê-lo sair de lá sozinho, sem precisar de ajuda nenhuma. Ele passou reto, sem olhar para ninguém, nem mesmo para mim, mas eu não deixei de olhar as suas mãos completamente ensanguentadas com o sangue de Caleb e o dele também, já que com certeza machucou as suas mãos fazendo o que fez. 

— Ele vai ficar bem. — Harry diz, ainda na minha frente, cuidando do meu rosto. — Isso já aconteceu milhares de vezes, você sabe. 

Tentei dizer algo, mas a minha voz simplesmente não saia. Se eu abrisse a minha boca, com certeza eu choraria ainda mais, então, preferi permanecer quieta. 

[...]

Já passava da meia noite e os homens ainda estavam tentando recolher alguns feridos e até mortos da gangue de Caleb da frente do prédio. Eu não conseguia fazer nada, então apenas subi para a laje do prédio, onde eu tinha a visão de tudo lá de cima. 

A brisa relativamente fria fazia com que os meus cabelos voassem e eu me encolhesse. Não consegui parar de pensar um minuto sequer e estava com medo de algumas coisas que pensei, como se Zayn não fosse me perdoar pelo que eu fiz. 

Foi uma traição? 

Se sim, ele me perdoaria?

E se não perdoasse? 

O que iria acontecer comigo? 

O que aconteceu com Caleb? 

Ele irá para um hospital? 

Ou está morto?

Como eu vou conseguir ajeitar todas essas coisas?

Eram tantas coisas para me preocupar que eu não sei nem mais por onde começar. 

Acordei dos meus pensamentos quando alguém se sentou ao meu lado e assim que olhei para essa pessoa, todos os músculos do meu corpo se tensionaram mais do que já estavam. 

Era Zayn. 

Como sempre, tentei dizer alguma coisa, mas nada saiu. Apenas fiquei quieta por não saber o que dizer, e me odiei por isso. 

— Você vai me deixar? — Sussurrei, finalmente achando as palavras necessárias. 

— Não. — Zayn diz depois de alguns segundos, firme, não mostrando nenhuma expressão e nem olha para mim.  

Lembrei de algo que eu guardei para que nós dois descobríssemos juntos quando toda essa confusão acabasse e tirei o envelope branco do bolso de dentro do casaco que eu usava. Não sabia se essa era a hora certa, mas que seja.  

— Eu fui na minha médica ontem quando você estava trabalhando. Queria ver se estava tudo bem com o nosso filho, mas eu fiquei surpreendida quando ela me disse que já era possível ver o sexo do bebê. — Acariciei a minha barriga e vi pela visão periférica que Zayn tornou o seu olhar para mim, tão assustado quanto eu. — Mas eu disse pra ela que não queria saber sem você lá, então pedi para que ela não me contasse e apenas me desse o envelope com o resultado e a foto. E aqui está. 

Zayn olhou para mim com um olhar diferente de antes. Um olhar lindo, eu devo dizer, e por pouco um sorriso não apareceu em seu rosto. 

Ele pediu permissão com apenas um olhar para mim e eu assenti. Zayn pegou o envelope das minhas mãos e o abriu apressadamente, lendo linha por linha do papel. 

Esperei que ele soubesse antes enquanto observava atenciosamente a pequena foto preta e branca do ultrassom, onde já se era possível, diferente das outras fotos que temos, identificar a cabeça, os bracinhos e as perninhas do bebê. 

Zayn olhou para mim, imóvel, e soltou um sorriso tão lindo que eu confesso que todo esse dia valeu a pena por ele. Ele me abraçou apertado e eu retribuí, escondendo o seu rosto no meu pescoço, enquanto eu finalmente consegui sorrir depois de tudo o que aconteceu hoje. 

— Você vai me dar um garotinho.