[3 dias depois]
Ethan adentrou o pátio da escola cabisbaixo. Ao vê-lo, Zoe correu ao seu encontro.
-Ainda sem ter notícias dele? – ela perguntou.
-Sim...
Desde o ocorrido no prédio, desde quando Mark saíra da casa de Zoe sem dizer nada, nem Ethan nem Zoe tinham notícias do maior. Além disso, Ethan passou a dormir na casa de Zoe, por se sentir incapaz de olhar para o pai sem ter vontade de matá-lo pelo que fez.
-Ethan, você acredita no Mark ou precisa de provas para ficar tranquilo?
-Do que você está falando?
-Se você acredita nele, tudo bem. Mas saiba que caso você ainda tenha alguma dúvida... eu tenho as provas de que realmente foi tudo armação do seu pai.
-Provas? Como conseguiu isso?
-É melhor você nem saber...
-Eu quero saber – Ethan encarou a amiga.
-Certo, certo... – Zoe tirou seu tablet da bolsa – eu fui atrás do Rick depois de tudo que aconteceu. Ele disse que estava arrependido pelo que fez. Disse que não sabia que as coisas chegariam a tal ponto, e que ele estava em abstinência, então um viciado é capaz de qualquer coisa para ter seu vicio alimentado... ele me ajudou a conseguir provas que mostram que o plano todo foi do seu pai. Ele me mostrou as mensagens do celular com o Otto. Olha. – Zoe mostrou o tablet a Ethan. Lá estavam todas as conversas de Otto e Rick, planejando tudo. – parece que Otto sabia há bastante tempo sobre o vício do Rick, e se aproveitou disso, no seu momento mais sensível, para usá-lo contra você e Mark... –Zoe mostrou outra coisa no tablet – e aqui estão as gravações da manhã do dia que você quase fez aquela burrice, no quarto de motel que Mark estava. Como você vê, ele claramente estava confuso e não sabia de nada que estava acontecendo... você sabe o que aquele boa noite cinderela faz, não é? Já tivemos uma aula sobre isso...
-Eu... eu agradeço, Zoe, por você ter ido atrás disso por mim... mas de nada adianta agora. Mark acha que eu não confio nele e nunca vou confiar de verdade.
-Seja sincero... você confia mesmo nele?
-É claro que sim! Bem... agora eu confio...
-Então por que você tentou se matar?
-eu não sei, Zoe... acho que eu estava sensível demais por causa de tudo isso... ter que ficar longe dele... me deixou fora de mim... eu devia saber desde o começo que era armação, mas em vez disso, me deixei convencer pelas palavras daquele idiota...
-E por que você acreditou nas palavras do Rick?
-Porque... – Ethan olhou no fundo dos olhos da amiga, evidentemente arrependido e derrotado – Ele conseguiu me atingir na ferida mais dolorida...
-Que é...?
-Minha insegurança a respeito do Mark. – o pequeno suspirou, cansado – Eu não consigo deixar de pensar que ele é bom demais pra mim, maduro e experiente demais pra mim. Que eu sou só uma criança que não sabe de nada...
- e todo o carinho e amor que ele demonstra por você não é suficiente para que tu entenda que ele te ama do jeito que é?
-sim... mas tenho medo de um dia ele se cansar de mim...
O sinal tocou, convidando os alunos a entrarem em suas respectivas aulas. Ethan continuou seu passo lento e desanimado. Só Zoe que ia com um semblante diferente, de traquinagem.
Ethan não sabia, mas Zoe havia gravado a conversa que acabaram de ter, e assim que possível, a enviaria para Mark. O moreno precisava saber que seu pequeno só estava inseguro, ele precisava saber que Ethan confiava nele.
[...]
Era a última aula do dia, numa sexta-feira. É claro que todos os alunos estavam eufóricos para que o sinal tocasse. Mas nenhum aluno na escola estava tão agitado quanto Zoe naquele momento.
Ethan estava tão desanimado, fechado em seu mundo solitário, que não percebeu a ansiedade da amiga.
Acontece que Zoe havia mandado a gravação da conversa para Mark no meio da segunda aula. E a resposta do tatuado chegara na hora do intervalo. A mensagem dizia:
“Droga, Zoe. Obrigado.
Eu achei mesmo que ele não confiava em mim. E isso me deixou triste. Mas agora eu sei... eu nunca iria saber que ele é tão inseguro sobre mim... valeu mesmo por isso.
Vou até a escola de vocês, buscar ele na saída. Mas ainda não posso ficar andando por aí com ele. Tem como irmos para sua casa? Preciso conversar com ele...”
Zoe imediatamente respondeu que sim. E esse era o motivo de sua alegria. Tudo que ela mais queria agora era ver os dois se acertarem.
Enfim, o último sinal bateu. Todos se levantaram, alegres. Exceto Ethan, que parecia um morto-vivo. Foi sua amiga quem o ajudou a guardar o material logo, arrastando-o para fora.
Ethan não fazia ideia do porquê de tanta ansiedade, até sair no pátio.
Parado mais à frente, com as mãos no bolso e um sorriso culpado estava Mark, sua expressão deixava claro que pedia perdão.
O asiático caminhou devagar em sua direção, olhando em seus olhos. Mark se ajoelhou ali mesmo. O pequeno ficou frente a frente com o outro, e não pôde segurar a lágrima teimosa que caia. Os dois se abraçaram, com muita força.
[...]
Na casa de Zoe, os garotos foram para o mesmo quarto do outro dia. Ao se sentar, Mark puxou o menor para seu colo. O pequeno afundou o rosto na curva do pescoço do irmão e suspirou.
Mark lhe contou o que Zoe havia feito. Pediu perdão ao pequeno. Ethan fez o mesmo.
-Agora eu sei que tudo isso foi por que você acha que sou bom demais pra ti... – Mark disse. – Mas acontece, Ethan, que você que é bom demais pra mim. Eu te amo tanto, meu pequeno... Eu nunca, Ethan, nunca, vou me cansar de você! Mesmo depois de morrer, quando estivermos velhinhos e casados, mesmo depois eu vou continuar te amando. Não tenho como te provar isso agora, mas um dia, quando você tiver lá com seus 90 anos, e ao meu lado, que vou ter 94, talvez numa manhã ensolarada, na nossa casa, você vai lembrar disso que estou falando agora...
Com essas palavras, Ethan se apertou mais ainda contra o corpo do mais alto. As lágrimas de Ethan rolavam.
-meu chorãozinho... – Mark riu e acalentou o pequeno corpo em seu colo.
Mark puxou seu rosto e o beijou. Sentir a boca quente de Mark outra vez encontrar a sua o fazia esquecer até de respirar. Os lábios macios do maior puxando os seus enquanto sua face era acariciada por aquelas mãos grandes, o fio de saliva que os unia. Como Ethan sentira falta disso...
Ethan se lembrou de uma coisa. Ainda com o rosto molhado, ainda com os olhos semisserrados por causa do Êxtase que o beijo de Mark lhe causava, ergueu a cabeça e olhou para o maior.
-Mark... o Rick... ele fez... aquilo com você?...
Mark assumiu uma expressão de culpa e pesar.
-Sinceramente, Ethan, eu não me lembro de nada... mas... receio que sim... não espero que me perdoe por isso, porque é imperdoável... mas por favor, não desista de mim. Por favor!
Ethan sorriu.
-Não vou desistir. E não te culpo. Não foi sua culpa. Mas...
-Mas...? me diga, eu faço qualquer coisa!
Ethan pensou um pouco, enfim, encarou o outro. Suas bochechas estavam coradas, seus olhos brilhavam, suas pupilas estavam dilatadas.
-Eu quero fazer sexo com você. – foi a resposta do pequeno.
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