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História Teach Me How To Love You - 18


Escrita por: LeticiaSQ

Notas do Autor


Oi, amores!!!
Desculpem-me por atrasar umas horinhas, mas realmente só estou podendo postar agora.
Por favor, não me matem por ainda não ter beijo, eu prometo que no próximo terá kkkk
Obrigada pelos comentários e boa leitura!

Capítulo 18 - 18


"Parece claramente que a coisa mais importante no céu e sobre a terra é obedecer por muito tempo e numa mesma direção: com o passar dos dias, surge daí alguma coisa pela qual nos vale a pena viver sobre esta terra como, por exemplo, a virtude, a arte, a música, a dança, a razão, o espírito, alguma coisa que transfigura, alguma coisa de refinado, de louco ou de divino"

- Friedrich Nietzsche

O fim de semana chegou e a cada dia eu ficava mais confusa, pois Emma conseguia me fazer dar gargalhadas na mesma rapidez em que algum comentário dela me fazia ficar de mau humor. Poderia ser a sobrecarga das horas a mais estudando para me recuperar nas matérias ou o toda essa coisa de me reintegrar no meu grupo de amigos. Não que eu não quisesse, mas meu humor com certeza ficava mais volátil quando eu estava com os outros, mais especificamente com os outros e Emma. Porque quando eu ia estudar com um ou com outro não me sentia daquela forma e por outro lado se estivesse só a loira e eu as coisas não me irritavam assim. Perguntava-me quando iria enlouquecer de vez.

Sentia que ficava gradualmente mais fácil a conversação com os demais como se voltássemos nos anos em que éramos unidos. Porém, ao mesmo tempo, tudo andava uma correria. Tentava me dividir entre todas as coisas, mas acabava dispersa em meus momentos de descanso pensando no que faltava ou o que eu ainda poderia melhorar, ou seja, não tinha tempo algum para toda a confusão crescente em mim.

Para piorar, o dia em que tivemos uma reunião com o professor Merlin, para explicar como seriam os campeonatos, o que deveríamos melhorar, em quais cidades iriamos e os dias de treino extras, ele me pediu para esperar um pouco e quando os outros foram embora me disse que alguns professores haviam ido conversar com ele e que se minhas notas não melhorassem eu não poderia participar das competições. Tentei explicar a situação e pude ver em seus olhos que compreendia quando me disse que sabia que eu era uma ótima aluna, mas que não podia fazer nada pois eram as regras da escola. A partir daí, meus esforços se multiplicaram e se não fosse pela maravilhosa cafeína eu não sei como me manteria de pé.

Resumindo, naquela tarde de domingo eu realmente estava insanamente letárgica, carregada e inquieta enquanto tentava me concentrar, sentada na cadeira da escrivaninha do meu quarto, na matéria da aula de biologia para um teste, que seria aplicado no dia seguinte.

Ouvi a porta do quarto se abrir e sabia que era Emma, então mal me movi, apenas continuei grifando uma de minhas apostilas.

- Regina, você está estudando até agora? - Emma perguntou de algum lugar no quarto que não percebi por continuar vidrada no material à minha frente e murmurei um sim.

- Você pelo menos saiu para beber água ou comer alguma coisa? - Ela perguntou e revirei os olhos suspirando ao perceber que não teria sossego até que ela saísse novamente. Então me virei de lado colocando um braço no encosto da cadeira e fixando meu olhar sobre ela que estava de costas colocando uma blusa.

Um calafrio percorreu meu corpo ao pousar meus olhos sobre suas costas nuas e as dezenas de pintinhas que se espalhavam por toda aquela extensão. Sacudi minha cabeça respirando fundo, quando ela abaixou a blusa, começou a puxar o cabelo para fora da gola e respondi:

- Não, mas nem faz tanto tempo que estou aqui.

- Regina, você está ai desde que eu saí à uma da tarde e já são seis. - Emma censurou cruzando os braços virando para me fitar com a cara fechada, me surpreendi porque não parecia ter se passado tanto tempo assim, mas ao dar uma rápida olhada  janela já era possível ver o céu quase escuro.

- Já estou terminando, de qualquer forma. - Falei me virando para a loira que foi até o meio de nosso quarto e se sentou com as costas apoiadas em sua cama.

- Senta aqui. - Emma disse apontando para sua frente.

- O que? - Questionei franzindo o cenho e a estranhando.

- Anda, deixa isso ai e sente-se aqui. - A loira repetiu.

- Mas eu...

- Eu estou mandando, Regina, não é um pedido. - Ela falou de uma forma rígida e decidida me cortando, o que me fez ficar irritada e fechar a cara.

- Quem você pensa que... - Comecei a resmungar, mas ela me interrompeu novamente.

- Regina! - Emma disse respirando fundo como se repensasse suas palavras anteriores. - Eu prometo que te ajudo a revisar tudo o que quiser depois, mas por favor... - Pediu de forma mais calma apontando novamente para o chão na sua frente.

Suspirei revirando os olhos e me dando por vencida. Levantei e me sentei de frente para ela recostando minhas costas em minha cama, esperando para que ela dissesse logo o que queria.

- Você tem que parar com isso! - Ela falou de forma séria enquanto me fitava.

- Como é? Parar com o que?

- Isso. - A loira apontou para minha escrivaninha. - Essa loucura. Eu sei que você sempre foi estudiosa, mas isso já está passando dos limites.

- Não tem nada demais no que estou fazendo. - Repliquei sem entende-la.

- Ah, claro. É super normal para mim que as pessoas tenham anotado em post-its quanto tempo podem gastar em uma refeição ou em uma ida ao banheiro para voltar a estudar o mais rápido possível. Ainda mais uma adolescente que não tem ninguém cobrando tanto dela assim. - Emma retrucou de forma irônica e revirando os olhos para mim.

- Não tem ninguém cobrando? - Perguntei revoltada com sua fala. - Eu estou com as piores notas da minha vida por causa de alguns problemas e se não me recuperar terei de sair do clube de hipismo. Você sabe o quanto adoro aquilo. - Esbravejei em um tom mais alto e a expressão impassível de Emma se suavizou um pouco. - E agora, estou tentando recuperar o que perdi ficando extremamente exausta e ainda tenho de ficar ouvindo ladainha? - De súbito um nó surgiu em minha garganta, eu estava esgotada daquilo tudo, de me esforçar, da rotina pesada, de me negligenciar daquela forma e saber que fazia aquilo porque indiretamente recebia pressão de minha mãe e, acima de tudo, eu estava emocionalmente aborrecida.

Fazia aquilo porque mesmo com minhas notas excelentes minha mãe não se sentia satisfeita se visse como estão iria quase me deserdar e isso me colocava em posição de pressionar a mim mesma.

- Você não sabe o quanto é desgastante e mesmo assim se acha no direito de dizer que isso é loucura ou seja lá  que for. Acha que eu gosto de ficar horas estudando? De me sentir mal e atulhada de coisas para fazer? Pois eu não gosto, Emma. Eu... - Tentava continuar com minha voz branda, mas já a sentia falha junto de minha vontade de conter as lágrimas. Então rapidamente abracei as pernas colocando o rosto entre os joelhos para não ter que olhar para a loira que havia me escutado em silêncio.

Segundos depois senti o calor e o perfume de Emma a minha volta ao sentar-se ao meu lado e me abraçar. Soltei meus joelhos abaixando minhas pernas, abracei sua cintura de lado apoiando minha cabeça em seu ombro e uma de suas mãos passou a acariciar meu braço enquanto a outra se afundou em meus cabelos acariciando também.

- Está vendo do que eu estava falando, essa sobrecarga vai te fazer surtar. - Emma sussurrou ainda me acarinhando.

- Eu acabei de surtar, que nem uma idiota. - Sussurrei de volta sem me mover, olhando para sua mão em meu braço.

- Não foi idiota, você tem de entender que todos temos limites e você ultrapassou muito dos seus. - Emma disse e ficamos em silêncio por um tempo, mas me mantive ali sem querer sair daquele lugar que parecia me passar tanta calma até que ela voltou a falar: - Sabe, eu entendo o esforço que está fazendo, apesar de não saber o porquê, mas eu também fiquei assim há um tempo atrás. Há alguns anos, perdi meus pais e fui morar com a minha avó, já deve ter notado que eu a cito bastante. - Ouvia atentamente com o olhar fixado em seu pé que começou a remexer de nervosismo me mostrando que aquela não era uma das coisas que ela saia por ai contando a qualquer um. - E bom, ela é muito exigente com tudo, diferente dos meus pais e tive que passar por alguns surtos até me adaptar e entender que eu não tinha de fazer isso ou aquilo exatamente como ela queria para agrada-la. Eu deveria fazer as coisas para mim porque se eu estivesse satisfeita comigo mesma, não me importaria com as reclamações dela ou os ataques histéricos. - Ela suspirou e apertei meus braços em volta de sua cintura. Em momento algum deixou de acariciar meus cabelos ou falar com a voz calma e baixa. - Foi mais fácil quando entendi que, não importa o que eu faça, ela nunca vai ficar totalmente satisfeita, então aprendi os meus limites e o quão do meu melhor eu poderia dar em determinada situação, me preocupando comigo em primeiro lugar. Acredito que você deveria fazer o mesmo, se preocupar com seu bem estar antes de tudo porque você não vai ser uma fracassada se não atingir todos os objetivos agora, você tem tempo e se quiser eu posso te ajudar. - Sorri brevemente ao ouvir as últimas palavras e levantei o rosto para olhá-la.

- Sinto muito. - Murmurei.

- Pelos meu surtos? Tudo bem, eles já passaram. - Emma respondeu com nenhum resquício de angústia ou dor pelo o que acabará de contar e ainda era capaz de dizer que eu era forte quando claramente ela é muito mais por ser incrivelmente meiga mesmo se abrindo daquele jeito para me confortar.

- Não, pelos seu pais. - Corrigi e um sorriso amável se formou em seu rosto - Deve ter sido difícil ter de passar por isso tão nova.

- Obrigada e sinto muito por Elizabeth, ela deveria ser como alguém da sua família já que cresceram juntas. - Assenti, me inclinei depositando um beijo em seu rosto e agradecendo. Pela primeira vez, a as palavras de conforto de alguém haviam cumprido seu objetivo.

Por algum motivo, não consegui focar meu olhar em Emma por muito tempo. Estava ficando confusa novamente, então voltei a me sentar como antes e tentei conversar sobre algo que nos distraísse daqueles fatos. Funcionou e quando vimos estávamos deitadas de lados opostos no chão, olhando para o teto e com as pernas em nossas respectivas camas com os rostos lado a lado. Estávamos rindo de mais uma das gracinhas de Emma quando ela parou abruptamente e falou:

- Regina, posso te perguntar uma coisa?

- Pode, mas isso não necessariamente quer dizer que vou responder. - Respondi brincando e olhando para cima.

- Ai, você é tão chata. - Emma resmungou me fazendo rir.

- Pergunta logo. - Disse a apressando.

- Por que você não acredita no amor? - Ela perguntou virando o rosto para me olhar e fiz o mesmo.

Amor, amor, amor.... - Pensei de forma inquieta sem saber ao certo o que dizer. Eu saberia falar disso? Nunca amei realmente para saber, mas tentei fórmula uma resposta em minha cabeça para suprir aqueles olhinhos curiosos que me fitavam de cabeça para baixo.

- Bom, - Comecei e respirei fundo. - eu comecei a pensar sobre isso a partir dos livros. Não sei se você tem pratica de ler, mas, se você prestar atenção, vai perceber que a maioria dos livros de romances famosos sempre acabam na parte em que o casal vai começar a realmente se conhecer como casal. Como Romeu e Julieta, eu sei que passaram por coisas que, de certa forma, provaram o amor que sentiam um pelo outro, mas não chegaram na parte em que um conhece o outro de verdade, onde começam a ver os lados ruins do outro como manias e irritações que podem acabar com um relacionamento. - Emma assentiu em compreensão. - É sempre assim, o casal se conhece, se apaixona, passam por provas de que seu amor é real, mas quando realmente vão colocar esse amor a prova e perceber se conseguem conviver com as singularidades do outro a história acaba. Acaba na parte em que estão felizes para que tenhamos a ilusão de que dali para frente as coisas vão ser perfeitas. Acredito que é por isso que tenho tanta convicção na teoria de Bauman quando ele defende que os romances se tornam cada vez mais líquidos e superficiais porque as pessoas vão terminar as relações quando perceberem que a vida não é uma história onde tudo é perfeito no final, quando perceberem que o final do livro é apenas o começo de todas as provas que passarão para terem certeza que o amor deles é realmente capaz de ultrapassar tudo. - Parei por um momento para refletir sobre o que tinha de dito e acrescentei: - Então, não é que eu não acredite no amor, eu, na verdade, acredito que as pessoas não saibam o que é amar.

- E você sabe? - Perguntou.

- Na verdade não, nunca amei, acredito. Nunca me senti como nos meus livros de romance e nem naqueles filmes água com açúcar. - Falei dando de ombros.

- Então, como pode dizer que não se sabe amar? - Emma questionou novamente.

- Eu penso como Descartes, acho que devemos ser céticos quanto a tudo até que se prove ser verdade. - Emma rolou os olhos e voltou a olhar o teto.

- Eu acho que já amei uma vez, mas não sei, não foi aquela coisa avassaladora em que nunca vamos nos esquecer da pessoa. Foi um amor em um nível diferente. - Ela falava enquanto eu observava suas expressões.

- Existem níveis no amor? - Perguntei e ela entortou a boca pensando, antes de responder:

- Não, mas é mais fácil para mim se eu relacionar a níveis, por exemplo, no nível um é a família porque você os ama de qualquer forma. O nível dois são os amigos porque você escolhe os amar e o nível três são aquelas pessoas que um dia você nem se imaginou perto, mas que hoje não se imaginaria sem. - Foi a vez dela dar de ombros e voltar a me observar.

- Entendo, e essa pessoa que você diz ter amado te amou? - Não sabia porquê de tanta curiosidade, mas ela ter amado outra pessoa me fazia querer saber mais.

- Sim, no começo, da forma dela, pelo menos. Mas aconteceram algumas coisas que nos afastaram e nós terminamos. Ela é linda, inteligente e divertida, mas como você disse nossas singularidades não se suportaram por muito tempo.

Uma garota, Emma amou uma garota ou se relacionou com uma pelo menos. O que há de tão interessante nisso eu não sei, mas naquele momento foi uma informação que gostei de ouvir.

- Era uma garota. - Sussurrei afirmando mais para mim do que para ela.

- Sim, algum problema com isso? - Emma perguntou ao me ouvir, mas não foi de forma rude.

- Nenhum, eu só não sabia. - Repliquei envergonhada por ter dito aquilo alto e tentei desconversar. - Mas e para você, o que é o amor?

- Não sou boa com as palavras como você, mas vou me basear no que eu sinto com as letras das músicas. Tipo, o que algumas me passam é que é um sentimento bem complicado, às vezes confuso e dolorido, mas gosto mais das letras que falam de forma mais idealizada. As músicas que falam em como a pessoa é tão especial que você não quer nunca que ela saia do seu lado, que é como um sonho de emoções variadas que nos fazer sentir tão bem que nos sentimos mal por pensar que podemos perder isso em algum momento. - Emma falou olhando diretamente para mim, mas parecia pensar em muitas coisas diferentes do fato de estar com os olhos fixados no meu. Foi estranho, talvez satisfatório.

- Será que podemos ir comer alguma coisa? Acho que meu estômago vai me engolir. - Perguntei depois de alguns minutos de silêncio entre nós e não conseguir me concentrar em nada para dizer enquanto seus olhos verdes me observavam.

- Regina e seus dramas. - Emma sorriu.

Fomos até ao refeitório onde já serviam o jantar. Nos sentamos com minha irmã porque fiquei quase a semana toda sem a ver, não consegui conversar direito, meus pensamentos viajavam de volta a nossa conversa. Não conseguia tirar os olhos de Emma enquanto sorria conversando com os outros, como de costume havia facilmente conquistado a simpatia das meninas e de Graham. Algumas vezes, ela me pegava sorrindo e olhando para ela e então eu inutilmente disfarçava voltando a atenção para a comida em meu prato.

O que estava acontecendo comigo afinal? Depois de terminarmos Emma foi conversar com os outros, mas eu decidi ir tomar um banho e tentar pensar melhor sobre tudo. Por que tão inquietante e diferente? Por que tão compreensível e amável?

Aquilo só estava me deixando cada vez mais perdida, e temerosa que o que se passava na minha cabeça fosse realmente verdade, então, depois  de deixar minhas coisas no quarto, fui correndo ao de minha irmã antes que eu perdesse a coragem de dizer o que eu não acreditava que iria dizer, assim que ela abriu a porta as palavras fugiram tão rápidas quanto meu coração palpitava:

- Eu gosto da Emma, realmente gosto.


Notas Finais


O que estão achando?
Comentem se estão gostando ou se quiserem só me xingar por não ter feito elas se beijarem kkkk
Beijos e até o próximo!


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