História Teacher - Smile

DITA P.O.V

 Minhas pálpebras abrem lentamente, as duas silhuetas desfocadas tomam forma ao meu lado, Sharon e uma mulher com um jaleco branco, certamente a médica.

Aos poucos, vagas memórias do que aconteceu vem a minha mente, me lembro de ter visto Brian deitado no asfalto, logo depois vários médicos desesperados ao seu lado, e a escuridão tomou conta de minha memória.

- Onde está Brian? eu quero ve-lo? Ele está bem? - minha voz sai em um sussurro e minha cabeça dói, estico o braço tentando alcançar Sharon mas um dor aguda toma conta dele, era a agulha do soro.

- Acalme-se senhorita, o que aconteceu não foi grave mas você precisa descansar.

A voz da mulher ecooa em meus ouvidos que pareciam sensíveis à qualquer tipo de som.

- Mas como ele está? - insisto mais um vez

- Ele ainda não acordou Dita - Sharon tenta forçar um tom calmo, mas pelo olhar dela eu sabia que não estava nada bem.

Meus músculos relaxam e eu tento me acalmar, em vão, eu nem sabia o que estava acontecendo, só sabia que Brian não estava bem, foi tão horrível vê-lo inconsistente deitado no chão, e agora, se recusam a me informar seu atual estado, será que ele está em coma ou algo do tipo, mas nem tivemos oportunidade de nós conhecer direito. O cansaço toma conta de mim fecho os olhos e logo adormeço, pesadelos tomam conta de minha mente me atormentando.

Uma floresta no meio do nada, a chuva fina molhando meus cabelos e impedindo minha visão, uma respiração pesada podia ser ouvida atrás de mim, não fazia a menor idéia do que estava fugindo. Mãos fortes agarram meu tornozelo e meu corpo se choca contra o chão, tento inutilmente agarram as raízes das imensas árvores que se projetavam ao nosso redor, reconheço o rosto de Scott e logo atrás Corey, todos com  sorriso frio nos lábios e os olhos inexpressivos, os dois estavam ajoelhados ao meu lado e agora com as mãos no cinto, desabotoando, grito na esperança de que alguém fosse me ouvir... DITA, uma voz familiar me chama... DITA ACORDE.

Acordo em um sobressalto, meu peito sobe e desce em uma luta para respirar, minha língua estava seca e os lençóis ensopados de suor, a minha frente, Sharon me olhava assustada.

- O que aconteceu? Scott não está aqui? Corey não está com ele? Não vieram me pegar? - pergunto ofegante. 

- Foi só um sonho Dita, você está segura agora. - Sharon diz levando suas mãos até meus cabelos e os acariciando, e lágrimas descem por meu rosto, denunciando o medo. Foi um sonho? Mas eu quase senti os dois em cima de mim.

                            ***

Desde aquilo eu não consegui dormir, ao meu lado esquerdo Sharon está dormindo em uma poltrona reclinada, eu não preguei os olhos desde o sonho, aquele quarto escuro me deixava tensa, era como se Scott estivesse nas sombras pronto para me atacar, como um animal que observa sua presa calculando o ângulo e o momento certo para o ataque.

Foi talvez a noite mais longa que já passei em minha vida, meus pensamentos não me largavam e o pânico parecia me consumir, estar presa nessa cama não ajuda em absolutamente nada.

Ouço os pássaros cantarem lá fora e assim sei que já está amanhecendo, aguardo ansiosamente alguma enfermeira vir aqui e dizer que eu posso sair dessa cadeia pintada de branco. 

Algumas horas depois Sharon acorda, perguntando se eu dormi bem, acho que pela minha cara nem precisei responder.

Um enfermeira ruiva e simpático entra no quarto, ela me dá um comprimido que tomo sem questionar, quando ela se vira eu a chamo.

- Como Brian está ? 

- Eu irei perguntar ao medico se a senhora pode fazer uma visita - ela responde e da as costas

- Por que tanta preocupação com ele? - Sharon comenta sem tirar os olhos de seu café 

Uma onda de raiva toma conta de mim

- Por que tanta preocupação? Eu o vi desmaiado no meio da rua com marcas de agressão e agora não sei nem se ele acordou, e você ainda pergunta por que a preocupação? - Digo alterando minha voz

O silêncio impera naquela sala, a mesma ruiva entra na sala e me ajuda a levantar, agora que percebi que estou usando aquele vestidos feios de hospital, caminhamos lentamente por vários corredores brancos, entramos em uma sala e me deparo com os warner parados em frente a cama de Brian, eu corro até seu lado e ele me olha com suas iris castanha e misteriosa, seus lábios formam um sorriso suave, o mais bonito que eu já vi, seguro sua mão, ele ainda estava fraco demais para levantar-se.

- Obrigado - Ele diz fraco, em um sussurro saído do fundo de seu peito, sua respiração era forte e lenta, como se estivesse com dificuldade.

- Foi a primeira vez que ele sorriu desde o ocorrido - escuto Bárbara warner comentar com seu marido e meu coração acelera - muito obriga pelo o que fez por Brian, os enfermeiros disseram que a última coisa que disse foi onde nos morávamos e a escola, sem essas informações seria muito mais difícil localiza-lo, você salvou a vida dele.

Eu retribuo apenas com um sorriso.

Eu já recebi alta, com a recomendação de ficar em repouso, muitos sairiam correndo do hospital desejando nunca mais voltar, já eu, fui para o quarto onde Brian estava, e ele me recebeu com o mesmo sorriso, sincero e simples.

Passei a tarde toda ao seu lado, enquanto os pais deles saiam para resolver outras assuntos das mudanças, nós conversamos sobre tudo.

- O que estava fazendo quando foi assaltado? - Resolvo perguntar e vejo seu sorriso sumir e os seu rosto ficar nublado.

- Eu estava indo conhecer a cidade. Sua voz estremece como a de uma criança que mente para os pais.

- Da próxima vez, eu vou junto com voce - digo e seu rosto parece se iluminar.

- Sério?

- É! Aqui tem várias coisas para fazer, parques etc 

 É impressionante a maneira como eu e Brian nos damos bem, gostamos das mesmas bandas, mesmos livros, nem vimos a hora passar e quando percebi, já era noite, eu tinha que ir embora.

 Me despedi dele com um abraço apertado, prometendo voltar no dia seguinte e na próxima semana que ele ficaria no hospital e assim que saísse, eu o levaria para conhecer a cidade.

Ao deitar na cama, cansada, Brian invadiu meus pensamentos, aquele sorriso, os olhos, o som de sua risada e a forma que ele juntava as sobrancelhas quando ficava confuso, nos conhecemos a apenas 2 dias e já parecíamos tao próximos, com certeza irei visita-lo durante a semana que ele passará no hospital e pretendo leva-lo para vários lugares, melhor não se empolgar Dita, você é professora dele. Penso e sou obrigada a concordar, mas não posso negar que ele seria o homem perfeito.