Cassie
Eu o ouvia falar, minhas mãos faziam carinho em seus cabelos macios e a cada palavra dele eu poderia visualizar perfeitamente a cena, o sangue no chão, meus gritos e olhar frio de Justin.
Ter que relembrar a promessa de vingança de David Moore era realmente assustador. Minhas mãos apertaram a de Justin em um movimento impensado e ele apenas retribuiu, apertando firmemente a minha mão. Naquele momento, eu tive a certeza de algo: Justin iria me proteger. Estávamos juntos nessa, ele era o único que eu poderia confiar. Apesar de qualquer diferença, eu estava ali para e ele estaria por mim. Havíamos compartilhado momentos que eram nossos, eram os nossos traumas, os nossos medos e estávamos ligados.
Eu o olhei e sorri e pude ver o seu sorriso formando de volta ao meu.
O céu estava lindo, os raios de sol batiam fraco nas folhas das arvores e os pássaros voavam juntos, eu os olhava com admiração. Se eu conseguisse voar, eu voaria para longe. Onde eu não conseguisse escutar a maldade, onde a paz era o único sentimento presente. Eu levaria o Justin, eu entendia os traumas dele e ele entendia os meus. Eu queria poder arrancar esse sentimento da gente. Depois de um tempo de convivência, eu entendi. Justin também tinha medos e inseguranças, todos nós temos.
- São lindos, não é? – eu disse olhando para os pássaros
- Qual seu problema, Cassie? – Justin riu
- Nenhum. Qual o problema de achar os pássaros bonitos? Eu gostaria de voar
- Por que?
- Vai dizer que nunca quis voar?
- Sim, quando eu tinha oito anos.
- Por que não quer mais?
- A não ser que você seja sobrenatural, eu diria que é impossível
- Você é insuportável – eu disse o fazendo rir
- Eu até diria que você acha esse insuportável lindo e isso me faz lembrar que eu costumo cumprir minhas promessas.
- E o que você prometeu?
- Você me fez um favor, eu te devo um beijo
- Eu dispenso – eu disse e ele riu
- É uma proposta tentadora, Cassie. Muitas iriam querer isso
- Acho que não estou incluída no muitas
- Você que sabe – ele disse fitando o horizonte
- Justin?
- O que?
- Beijar alguém que não seja meu namorado, isso me faz puta? Sabe, beijar só por beijar
- Não, Cassie. Isso apenas te faz viva, quando se é adolescente é obrigatório você fazer duas coisas
- E quais são essas?
- Ir para cama com um desconhecido e beber até desmaiar.
Eu ri e voltei meus olhos ao horizonte, aonde os pássaros cantavam livres.
- Hoje vai ter uma festa na casa da Angel, você deveria ir
- Não fui convidada
- A escola inteira foi convidada
- Essa menina me causa arrepios
- Ela é inofensiva, ao menos que você renegue sexo a ela – ele riu me fazendo rir- Vamos?
- Tudo bem, eu vou.
Ele sorriu e se levantou esticando o braço para me ajudar a levantar e assim eu fiz.
Nesses longos dias em que estive em Portland – Oregon – eu não me senti melhor do que eu me sentia agora, protegida, por aquele que eu mais tinha vontade de matar.
***
- Caralho Cassie, vamos logo – Justin gritava enquanto batia fortemente na porta do banheiro
- Já disse que você é insuportável? – Eu disse assim que sai do banheiro
Eu vestia um vestido não muito curto e nem muito longo, ele era soltinho e eu me sentia bem nele. Assim que sai do banheiro, Justin soltou um “finalmente” e caminhou até a porta. Ele não reparou em mim, eu não esperava outra atitude dele, mas confesso que gostaria que ele dissesse que eu estava pelo menos fofa.
A festa estava lotada e eu arregalei meus olhos, nunca tinha ido a uma dessas, pessoas se drogando, bebendo e todo mundo se beijando. Era realmente assustador, será que eu posso voltar para minha casa e ler um livro enquanto bebo um café?
- Oi lindo, achei que não viria mais – Angel falou assim que nos viu e eu apertei ainda mais o braço de Justin o fazendo soltar uma risada fraca. Ela era realmente assustadora
- Oi gata – ele mordeu os lábios assim que olhou para o exagerado decote dela
- Vejo que trouxe minha bonequinha – ela passou os dedos pelo meu rosto levemente – Soube do estrago que você fez no psicológico da Melanie, fiquei orgulhosa – eu forcei um sorriso
- Angel, para de incomodar a menina – Ouvi a voz de Dougie logo atrás de mim e a mão dele em meu ombro
- Estou apenas tentando manter um diálogo, Dougie.- Ela sorriu fingindo uma inocência que de longe já se via que era falsa
- Você quer uma bebida? – Dougie me perguntou ignorando o que Angel havia dito
- Sim
Soltei dos braços do Justin e segurei a mão de Dougie e fomos andando por entre as pessoas. Quando chegamos ao pequeno bar improvisado que havia ali, me vi completamente perdida. Afinal, não costumava beber, para falar a verdade, quase pedi um chá ou um café com leite, mas pelo o cardápio com aqueles nomes estranhos vi que não teria nada que me agradasse.
- O que vai querer? - perguntou Dougie de um jeito gentil.
- Hã, o mesmo que o seu. - falei qualquer coisa que não me fizesse pagar um mico na frente dele.
- Tem certeza? - quis confirmar. Apenas assenti e então ele fez os pedidos.
Observei as pessoas dançarem, aquilo era fora do normal, não era como os bailes formais descritos nos livros em que leio. Aquilo cheirava a hormônios, ao mesmo tempo em que enjoava meus sentidos.
- Cassie, aqui sua bebida. Bebe rápido. - Auxiliou Dougie.
- Ah sim. - Respondi.
Peguei o pequeno copo e o encarei, em seguida observei Dougie colocar tudo pra dentro de uma vez só fazendo uma cara estranha em seguida. Com um pouco de receio, coloquei a bebida para dentro. Aquilo era definitivamente horrível. No momento só pensava em achar algum lugar para vomitar tudo.
Minha lista de pecados só aumentava. E isso só tinha um culpado: Justin Bieber.
Pov Justin
Os vestidos e saias justos, shorts curtos, decotes deixando os seios à mostra.
Aquilo era o paraíso o qual eu nunca queria sair. Já estava separado de Cassie a um bom tempo, mas agora sua falta começava a me preocupar. Ela era inocente demais, era muito fácil qualquer um ir até ela e aproveitar de sua bondade. Mas, então ela começaria a rezar e seria eu que não aceitaria devolução.
Ao canto daquela festa, a vi fazendo careta com um copo de bebida na mão. Puta merda, ela só bebe suco e chá. Não hesitei em me aproximar. Porém, fui impedido no meio do caminho.
- Onde pensa que vai meu gostoso? - meu?
- Qual foi Melanie, eu preciso passar. - disse revirando os olhos.
- Só com uma condição. - ela falou safada e eu já até imaginaria o que era.
- Fala. - cruzei os braços.
- Tem certeza que não sabe o que é? - mordeu os lábios acariciando meu peitoral. Ela olhava seus dedos fazerem caminho pelo o meu corpo.
Ao longe Cassie olhava para nós. Vi aquilo como uma chance de me livrar daquela garota. Lancei um olhar suplicante, precisando de ajuda. E quando a vi caminhando em nossa direção suspirei alto. Aquele meu gesto atraiu a atenção de Melanie que virou para trás na mesma hora encarando Cassie.
– Você aqui garota? - Melanie começou.
- Justin me chamou. - Provocou. - Gosto de fazer companhia ao meu namorado. - continuou com um sorriso debochado, mas no fundo sabia que ela estava alterada pela simples bebida que havia tomado. Caminhei até ela e a abracei, seu cheiro doce, em meio aquele cheiro de droga, invadiu meus pulmões me fazendo suspirar. Eu queria afastá-la dali,eu precisava.
- Você me paga sua virgenzinha
O rosto de Melanie ficava vermelho de raiva e um sorriso debochado se formava cada vez mais no rosto de Cassie. No segundo seguinte foi possível ouvir o grito que saiu da garganta de Cassie, assim que Melanie voou no pescoço dela.
A culpa era novamente minha.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.