História Tears Are Falling - Capítulo 9

JungKook ON

***

Dois dias depois, sábado

–– JungKook-ah! Acorde!!! Seus pais estão aqui.

–– Hmm... Só mais cinco minutos! Fala pra eles esperarem. –– não obtive responda de Tae, abri os olhos a procura do garoto, que já estava pulando em cima de mim, me esmagando. –– Okay, okay, já acordei!! –– falei levantando indo em direção ao banheiro, fiz minha higiene e fui a sala dando de cara com meus pais... Com malas?? Os abracei fortemente. Fazia um tempo em que não nos víamos.

–– Oi omma! Oi appa! Saudades!! Como estão? Pra que essas malas?

–– Oi, meu bebê, estamos bem. Estávamos morrendo de saudades. Então, JungKook... Eu e seu pai ganhamos uma promoção, e, bem, o problema é que em Tokio, e iremos semana que vem. Mas não teria como te sustentar você aqui e sustentar nós no Japão. Por mais que o salário seja ótimo, sabe que é difícil. E, além do mais, o nosso chefe conseguiria uma bolsa numas das melhores universidade de Tokio. Jun...

–– Omma!! Eu estou bem aqui. Se quiser eu arrumo mais um trabalho. Sei que essa desculpa esfarrapada de "não tem como te sustentar porque é longe" é porque vocês não querem ficar longe de mim. E já estou numa faculdade. Ficaria chato fazer uma transferência bem no meio do ano, melhor, quase no final do ano. E sabe que não me enturmo facilmente. Sei que não quer ficar longe de mim, eu também não quero. Mas deixa eu continuar aqui.

–– Por que você quer continuar na Coreia, você ta perdendo uma chance inesquecível de conhecer outro país. Tem algo te impedindo de ir? O que está te prendendo aqui, Jeon JungKook?

–– Pai! E se tiver? Algum problema?

–– Então o que está de impedindo?

–– Minha faculdade, meus amigos... –– suspirei –– ...o Jimin –– sussurrei o mais baixo possível para ninguém escutar, todavia meu pai escutou.

–– Jimin? Esse garoto novamente? Ele não estava no Canadá?

–– É, de novo esse garoto... E ele voltou... –– meu pai revirou os olhos e ganhei um olhar curioso de minha mãe –– Desculpa pai, desculpa mãe, mas eu vou continuar aqui! –– falei firmemente.

–– Se você quer assim, meu filho... Mas quando quiser ir pro Japão é só nos ligar.

–– Nada disso! Ele vai, sim! E agora que eu soube que o motivo é o Park, você vai sem discussões! –– O QUE? Ah não vou mesmo.

–– PAI!! –– gritei.

–– Sr. Jeon, por favor, deixa ele aqui. Vai ser quase a mesma coisa de quando vocês moravam em Busan, só que agora vai ser no Japão. Eu e Jin hyung cuidaremos bem dele. –– Tae pronunciou-se surpreendendo todos e recebendo um olhar mortal do meu pai.

–– Amor –– fala minha mãe puxando o braço de meu pai –– não vamos obrigar o Kookie a fazer nada que não queira. Ele tem uma vida aqui, tem amigos, seu trabalho, sua paixão. –– disse minha mãe, fazendo meu pai bufar.

–– Appa, eu já sou maior de idade, sei me cuidar. Já tenho 19 anos. Não é como se quando você virasse as costas eu estaria assaltando um banco ou me metendo com coisas erradas. Sei o que deve ou não fazer.

–– Ok, ok. Mas se fazer alguma coisa errada... –– falou deixando as próximas palavras no ar –– Quando quiser ir pro Japão é só nos ligar. Vamos ir sexta. E, bem, deveríamos ter avisado a vocês que ficaremos aqui até o dia de ir pra Tokio.

–– Tube bem, mas onde estão as malas?

–– No quarto de hospede... Faz um tempinho que não vinha aqui. Engraçado que o apartamento nem é tão grande, mas tem três quartos e em dois quartos tem um banheiro embutido e ainda tem uma varanda, pequena, mas tem. E, parabéns! Vocês sabem como deixar o apartamento limpo –– falou minha mãe. Eu e Tae trocamos olhares cúmplices. Não somos bagunceiros, mas quando estamos com preguiça (e o que sempre temos é preguiça) não arrumamos o apartamento. –– Vamos sair? Está um bom dia. Se arrumem rápido! –– ri assoprado do seu tom um pouco mandão.

***

Segunda

"Aigoo!! Cadê o Jimin? Meia hora que esse garoto marcou de se encontrar comigo e até agora não chegou" pensei. Cá estou eu, em frente a biblioteca da faculdade esperando Jimin, que esta absurdamente atrasado. Outra coisa que não o abandonou. A vontade era de xingar ele em voz alta, mas me redimi apenas o xingando mentalmente...

Olhei no visor do celular, havia se passado quarenta minutos do que havíamos marcado. "Quer saber?! Vou embora!". Desci as escadas apresado, 14:00 começava meu expediente, sendo que já são 12:48. Meu rosto ficou vermelho de raiva quando avistei Jimin e Sook se beijando, do outro lado da rua. Senti uma pontada no coração. Um homem, não muito longe deles, olhava o "casalzinho", até que me fitou dando um sorrisinho de canto, homem estranho... Olhei atentamente pro cara e nessa hora me liguei. Era o padrasto de Jimin. Ignorei e continuei meu caminho andando apressadamente.

***

Quarta, 12:14

–– JIMIN!! –– chamei o ruivo, ganhando finalmente atenção do mesmo. –– Eu realmente não estou te entendendo. Até quarta, estávamos numa boa, agora, você está me ignorando e sendo grosso toda hora. Olha, espero que coloque isso de lado, porque ainda precisamos fazer o texto. E não escolhemos as músicas ainda. E o trabalho é pra amanhã!! –– falei um pouco irritado, recebendo apenas um aceno positivo do menor.

Entramos na biblioteca e sentamos numa mesa mais afastada das pessoas que liam livros. Lemos textos grandes, médios e tristes, escutamos músicas mais sôfregas ainda. E nada vinha a nossa mente. Pensei em fazer em a história baseada na nossa amizade, meus sentimentos "conturbados" e o dia em que Jimin me deixou. Fora de cogitação, seria constrangedor

–– Alguma ideia, JungKook? –– apenas abaixei minha cabeça –– Você tem, não? –– assenti voltando meus olhos ao seu rosto.

–– Eu estava pensando em fazer a história baseada... Hã... Digamos, "em nós"... –– o garoto me olhou confuso –– Baseada em quando éramos melhores amigos e os sentimentos que sentia por você e em quando você foi embora me deixando plantado e desnorteado –– falei, desnecessariamente, alterado as últimas palavras. –– Desculpa...

–– Hmm... Não é uma má ideia... Mas iremos mudar os nomes –– falou e concordei com uma cara de "óbvio".

~~~~

15:31

–– Ficou legal, está grande, mas ficou ótimo!! Esse final está bom, Agora vamos procurar as músicas. Que tal Apology do iKON?!

–– "Paper Hearts" da Tori... –– Sugeri.

–– "Ugly" da 2NE1 –– completou.

–– Ta bom, né?! –– falei conectando o Pen Drive no computador da biblioteca –– Ela disse que três já estava bom... –– baixei as três músicas e passei todas pro Pen Drive e em seguida exclui tudo o que havia instalado do computador.

–– Finalmente! Acabamos de vez! As fotos já estão editadas, o relato já esta feito, a história também já esta pronta, as músicas também já estão todas no Pen Driver junto com as fotos editadas. Ou seja, finalmente acabamos o projeto. Aqui, o Pen Drive fica com você –– disse entregando-lhe o objeto. –– Foi legal fazer o trabalho com você.

–– Igualmente. –– falou estendendo sua mão e logo apertei-a rindo. Descemos as escadas em total silêncio, um pouco, estranho. Era confuso como o clima entre nós dois mudava tão rápido. Talvez até engraçado.

–– Tchau, Jimin! –– falei ganhando um aceno do outro.

Fui no mercado e comprei tudo que estava faltando em casa e o material pra fazer um jantar e sobremesa especial hoje, já que meus pais iriam ir pra outro país depois de amanhã, quase desisti, as filas estavam enormes. Depois de uns longos – muito longo por sinal –– minutos –– que mais me pareceram horas –, sai do mercado e me deparei com uma chuva forte. "Ótimo! Esqueci me guarda-chuva. Já estou vendo a bronca que vou chegar quando chegar em casa todo ensopado.", peguei o celular e vi que o mesmo estava descarregado "Ninguém merece." Pensei. Olhei o relógio grande do mercado, que marcava 16:30. "Meus pais vão me matar, quando chegar em casa." Pensei.

Cheguei na rua e de longe vi uma viatura – vazia – em frente ao meu prédio. Corri em direção ao edifício e perguntei ao porteiro aonde o policial estava, e quando falou que estava na minha casa subi as escadas rapidamente. Abri a porta de casa com tudo e me deparei com um policial fazendo perguntas a minha mãe, que estava com os olhos inchados e meu pai e Tae andando em círculos pela sala. Todos estavam visivelmente preocupados. Minha mãe veio correndo na minha direção e me abraçou.

–– Onde você estava, JungKook? Você está bem? Por que demorou? Por que não atendeu nossas ligações? Quer me matar do coração?

–– Na faculdade. O meu celular descarregou e eu to bem, por que não estaria? Eu estava terminando de fazer o trabalho. Mas... Por que tem um policial aqui? Por que vocês estão assim?

–– Quando eu, seu pai e Tae chegamos em casa não vimos você aqui, então o Tae foi ver se você estava no quarto, só que acabou encontrando uma bagunça enorme, como se um furacão tivesse passado no cômodo. Eu fui ao seu quarto e encontrei um bilhete na janela, e a mesma estava entreaberta. –– disse minha mãe me entregando um papel dobrado.

Desdobrei o papel, que continha a seguinte frase: "Cuidado, Jeon JungKook. Você será o próximo.". De fato era, um pouco, bizarro e completamente estranho. Segui ao meu quarto e... MEU DEUS! Meu matérias estavam no chão, algumas coisas minhas estavam quebrada, o porta-retratos que tinha uma foto minha e do Jimin estava no chão quebrado também. Procurei meu trabalho, câmera e computador estavam, felizmente, estava intacto, juntamente com meu material, que por mais que estivesse no chão não estava rasgado, um pouco amaçado, mas em bom estado. Aigoo!! Vai dar um trabalho pra arrumar.

~~~~

18:37

Até que não demorei muito pra arrumar o quarto, claro, que tive a ajuda do Tae. Meu pais saíram pra dar umas voltinhas pela cidade. Enquanto arrumava minhas coisas, encontrei umas fotos antigas e recentes. A que mais me chamou atenção foi uma foto minha com Jimin e Sun Hee – a filha de uma amiga de minha mãe –. A nostalgia me acertou com tudo, era bom ser criança, sem se preocupar com o amanhã, achando que nada era impossível, que tudo era fácil, sem se importar com o que as pessoas achavam de você. Fui despertado dos meus devaneios pela campainha.

–– EU ATENDO! –– Tae gritou animado. Certeza que é o Hoseok.

–– Oiii Kookie! –– Hobi cumprimentou-me aparecendo na porta de meu quarto –– Opa! O que aconteceu com sua janela?

–– Oii Hobi! E...

–– Uma pessoa entrou no quarto do Kook e bagunçou tudo. Deixou até um bilhetinho o infeliz.

–– Posso ver o bilhete? –– entreguei o papel e assim que Hobi olhou pro papel ficou pálido. Olhou pra mim e depois pro papel novamente. Deu um beijo rápido na testa do namorado e apenas deu um "tchauzinho" com a mão e saiu ligeiro do apartamento com o bilhetinho na mão esquerda.

–– Eu hein?! O que aconteceu? –– perguntei e Tae deu de ombros.

***

Dia seguinte, quinta, 11:24

–– Yang-Mi e Dark-Ho, podem apresentar o trabalho.

Sortudos – ou talvez não –, ficaram com ficaram com o tema "alegria". O trabalho deles estava bem feito. Terminaram de apresentar e a professora logo chamou eu e Jimin. Certamente não era a primeira vez que apresento um trabalho a outros professores, mas mesmo assim dá um frio na barriga. Sem contar que ainda tinha mais dez alunos que cursavam cinema.

–– Nosso trabalho tem o tema tristeza. Bem, todos ficam ou já ficaram tristes em algum momento da vida. Isso é natural. –– começou Jimin.

–– Esse sentimento pode apresentar-se em diferentes graus, variando desde tristeza passageira, que normalmente dura minutos ou horas, à tristeza profunda que pode seguir por vários dias ou semanas, o que pode levar a depressão. Pode ser vários os motivos que estimula sentimentos de tristeza, como uma desilusão amorosa... –– falei olhando de canto o Jimin.

–– A perda de um emprego ou de uma pessoa importante, a morte de um amigo ou familiar e outras situações que sejam encaradas de modo negativo pela pessoa, fazendo com que seja afetada psicologicamente. Os principais sintomas da tristeza é o desânimo, a falta de vontade de fazer tarefas rotineiras e de conviver em sociedade. –– disse Jimin indo ao notebook da professora conectando o Pen Drive. Falamos das fotos e lemos o relato e a história que havíamos feito. Um alívio tomou conta de meu corpo quando a professora sussurrou "Bom trabalho! Vocês se saíram muito bem!".

~~~~

Todos apresentaram seus devidos projetos, um dos professores que nos assistiam, acho que era o professor representante da turma avançada de cinematografia, se levantou e foi para frente, seguido pelos alunos de sua turma.

–– Bem, parabéns a todos! Eu, professor Lee, e meus alunos iremos escolher os três melhores trabalhos e iremos fazer um novo projeto com base nesse que vocês fizeram. Iremos dizer o nome das duplas daqui a algumas semanas. –– disse e saiu da sala sendo acompanhado pelos alunos e outros professores que o acompanhava.

Assim que saíram e fecharam a porta, a professora bateu palmas enquanto falava "Parabéns! Parabéns!". Ela disse que todos se saíram bem, o que me deixou extremamente aliviado e feliz. Mas uma coisa me intrigava: que projeto é esse que o professor disse que iria fazer?

~~~~

12:21

–– Mãe? Cheguei!

–– Oi filho! Como foi a faculdade hoje? E então, gostaram do trabalho?

–– Foi boa e a professora disse que todos se saíram bem. Cadê o meu pai?

–– Ah ele foi ver um amigo dele. Mas ele já deve estar chegando. –– foi atrapalhada pela porta se abrindo, revelando meu pai e atrás um Tae todo sorridente –– Aí seu pai... –– falou ganhando um abraço por trás de meu pai, que logo depois me deu um beijo na testa, bagunçando meu cabelo em seguida –– Crianças podem cozinhar a comida hoje?

–– Ei! Não sou criança! –– bufou Tae.

–– Pode até não ser, mas tem mentalidade de uma. –– rebati rindo, indo à cozinha, seguido de Taehyung.

Preparamos kimchi. E, modéstia à parte, ficou ótimo. Arrumamos a mesa e todos se sentaram na a mesma. Conversamos como se não houve amanhã. Meus pais contaram momentos – constrangedores, na minha opinião – de quando eu era criança/bebê. Quando acabamos de almoçar, assistimos um filme antigo, segundo minha mãe, foi o primeiro filme que ela e meu pai haviam assisto juntos. E logo quando acabou nos arrumamos e saímos. Jantamos num restaurante. Queria ter feito um jantar em casa, mas todos queriam comer num restaurante...

~~~~

00:32

–– Mãe? Ainda acordada? Amanhã você tem que acordar cedo. O que faz aqui?

–– Oi filho. Eu to vendo umas fotos nossa. Sente aqui. –– falou e sentei ao seu lado. –– Você ainda gosta do Jimin, não?! –– apenas assenti, abaixando o olhar –– Se o ama tanto não desista dele! Tudo bem, eu sei que ele tem uma namorada, mas... Se ele te beijou, certamente, tem algum sentimento, por mais que seja pequeno... –– passou a mão em meu rosto e ficou me observando –– Vou sentir saudade. Não cometa nenhum crime.

–– Omma! –– ri –– Não é como se você estivesse indo pro outro lado do mundo! Você apenas vai pro Japão. –– falei recebendo um olhar incrédulo da outra –– Ta, okay... Deixa eu melhorar a frase... Hmm... Você não vai sair da Ásia. E Japão não esta tão longe da Coreia. –– abracei-a. –– Vai ser quase a mesma coisa de quando vocês moravam em Busan e eu aqui, só que agora você terá que pegar um avião e a distância vai ser maior. Também vou sentir saudade. Muita! –– terminei de falar e a outra desatou a chorar.

–– Te amo, meu filho!

–– Também te amo, omma.

–– Promete que não vai fazer nada de errado? –– assenti. –– Promete que vai tentar ao máximo ser feliz?

–– Prometo, omma! Agora vamos dormir! Já está tarde.