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História Herdeiros do Império - Reylo - O Mestre


Escrita por: howardlev

Capítulo 12 - O Mestre


Fanfic / Fanfiction Herdeiros do Império - Reylo - O Mestre

"Encontre aquilo que ama e deixe que isto te mate."

Alfheimr, 9 anos atrás.

"Penso que meu sobrinho se saiu bem em seu treinamento, mestre Dana!" Luke houvera chamado Dana para uma conversa naquele dia, enquanto Ben perambulava com Rey pela ilha, procurando conchas e conversando sobre suas aventuras pela Galáxia. Observando seu aprendiz de longe, Dana sentou-se ao lado de Luke. 

"É, ele é realmente bom, grã-mestre." Ela assentiu com a cabeça. "Mas não foi tão fácil assim trabalhar com ele.” Balançou a cabeça ao suspirar. “No início eu achei que ele morreria por causa da garota."

"Rey?" 

"Sim." Ela concordou rolando seus olhos e voltando a observar a garota que permanecia sentada com Ben sobre a areia, ambos analisando as conchas que recolheram na costa. "Nos primeiros meses ele não fez nada, literalmente nada. Ele ficava o tempo todo dentro da cabana, se isolando, o peguei chorando algumas vezes. Ele mal comia. Demorou pra me contar o que estava acontecendo. Confesso que tive que lhe dar algumas... Porradas, sabe, apenas pra que ele confessasse o motivo. E o motivo era a garota."

Os dois mestres voltaram seu olhar para os jovens. Ben abria uma concha encontrando uma pérola, colocando a pequena esfera brilhante na palma da mão de Rey. Ela sorria, enquanto os dois observadores permaneciam com expressões preocupadas. 

"Eu o chamei de fraco, onde já se viu fazer barda por uma garota." Disse Dana, chamando a atenção de Luke. “Foi quando ele ficou muito irritado.”

"Irritado?"

"É. Ele ficou literalmente com raiva. Me jogou contra a parede quando eu insultei a garota de propósito. Eu quase soquei a cara dele lá mesmo.” Dana apertou os olhos, respirando fundo então voltando a abri-los. “Mas depois de um tempo refletindo cheguei à conclusão de que isso poderia ser usado ao favor dele. O senhor e os outros mestres concordaram quando eu disse que o melhor para ele seria o Caminho de Vornskr. E digo mais, ele se saiu bem demais nesse método, controlando e usando todos esses sentimentos de forma bem direcionada."

Luke voltou o seu olhar para Rey que parecia impressionada, ainda, analisando aquela pérola. 

"Rey também sentiu muita falta dele, algo semelhante. Ela perdeu peso, não fazia nada além de chorar. Talvez eles não estejam sabendo lidar com esses afastamentos necessários. Isso me preocupa. Tem mesmo certeza de que esse método foi o mais adequado para Ben?" 

"Acredito que sim." Dana sorriu para o homem. "O garoto é bondoso, mas guarda muito rancor no coração. Achei que fazendo-o canalizar essa raiva em combate o ajudaria a se tornar um grande jedi, claro, e o afastaria do lado sombrio. Agora, ele pode deixar fluir a raiva e utiliza-la para o bem." 

Luke afagou a barba. O rapaz era muito bondoso, era verdade, mas ouvir de Dana que seu sobrinho guardava tantos sentimentos sombrios em seu coração o fazia temer que o jovem se tornasse algo parecido com o avô. 

"Bom, eu não o teria deixado aos seus cuidados se não confiasse em você, Dana. Tenho certeza de que fez o melhor trabalho possível. Se você achou que, utilizando o Caminho de Vornskr, Ben se tornaria um grande cavaleiro jedi, então ele se tornou." O senhor redirecionou seu olhar para a mulher. "Eu só espero que Ben saiba administrar isso, Rey precisa dele assim como ele precisa dela. Ele não pode destruir as coisas. Não quero uma grande inimizade entre os dois no futuro se algo ocorrer mal, seria um péssimo destino."

Um breve silêncio se fez presente. Destino. O que o destino guardaria?

"Eles tem uma conexão, não é?” Perguntou a jovem mestre. “Ele e a garota... Eu vejo. Consigo sentir a energia. Chega a ser assustador." Dana estremeceu. "Eu sinto a conexão e temo pelo desafortunado que entrar no caminho deles. Parecem ficar mais forte quando estão perto um do outro." Dana forçou um sorriso para a situação, e Luke a acompanhou.

"Acha que Ben está preparado, então?" 

"Acredito que sim, mas, de todo jeito, precisamos da análise do Conselho. Mas se depender de mim seu sobrinho será tão poderoso que seu nome perdurará por gerações.” Dana levantou, e acenou para o senhor. “Com licença, mestre."

A mestre seguiu seu caminho cumprimentando Ben e Rey, de longe, com a cabeça. Eles acenaram em resposta.

"Uau, ela me dá calafrios." Comentou Rey, rindo baixinho.

"Ela também me assustava no início." Ben riu. "Mas hoje não tenho medo dela. Ela é incrível, forte, inteligente. Uma das melhores." 

Rey sorriu singelamente diante as palavras de Ben. "Há tantos lugares que você tem que conhecer, Rey!" Ben disse empolgado. "Dana me levou para lugares incríveis, eu irei te levar para todos eles um dia." 

"Nossa..." ela soltou, fechando a expressão sorridente em uma feição seria. "Pensando bem, eu nunca saí de Alfheimr. Não consigo nem me lembrar como era o planeta de onde vim." 

"Poderíamos ir para lá também." Ben sorriu, encostando seu ombro de leve no dela.

"Não, Ben." Ela disse incisiva. "Eu não quero ver meus pais novamente." 

"Rey..." 

"Nunca mais voltaram, eu nem lembro ao certo dos rostos deles. São uns traidores."

"Renesmy..." 

"Odeio que me chame assim, você sabe." Ela empurrou o garoto, deixando a esfera brilhante que ganhara cair na areia. "Odeio esse nome, odeio tudo que me vincule a eles." 

"Está dizendo a maior bobagem de sua vida, Rey!" Ben a interrompeu, fazendo a perola levitar em direção à sua mão. 

"Exibido!" Ela rosnou. 

"Sério?" Ele bufou. 

"Você fala como se sua relação com seus pais fosse das melhores." 

"O problema com meus pais é outro, jovem padawan.” Disse ele, a provocando ao chama-la assim, unindo as mãos atrás da cabeça e repousando sobre elas na areia. “Algo que nem você e nem mestre Luke tem dimensão. E eu não os odeio, eu apenas me sinto fora da família, já te falei sobre isso." 

"Eu nunca disse que odiava meus pais, Ben. Só nunca irei entender porque não voltaram."

Rey cruzou os braços, sentou-se sobre a areia e deixou a brisa do vento bater contra sua face. As mechas acompanhavam o caminho do ar, ondulando no invisível. Ela suspirou deixando uma grande fresta de ar sair de seus pulmões em direção ao tempo gélido daquela tarde de outono em Alfheimr. Ben dirigiu-se lentamente em direção à garota, voltando a sentar-se ao seu lado. 

"Só achei que seria uma boa ideia te levar para conhecer outros lugares." 

Rey evitava trocar olhares com ele. Sentia-se com raiva, mas ao mesmo tempo envergonhada. 

"Sempre que Dana me levava a algum novo planeta e, sempre que eu achava o local interessante, eu pensava em levar você comigo. Para poder experimentar as coisas que experimentei. Eu pensava no quanto você poderia gostar de ver as coisas que vi.” Ele esfregou a nuca, sem jeito. “Me desculpe por ter falado do seu planeta."

"Me desculpe, Ben." Disse Rey ao vê-lo levantar-se. "Não quis que levasse como algo pessoal." 

"Tudo bem!" Afirmou. "Vou dormir cedo hoje, amanhã Luke terá uma reunião com os membros do Conselho, e então, irão julgar se eu posso me tornar um mestre."

"Sério?" Ela o fitou. "Nossa, Ben... parabéns!"

"Ainda não é hora de me dar parabéns, Rey. Eu sou muito novo pra ser mestre, eles provavelmente não irão me aceitar. Mal terminei meu treinamento." 

"Só de estarem pensando nisso já é algo muito bom."

"Tio Luke pensa assim, não o Conselho." Ele disse e então se foi, deixando Rey pensativa e solitária naquelas rochas. Mais uma vez um conflito entre eles, mas não conseguiam impossibilitar os atritos. Rey não queria encarar a verdade, era dura demais, mas era uma só: nada mais seria como antes.


•••

"Eu tenho certeza de que Ben foi ótimo em seu treinamento." Disse Luke perante o Conselho.

"Acalme-se, Mestre Luke, ele é da sua família afinal, vamos ouvir o que Dana tem a dizer." Disse mestre Janus, um chiss com o tom de pele azul.

Dana aproximou-se em passos lentos, e trocou olhares com Luke antes de se levantar da grande mesa redonda feita de madeira maciça talhada com o grande símbolo da Nova Ordem Jedi. A jovem mestre estava nervosa, gostava do garoto, achava que ele tinha tudo para um futuro brilhante, mas sempre se sentia mal diante do Conselho, principalmente por todo aquele ritual desnecessário de comportamento.

"O garoto é realmente muito bom." Ela limpou a garganta. "Precisou de um tempo de adaptação, é claro, ele nunca tinha saído de Alfheimr antes, mas logo se acostumou. E o testei muito antes de decidir qual era o Caminho melhor para ele e..."

"E...!?" Lor San Tekka, o ancião líder da Igreja da Força, a interrompeu ansioso.

"E então ele passou em todos os teste, garantias que ele não caísse no lado sombrio ao..." Ela engoliu em seco. "Ser treinado no Caminho de Vornsk."

"Vornsk?! Grandes cavaleiros já caíram no lado sombrio por causa desse Caminho!" Um murmurinho começou entre os membros do Conselho. “Não acredito! Treinar o neto do maior traidor da Ordem nesse Caminho!?”

"Eu sei o que estão pensando!” Dana se fez ser ouvida. “Sei em quem estão pensando, mas não, ele não cairá ao lado sombrio." Respirou fundo. "Eu tenho certeza!"

"Como pode ter certeza, mestre Dana?” Perguntou mestra Aya, uma twi'lek de pele violeta. “O que fez foi algo muito perigoso"

"Eiiiii! Eu sempre treinei muito bem meus aprendizes, a maioria deles no Caminho de Vornsk e estão todos aí sendo grandes cavaleiros jedi, não houve sequer um que tenha sucumbido às trevas." Dana rosnou. "Eu sei que fiz um ótimo trabalho, o garoto Solo tinha muita raiva, precisava lhe servir de alguma coisa. A não ser que vocês prefiram que ele reprima essa raiva toda e um dia ela exploda sem que possamos controlar suas ações. Aí poderiam ter certeza que ele se tornaria como vocês sabem quem."

"É claro que não, Dana." O mestre Ronan a interrompeu, sorrindo sem graça. "O que estão querendo dizer é que o histórico familiar do garoto é bem complicado". Reclinou-se sobre a cadeira. "Mas eu realmente acredito que tenha feito o seu melhor, Mestre Dana."

"Eu concordo. Acho que devemos dar essa chance ao menino Ben Organa." Outro mestre falou com seu sotaque irritante de gungan. “Solo... Organa-Solo.”

"Eu também concordo." Disse Luke com as mãos cruzadas sobre a barriga. "E não é porque ele é meu sobrinho, mas sim pela habilidade e determinação que ele tem. Não é fácil controlar-se tanto quando se tem toda essa raiva dentro de si, e ele está fazendo isso bem e tudo graças ao auxílio de Dana. Sem contar que ele pode nos trazer um resultado incrível criando uma legião de habilidosos cavaleiros jedi, assim como sua mestra o faz."

Dana sorriu, e olhou para Janus, sua maior inimizade no Conselho de Mestres.

"Sempre deixei claro que estava de acordo." Disse ela, voltando a sentar-se.

"De todo jeito, precisamos analisar melhor.” Mestre Janus falou em alto e bom som. “Não podemos decidir isso de um dia para o outro. Precisamos analisar o comportamento de Ben fora de seu treinamento.” Ele direcionou seu olhar severo a Dana. “Ficaremos de olho no garoto." 

"Mas é claro que sim." Luke concordou, chamando sua atenção. "Eu faço questão."

"Mestre Luke. Apenas um pedido: não o deixe saber sobre isso." Mestra Aya advertiu.

Luke concordou com a cabeça e saiu acompanhado de Dana. Antes mesmo de seguirem seu caminho foram parados por Ben.

"E aí, o que disseram?" O rapaz eufórico perguntou para sua mestra, assim que seu tio acenou antes de se retirar em silêncio. Sua felicidade, contudo, fora apagada com a face preocupada de Dana. 

"Eles precisam analisar ainda." Ela disse, dando um tapinha em seu ombro.

"Espere!" Ben exclamou, impedindo Dana de seguir seu caminho. "Como assim, eles... Não disseram nada?" Seus olhos foram emaranhados por lágrimas e Dana aproximou-se rudemente o segurando pelos ombros.

"Ei, Ei! Pare com isso, garoto. O que eu te disse sobre ficar chorando por bobagens?" Rosnou. "Ontem mesmo você nem acreditava que seria aprovado, disse que não se importava, mas agora está chorando pela possibilidade de não ser aceito?” 

“É que...” Ele começou.

Dana suspirou.

“Garoto, você foi treinado por mim, e é tão forte e astuto quanto a grande maioria do Conselho, é obvio que eles vão aprova-lo. Só precisam de um tempo."

"Um tempo?" Ele disse, com fúria em seu olhar.

"Controle-se." Dana o alertou, serena. "Não seja um bebê chorão, Solo."

Alguns dias se passaram, enquanto Ben continuava com suas atividades. Claro que naquela semana o sono veio com dificuldade. Abatia-se com sua ansiedade, não conseguia controla-la, e lembrar-se de Rey o fazia pensar que sua formação como um Mestre estava ainda mais distante de se concretizar. 

Aos poucos ele foi percebendo a movimentação estranha, os homens ao seu redor. Os mestres não costumavam fazer isso, tinham mais cautela. Mas com o passar dos dias as coisas começaram a ficar escancaradas e, quando Ben os perguntava o motivo de tal atenção eles o respondiam com significante silêncio. 

Quando o dia do julgamento finalmente chegou, Ben percebeu que a decisão seria tomada quando, logo cedo, notou a ausência de Dana e Luke, assim como de outros mestres, no café da manhã. 

Mais tarde naquele dia, mais precisamente ao por do sol, Ben recebeu seu convite para se juntar ao Conselho. Ele foi acompanhado por Lor San Tekka e quando adentrou ao recinto teve a visão de todo o Conselho de Mestres reunido envolta da grande mesa talhada. O jovem cavaleiro jedi se aproximou do centro, calado. 

"Ben Solo." Mestre Ronan, o Rutian — grande sábio e muito influente na Ordem — tomou a palavra. "Aproxime-se, jovem."

Ben o obedeceu com o olhar perdido no chão, a cabeça levemente inclinada para baixo, suas duas mãos fixadas ao lado do corpo, suando.

"Sabe por que está aqui?" Ronan perguntou.

"Acredito que tenha a ver com a minha possível aprovação de entrada no Conselho de Mestres." Ele virou a face em direção à sua mestra, ao lado de Tio Luke, e ela afirmou com a cabeça e um sorriso leve.

"Exatamente." Ronan arfou. "Nos últimos dias estivemos observando você, suas ações, emoções. Presumo que tenha percebido a movimentação, jovem cavaleiro."

"Sim, senhor."

"Pois então. Após um longo tempo de conversa e muita análise chegamos à nossa conclusão." O mestre rutian levantou-se de seu assento e se locomoveu em passos lentos até Ben. "Nós, o Conselho, concordamos em deixar seu treinamento nas mãos de Mestre Dana, concluindo então o caminho em que fora treinado. Não vamos negar, o Caminho de Vornsk é muito perigoso e se usado por jedi com mentes fracas, bons frutos não irão surgir. Tivemos medo, é claro. Pensamos muito e divergimos diversas vezes em nossas ideias, mas, no fim, todos chegaram à mais sábia conclusão." Os olhos de Ben inundaram-se em dúvida. "Esteja preparado. Daqui a duas luas iniciaremos seu ritual de transição." Ronan sorriu, acompanhado alguns mestres.

Depois daquilo foi só alegria, a angustia pareceu sumir de seu corpo. Por inúmeras vezes agradeceu a Dana pela oportunidade, estava realizando um dos maiores desejos de sua vida.

Ben não hesitou em procurar Rey. Estava vivendo uma grande felicidade e sabia que se não a tivesse ao seu lado nada daquilo valeria a pena. Ele pediu perdão pelas suas ações impensadas e os dois passaram a tarde toda daquele dia juntos, reaproximando-se.

Duas luas depois, quando as estrelas já estavam novamente surgindo nos céus de Alfheimr, Luke fez questão de estar à porta da cabana de Ben para que logo cedo orientasse o sobrinho para sua transição. Todos seguiram em direção ao Conselho para celebrar o grande dia de Ben Solo.

No anfiteatro se formava um semicírculo onde todos os mestres o observavam, inclusive Dana e Luke. Enquanto uma pequena multidão de filhotes, padawans e cavaleiros preenchia a outra metade do círculo de arquibancadas a céu aberto.

"Aproxime-se, jovem." Disse Valark, o mestre cereano

Ben aproximou-se e se posicionou em frente do Conselho de Mestres. Pessoas de todas as origens que ele pudesse imaginar estavam lá, fossem mestres, padawans, cavaleiros jedi. Haviam humanos, twi'leksIthorianosBothans... E todos reunidos para seu ritual de passagem, assim como de cada um dos mestres, mas agora ele era o centro da festa.

Quando Ben olhou para o lado reconheceu os rostos que seguiam uma fileira. Os jovens garotos o fitavam com admiração ao mesmo tempo em que ansiavam pelo dia que também passariam pela mesma cerimônia. Sentiu seu peito se inflar de orgulho, o que era perigoso. Ele limpou tal sentimento de si, e continuou analisando as faces até seu olhar parar ao deparar-se com o rosto familiar de Rey. 

Ela estava radiante como sempre, sorria para ele. Ben fez o mesmo, aliviado por ter reconquistado sua confiança. Estavam tendo um bom momento, podia-se dizer.

Ele tirou seus olhos da jovem quando ouviu Luke chamar por Dana.

"Aproxime-se, Mestre Dana Freron." Luke disse sorridente, com a voz firme. 

Dana seguiu em direção ao centro de encontro com seu aprendiz. Ele estava nervoso, ela podia sentir de longe. Ela aproximou-se de uma grande bancada que circundava um meio círculo em volta do centro. Em sua superfície encontravam-se alguns objetos. Algumas ervas, um cálice com água, cinzas e um pote de vidro onde se podia ver um redemoinho de vento aprisionado.

Dana pegou primeiro o ramalhete de ervas e aproximou-se de Ben, que havia se ajoelhado.

"Sem a Força a vida como conhecemos não existiria. Ela é a base para que os elementos existam. Da natureza vem o homem e à natureza ele voltará." 

Então Dana passou o conjunto de ervas sobre os ombros e cabeça de Ben. Direcionou-se novamente à bancada e trouxe consigo o cálice.

Chegando perto do garoto ela posicionou o elemento acima da cabeça dele e o líquido começou a gotejar.

"A água rege as emoções, nos dá sabedoria, cura, suaviza e nos auxilia em nossas mutações. A vida é uma constante mutação, e sua passagem simboliza uma delas." 

As gotas caíram sobre a face de Ben, que fechou os olhos. Ela sorriu para seu aprendiz e então tornou a voltar com outro elemento em mãos. 

As cinzas.

"As cinzas são o produto da ação do fogo. Este elemento está ligado à nossa energia, vitalidade, transmutação, purificação." Ben apertou os olhos e sorriu para si mesmo. "Representa a faísca da divindade, da Força que habita dentro de nós." Ele respirou fundo, deixando-se embalar pelas palavras de Dana. Em seguida ela despejou as cinzas por cima de seu corpo. 

"E, por último, mas não menos importante, o ar. Este elemento representa nossos ideais, nossa capacidade de formular pensamentos, usufruir da Força. É o elemento da comunicação, liberdade, estudo. Sabedoria." Ela limpou a garganta. "O ar é a direção maior da luz." 

E então Dana libertou o conteúdo aprisionado dentro do compartimento de vidro, causando uma intensa corrente de ar que balançou os cabelos de Ben, que tornou a abrir os olhos e se levantou com a ajuda de sua mestra.

"Assim como o ar, não podemos enxergar ou tocar a Força. Contudo, sabemos que Ela existe." Dana seguiu novamente até à bancada, dessa vez trazendo consigo uma lâmina de prata. 

Aproximou-se de seu aprendiz e procurou por sua trança já crescida dos tempos em que foi seu padawan, ainda sem cortar.

"Hoje você deixa de ser apenas um jovem aprendiz para se tornar um mestre. Que a força esteja com você." 

Dana direcionou sua mão até os cabelos negros de Ben e então fez o rito final, o corte da trança. Finalizando um ciclo para começar um novo. Em alguns segundos a mecha trançada estava em sua mão, e pouco tempo depois estava sendo queimada dentro de um depósito de pedra bruta com brasa. 

"O fogo fecha este ciclo para dar início ao novo." Dana sorriu de canto em aprovação. "Bem-vindo, Ben Organa Solo. O mais novo mestre da Ordem."

Todos aplaudiram quando Dana lhe deu as boas vindas. Luke levantou-se de seu local elevado e desceu até o centro. O salão silenciou-se novamente e Luke começou a falar:

"Hoje é um dia de muita alegria, assim como todas as outras cerimônias de passagem foram. Hoje, este jovem deixa de ser apenas um aprendiz para se juntar a nós como um mestre. Aproxime-se Ben."

O rapaz aproximou-se de Luke e ajoelhou-se perante o Grã-Mestre. Todos os sabres de luz então se acenderam ao seu redor, inclusive o de Luke.

Ele posicionou seu sabre por cima do ombro de Ben, que abaixou a cabeça. "Dana, por favor."

Dana empunhou seu sabre e a luz roxa iluminou o pequeno centro. Ela levantou o braço e começou a dizer:

"Não há emoção, há paz!" 

"Não há emoção, há paz;" todos repetiram suas palavras, até mesmo os filhotes que mal sabiam falar.

"Não há ignorância, há conhecimento." 

"Não há ignorância, há conhecimento!" 

"Não há paixão, há serenidade;"

"Não há paixão, há serenidade!"

"Não há caos, há sabedoria;" Dana dizia com toda sua força e emoção, a plenos pulmões, enquanto os outros continuavam repetindo.

"Não há caos, há sabedoria!"

"Não há morte, há a Força!"

"Não há morte, há a Força!" 

E então a mulher abriu um grande sorriso quando todos começaram a aplaudir. 

Luke naquele instante condecorou Ben como um mestre.

"Como parte do ritual, você deve escolher seu primeiro aprendiz. Para que assim os dois cresçam em conjunção, e, com a sabedoria da Força, corroborem com a paz e o equilíbrio na galáxia." Ele olhou novamente para o sobrinho. "Como grã-mestre, eu lhe indiquei alguns nomes para sua escolha. Acredito, que após muito tempo de análise e muita paciência, tenha chegado ao seu veredito final. Lembre-se: a relação entre um mestre e seu padawan deve ser, primordialmente, uma relação de irmandade profunda. Como se duas almas se unissem. O amor que deve construir será o mais puro de todos, a conexão flui involuntariamente, por isso, não carregue o fardo de ter que escolher pois, não é o mestre que escolhe seu padawan ou vice-versa, mas sim o espírito de ambos com o auxílio da Força." Ben levantou o olhar chocando-o com o de seu tio. "Vou lhe dizer o que digo a todos que passaram por aqui. Se há um nome martelando em sua mente então não hesite em ouvi-lo."

O jovem mestre não hesitaria. Seu coração estava congelado, o frio na barriga era forte. Respirou fundo, soltou os braços, fechou os olhos. Ele sabia que poderia escolher qualquer um daqueles que Luke lhe sugeriu, mas é claro que ele não precisaria de sugestão alguma. Sua mente, seu espírito, e, mais importante, a Força, gritavam em conjunto apenas um nome. Ele não precisaria ouvir as sugestões para saber o que a Força tinha escolhido para ele, o que seu coração havia decidido, não hoje, mas anos e anos atrás.

Todos esperavam pela fala dele, pelo nome que diria. Ben se levantou e deu leves passos em direção aos jovens padawans, quando o seu olhar cruzou-se com o dela. Ela o fitou, cerrou os olhos, apertou os lábios. Fazendo-o sorriu timidamente ao pronunciar as letras que formavam o nome: 

"Renesmy!" Flutuou pelo ar. "Eu a escolho como minha primeira padawan. Rey."

O olhar da jovem congelou na face do rapaz. Todos aplaudiram. Como consequência ela andou em sua direção como se fosse carregada pelo seu inconsciente.

Estavam no centro agora, um de frente para o outro. Luke piscou para Ben, e ele sorriu em resposta. Estava muito feliz. Dana se aproximou dos dois, com uma fita vermelha em sua mão.

"O fio vermelho representará a conexão de vocês. A partir de hoje estão unidos. Você como mestre, e Rey como padawan. Ao trançar os cabelos dela, você está assegurando sua responsabilidade como mestre, e ela, ao permitir que trance seus cabelos, que tem plena confiança em seus ensinamentos e que estará deixando os cuidados de seu destino em suas mãos. Estarão ligados à partir de hoje até o dia em que você cortará a trança dela, finalizando o antigo e dando início a um novo ciclo." 

Dana depositou a pequena fita nas mãos de Ben. Ele se aproximou da jovem e Dana se afastou. Seria um momento único entre mestre e padawan. 

Delicadamente ele separou uma mecha do cabelo de Rey, que tinha sua raiz na parte de traz do couro cabeludo. O resto do cabelo estava preso por três coques. 

Então, Ben começou a trançar a mecha. Rey o analisava enquanto ele depositava toda sua atenção nos cabelos da jovem. Seus olhares entregavam os pensamentos, e quando já estava na metade da trança Rey sussurrou:

"Entre tantos, não acredito que me escolheu." Ela sorriu enquanto Ben mantinha seu olhar fixado na mecha que transformava em trança. "Justo eu." Ele levantou o olhar para fitar seus olhos amendoados, iluminados em felicidade. 

"Não há surpresa nisso." Suas bochechas coraram. "Eu a escolhi há 12 anos atrás, raio de sol."


Notas Finais


Quero pedir desculpas pela minha ausência. Sei que foram 2 meses praticamente, mas tive bons motivos pra isso. Esse capítulo foi um pouco difícil de se fazer então espero que o resultado tenha ficado bom. Como sempre, se gostaram do capítulo deixem sua opinião nos comentários, me ajuda muito <3
Quero principalmente agradecer à minha amiga Lydia (@darthdrusilla) que me deu uma luz para poder postar esse capítulo hoje para vocês. E, por sinal, estamos escrevendo uma original em conjunto, chama-se "Edelman: O Segredo das Rosas". A história se passa durante a Segunda Guerra e tem o seu casal principal inspirado em Adam & Daisy. As postagens começam em Fevereiro.
Obrigada pela paciência. <3


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