1. Spirit Fanfics >
  2. Herdeiros do Império - Reylo >
  3. A Dama de Azul

História Herdeiros do Império - Reylo - A Dama de Azul


Escrita por: howardlev

Capítulo 5 - A Dama de Azul


Fanfic / Fanfiction Herdeiros do Império - Reylo - A Dama de Azul

 

"Toda a arte é um problema de equilíbrio entre dois opostos."

(Cesare Pavese)

•••

Uma leve enxaqueca acordou Kylo Ren no dia seguinte. Havia bebido consideravelmente na outra noite e agora as dores tomavam conta de seu corpo. Devido a esta razão, ao fato de provavelmente muitos estarem ainda se recuperando da noite anterior, havia-se considerado que não ocorreria treinamento com nenhum dos cavaleiros de Ren neste dia.

Do outro lado da base, Rey acordara tranquilamente. Não teve sonhos nessa noite e se sentia tranquila a partir disso. Foi então que o som de três batidas na porta entrou nos ouvidos de Rey.

"Pois não?" Rey, ainda de pijamas e um roupão atendeu à porta, era um stormtrooper qualquer.

"Mestre Kylo Ren solicitou a presença da senhora em sua divisão."

"Algum motivo especial?" Ela perguntou.

"Não tenho essa informação. Um dos nossos soldados irá acompanhá-la até o local assim que estiver pronta." 

Rey entrou no quarto imediatamente e se aprontou. Colocou uma roupa de trajes escuros que tinha vindo com aquela muda de roupas no seu primeiro dia na base, prendeu seu cabelo em um rabo de cavalo desarrumado e seguiu adiante.

O stormtrooper a guiou pelo corredor até chegarem em uma secção que ela não havia conhecido antes. As paredes eram de aço, assim como no resto da base, mas havia algo diferente. Muitos guardas permaneciam lá. Todos parados à frente de portas espalhadas ao longo do corredor, até que no fim havia uma porta maior, escura como as outras, mas com listras brancas formando algum tipo de desenho que ela não soube interpretar.

O guarda que estava ao lado esquerdo da porta a abriu para que Rey entrasse, ela entrou. Era um quarto. 

Rey maravilhou-se com a beleza daquele lugar, era grande, até três vezes maior do que sua habitação. Haviam duas poltronas dispostas lateralmente à uma lareira que seguia o padrão do aço, um tapete trabalhado em detalhes entre eles. O quarto era cercado por janelas de vidro muito grossas e resistentes. No centro havia uma cama grande e ao fundo uma mesa cheia de frutas, pães, sucos, chás... Tudo que Rey não tinha em Jakku. E Kylo Ren.

O rapaz se encontrava parado de costas para o quarto, observando a galáxia lá fora, agora com o Sol amostra. Na base não se tinha uma distinção entre dia e noite como nos planetas, praticamente se diferenciava as horas pela posição do Sol uma vez que a base se encontrava em órbita de um planeta. O novo planeta onde uma nova arma, 3 vezes maior do que a outra, estava sendo construída. 

Ele sentiu sua presença. Lentamente seu rosto se virou e Kylo pôde concluir a partir de sua visão periférica aquilo que a força já havia lhe informado. Rey estava lá. 

"Pois não." Ela começou a falar com os braços paralisados ao lado de seu corpo.

Kylo se aproximou da garota enquanto ela pensava em se esquivar. 

"Por que solicitou minha presença?" Perguntou.

"Como não haverá treinamento hoje pensei se não gostaria de tomar um café comigo e depois poderíamos andar pela base ou treinar um pouco nossa questão do equilíbrio."

"Equilíbrio?" Ela indagou.

"Eu sei que você sabe." Ele sorriu ironicamente. "Nós dois sabemos que há algo. Eu sinto sua presença em todo lugar, eu poderia te rastrear a quilômetros daqui... A anos luz daqui." Ela olhou para baixo. "E você também poderia, e sabe disso." Agressivamente ele levantou o rosto de Rey com as mãos em seu queixo a fazendo olhar nos seus olhos.

"Eu sei!" Ela rosnou.

"Então não finja que eu não sabe." Ele se afastou dela e a conduziu até a mesa. Gentilmente afastou a cadeira para que ela se sentasse. Ela ficou parada, analisando cada tipo de pão. Ele finalmente se sentou e dois empregados os serviram. Ela ficou um pouco sem graça com isso, dizia a todo momento aos serviçais que ela poderia se servir sozinha. Kylo, como resposta, a fitava com o olhar a dizendo que eles estavam lá para isso.

"Há algo tão interessante em você." Ele quebrou o silêncio. Ela o olhou nos olhos. "Sabe, uma das minhas habilidades mais perceptíveis, inclusive por Luke, era a capacidade de confundir a mente das pessoas e principalmente arrancar delas as informações que eu precisava." 

Ele levou sua mão em direção a um bolinho de amêndoas ao mesmo tempo em que Rey iria pega-lo. Suas mãos se tocaram, um calafrio subiu pelas pontas de seus dedos e fluíram pelos seus corpos. Eles imediatamente, em um choque, afastaram as mãos. Agiam como se uma força maior os comandasse, sempre caindo no mesmo desfecho. 

Ren pigarreou e continuou a falar:

"Mas com você é diferente." Ele penetrou seu olhar no dela. "Eu não vejo nada. A cada dia você se torna mais forte e bloqueia as minhas investidas com maior facilidade. Sua mente é um vazio para mim. Me admira ter conseguido arrancar algumas lembranças suas em nosso primeiro encontro..." Sua feição agora era séria. "Sabe, Rey..." Ela sentiu um arrepio ao ouvir seu nome sair da boca de Ren. "É impressionante essa sua habilidade, me pergunto se isso é natural seu ou se com o tempo veio aperfeiçoando."

"Agradeço seu interesse mas não sou nem nunca fui uma jedi para poder ter aprendido alguma coisa."

"Você não precisa ser uma jedi para isso, a Força é muito maior do que qualquer coisa que você tenha imaginado."

"Então talvez seja você quem não está conseguindo usar sua força em mim." 

"Impossível." Rosnou. "Eu fui treinado pelo melhor jedi que existe hoje e o maior ícone vivo do lado sombrio, além dos genes de Vader que correm pelo meu sangue. Sempre consegui retirar as memórias mais profundas de guerreiros de todos os lados." Ele se inclinou em direção à Rey. "Não seria difícil tirar informações da mente de uma insignificante catadora de lixo."

"Você tem certeza de que me acha insignificante?" Rey se inclinou em direção à Kylo Ren e agora os dois se olhavam profundamente nos olhos, os dois com raiva no olhar. Rey fez aquilo de novo, fez os feitiços de Kylo Ren voltarem contra ele, e ela estava gostando disso. "Pois eu não acredito nisso. Eu sei que sou importante para você, caso contrário, não aceitaria por conta própria me treinar. Eu nunca disse que queria ser treinada por você, eu disse que queria ser treinada no lado sombrio, não especifiquei por quem." Ela sorriu, tão articulada com as palavras. Ele se afastou. "Então, Kylo Ren, eu não sou tão insignificante assim. E eu vou descobrir qual seu interesse em mim."

Kylo Ren paralisou, trêmulo. Ela atingiu seu ponto fraco. Ren não sabia o que o fascinava tanto em Rey, uma simples catadora de lixo. 
Alguns minutos se passaram enquanto Ren permanecia pensativo. Ela se acalmou em seu assento e permaneceu quieta até então quebrar o silêncio novamente.

"Posso lhe perguntar uma coisa?"

"Claro." Ren respondeu agora com atenção e gentileza. Deixou a grosseria de lado.

"Como funciona o treinamento?"

"Bom, todo ano são recrutados novos jovens nascidos em planetas que apoiam a Primeira Ordem, os lendários Sith, inimigos da república ou até mesmo simpatizantes do império. Eles permanecem um tempo com a gente e os melhores são selecionados. Ao todo existem 6 cavaleiros de Ren e seu mestre, que no caso sou eu, ao todo 7." Rey o ouvia atenciosamente. "Esses serão os oficiais. Os aprendizes que concluírem o treinamento seguirão o mestre do qual foram escolhidos. Ou seja, caso um jovem seja aprovado, ele sempre seguirá as ordens de seu cavaleiro. Há uma linha de sucessão. Caso aconteça algo com um cavaleiro de Ren, quem assume seu posto é o próximo na linhagem."

"Caso eu passe no teste e você morra então eu assumo seu lugar?" Ela riu, ele a olhou sério.

"Tecnicamente sim, mas como sou o mestre deles quem escolheria o novo seria Snoke..."

"Tentador."

"Não se anime tanto, catadora de lixo, eu não vou morrer..." 

"Não estou falando sério." Ela falou com gentileza, agora segurando o braço de Ren que repousava sob a mesa. Ela se sentiu estranha pelo gesto que ela mesma fez, mas foi tão automático. "Ah, me desculpe." Ela disse afastando sua mão do braço dele.

"Tudo bem."

"Algo esteve me intrigando desde ontem... Ren..." Ele voltou seus olhos imediatamente a ela ao ouvir o nome. Isso o fez estremecer por dentro.  "Bem, ontem Snoke disse que só os melhores seriam escolhidos e que o resto deles seriam descartados, o que ele quis dizer?" 

"Bem..." Ele se aproximou com os dedos cruzados. "Ao longo do treinamento haverão disputas entre os aprendizes. Lutas com sabres, habilidades com o uso da força. Aqueles que não se saírem bem não poderão seguir a ordem de Ren. Consequentemente, esses poderão trabalhar servindo a Primeira Ordem, ou poderão retornar a suas famílias. A maioria não volta por vergonha ou medo da rejeição, então acaba ficando aqui... E tem aqueles que..." Ele pausou, observando o olhar atento de Rey.

"Aqueles que?" Ela continuou a fala dele fazendo gestos com a mão para que ele continuasse.

"Bom, durante as lutas com sabres, tudo vale... Literalmente tudo!" Ele se endireitou na cadeira. "Uso da força tanto mental quanto física, ataques corporais inclusive com o próprio sabre, o que resulta em algumas, digamos... mortes..." 

"Mortes?" Se assutou.

"Sim, é, acontece com pouca frequência mas é permitido por Snoke."

"Não acredito..." Ela olhou para o lado, incrédula. "O que você acha disso?" Perguntou.

"Ah, eu não acho que a melhor forma de testa-los é liberar esse tipo de coisa mas, o líder supremo é sábio então nós apenas obedecemos." Ele pegou um jarro de suco de laranja e serviu Rey e se serviu. "Mas os mestres costumam intervir antes que uma morte possa ocorrer, então, fique tranquila." Ele sorriu.

Ela ficou pensativa por um tempo, olhava para ele, para a janela, para ele novamente... 

"Você interviria por mim?" Ela falou tão docemente. Kylo engasgou com o suco que estava tomando, quase cuspiu todo o conteúdo presente no copo. 

"Me desculpe." Ele riu. "Bem, é claro que sim."  

"Por que?" 

"Porque nenhum mestre quer perder seu aprendiz favorito." Os dois riram juntos após Rey respondê-lo que ela era a única que ele possuía. "Mas não será necessária minha intervenção. Você é melhor do que todos daqui. E você tem uma grande vantagem: é uma sensitiva na força enquanto que a maioria aqui ainda precisará aprender a usar e desenvolve-la. E não se preocupe, metade dos presentes nunca irão desenvolver essa habilidade, o que faz com que muitos sejam descartados logo de cara."

"Os cavaleiros de Ren prezam pela utilização da força?"

"Não necessariamente. Não são todos da ordem de Ren que usam a força. A maioria é guiada pelas ordens de Snoke e são habilidosos em defesa e ataque físico." 

Os dois terminaram a refeição. Kylo afastou a cadeira para que Rey se levantasse. Os dois saíram do quarto do rapaz e começaram um intenso tour pela nova base da Primeira Ordem. Kylo a informava como tudo aquilo funcionava. Cada compartimente, cada arma, tudo. Ela ficou sabendo de cada detalhe. Ao fim do dia Rey ficou encantada com a beleza de uma mulher que houvera passado por eles num corredor enquanto eles descobriam os locais.

Ela era bem jovem, usava um vestido longo num tom azul marinho escuro e cintilante e por cima uma capa preta longa com um capuz. Ela tinha cabelos longos, enrolados e muito negros. A pele era pálida, seus olhos bem claros. O contraste era tão bonito quanto o de Kylo Ren aos olhos de Rey. Ela se impressionou com a mulher. A moça cumprimentou Kylo Ren com a cabeça ao passar por eles. Ela estava acompanhada de três jovens, um deles era Hale. A garota acenou com a cabeça timidamente para Rey, ela achou estranho. Desde o baile Hale não estava mais falando direito com Rey, mal a cumprimentava.

"Quem é ela?" Rey perguntou baixo para Kylo.

"Essa é Mera Ren. Uma dos 7."

"Eu achei que eram apenas homens."

"Não, há duas mulheres no meio, Mera e Ava Ren." Ele pausou. "Quem sabe um dia 3?" Todos por quem eles passavam os observava com atenção e Rey já não conseguia mais negar para si mesma que gostava da sensação. Era boa, estranhamente boa.

Algum tempo depois ela foi para seu quarto, agora repousava dentro da banheira cheia de água quente. Já era noite e o dia de folga logo menos acabaria. Estava pensativa. Pensava sobre o café que teve com Ren, sobre o dia com ele. Sobre como se divertiram juntos e sobre como seu ódio por ele a cada dia ia se tornando mais como um padrão, constante, como se já não a afetasse mais. Ela afundou a cabeça deixando com que seus cabelos fossem inundados por água.

Rey se sentiu estranha. Pela primeira vez começou a prestar atenção em seu corpo imerso na água. A imagem de sua pele era refratada pela água dando um tom claro à ela. Rey analisou suas mãos, seus dedos. Analisou os seios, o abdômen. Nunca tivera tempo para isso em Jakku. Nem sabia como seu corpo era. Foi tão estranho. À medida que pensava em Ren um calafrio se formava dentro de seu abdômen. Sua mão esquerda involuntariamente tocou a porção inferior de sua coxa, subindo levemente até sua partes enquanto que a direita tocava levemente o pescoço, descendo em direção aos seios. A garota arrepiava ao seu próprio toque. Ela tocava em seu rosto, em seus lábios e fechava os olhos, e imaginava ele, se imaginava sendo tocada por ele, e ardia em desejo.

Era tudo tão leve, a água a fazia flutuar, e ela realmente estava flutuando naquele momento. Ela percebeu que os pelos dos braços estavam arrepiados, a sensação era tão boa, nunca tinha sentido nada como aquilo antes na vida. Rey mordia seu lábio inferior à medida que imaginava os lábios de Ren tocarem os seus, suas mãos passearem por sua cintura, seus corpos se encostarem. Estava tudo tão maravilhoso, só ela com ela mesma e Ren em seus pensamentos quando repentinamente sua sanidade voltou à tona e ela se assustou consigo mesma.

Afastou suas mãos de seu corpo e saiu rapidamente da água. Se enrolou em uma toalha e parou em frente à pia. Suas mãos estavam apoiadas nela e seu corpo curvado em sua direção. Rey encontrou os olhos de sua imagem no espelho e então se perguntou o porquê de estar pensando em Kylo Ren naquela hora. Estava tudo tão confuso. Ela o estava desejando mas ela sabia que não poderia tê-lo, que era loucura e que precisava imediatamente parar de pensar besteiras. Mas por que não conseguia? Por que queria estar na companhia de um ser tão maldoso e repugnante como ele? Estava tudo tão confuso, tão estranho. O que estava a fazendo sentir isso? 

Rey se deitou em sua cama e tentou esquecer aquele momento no banho.

Por outro lado, em seu quarto, Ren estava calmo. Ele analisava as estrelas ao lado de fora de sua janela e repassava mentalmente toda a conversa que tivera com Rey naquela manhã e fim de tarde. Ele se lembrava de quando ela disse que sabia que ela não era apenas uma insignificante catadora de lixo para ele, e ele concordava, mas tentava não transparecer. Tolo, não conseguia. 

Ren se deitou em seu leito mas não conseguira dormir. Imagens da bela moça vinham à tona em seus pensamentos. Ele fechava os olhos e só a via. Seu sorriso, seus olhos, sua boca... Ele a queria também, e acabara de concluir isso quando uma vontade enorme de explorar sua vontade biológica invadiu o corpo dele. Mas ele evitou. Concretizar seus desejos fisicamente só o deixaria mais confuso em relação à ela. Ele afastou suas mãos de seu corpo evitando qualquer besteira. 

Naquela noite tanto Ren como Rey sonharam um com o outro e, por incrível que aquilo parecia, o mesmo sonho apareceu para os dois. Talvez uma conexão? Talvez a força? Um vislumbre?Não existia lado sombrio ou luz, só existia os dois. Só existia paixão entre os dois, e eles se entregaram ao amor que seu sonho pedia. Sem culpa, nem rancor.

No outro dia nada parecia ter acontecido. É claro que eles não sabiam que tinham sonhado a mesma coisa um com o outro mas, a clareza com que as imagens se passaram naquela noite fez com que tudo parecesse muito real. Rey mal conseguia encarar Kylo no treinamento, o mesmo fazia o rapaz. Eles não trocaram muitas palavras e evitaram contato físico, sem ao menos darem satisfação um ao outro, foi natural.

Uma semana de treinamento havia se passado. A partir dessa semana os aprendizes passariam a lutar uns com os outros para se classificarem. Todos foram reunidos no grande salão. Eles treinavam sempre em duplas até que as lutas oficiais acontecessem. Rey pôde ver o rosto de todos os 7 cavaleiros de Ren. Todos muito sérios e aparentemente robustos. Ren analisava o treinamento de Rey ao longe. Entre lutas e treinos com a força Kylo e Rey se entreolhavam e eles entendiam o que significava aqueles olhares. Rey pedia a avaliação de Ren, ele assentia com a cabeça quando ela estava indo bem e negava quando ela precisava melhorar, ela sempre melhorava.

Rey costumava treinar com os aprendizes de Mera Ren, uma delas era Hale. As duas treinavam bastante juntas e aprendiam uma com a outra. Mera Ren sempre ficava ao lado de Kylo e fazia alguns comentários com ele sobre o treinamento de seus aprendizes. Rey se sentia incomodada com os olhares de Mera Ren. Ela ria quando Rey era derrotada e negava com a cabeça quando ela não conseguia realizar algum exercício. Kylo apenas observava.

Na manhã seguinte Rey fora surpreendida por Kylo Ren com a informação de que ocorreria a primeira disputa entre os aprendizes. Rey paralisou. Um nó desceu por sua garganta.

"Não precisa ter medo Rey." Kylo dizia acariciando os dois braços da garota com as palmas de suas mãos, a encorajando. "Você consegue! Eu cheguei a um acordo com Mera, você lutará contra Eleonora VanHale." 

"O que?" Ela se espantou.

"Ué, qual o problema?" O jovem indagou.

"Ela é a unica amiga que eu tenho, eu não posso lutar contra ela."

"Foi justamente por isso que dei essa sugestão à Mera. Ela arrisca todas suas apostas na garota mas eu sei que você é mil vezes melhor do que ela. Dará tudo certo, você vai ganhar."

"Kylo, eu não vou matá-la." Rey sussurrou olhando para baixo.

"Ninguém falou nisso. Eleonora não te mataria, nem você. Então não há motivos para se desesperar, Rey!" Ele levantou o rosto dela.

"Confie em mim."

Eles se direcionaram ao grande salão e dentro dele, as paredes estavam rodeadas de espelhos. Rey perguntara a Kylo qual a necessidade deles e ele explicou que aquilo ajudaria os combatentes a previrem ataques de seus oponentes. No futuro eles seriam retirados e o treinamento ganharia uma carga muito mais pesada, um grau de dificuldade muito maior.

5 duplas se apresentaram, lutaram. Rey apertava os olhos a cada soco que aqueles garotos e garotas levavam. Não havia piedade, em alguns casos homens lutavam com mulheres, era assim na vida real. Todos aplaudiam os belos golpes e vaiavam aqueles que se saiam mal. Rey estremecia e se sentia péssima. Após mais ou menos meia hora de lutas houve uma pausa e a próxima dupla chamada foi Rey e Hale. Ela paralisou.

Ao ouvirem o nome de Rey, todos naquele salão ficaram quietos. Era a aprendiz do mestre, todos a veneravam e a temiam. Ren se sentiu orgulhoso quando o nome dela fora chamado. Mera Ren se aproximou de seu mestre para que assistissem juntos a luta de suas aprendizes, e aquela luta em si era especial. Derrotar a aprendiz do mestre era tudo que Mera queria que Hale fizesse.

"Sabe Kylo, minha aprendiz foi muito bem treinada. Ela até apresenta alguns traços que me remetem a pensar que ela pode usar a força no futuro." Ela riu ironicamente. "Seria uma pena perder sua preciosidade tão facilmente no primeiro dia de disputa..." Ela riu mais ainda.

"Não acontecerá. Com licença." Kylo a respondeu friamente e saiu de perto de Mera. Ela ficou bem irritada com tal atitude.Os outros cavaleiros de Ren assistiam atentos. Rey se deslocou do local onde estava em direção ao centro, Hale fez o mesmo. Assim que chegaram perto uma da outra as duas se entreolharam e se cumprimentaram.

"Vocês sabem as regras, quem sair primeiro do círculo da arena perderá essa primeira prova e perderá pontos. Não será permitido empurrões, apenas saídas em decorrência da luta de sabres. Não poderão utilizar a força para tirar a outra da arena." Kylo disse olhando pra Rey. "Caso vocês não aguentem o cansaço físico podem desistir e também perderão pontos."
Hale parecia muito nervosa e evitava contato visual com Rey. Ela estava trêmula. Rey tirou seu sabre do cinto e Hale fez o mesmo. O salão foi inundado pela cor vermelha dos sabres reluzindo. E então começaram.
As luzes abaixaram e as duas começaram uma dança de ataques e defesa. Hale foi primeiro. Seu sabre ia em direção à Rey mas a garota o bloqueava. Hale permaneceu com incansáveis tentativas de ir para cima de Rey com o sabre mas ela sempre conseguia se proteger. Hale ficou cada vez mais agressiva e Rey começou a ficar assustada até que distraída, Hale a empurrou com as mãos para fora da linha circular.

"Ela não pode fazer isso!" Ren gritou. "Você não pode empurra-lá para fora, garota insolente." 
"Cale a boca, deixe que elas se entendam!" Gritou Mera Ren.
"Como ousa?" Rey observava seu mestre discutir com Mera. Ela e Hale permaneceram paradas. "Vamos, comecem de novo, e sem empurra-la pra fora VanHale, ela tem que sair devido à luta e não você empurra-lá por conta própria!" Hale fitou Kylo Ren com ódio. 
As duas se olharam novamente e agora Rey também já estava mais irritada. Ela acendeu novamente seu sabre e Hale fez o mesmo. Todos as olhavam com muita atenção.
A sincronia entre as duas estava muito bem feita, Rey atacava e Hale se protegia e vice-versa. Hale caiu algumas vezes no chão e Rey lhe oferecia a mão para ajudá-la a levantar e ela recusava. 
Uma tensão se criou entre Hale e Rey, ela não estava reconhecendo a garota doce que lhe ajudara em tudo nos primeiros dias. Rey começou a utilizar a força toda vez que ela se aproximava agressivamente. Ela era empurrada pra longe mas sem sair da arena. Hale não sabia usar a força, o que a deixou ainda mais irritada. Mera Ren estremecia do outro lado a medida que Rey forçava Hale a chegar cada vez mais perto do limite da arena com a luta de sabres. Rey foi jogada longe devido às defensivas de Hale, alguns roxos se formaram em sua pele devido às agressões físicas. Como ela não sabia usar a força ela apelou para chutes e socos.
Rey não fez o mesmo. Após algum tempo de muitas insistidas Hale caiu saindo para fora da linha. Ponto perdido. Rey mal pudera acreditar, se sentiu tão grata ao ganhar. Ela olhou imediatamente para Kylo e um sorriso quebrou a postura séria de Kylo Ren. Ela comemorava e os outros a aplaudiam, foi quando inesperadamente Hale se levantou com o sabre nas mãos em direção à Rey. Quando Kylo olhou para o lado, Mera mandava um sinal para Hale, ele se desesperou. Sua aprendiz estava tão contente que mal percebeu que a garota se aproximava. Foi quando Kylo utilizou a força para afastar Rey de Hale, "NÃO!" Ele gritou. Um golpe atingiu Rey e ela foi empurrada para muito longe. Rey caiu sobre um dos espelhos o fazendo se estraçalhar. Quando atingiu o chão sua perna e braço estavam sangrando e cheios de cacos de vidro enfiados na pele. Hale foi empurrada para o outro lado mas caiu no chão, não se machucou tanto quanto Rey.

Kylo correu em direção à sua aprendiz e quando chegou perto se jogou rapidamente em sua direção e a acudiu. 

"Por Lord! Você está bem!?" Ele exclamou. "Sua perna! Seu braço!" Ele tocou nos ferimentos e sua mão se encheu de sangue.

"O que aconteceu?" Rey gritou. "O que foi? Eu achei que Hale não sabia utilizar a força, a luta já não tinha acabado?" Lágrimas rolaram de seus olhos.

"Sim, ela não sabia, a luta já havia acabado, fui eu quem empurrei você." Rey arregalou os olhos sem entender nada. "Ela estava se aproximando de você com o sabre na mão, eu vi quando Mera lhe fez um sinal para que lhe golpeasse com o sabre." Ele enxugou as lágrimas dela. "Me desculpa não era pra você se machucar, eu não soube o que fazer, foi minha primeira reação."

"Ela tentou... Me matar?" Ela agora berrava e chorava ao mesmo tempo, soluçava. "Lord, ela tentou me matar?" Rey se aconchegou nos braços de Kylo e ele a abraçou. "Obrigada por ter salvo minha vida!" O choro se tornava cada vez mais forte.

"Você precisa de cuidados médicos. Dorn!" Ele gritou. "Chamem Dorn, imediatamente." Alguns aprendizes foram atrás de Richard Dorn e Ren com ódio encontrou o olhar de Mera. Ele repousou Rey lentamente no solo e foi em direção à Mera Ren, com os punhos cerrados, passos firmes, rápido. 

"O que foi aquilo?" Ele gritou com ela.

"Aquilo o que?" Mera se fez de desentendida.

"Sua garota insolente!" Ele gritou com os punhos fechados em direção à VanHale, ela estava lacrimejando, antes que seu punho chegasse em contato com o rosto dela ele se segurou. "Se você a tivesse matado eu não sei o que faria com você! Saiam todos!!!" Rapidamente todos foram embora, no salão só estava Rey, Kylo, Mera e Hale. 
Hale olhou para Rey sentada no chão retirando os cacos de vidro de sua pele e disse: "Rey, me desculpe!" E então saiu correndo do salão com as mãos na boca, lágrimas correndo por seu rosto. 

"Você acha que só porque você é o mestre dessa sucateira ela não poderia morrer? E morreria por falta de atenção!" Mera disse em tom irônico.

"A luta já havia acabado! Hale perdeu e você não aceitou que Rey é muito melhor do que ela! Muito melhor até mesmo do que você!" Ele rosnou e Mera paralisou, sua boca se abriu incrédula. Ren respirava ofegantemente e seus punhos estavam cada vez mais cerrados. "Saia daqui!" Falou, "AGORA!" Gritou e então Mera saiu do salão.

Ren se reaproximou de Rey. 

"Não! Não faça isso, deixe os cacos aí, você pode se machucar ainda mais e perder mais sangue." Ren parou as mãos de Rey as colocando por debaixo das suas. "Ficará tudo bem, eu prometo!" Ele disse bem baixo.

"Ren!" A voz de Richard entrou no salão, 3 rapazes o acompanhavam. "Esses rapazes disseram que você precisa de mim, que Rey está machu... Por Lord!" Exclamou. "Ela está muito machucada! Vou precisar de reforços."
Logo em seguida uma maca e alguns ajudantes entraram no salão e colocaram Rey gentilmente sobre ela. Kylo se levantou e se despediu de Rey.

"Eu volto para ver como você está pelo fim da tarde! Preciso resolver uns assuntos com Mera agora!" E então ele beijou levemente as costas da mão de Rey e eles se despediram. "Eu vou voltar querida, eu prometo!" O coração de Rey se acelerou, aquela frase soou tão familiar.

Rey seguiu na companhia de Richard à ala hospitalar. Ela foi colocada sob uma cama e ele pegou vários utensílios e lavou as mãos. Ele usava um sobretudo preto por cima da roupa e duas luvas. Ele se aproximou da garota e cuidadosamente retirava os cacos do braço e perna esquerda de Rey, o lado com o qual ela caiu sobre o espelho.

"Hey, então você é o médico oficial!?" Ela soltou.

"Sim, está olhando para ele." Dorn sorriu para Rey. 

"Ele consegue ser bom com você?" Perguntou Rey olhando para o chão depois de um tempo em silêncio enquanto o doutor analisava as partes feridas.

"Ele é bom!" O tom direto de Dorn entrou pelos ouvidos de Rey.

"Eu acredito que ele seria muito melhor como Ben Solo!" Dorn tampou a boca de Rey instantaneamente ao ouvir aquele nome e então olhou ao seu redor para verificar se alguém tinha ouvido.

"Shhhhhh, garota! Jamais repita esse nome, não imagina o tamanho do risco que corre!" Ele disse atenciosamente. Ela se assustou.

"Me desculpe, não quero prejudicá-lo!" Rey se sentiu muito arrependida. "Bem, ele... Salvou minha vida hoje, então acho que ele pode ser bom... Mas, eu não entendo. Sabe, eu poderia morrer ali devido minha falta de atenção, eu não acho justo que Kylo queira treinar alguém que possa se distrair tão facilmente e morrer assim de graça. Simplesmente... Não entra na minha cabeça." Ela sorriu para quebrar o clima tenso.

"Mestre Kylo Ren é sábio, Rey. E ele tem uma consideração especial por você!" 

"Consideração?"

"Ele te trata um pouco diferente. Ele parece se preocupar com você. Ele não trata os cavaleiros dele assim. Quantas vezes os atendi cheios de ferimentos e Kylo nem sequer quis saber se eles ficariam bem." Seus olhos claros reluziram diante Rey. "Já você... Ele pediu pra que eu o chamasse imediatamente após tratar você." 
Rey sorriu e colocou uma mecha de cabelo por detrás da orelha direita.

 

"Por que você ainda está aqui, doutor?" 

"Não entendi a pergunta."

"Por que serve à Primeira Ordem? Você me parece bom! Não é como os outros tripulantes, parece bom."

"Bom?" Ele se aproximou, "O que quer dizer com bom?"

"Você ajuda as pessoas!" 

"E destruímos planetas!"

"Mas é obrigado a fazer isso, foi obrigado a fazer parte, não teve escolha."

"Rey, pare com isso, eu tive minhas escolhas e estou feliz com elas. Tudo que faço é por um bem maior!" Ele suspirou. "Agora chega de conversas, está pronto!" 

Rey tentou se levantar da maca e Dorn a impediu. "Não, senhora. Você vai ficar aqui até se recuperar dessa perna!" 

"Eu estou bem, eu juro, eu preciso voltar!"

"Eu não posso fazer isso Rey, ordens de Kylo só te liberar quando você estiver melhor! Por favor não insista!"

No fim da tarde Kylo visitou Rey. Ela passou o resto do dia pensando na conversa que tivera com Richard. Kylo estava muito preocupado, perguntava a todo momento se ela ainda sentia dores, perguntava ao general se ela ficaria bem logo e que ele providenciaria tudo que ela precisasse para ficar bem e sem sequelas. Ele pedia desculpas a todo momento também, desculpas por ter lhe causado essa dor e ela o agradecia inúmeras vezes por ter lhe salvo a vida. 

Foi um momento de cumplicidade entre os dois. Eles estavam se aproximado cada dia mais e Kylo se revelava uma pessoa cada vez mais boa para ela. Alguém que precisava ser compreendido, que precisava de ajuda, que precisava ser guiado até à luz.

No dia seguinte Kylo se dirigiu bem cedo ao salão principal onde o holograma de Snoke apareceria para se comunicar com ele. Kylo se dirigiu até o centro do salão e esperou por alguns minutos até que a primeira imagem de Snoke aparecesse. O líder supremo estava vestido em seus trajes tradicionais e sentado em seu trono. Kylo o reverenciou imediatamente.

"Kylo Ren!" O tom agressivo na voz de Snoke era perceptível. "Eu fui informado de um conflito estabelecido entre você e Mera Ren! Ainda mal posso acreditar! Você me deve explicações."

"Líder Supremo, de antemão já lhe suplico que reconsidere o que Mera tenha lhe dito. Ela foi extremamente insolente e insubordinada quando tentou trair o juramento que fizera ao servir a Ordem de Ren." Kylo parecia desesperado mas estava firme com as palavras. "Sua aprendiz fora derrotada por minha aprendiz e então Mera ordenou que a garota a matasse, mesmo depois de a luta já ter acabado. Senhor, eu devo ser muito piedoso para não considerar isso como traição e expulsar Mera da Ordem!"

"Não!" Snoke se inclinou da direção de Ren. "Não é um momento estável para se estabelecer um conflito entre você e Mera Ren. Eu sugiro que perdoe a insubordinação mas que crie uma condição à ela. Diga que na próxima falha ela será expulsa pelo próprio líder supremo, tenho certeza de que seu comportamento mudará!"
"Sim mestre!" Kylo Ren respondeu. 

"Como está a garota?  A catadora de lixo?" A voz arrogante de Snoke se difundiu pelo salão.

"Está ferida mas Dorn me informou que o estado de saúde é estável." Ren respondeu evitando transparecer sua preocupação com a garota.

"Eu não perguntei isso, Kylo Ren, você sabe que não!"

"O que exatamente quer saber, meu líder!?"

"Já conseguiu despertar o lado sombrio?" 

"Não totalmente." Kylo olhou para baixo evitando contato visual. 

"Há algo que você deve saber sobre ela, Kylo Ren." Snoke se endireitou no trono. "A garota possui muita escuridão dentro dela. Muita raiva, angústia, magoa. Não será difícil trazê-la ao nosso lado!"

"Como sabe disso, líder supremo? Só consigo ver luz dentro dela!"

"Eu senti!" Snoke rosnou. "Assim como senti os genes de Vader em você eu consigo sentir genes sombrios rondando pelo sangue dela. É por isso que eu quero que traga-a a mim! Preciso confirmar aquilo que já sei!" 

"Sim senhor, com sua licença!"

"Kylo Ren?" Snoke chamou por ele quando Kylo já estava quase saindo do salão.

"Sim?"

"Você ainda sente compaixão por ela, temos que acabar com isso em você, ou essa compaixão vai cega-lo."

"Não sinto." Ren mentiu para si mesmo. "Ela não significa nada para mim, eu não serei seduzido!"

"Isso é o que veremos!"

As palavras de Snoke perturbaram Ren durante o resto da noite, no outro dia Kylo levaria Rey ao encontro do líder supremo.
Enquanto isso, na ala hospitalar, Rey recebia todos os cuidados que precisava para manter sua saúde firme. Agora as dores haviam amenizado mas mesmo assim incomodava. Ela pensava em Hale, nos motivos pelo qual sua única "amiga" teria tentado lhe tirar a vida. E ela chorou. Ela aliviou todo o peso que estava em seus ombros. Era tudo tão doloroso de suportar. Ela estava tão cansada e então depois de alguns minutos indagando, Rey conseguiu adormecer.

***

Gesin, em algum lugar do futuro ou passado.

"Socorro!" Até mesmo o mais distante pardal do vilarejo poderia ouvir os gritos que vinham da cabana 9 naquela noite fria de outono. "Socorro, me ajudem!" A voz da moça ecoava pelo campo quando duas senhoras nativas do planeta a ouviram e correram para acudir.

"O que está acontecendo?" A senhora de cabelos grisalhos, a mais velha, perguntou desesperada para a mulher e em seguida reconheceu quem era. Ela não respondia, apenas gritava de dor.

"Me ajude madame Punfrey, me ajude!" Ela gritou segurando nas mãos da senhora.

"Por Lord!" A madame exclamou tampando a boca com as duas mãos quando viu que o lençol branco estava todo manchado de sangue. "Ela está parindo!"

A outra senhora paralisou e a expressão na face da moça mudou de uma intensa dor a um tremendo desespero.

"O que?" Ela gritou, "Parindo? Parindo o que?"

"Você não sabe?" A senhora arregalou os olhos.

"Sei o que? Por favor eu não estou entendendo, o que está acontecendo comigo? Estou morrendo?" Ela já não respirava mais direito.

"Não, minha querida, você está grávida." Madame Ponfrey dizia acariciando a testa da menina com a palma da mão direita. Houve um silencio instantâneo e as mulheres naquele local se entreolharam. Mais duas senhoras entraram na cabana logo após serem chamadas para ajudar no parto. Traziam jarras de água quente, lençóis limpos e todo o material necessário.

"Grávida? Não, não eu... Eu não posso estar grávida! Como eu não soube? Por que a barriga não cresceu?" Ela suplicava para a senhora Punfrey.

"Calma, calma!" Ela dizia segurando as mãos da garota. "Se acalme, poupe suas energias!" A garota lentamente foi acalmando sua respiração e então foi colocada sobre a cama e lençóis limpos. "Algumas mulheres tem esse tipo de gravidez, o corpo não muda, as regras não param... São casos muito raros mas não tão raro em sua família. As mulheres da sua família, por muitas vezes, descobriram a gravidez na hora do parto... Com sua mãe não foi diferente e você parece ter herdado isso. Eu sinto muito."

"Minha mãe?" Lágrimas caíram de seus olhos.

"Sim." Mademe Punfrey se afastou pegando todo o material e se aproximou dela novamente. "Vamos, você precisará fazer muita força se não o bebê pode não sobreviver, precisamos fazer isso rápido e com calma, ta bom?"

"Não! Ele não pode morrer." Ela sussurrou. "Eu vou fazer tudo o que você me pedir, eu prometo!" Soluçava.

"Vamos lá, isso! Está indo muito bem Renesmy, isso!" Ela gritava e a cada segundo fazia mais força. Outras duas senhoras seguravam a mão da mulher e a amparavam.

Depois de uma longa noite de tentativas e muito desgaste físico choro da criança finalmente ecoou dentro da cabana.

"É uma menina!" Ela exclamou com felicidade nos lábios. "É uma menininha Renesmy!" Ela entregou a criança aos braços da mãe. "Onde está o pai!? Vão chama-lo, andem!!!" A expressão facial da moça se fechou completamente e isso chamou a atenção da madame que imediatamente se tocou do que estava acontecendo. Renesmy fixou seu olhar na madame Ponfrey mas não esboçava nenhuma reação. "Renesmy, quem é o pai?" Ela desviou o olhar e então deitou a cabeça e descansou. Madame Ponfrey se afastou da garota e suas mãos se fecharam por cima de sua sua boca, um aperto no peito se fez presente. "Não me diga que... Oh, não!"

Rey gritou após acordar de mais um pesadelo. Ela olhou para a cama e viu sangue entre suas pernas, sangue nas mãos. Ela gritou e então dois enfermeiros chegaram correndo. Ela lhes disse que tinha sangue por toda parte. Eles analisaram mas não viram nada. Dorn constatou que aquilo deveria ter sido reflexo dos analgésicos que tinha tomado antes de dormir, mas ela sabia que não.

O sonho dessa vez foi mil vezes pior. A criança já não estava mais em seus braços e ela não reconhecia aquele nome, não conhecia aquela gente. Quem era Renesmy? Quem era Madame Ponfrey? Ela indagou por cerca de 30 minutos naquela manhã e quanto mais o tempo passava mais os flahs daquele sonho retornavam à sua cabeça. Ela sentiu a dor daquele parto, ela sentiu todo o desespero das mulheres tentando ajudar. Ela sentiu a leveza e a suavidade na pele daquele bebê que ela segurou por alguns segundos antes de acordar desesperada.

Rey sabia que aquilo não tinha sido normal, e agora, mais do que nunca, ela precisava de Ren para descobrir o que aqueles sonhos significavam, entender o que eram aqueles sonhos e descobrir qual sua relação com seu passado. 


Notas Finais


Olá pessoal, esse capitulo foi um pouco longo mas eu espero que vocês gostem, eu estava realmente muito inspirada! Mais ou menos 7000 palavras, ual!
Uma pequena nota: O nome que vemos no sonho de Rey no final do capítulo é realmente Renesmy, e não Renesmee como em Crepúsculo, ok? HAHAH, só para deixar bem claro que o nome é uma adaptação do original e vocês entenderão o porquê no futuro.
ps: A moça na foto da capa do capítulo é Mera Ren.
Por hoje é só. Não esqueçam de votar e deixar um review se puderem! Obrigada <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...