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História Herdeiros do Império - Reylo - Herdeiros do Império


Escrita por: howardlev

Notas do Autor


Pequenas considerações pré leitura: Pessoal, estou aqui para dar alguns conselhos à vocês antes de embarcarem nessa parte da história. Vamos botar o seguinte: Não estou respeitando FIELMENTE o canon, um grande exemplo é que Rey é apenas 5 anos mais nova de Kylo Ren, na minha história Rey tem 26 e Kylo 31. A história se passa depois de TFA mas detalhes do passado de Rey, Kylo Ren e personagens envolvidos, foram alterados inclusive baseados em imagens do próprio filme. Como não sabemos quem Rey realmente é, tomei a liberdade de modificar as coisas. Outra coisa, peço gentilmente que prestem bastante atenção nas palavras em itálico quando o texto NÃO estiver em itálico, e prestar atenção nas palavras que estão em NÃO ITÁLICO quando o restante do texto estiver em itálico. Espero que não tenha ficado confuso! Boa leitura <3

Capítulo 6 - Herdeiros do Império


Fanfic / Fanfiction Herdeiros do Império - Reylo - Herdeiros do Império

"Você poderia vir e me salvar, tentar perseguir a loucura dentro da minha cabeça. 
Estou no limite e estou gritando meu nome como um tolo em plenos pulmões.
Às vezes, quando eu fecho meus olhos eu finjo que estou bem, 
mas nunca é o suficiente." 

(Echo - Jason Walker)

 •••

Jakku, alguns meses antes.

Era previsível o ataque.

O planeta desértico Jakku já há alguns anos funcionava como abrigo para refugiados de guerra e palco para a criação de vilas e aldeias. Essas vilas eram geralmente habitadas por pessoas que não tinham muitas condições de sobreviverem sozinhas.

Um desses habitantes era Lor San Tekka, não por ser um miserável ou qualquer outra coisa que não sobreviveria perambulando pela galáxia, mas sim por razões que ele guardava consigo mesmo, um segredo escondido nas areias de Jakku.

Velho amigo de Luke Skywalker, San Tekka passou sua juventude e vida adulta em busca de relíquias, pessoas desaparecidas, arquivos do império.

Com a chegada da velhice e a destruição da nova academia Jedi de seu velho amigo Skywalker, San Tekka se isolou do restante da galáxia e após uma missão concedida por Luke a encontrar uma certa pessoa desaparecida, ele se instalou no planeta arenoso e com o auxílio de alguns seguidores deu continuidade à seita denominada Igreja da Força, basicamente uma ordem que acreditava nos benefícios da Ordem Jedi, na volta dos dias de luz. De fato, acabou por terminar sua vida seguindo tais preceitos e protegendo fortemente Kira.

Kira era uma garotinha cujo Luke Skywalker precisou que San Tekka encontrasse após a menina ter sido abandonada por sua família. Luke naquele tempo não tinha o conhecimento de como era o rosto da garota, só sabia de uma coisa: ela era o produto da união de alguém que nasceu na luz e se entregou à escuridão aliada a alguém que nasceu na escuridão mas se entregou à luz, fruto de um amor proibido, e era uma ameça à paz na galaxia deixar a garota crescer sozinha correndo o risco de se debater com Snoke.

San Tekka apavorou-se quando o amigo Skywalker lhe contou quem eram os pais da criança e só então entendeu toda a preocupação de seu velho amigo.

O enigma ficava cada dia mais confuso na mente de Tekka até o dia em que ele finalmente a encontrou acolhida em uma aldeia qualquer em Jakku, onde San Tekka houvera pedido por abrigo após uma longa viagem interplanetária.

Kira, que na época tinha 6 anos, era uma garota de cabelos castanho médio, com um grande volume de sardas percorrendo suas bochechas e olhos escuros que ganhavam uma peculiar claridade esverdeada quando iluminados pela fogueira noturna ou quando chorava durante as noites antes de dormir perguntando aos céus quando seus pais voltariam para finalmente busca-la.

San Tekka, que na época tinha dado uma pausa à essa busca incessante, jamais imaginaria que encontraria a menina que ele passou tanto tempo procurando em um planeta tão insignificante. 

San Tekka descobriu que a garota era Kira quando ela lhe explicou o porquê de chorar todas as noites e então, quando ela lhe revelou seu nome, o velho teve a desesperada confirmação de que aquela era a menina cujo Luke procurava incansavelmente. Tekka imediatamente se instalou na aldeia e passou a ajudar no sustento local. No fundo, a maior preocupação de Tekka era proteger a vida da garota, uma relíquia para Snoke.

"É hoje que eu vou me encontrar com a minha vovó?" Os olhos escuros da menina, como os de seu pai, e Lor San Tekka sabia exatamente quem era ele, se encontraram com os olhos azuis cansados do senhor.

Ele estremeceu com a pergunta. Tekka se ajoelhou e alinhou sua face com a testa da garotinha. Ele abriu os braços e ela o abraçou. As mãos de Tekka agora acariciavam o cabelo dela.

"Você está muito ansiosa, princesa." Ele sorriu e a menina desfez o abraço. Agora ela o olhava nos olhos. "Seu encontro com sua avó está próximo de acontecer, mas eu já lhe disse, princesa, temos de verificar se é seguro, se não estamos correndo nenhum risco."

Ao fundo um ruído se fez presente e então Poe entrou na cabana.

"Tio Poe!" Kira exclamou e correu para os braços do rapaz.

"Princesa!" O rapaz respondeu abrindo os braços. Ela agora estava em seu colo e seus pequenos pés pendiam no ar. "Você me dá um minuto com o senhor... anhh... Com o vovô San Tekka? Precisamos conversar algo importante."

"Ahhhh..." A garota exclamou em desaprovação. "Você e o vovô sempre escondendo alguma coisa de mim!" O tom na voz de Kira agora era melancólico e Poe sorriu para ela a colocando no chão. Deu leves palmadas em suas costas a direcionando para a saída. San Tekka olhou para Poe com uma certa preocupação nos olhos.

"Vamos, Poe, sente-se." Conduziu o jovem até um assento e se sentou à frente dele. "Estamos enfrentando tempos sombrios, jovem Poe! Se não fosse a Resistência estaríamos perdidos."

"Estou preocupado com Kira, senhor." Poe baixou o olhar.

"Preocupado com Kira?" San Tekka sorriu. "Em breve não haverá motivos, ela se juntará à família dela."

"Nós somos a família dela!" A irritação na voz de Poe era evidente quando entonou a primeira palavra.

"A real família dela, Poe! Não podemos negar isso à ela."

"Por que não me conta quem são essas pessoas?" San Tekka virou o rosto em desaprovação. "Sabe que eu posso ajudar!"

"Esse segredo não é só meu, Poe. É de Kira, eu não posso correr o risco contar a você e alguém da Primeira Ordem conseguir essa informação. A minha mente é inválida Poe, a sua contém informações imprescindíveis para a Primeira Ordem. Eu sinto muito!"

"Eu me apeguei tanto a ela. BB8 a adora. Não acho que Kira está preparada para a verdade, ela só tem a nós, ela me chama de tio e você de vovô!" Poe olhou então nos olhos de Tekka.

"Eu acredito que ninguém estará, Poe." Tekka ofereceu um copo d'água para o jovem e ele devorou a bebida. "Na hora certa tudo começará a se ajeitar." San Tekka se levantou e foi em direção à mesa. Abriu um jarro de barro e pegou o conteúdo que tinha dentro. Uma pequena bolsinha roxa de veludo.

Do outro lado da entrada Kira ouvia tudo à espreita. O que estavam querendo dizer com tamanha preocupação em cima dela? Ela tinha apenas 6 anos mas ainda assim era esperta demais para sua idade. A garota sabia que havia um grande segredo por cima de sua família.

Tekka seguiu em direção ao banco e se sentou.

"Tome, Poe! Com isso tudo começará a se ajeitar!" Tekka colocou a bolsinha levemente na mão direita de Poe e então a fechou, apertando os dedos do rapaz por entre os seus. 
"Eu viajei demais e vi o bastante para ignorar o desespero na galáxia! Sem os jedi não existe o equilíbrio na força!"

"Mas graças a você agora temos uma chance!" O rapaz respondeu. "A General estava atrás disso faz tempo!"

"Oh! General? Pra mim ela é da Realeza." San Tekka sorriu timidamente.

Realeza. A palavra entrou nos ouvidos de Kira. Então ela não era a única princesa na vida de Tekka? Havia mais alguém da realeza?

Uma batida mais forte tomou conta de seu pequeno coração quando então BB8, o droid que lhe fazia companhia nas diversões e nos momentos de tristeza antes de dormir, passou por ela como um jato. Mal percebeu que a garota estava ali.

"Com certeza ela é sim!" Poe sorriu de volta e o ambiente tranquilo foi interrompido pela entrada brusca de BB8, os bipes do droid estavam desorientados mas Poe conseguiu entender. "Temos companhia."

Naquele segundo tudo desmoronou. Tekka sabia que quem estava vindo não era a Resistência, mas sim a Primeira Ordem. E com ela viria Kylo Ren, que no fundo era Ben Solo, o garotinho que vinha constantemente agarrado à Leia nas cerimônias, que simulava pilotar a Millenium Falcon no colo do pai, Han Solo. E agora Ben era algo a mais... Ele era o responsável por todo o problema que estavam vivendo agora, responsável inclusive pelo sofrimento de Kira.

Quando Poe e San Tekka saíram da cabana, o senhor se surpreendeu com a presença da menina na porta, que logo se assustou. San Tekka a pegou desesperadamente no colo após seu suspiro de indignação pela menina ter escutado toda a conversa.

"Por que não obedece quando pedimos?" Ele falou um pouco mais alto que um sussurro.

"Eu estou com medo, vovô, quem são eles?" Kira indagou.

Tekka correu com a garota para longe após dizer a Poe que ele precisava fugir. Tekka avistou uma mulher que acolhia umas crianças, todas bem apavoradas. A aldeia tinha se tornado um campo de guerra e então deixou Kira acolhida com a senhora.

"Cuide dela, por favor!" O senhor disse à mulher que assentiu com a cabeça. "Fiquem aqui, escondidos até Poe voltar."

"Não! Eu quero ir com o senhor." Kira gritava entre lágrimas e a mulher a segurava, a impedindo de ir com San Tekka. Ela e as outras crianças também choravam.

"Eu vou voltar, princesa. Eu prometo." A frase soou familiar nos ouvidos de Kira.

"Não. Então você não vai voltar." A face da menina foi coberta por indignação e tristeza. "Eu já ouvi isso antes e ele não voltou."

"Já ouviu isso antes? Então você se lembra?"

"Por favor não faz como ele fez, vovô, me leva junto!" Kira se soltou dos braços da mulher e abraçou San Tekka. O senhor acariciou o cabelo dela e então disse que ela estaria protegida com aquelas pessoas, mas ela continuou implorando pra que ele a levasse.

"Kira, eu não posso arriscar! Tudo ficará bem! Eu voltarei!" Foi a ultima conversa de Tekka com a menina. Logo ele se dirigiu em direção ao centro da aldeia, onde o menino Ben Solo, agora Kylo Ren, lhe mostrou o quanto mudado ele estava.

"Você não pode negar a verdade em sua família." Aquelas palavras atingiram os ouvidos de Kylo de tal forma que ele não pôde suportar. Ele sentiu um peso enorme em seus ombros que logo se transformou em raiva e então San Tekka foi morto por seu sabre.

Morto, ele estava morto. E Kira viu tudo ao longe. Ela se sentiu tão insegura, tão solitária. Fora como se tivesse sido abandonada novamente mas agora sua dor tinha um rosto, a máscara de Kylo Ren. A menina com apenas 6 anos conseguiu guardar um ódio enorme em seu coração, ódio da criatura que matou seu "vovô" e logo em seguida capturou Poe.

Foi quando ela gritou entregando sua localização. Um stormtrooper que possuía uma mancha em formato de dedos em sangue em seu capacete seguiu em direção à eles, era o fim. Quando o soldado chegou, porém, foram surpreendidos por sua atitude. Seu blaster estava apontado para a senhora e as crianças mas então um surto de consciência tomou o coração do rapaz e ele poupou a vida deles. A mulher o agradecia a toda hora e então fugiu com as crianças para um lugar bem distante.

Ao voltar ao centro da aldeia, o stormtrooper se deparou com uma cena sombria porém silenciosa. Já não se ouviam mais gritos e a maior parte dos soldados já não lutavam. O comando veio e então os aldeões foram todos mortos sob a liderança de Kylo Ren, até mesmo mulheres e crianças. Eles se entreolharam e Kylo sentiu que havia algo diferente vindo da presença daquele soldado e, no fundo, se não fosse por sua atitude mais cedo, não restaria chances para dias de felicidade no futuro. Inconscientemente, a atitude daquele soldado salvaria o futuro de Ben Solo.

Alí morria FN-2187 e nascia Finn.

 •••  

O dia amanheceu logo, Rey não aguentava mais esperar para ser reavaliada por Dorn. Os minutos se passaram como um milênio naquela manhã e nada do doutor entrar naquele quarto. Rey, porém, fora surpreendida por uma presença muito melhor que a de Dorn, Kylo Ren. Rey se assustou quando a porta abriu e o rapaz entrou. Ren não estava vestido em seus trajes usuais, na verdade ele usava uma camisa de manga longa azul e uma calça preta. Ela se surpreendeu ao vê-lo assim, que bela surpresa.

"Kylo!" Sua voz era um pouco mais alta que um sussurro. 

"Rey." Kylo seguiu apressadamente em direção à garota, seu rosto era tão belo, até de manhã após uma longa noite de sono conseguia ser tão bonita, pensou. O rapaz se aconchegou nos braços de Rey e entre suas pernas. O abraço foi longo até Ren perceber que aquela posição não era tão adequada. Ele se afastou rapidamente quando se deu conta.

Um clima tenso tomou conta do quarto e então a garota quebrou o silêncio após alguns segundos.

"O que faz aqui, e que roupas são essas?" Ela indagou, rindo.

"Ah, claro. Eu quis vir antes que todos acordassem. É apenas uma roupa de dormir, me desculpe." Ele disse meio sem jeito, com as bochechas vermelhas. Rey também estava trajada em pijamas leves, mas pareceu tão comum e confidente.

"Tudo bem, eu não estou na melhor roupa." Os dois riram e então Kylo se reaproximou.

Sua mão seguiu em direção aos cabelos da garota. Rey repousou sua cabeça na mão de Ren. Ele acariciou a têmpora da garota e respirou fundo. Rey colocou sua mão por cima da de Ren, um calor passou da mão dela para a dele, procurando o equilíbrio. Era incrível como a mão dele era fria e a dela era quente, como a luz e a escuridão. 

"Se sente melhor?" Rey sorriu e então respondeu que sim. "O líder supremo quer vê-la hoje." Ele disse, baixo, receoso. Disse como se hesitasse em falar, como se não quisesse ter essa notícia para dar.

"Tudo bem, você vem comigo?" 

"Com certeza." Mas não estava nada bem. O coração de Rey na verdade pulava de medo, ela sabia que estava fraca devido ao ataque de Hale e tinha medo do que Snoke poderia fazer.

"Então, quer tomar um café comigo depois de sua reavaliação?" Kylo quebrou novamente o silêncio, interrompendo as rápidas batidas no coração de Rey.

"Richard vai ficar bravo se você me roubar dele." Eles riram.

"Então ele terá de aceitar a ideia de perder você para mim." Ren sorriu mas então Rey não o fez em resposta. Ele se preocupou e chegou mais perto dela. "O que foi? Eu disse algo que tenha te ofendido?" 

"Não... É que..." Rey parou a fala e seus olhos se perderam nos de Ren. Por alguns segundos eles se olharam bem fixamente até a moça recuperar a sanidade e quebrar o contato. "É que... Bom... Há um tempo você tem me tratado com certa... Cordialidade."

"Nada mais justo quando estou me referindo a uma rainha!" Ele sorriu mas Rey não sorriu de volta, então ele recuou. "Me desculpe."

"É que... Não entendo. Você queria me matar há menos de 2 meses e de um dia pro outro você simplesmente não parece mais aquela pessoa que me interrogou." Ela abaixou o olhar. Ren se reaproximou e levantou a face de Rey com seus dedos. "Você nem parece ter se abalado tanto, parece que nada aconteceu... Sendo que aconteceu." 

"Nunca foi minha intenção te matar ou te causar algum mal, Rey." Kylo piscou algumas vezes tentando recuperar a memória. "Consegue perceber o quanto você foi incrível na interrogação? Você resistiu a mim e nenhum cavaleiro de Ren jamais resistiu. Você tem tento potencial, você poderia crescer tanto ao meu lado. Você só precisa deixar esse sentimento de pertencimento à luz ir embora. Quando eu o fiz tudo se tornou mais fácil."

"Fácil, Ren? Eu não acho fácil matar pessoas que eu nem conheço, não sei nada sobre suas famílias..." 

"Traidores, Rey! Traidores!"

"Era apenas uma vila, Ren. Você ordenou que seus soldados destruíssem tudo por causa de um droid! Eu vi eles correndo atrás do Finn..."

"FN-2187" Kylo rosnou.

"Não Ren, é Finn!" Rey repousou as palmas de suas mãos em ambos os lados da face de Ren. "Ele é alguém, Kylo, assim como todas aquelas pessoas, assim como eu, assim como você!" Kylo ficou calado, seu coração foi preenchido pelo calor nas mãos de Rey. Ele mal podia se concentrar. "Eu sei que você está aí dentro, eu posso ver através da máscara e da armadura que Snoke criou em você!" 

"Rey, pare." O tom na voz de Ren era sério. "Você me desconcerta..." Ele fechou os olhos. Seus rostos estavam muito próximos. "Rey, eu..."

O ar entrava com muita dificuldade nos pulmões de ambos. A respiração de Rey estava ofegante e ela sussurrava fazendo com que Kylo não conseguisse entender o que ela dizia.

"Por que eu acho que te conheço de algum lugar? Tudo isso é tão familiar!" Rey sussurrou um pouco mais alto entre quase lágrimas. 

"Eu sei, eu também sinto." Kylo colocou suas mãos por cima das de Rey mas então se afastou da garota quando o doutor abriu a porta.

Os dois se recompuseram bem depressa mas não evitaram a desconfiança de Dorn, que logo pediu licença a Kylo e se aproximou a garota. 

O doutor fez todos os exames e discutiu sobre a saúde de Rey. Ren assistiu a tudo e toda hora perguntava a Dorn quando ela estaria recuperada e poderia continuar o treinamento. Ele dizia que hoje ela já teria alta e poderia comparecer ao salão para seu encontro com Snoke. Kylo se sentiu aliviado mas ao mesmo tempo preocupado com a reação de Snoke ao finalmente conhecer a garota de quem ele falava tanto.

Após um café da manhã acompanhado de Rey, Kylo a pediu que lhe acompanhasse até o salão onde o holograma do líder supremo aguardava para conhecer a garota. Rey ainda estava um pouco debilitada e Kylo a ajudava a andar. Seria só isso, naquele dia ela apenas conheceria o líder supremo e descansaria o resto da tarde. Foi como fizeram. 

Rey entrou no grande salão acompanhada de Kylo. O local era até mesmo maior do que o salão onde ocorrera o baile. Suas paredes eras todas de um vidro bem grosso, diferentemente do antigo salão, o novo revelava a imensidão lá fora, todas as estrelas brilhavam e faziam com que Rey se deslumbrasse. 

"Eu nunca vou me acostumar com tantas estrelas." Ela sorriu ao comentar com Kylo Ren, ele sorriu em resposta. 

No fundo do salão havia um grande trono projetado, Rey demorou a perceber que o líder supremo já estava presente e a analisava calmamente. Sua admiração quanto às estrelas ofuscou a presença do Líder Supremo.

A garota se aproximou da projeção e se curvou diante dele, o reverenciando.

"Mil desculpas, Líder Supremo!" Rey tentou evitar contato visual, mas foi em vão. O olhar penetrante de Snoke rasgou o olhar sereno de Rey. Seu coração tremeu e então começou a palpitar muito forte. Um nó na garganta se formou e Rey cambaleou em direção aos braços de Kylo. 

"Rey, Rey... Está tudo bem?" Kylo parecia desesperado. "Eu não devia ter te trazido hoje." Ele tremia. "Ela está muito debilitada, senhor, acho que devo levá-la de volta a Dorn..."

"Então é verdade!" Snoke se curvou no trono para olhá-la melhor, interrompendo a fala de Kylo. Parecia encantado e surpreso ao mesmo tempo. "Não pode ser..." Exclamou enquanto fitava os olhos de Rey. "É mesmo... Renesmy..." Um tom grave saiu da garganta de Snoke, como se um tremendo desespero e curiosidade o envolvesse. Ele parecia não acreditar no que via. "Os mesmos olhos... Eu posso ver..."

"Perdão, senhor?" Rey exclamou, ainda muito fraca, achou que talvez Snoke teria confundido seu nome. "Me chamo Rey, líder supremo."

"Eu sei!" Ele exclamou e então se aconchegou no trono novamente. "Então essa é a garota de que tento fala, Kylo Ren?" 

"Sim, senhor..." Kylo ficou envergonhado, sua voz mal saiu.

"Incrível! Realmente incrível!" O coração de Rey ainda estava muito abalado, ela sentia uma dor no peito. "Presumo que você seja uma garota especial, Rey. Kylo a escolheu com tanta determinação. Só ouço coisas incríveis sobre você. Estou ansioso para descobrir se São verdade."

"Suponho que seja apenas gentileza de meu mestre, senhor."

"Seu mestre? É assim que ela te chama agora, Ren?" Snoke deu uma gargalhada irônica e então observou o olhar confuso dos dois o observando. "Interessante, Renesmy."

"É Rey!" A moça rosnou. 

"É melhor do que eu pensei!" Snoke exclamou. "Você se destruiu sozinha, querida Re... Rey. Vai ser ótimo trabalhar com você e seu lado sombrio. Agora me dê licença, garota. Preciso de um segundo com Kylo Ren. De você eu cuido depois."

Rey o fitou por alguns instantes, o nó se desfazendo na garganta, se sentia aliviada por finalmente poder sair da presença do líder supremo. Ela só confirmara o que já sabia: ela o odiaria. A moça deu leves passos para trás, nunca virando as costas para Snoke. Dois stormtroopers a pegaram pelos braços para ajudá-la a caminhar. Rey olhava toda hora para trás para ter um último vislumbre daquele ser sombrio. 

Foi quando teve um DéjàVu. Snoke, e Ben Solo no chão, e destruição, e morte. Ao seu redor as paredes tomaram uma cor mais quente, cor do fogo que aparecia em sua visão. 

"Me solta!" Ela começou a gritar com os soldados que imediatamente a soltaram por intermédio da força com que a garota se debatia. Ela correu em direção ao trono novamente com uma determinação que tomava conta de seu corpo. "O deixe em paz!" Ela se debruçou sobre o corpo agonizante do rapaz que refletia a imagem de Ben solo, e não Kylo Ren. Ele trajava vestes jedi, ela não entendia mais nada. Lágrimas se formavam em seus olhos, e a raiva cresceu. "Não! Você não vai tratar de mim! Kylo Ren irá, é a ele e tão somente a ele que sirvo!" Rey apontava o dedo indicador na direção da figura e então desesperadamente olhou ao seu redor sem encontrar Ben. O desespero crescia a cada instante.

"Rey o que está fazendo?" Foi quando a garota viu não mais Ben Solo, mas Kylo Ren de pé ao seu lado, com vida, e as paredes ao seu redor retomaram sua cor fria e metálica.

"Você está vivo, está vivo!" Rey suspirava aliviada abraçando seu mestre.

"Como ousa?" A voz rouca de Snoke rasgou os tímpanos de Rey fazendo sua cabeça doer. A garota pressionou as palmas das mãos em suas têmporas e soltou um grave gemido.

"Rey, o que está fazendo?" Exclamou Kylo novamente com o olhar frio e sério em direção à sua aprendiz. Ren percebeu algo estranho em seu rosto, uma fraqueza, uma certa frieza. "Rey você está congelando!" O cavalheiro disse ao tocar os ombros da aprendiz. Ren embalou a garota em sua túnica escura a aquecendo enquanto Snoke os observava de longe. "Meu mestre, peço desculpas pela minha aprendiz, é nítido que ela não está plenamente saudável, peço licença para leva-la a Dorn."

Snoke permaneceu calado enquanto Kylo Ren acudia a garota. Toda hora ele checava a temperatura em sua pele e cada vez ela ficava mais gelada. Kylo retirou o manto negro e a enrolou por inteira, tentando aquece-la.

"Não, Ren. Eu estou ótima, estou... bem." E a última palavra soou com duplo sentido nos ouvidos de Kylo. Ele sentiu Ben Solo tomando conta de seus pensamentos e querendo esvair e abraçar Rey para que Snoke não pudesse lhe fazer mal, mas era tarde demais. Ele não podia. Ela o afastou fisicamente de seu corpo e então tornou seu olhar ao líder. "Você! Você nunca irá tirar nada de mim! Ren precisa de mim e é por isso que estou aqui." 

"Ren não precisa de você, garota insolente." Snoke trepidou a voz. Rey novamente sentiu o grosso de seu tom machucar seus ouvidos. Doía. "Saia da minha frente!" 

Kylo então rapidamente se virou fazendo uma ultima referência a seu líder. E enlaçou Rey em seu ombro a ajudando a se locomover. "Não faça mais isso". Rey pôde ouvir a voz de Kylo em sua mente sem que ao menos ele emitisse algum som. Foi tão estranho ouvi-lo daquela forma. Ela o olhou nos olhos e então ele apenas piscou, olhando novamente para frente como se não tivesse dito nada. "Está arriscando demais. Sei que pode me ouvir em sua mente, esse é o único local seguro onde Snoke não poderá me ouvir" Rey apenas assentiu com a cabeça pois sabia que Kylo não podia ouvi-la de volta, e ela preferia assim.

Estavam quase no fim do corredor quando a voz fria e sombria invadiu a mente dos dois os fazendo parar imediatamente.

"Kylo Ren! Você fica." Um frio subiu pela coluna de Ren. Ele se virou ao líder supremo e então dois stormtroopers ajudaram Rey a andar.

"Eu ordeno que a levem à Ala Hospitalar, para Richard Dorn. Agora!" Ren disse furioso aos soldados e eles responderam "Sim, senhor" para o mestre. Kylo lentamente se moveu em direção ao trono e então perguntou fracamente o motivo para sua permanência.

"Tenho uma missão à você, Kylo Ren." Missão. Toda vez que Ren ouvia essa palavra seu estômago revirava e ele lembrava exatamente da vez em que dizimou a ordem de novos jedis — em companhia de deus cavaleiros — de seu tio Luke Skywalker. Aquele evento não houvera se desfeito das lembranças de Ren, e, por sua vez, o líder supremo parecia fazer questão de lembra-lo todas as vezes. "Há uma lenda, uma antiga lenda que diz haver, perdida em algum canto da galaxia, uma herdeira do Imperador." Imperador. O homem cujo trouxe a escuridão ao coração de Anakin e houvera se tornado um dos maiores ícones do lado sombrio. "Mas como sabe, lendas podem ser apenas lendas, porém, recentemente, a Primeira Ordem recebeu um comunicado muito curioso. Um aldeão raptado no planeta Jakku diz ter informações preciosas sobre a tal Princesa Perdida, aparentemente neta de Palpatine."

"Princesa perdida, senhor, ainda insistem nesta história?" 

"Kylo Ren, eu passei metade de minha vida em busca de herdeiros do imperador e eu nunca encontrei nada além de rumores e aproveitadores. Depois da descoberta da fuga da filha mais nova do imperador, nós temos uma nova esperança." 

"E qual sua necessidade senhor?" Kylo engoliu em seco. "Talvez trazer à tona questões do passado possa não nos auxiliar nos nossos planos. O Império caiu, agora somos a Primeira Ordem, trazer um herdeiro de Palpatine à tona para o nosso lado talvez não seja a melhor..."

"Ousa questionar meus métodos, Kylo Ren!?" Snoke rosnou e Kylo inúmeras vezes disse que não. "Ótimo, pois você entrará nessa missão!"

 •••   

A noite caiu cedo naquele dia. Ao analisar a situação de Rey, Dorn compreendeu que a queda da temperatura de seu corpo fora em razão do grande estresse que passou com Snoke.

"O que você tem na cabeça? Snoke te transformaria em poeira em dois segundos sem o mínimo esforço. Você tem sorte de ter a proteção de Kylo Ren, outros cavaleiros não fariam isso por seus aprendizes." O cenho de Rey se fechou ao fitar os olhos de Dorn. "Onde já se viu desafiar o Líder Supremo!?"

"Você também não concorda!" Rey rosnou.

"Shhhhh. Não lhe dei permissão para falar." Um aperto se formou no coração de Rey, a rispidez na voz de Dorn a atingiu como um tiro a fazendo enxergar no homem a determinação de um general. Ela se calou, mas no fundo queria berrar.

Do outro lado da base uma figura feminina trajada em um vestido longo amarelo combinando com os cabelos louros caídos numa trança era acompanhada pela figura de um homem jovial, alto e esbelto. Era Ava e Kendrick Ren. O tempo estava calmo, o vento batia nos cabelos da jovem enquanto seu odor doce atravessava as narinas do rapaz. Toda cordialidade de Kendrick podia ser percebida pela jovem Ava. A loura extremeceu quando as pontas dos dedos do rapaz tocaram seu ombro.

"Admirando a vista, presumo." Um susto tomou o corpo da garota em decorrência da fala somada ao toque.

"Kendrick!" Ela suspirou aliviada.

"Me desculpe pela forma como lhe abordei." O rapaz respondeu, sério.

"Não há problema." Ela sorriu retomando seu olhar ao horizonte. "Incrível não é?"

"Realmente me parece ser um belo dia pra se passar admirando as estrelas." Ava sorriu ao tom de deboche.
Kendrick não entendia o sentimento de Ava. Ninguém compreendia. Como poderia aquela doce garota ter se tornado uma assassina, seguidora da Ordem de Ren e, ao mesmo tempo, ter a suavidade no olhar e na fala que tinha quando era apenas uma garotinha. 

"Já se fazem cinco anos." Os olhos de Ava abaixaram e então o sorriso em seu rosto foi substituído pela face preocupada. "Há cinco anos atrás tudo mudou." 

"Tudo?" Ken sorriu. "O que quer dizer com tudo?"

O rapaz se aproximou tomando seu olhar em direção à face pálida da garota. As bochechas estavam rosadas e nisso ele pôde perceber os últimos resquícios de uma vida comum. Para Kendrick ela era diferente dos outros, até mesmo diferente dele.

"O que quero dizer é que há cinco anos eu venho observando as estrelas, a galáxia, os problemas que estamos enfrentando... São cinco anos na ausência de luz!"

"Mas é para isso que estamos aqui, não há paz na galáxia sem a Primeira Ordem, Avalinne." 

"Não me chame deste nome." Ava fitou os olhos do rapaz. "Essa pessoa está morta, assim como Kendrick deveria estar..."

"É isso o que Snoke tem dito a você? É dessa forma?" Kendrick sorriu. "Ava, você sabe porque não mudei meu nome quando entrei para a Ordem de Ren!"

"Sei exatamente e discordo!" Ava desviou o olhar retornando a encarar o horizonte de estrelas. As mãos cruzadas a sua frente e a indelicadeza do capaz ainda eram presentes. 

Após algum tempo de silêncio Kendrick retornou a falar.

"Snoke tem estado dentro de minha mente há uns dez anos. Não se parece muita coisa se você não analisar tudo pelo o que passamos nessa transição." Ele sorriu e então tocou as duas mãos de Ava. "Mas estamos no caminho certo, Ava." 

A garota tirou rudemente suas mãos de cima das do rapaz, retornando a sua posição original e evitando contato visual.

"Comigo não foi assim." Ela cerrou os olhos e respirou fundo. "O líder supremo nunca foi muito interessado na minha mente. Nunca explorou-me tanto quanto fez com os outros." 

"O líder supremo é sábio, ele entende das coisas. Se ele não foi tão presente na sua vida como foi na dos outros então talvez signifique que ele sempre soube o potencial que você tinha, sem ao menos precisar tirar a luz de você. Você o fez sozinha."

"Nada foi sozinha, Kendrick." Ava o encarou. "Não seja tão inocente, é claro que estamos falando sobre Snoke não ver muita capacidade em mim!"

"Mas é claro que não, sua mente nem ao menos pertence totalmente ao lado sombrio!" Uma voz feminina interrompeu a conversa. Era Mera. "Oh! Me desculpe, eu não quis interromper esse momento tão lindo entre o casal..." Mera sorriu ironicamente.

"Ava, com licença!" Kendrick se despediu de Ava e encarou Mera em desprezo. Suas mãos estava localizadas por detrás das costas e então a imagem do rapaz se perdeu ao longe.

"Kendrick não parece ir com a minha cara." Mera sorriu apoiando-se na barra de ferro que separava o grande vidro grosso do lado externo da nave. "Quantas estrelas, não é mesmo?" Ava fechou o cenho e permaneceu olhando ao horizonte. "Ah, me desculpe, eu não quis atrapalhar sua conversa com o bonitão..." Ela riu e então Ava jogou um olhar sombrio em direção à mulher de cabelos negros. 

"Você não atrapalhou nada!" Ava a respondeu ríspida e logo desviou seus olhos claros dos olhos escuros da mulher. 

As duas permaneceram caladas por alguns instantes. Sentimentos conflituosos tomavam conta do corpo de Ava e ela podia perceber a diferença entre ela e sua companheira na ordem. Ava passava uma imagem dócil e suave às pessoas e era assim que ela executava seus planos miraculosos. Ava conquistava a confiança de sua vítima e na primeira oportunidade dava o bote. Já Mera não. Mera nunca escondeu a maldade dentro de si, desde pequena gostava de machucar as pessoas, causar dor e sofrimento. Desde cedo sabia que seu destino estava no lado sombrio. Quando encontrou a Ordem de Ren a jovem pôde realizar todas as suas maldades, ver o sangue de inocentes escorrer por suas mãos lhe causava tremenda sensação de prazer.

"Kendrick Ren... Parece que o rapazinho não quis se desprender do passado doce que vocês tiveram na academia daquele velho sujo!" Mera se referia a Luke. "Assim como você Ava, olha só, vocês até que combinam."

"Você sabe que nossa linhagem acredita na luz e na escuridão, não há distinção, há a junção dos dois! É nisso que acredito e foi isso que Kylo Ren nos ensinou, Mera."

"Snoke arrancaria os próprios tímpanos ao ouvi-la falar tamanha bobagem." Mera rosnou com ódio em seus olhos. "Mas eu vou poupa-la de tamanho sofrimento em detrimento de sua insubordinação. Mas deixo claro que adorei saber que você e a trupe de ex jedis de Kylo Ren ainda vivem com base nos princípios arcaicos de que o lado sombrio não deve imperar sozinho." Mera ia seguindo em direção à saída quando paralisou e atacou Ava novamente. "Ah! Por fim... Eu não sabia que era permitido esse tipo de relacionamento entre os mestres, sabe. Ah, é claro!  Kylo Ren deve ter aberto uma exceção aos cavaleiros preferidos dele!" Mera riu e em segundos seu pescoço estava envolvido pela mão direita de Ava. Mera a encarou sem se esforçar para evitar que as unhas de Ava cravassem em sua jugular.

"Cale essa boca imunda!" Ava rosnou e seus olhos tomaram uma cor escura. Ao redor de sua pupila saiam reflexos amarelos, era a maior expressão de sua raiva. 

"Vamos Ava, faça!" Mera sorria despertando ainda mais a fúria na garota. "Vamos, entregue-se totalmente ao lado sombrio Ava, é a sua vez!" As palavras fizeram com que Ava apertasse mais ainda o pescoço da morena mas, subitamente, ela retomou a consciência e se afastou da mulher encarando suas próprias mãos. Elas exalavam o poder reprimido dentro de Ava. "Tola! Tão tola! Olha o poder que tem em suas mãos e você não quer usar!"

"Eu não sou como você!" 

"Mas é claro que é!" Mera encarava Ava a rebaixando. "Espero que não demore muito para descobrir." Ava ficou sozinha com seus pensamentos a atormentando pelo resto daquela tarde. Era o maior desaforo de sua vida.

No fim da noite, já em sua cama, Rey recuperava a consciência e seus delírios devido às complicações dos ferimentos já começavam a cessar. Ela se vestiu de uma maneira suave e fechou os olhos, engolindo toda a pressão posta sobre seus ombros e seguindo os conselhos de Dorn de descansar e pensar sobre tudo que havia dito ao Líder Supremo. Ela realmente não podia fazer isso, caso contrário, todo seu plano com Leia Organa e Luke Skywalker estaria indo pelos ares. Após alguns minutos Rey se infiltrou em um sono profundo que logo fora invadido por um terrível pesadelo.

Era tarde da noite e novamente chovia. As figuras passavam rapidamente por seus olhos e pessoas corriam. No fundo estava uma criança no colo da criatura que ela previu ser Kylo Ren. Ele a abraçava com muita determinação e fugia da mira dos sabres cor de sangue.
Kylo Ren aninhava a pequena criança até que seu olhar encontrou o de Rey. O olhar através da máscara. Ela sabia, no tempo presente, que aquele traje escondia Ben Solo dentro de si, mas, no sonho, era como se não se conhecessem.

"Corra!" Ele ordenou e então Rey freneticamente se movimentou em direção ao rapaz, quebrando o aninhamento e tomando a criança de seu colo. "Corra!" Ele gritou novamente, ríspido, e então a mulher deu longos passos para trás. 
O ar em seu peito parecia rasgar os seus pulmões. O cheiro de fumaça misturada a corpos era insuportável. Havia fogo em todo lugar, pessoas gritando, pessoas tentando fugir e os cavaleiros de Ren fazendo a maior festa de suas vidas. Foi quando ela viu Mera Ren. Seus olhares se cruzaram e então Mera andou rigidamente em direção a Rey. A garota segurou fortemente a criança em seus braços quando Mera, brutalmente, tentou desfazer o abraço entre as duas, Rey resistiu até o último segundo até jogar a garota ao longe sem ao menos tocar em seu corpo. No fundo a imagem de Snoke se formava, se aproximando. Tudo paralisou. 

Rey não conseguia se mover mas todas suas forças estavam concentradas em seu colo, na criança, quando rispidamente Snoke apareceu em sua frente e tomou a criança de seu colo.

"Não!" Ela gritou, e todos os cavalheiros de Ren os observava, menos Kylo, que aparentemente já não estava mais presente na cena. Snoke aninhou a criança.

"Os mesmos olhos em pessoas diferentes!" Sussurrou. "Que bela herança proveniente de um amor tão pecaminoso." Ele sorriu ironicamente. "É uma pena que tamanho... Amor... Possa ser tão fragilmente quebrado em detrimento da sede de poder." 

"Por favor." Rey sussurrou, suas forças se esvaindo.

"Mas, infelizmente, não podemos sustentar tamanho distúrbio. O lado sombrio não poderá se reerguer com a existência de vocês."

"Não, por favor, por favor!" Snoke se aproximou da fogueira. "Não, não! Me mate, me mate! Ela não! Ela não tem culpa, eu suplico!" 

"É uma pena não poder ceder ao seu desespero, Renesmy."

Rey gritou com todo o ar em seus pulmões ao ver a vida da criança ser sugada pela brasa de uma fogueira. E Snoke ria. Os membros de Rey voltaram a funcionar e ela correu em direção ao corpo da criança, se atirando em meio ao fogo e acolhendo o pequeno corpo em seus braços, ainda com vida.

"Não, não, oh Lord! Não!" Ela gritava em meio a lágrimas enquanto a vida da criança era tirada brutalmente de seu corpo. "Fique, fique." Rey soprava abraçando a criança, a aninhando. "Você é o amanhecer de um novo dia, um milagre ainda se realizando, o azul em um oceano cinza." Rey começou a cantar em um impulso, como se conhecesse exatamente aquela letra que ela nem lembrava onde tinha aprendido ou escutado. "Você está exatamente onde precisa estar, pronta para inspirar e ter sucesso, você olhará para trás e um dia irá perceber." A melodia ia atingindo os ouvidos da criança, uma lágrima caia do olho direito de Rey e atingia o rosto dela. Ao seu redor já não havia mais fumaça, nem fogo, nem Snoke, mas Ren. 

Ele estava sem o capacete agora, vestido em trajes claros, não parecia o mesmo Kylo Ren que ela conhecia. Ela sabia que não, aquele era Ben Solo. Ele sorriu para Rey e então o coração da garota se acelerou, algo estava errado. Quando ela olhou para o seu colo a criança já não possuía mais vida e quando Ben vinha se aproximando o corpo da criança se esvaiu em cinzas em seu colo. Ela gritou e Ben correu em sua direção. Rey tentava refazer o corpo da garota juntando as cinzas em seu colo, mas nada. Foi quando ela acordou em um grito e Kylo Ren tentando acorda-lá.

"Rey! Rey!" Kylo gitava dando leves sacudidas em seu ombro. Seus olhos se abriram e Kylo a abraçou. "Por Lord, vamos sair daqui."

Quando olhou ao redor o quarto estava todo em chamas e seu corpo sonolento já nos braços de Ren. O mestre e seus soldados saíram do quarto enquanto outros tentavam apagar o fogo das cortinas.

Do outro lado da base Rey já repousava em uma cama macia, em um quarto grande, parecia o de Ren. Dorn chegou imediatamente com uma equipe médica e a examinou. Aparentemente tudo parecia normal. Rey observou quando Dorn e Kylo saíram do quarto e tiveram uma pequena conversa, ela tentou ouvir mas não conseguiu decifrar as palavras. 

"Você ficará bem em breve." Disse Kylo entrando novamente no quarto e se dirigindo em direção à Rey. 

"O que aconteceu?" Rey perguntava sem entender nada. As imagens do sonho passavam por sua mente e ela não as compreendia. 

"Parece que você sonhou." 

"Sonhei?" Rey suspirou. "Oh, Lord, mais um sonho."

Kylo se sentou na ponta da cama e analisou a temperatura de Rey com as costas de sua mão para ter certeza que ela não estava com febre. 

"Meu quarto fica logo ao lado, se precisar de alguma coisa é só chamar, prometo que venho imediatamente." Ren sorriu timidamente.

"Amanhã conversamos sobre isso, tudo bem?" 

Rey assentiu e Kylo lentamente se levantou da cama. Antes que pudesse completamente estar de pé sentiu a palma quente da mão de Rey tocar em seu pulso gélido."

"Espere". Rey disse pouco mais alto que um sussurro. "Fique." Ela apertou os olhos como se relutasse para não dizer aquela palavra. Kylo paralisou, engoliu em seco. Ren se virou lentamente na direção da garota até seus olhos se encontrarem novamente. "Tenho medo." Ren se sentou novamente na cama após alguns segundos a encarando sem saber o que dizer.

"Do que tem medo?" 

"Não quero ver aquelas imagens de novo, não quero vê-lo machucar você." Rey tocou o rosto de Kylo suavemente, pela segunda vez deslizou seu dedo pela cicatriz de Kylo o fazendo fechar os olhos.

"Quem poderia me machucar, Rey?" 

"Snoke." Ela sussurrou. "Ele quer destruir você!" Ren sorriu acreditando que Rey estaria delirando.

"Rey, você está delirando e este sonho foi apenas mais um delírio." Ele interrompeu qualquer tipo de protesto de Rey. "Eu fico aqui até você dormir novamente." O coração de Rey se aqueceu. Ela afastou-se liberando espaço para que Ren se deleitasse ao lado dela mas ele não esperava por isso. 

"Então você pode se sentar aqui e me contar o que está acontecendo comigo? Mestre?" Ela sorriu timidamente e ele sorriu em resposta. 

Quando Kylo se sentou ao lado de Rey, a garota imediatamente recostou sua cabeça no peito do homem, ela parecia infinitamente menor que ele. O corpo de Ren se aqueceu. Aquele contato o deixou severamente mexido. Ren tentou desviar a atenção da garota aninhada em seu peito. 

"É só até você dormir e não iremos falar sobre isso pela manhã, Rey." 

"Sim, mestre." Ela sorriu. "O que aconteceu nessa noite? Eu não me lembro." 

"Bom. Eu estava andando pelo corredor com Hux ao meu lado." Ren se remexeu tentando arrumar o corpo mas percebeu que seria difícil devido à força que Rey fazia ao abraçá-lo, como se fosse natural. Ele pigarreou quando se deu conta que ela percebeu o desconforto, ela enfraqueceu o aperto. "Bom, então ouvi gritos vindo de seu quarto, quando chegamos percebemos a fumaça saindo pela porta, foi quando a sirene tocou e os soldados vieram correndo. Nós arrombamos a porta e você estava lá dentro, paralisada. Por um segundo achei que estivesse morta. Foi quando você gritou." E eu pude respirar aliviado, pensou. "O que sonhou?"

"Eu não me lembro muito bem." Kylo implorava para si mesmo que Rey não pronunciasse aquela palavra novamente, soava tão ambíguo e já era a segunda vez que ela fazia isso. Rey virou o rosto encarando os olhos de Ren, seus rostos tão perto. Ela se afastou. "Eu estava no meio de muita destruição e então eu vi você, com uma criança. Eu tomei a criança de você e então eu vi Mera e depois Snoke...

Depois disso tudo virou cinzas, a criança virou cinza." Ao contar as luzes do quarto piscaram e lágrimas ardiam nos olhos de Rey. Kylo analisou o que estava acontecendo e tudo aquilo parecia muito com as vezes em que sonhava com o lado sombrio e perdia controle sobre seu corpo e suas emoções, Rey se parecia muito com Ren. "Mas então tudo estava em chamas no quarto, quem colocou fogo lá Ren?" 

Um frio subiu pela espinha de Ren. Ele olhou para o horizonte enquanto Rey aguardava a resposta vir de sua boca. Ele fechou os olhos e apertou Rey em seu abraço. Ela repousou a cabeça em seu peito novamente e enlaçou o torso de Ren. 

"Foi você, Rey."

 

 

 

 



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