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História Herdeiros do Império - Reylo - Confissão


Escrita por: howardlev

Capítulo 9 - Confissão


Fanfic / Fanfiction Herdeiros do Império - Reylo - Confissão

"Minha alma é feita de luz e trevas; nada de brumas. 
Ou faz bom tempo ou há temporal; as temperaturas variáveis são de pouca duração."

(Victoria Ocampo)

•••

Planeta Alfheimr, 20 anos atrás.

Os campos límpidos e verdes de Alfheimr faziam jus ao planeta. Localizado em um lugar da galáxia muito distante de Hosnian, Alfheimr houvera acolhido diversas gerações de jedi.

Com um vasto território e oceanos profundos e longos, o planeta era o principal local de refúgio de aprendizes e mestres, ficava localizado no Sistema de Slavtar, o sistema criador de tudo, acreditava-se que ali houvera sido o início de tudo, de todo o universo, e a partir disso a Força teria se concentrado ali em sua forma original.

Era naquele lugar que o bem e mal se manifestavam da forma mais pura e primária possível. Slavtar possuia pelo menos outros 6 planetas em orbita de sua grande estrela Svlov. Alfheimr e Alfslavtar eram os planetas mais importantes de lá, se não os mais importantes do Universo.

Alfheimr fora escolhido como sede do primeiro templo jedi por abrigar a mais conhecida e antiga arvore da vida, a fonte de sabedoria, a origem da força. Era, no fundo, mais misticidade do que realidade, mas o fato era que o planeta tivera grande influência sobre decisões da antiga república. A área fora até mesmo considerada território universal, onde nenhum outro planeta poderia explorar seus recursos, afim de preservar a energia ligada àquela terra.

As rochas de Alfheimr presenciaram as mudanças de gerações de jovens jedi. Viu alegrias e tristezas, viu o bem e o mal, viu o nascer de um escolhido, e viu também o caos. Aquele solo possuía grande sabedoria acerca dos ensinamentos e utilização da força. Era banhado em energia, em equilíbrio.

Era o lar das criações, da imaginação. O lar da justiça e plenitude. Era a paz. Fora, por tradição, o local onde os seguidores de Skywalker — dentre eles Ben Solo —aprenderiam tudo sobre a força, a como utiliza-la.

Ben Solo era um jovenzinho de poucos meses a mais que 10 anos de idade. Estava há 3 sob os cuidados e ensinamentos de seu tio Luke. Aquele era um dia ensolarado, nada de chuva, ele odiava chuva, quando ela chegou. O corpo frágil da criança repousava sob o colo aconchegante do pai, Owen. A mãe, Kendalina, vinha ao lado com o semblante preocupado. Ben ficou à espreita, só observando seu tio se deslocar em direção àquela família quando começaram a dialogar:

"Fizeram a escolha certa, Owen!" Luke dizia repousando a mão no ombro do homem em consolo. "Kendalina! Ela estará em ótimos cuidados, eu prometo."

"Eu confio em você, Luke!" Ela o respondeu. Em seguida ele pegou a garota no colo e seus pais lhe deram o ultimo beijo. A criança não chorava, na verdade parecia não estar entendendo a situação.

"Seu irmão ficaria orgulhoso de você, Owen! Eu tenho certeza..." Luke direcionou um sorriso ao moço. Pouco depois Ben já não conseguia mais ouvir a conversa, então saiu correndo para que Luke não o pegasse observando o que ele fazia.

Ben era impulsivo e isso lhe acarretava discussões ferrenhas com seu tio. No dia seguinte, Luke ficara irritado com a insistência de Ben em treinar arremessar coisas. Luke insistidamente dizia que não, que não era aquele seu propósito enquanto Ben o refutava dizendo que não aguentava mais meditar, que estava cansado dos métodos que o tio usava e que queria logo pôr em prática tudo que aprendeu (sozinho).

Foi quando Luke levantou a voz, dizendo-lhe que ele tinha o péssimo hábito de ser impaciente como seu avô. Foi uma péssima escolha. Talvez a relação de parentesco entre mestre e aprendiz fosse o principio ativo das discussões. Luke, por um lado, sentia-se no direito de interferir em todas as decisões pessoais de seu sobrinho, ele, por sua vez, acreditava que, por ser da família, tinha alguma vantagem sobre as outras crianças. Erro dos dois.

Foi quando Ben meteu-se a correr e esconder-se de tudo e todos. Ele encontrou um lugar calmo e longe das outras crianças. Um lugar distante do centro do templo, um lugar inundado de margaridas e petúnias. Pôs-se a chorar. Ben enterrou sua face entre seus joelhos e começou a soluçar. Odiava a forma como seu tio o tratava tão diferente das outras crianças, e não da melhor maneira. No fundo, o que Luke sentia, era medo. Medo de seu sobrinho.

"Por que chora?" Ben ouviu uma voz suave, feminina e infantil penetrar em seus ouvidos. Levantou o rosto até que seu olhar se cruzasse com o da menina. Era ela, aquela do dia anterior.

"Não estou chorando!" Ben respondeu, ríspido, limpando as lágrimas. Tolice, seu nariz e bochechas já estavam vermelhos, não podia evitar. Analisou a garota, seu cabelo preso em três coques, uma túnica cor beje. Ela tinha muitas sardas no nariz e bochechas e tinha olhos cor avelã que combinavam com seu cabelo.

"Ah, ele não está chorando!" Ela gargalhou com seu riso de uma criança de 5 anos, irritando Ben. "Tome!" Ela esticou o braço miudinho na direção de Ben, lhe revelando uma margarida arrancada do campo.

Ben amoleceu com o gesto. A inocência da menina era tão bela e pura. Ele aceitou a flor e lhe agradeceu. Ele não tinha amigos na ilha. As outras crianças sentiam medo dele e aquela garota, aquela pequena garota, demonstrava apenas compaixão. Ele se sentiu notado, sentiu-se, de certo modo, importante. Ela lhe perguntou seu nome e ele a respondeu o dizendo, perguntou em seguida o dela e ela o respondeu:

"Renesmy!" Sorriu.

"Re...Ren..Rey...Re...o que?" Indagou confuso.

"Renesmy!" Ela riu. "Re - nes - my, Renesmy!"

"Ora, que nome difícil, qual o significado?"

"Mamãe diz que o nome é uma junção de dois, Renee e Esmy. Eles dizem que Esmy foi uma grande rainha e Renee mãe de um dos maiores jedi que já existiu... irmão de meu papai. São minhas avós. Mas não falam muito sobre meu avô, ele está morto. Na verdade eles não gostam de falar sobre ele."

"Meus pais também não gostam de falar muito sobre meu avô, mas tio Luke insiste em me comparar a ele. Acho que é uma boa coisa considerando que ele foi alguém muito poderoso..."

"Eu acho que sim! Mas e seu nome? O que significa?"

"Meu nome é uma homenagem a um grande Jedi também... mamãe diz que ele foi um grande amigo e o mais justo de todos... Ben... Ben Kenobi."

"Kenobi?" Seus olhinhos fixaram-se no garoto.

"Sim, Kenobi. Bem... Renemys... Ren... Ora, pela força! Você tem algum apelido?"

"Não, mas papai me chama de princesa..."

"Bem... então posso chamá-la de..." Pensou, pensou, coçou a cabeça, tentou juntar as sílabas pra encontrar um apelido e então abriu um sorriso amplo ao chegar na conclusão. "Rey. Isso, Rey! Como "Ray of sanshine".

"Ray o que?"

"Raio de luz. Você será o meu raio de luz." E ela realmente foi.

Rey trouxera luz à vida de Ben, felicidade em seus momentos de tristeza.

Os anos se passaram e Rey e Ben se tornaram grandes amigos. Os dois faziam todas as coisas juntos. Treinavam juntos, aprendiam juntos, a diferença de idade de 5 anos não lhes trazia problema algum, a sintonia e conexão entre os dois era maior que qualquer coisa.

Aos 20 anos Ben já era um garoto de ambições, estava preparando-se para se tornar um mestre jedi. Passava pouco tempo com Rey, agora com 15 anos. Aos 22 tornou-se definitivamente um mestre e, como se fosse o maior presente que pudera receber em sua vida, Luke decidiu confiar o treinamento de Rey à Ben, ela seria sua primeira - e única - padawan.

•••

"Mais alto Rey, se concentra!" Rey estava aflita, não conseguia seguir as ordens de seu mestre, se concentrar naquela manhã estava sendo muito difícil. "Vamos, você consegue!"

Rey passou o dia tentando deslocar coisas com a mente, era tão difícil. Ren tentava lhe conduzir da melhor maneira mas, apesar de toda a dedicação de sua aprendiz, o clima tenso dos dias anteriores estavam refletindo em seu desempenho.

"Não consigo, Ren!" Rey bufou, cansada, caindo sobre seus joelhos no chão frio de metal. Suas mãos repousaram sobre sua coxas enquanto ela tentava recuperar o fôlego.

"Sei que é difícil mas tem que tentar!" Kylo tentava lhe confortar dizendo palavras de incentivo. "Não se dê por vencida, Rey, seu potencial é enorme!"

"Não consigo!" Apertou os olhos. Rey estava realmente muito cansada, como se o peso do mundo estivesse sobre suas costas. Tentou evitar contato visual com seu mestre durante esses longos dias e definitivamente eles estavam se afastando. Nem a conexão entre os dois ela conseguia mais sentir tão bem. O medo somado à culpa estavam atrapalhando seu aprendizado.

Era difícil ficar cara a cara com o homem que matou sua única figura paterna e que, de quebra, ousou lhe roubar um beijo. Mas a maior dor não estava no fato em si, mas sim nos seus sentimentos, na burrice de tê-lo deixado continuar e de ter, no fundo, sentido.

"Rey, eu preciso que você se dedique, Snoke quer avalia-la, não posso deixá-la ter um mau desempenho perante à ele, não quero que me obrigue a descarta-la." Rey olhou no fundo dos olhos de Ren, irritada.

"Então que descarte!" Alterou a voz se levantando abruptamente na direção de Ren. Tornou a pegar a rocha e concentrar-se mais uma vez no exercício.

••• 

"Você a viu?"

"Sim, Líder Supremo." Mera respirou fundo, não olhava nos olhos de seu lider. Estava encapuzada e acabava de construir um enorme nó na garganta, ela mentia. "Eu a vi pela última vez em Jakku, sozinha. Não havia sinais da Resistência nem de qualquer pessoa que possa tê-la reconhecido."

"Ótimo." O líder supremo urrou.

"Foi por isso que o senhor solicitou minha presença? Caso sim, será que posso me retirar?"

"Só mais uma pergunta Mera..." ela estava quase virando-se para ir embora quando seu corpo foi paralisado pela preocupação. Não havia nada no mundo que Mera temesse mais do que Snoke.

"Sim, mestre."

"A garota está sendo bem cuidada?" Mera engoliu em seco permanecendo em silêncio por alguns segundos e despertando a fúria no líder. "Eu a quero viva, Mera! Custe o que custar!"

"Eu sei!" Ela aumentou o tom de voz e deu passos determinados em direção ao líder. "Mas como é que eu poderia proteger algo tão importante sem nenhuma maldade!? Sem o lado sombrio?" Pôs-se na defensiva.

"Ela é uma criança, não se esqueça!" Ele arqueou-se em seu assento.

"Desculpe-me líder supremo, mas o senhor não pensou nisso quando resolveu tirá-la de sua família!"

"Cale a boca!" Ordenou lançando o corpo da jovem contra o pilar metálico com sua Força. "Como ousa me questionar, Mera?"

Apesar do medo de Mera, suas falas sempre causavam algum impacto sobre as decisões de Snoke. Por isso ela o fazia, seu dom de persuasão era quase compatível com o de Snoke. "Eu a quero viva e alimentada! Você vai até Jakku e vai encontrá-la." Mas Mera não sabia mais onde ela estava, e era por isso que estava com tanto medo. "E tenha cautela, Mera, Kylo Ren deve ficar por fora disso. É por isso que já lhe designei pra outra missão."

"Ela é a princesa perdida, não é mesmo?" Ela fixou seu olhar na face pálida do líder enquanto se levantava calmamente e limpava o sangue que escorria do pequeno corte de sua boca. "É por isso que o manda à Jakku, Ren nunca irá encontrá-la nesse lugar, não é mesmo?"

"Esse assunto não é seu!"

"Você quer fazê-lo esquecer do assunto e no futuro não acreditar em nada que disserem à ele." Ela sorriu. "Sua inteligência é invejável, líder supremo."

Quando saiu do grande salão onde o holograma do líder se encontrava, dirigiu-se imediatamente até a sala de meditação dos cavaleiros. Era um pequeno templo onde imagens de grandes líderes sith podiam ser veneradas. Havia inclusive a imagem de Vader.

"Mera?" A garota fora assustada pela voz grave de Eslo.

"Eslo!" Arfou e correu em direção ao amigo. O abraçou.

"O que aconteceu!?" Ele perguntava devido às lágrimas de raiva que se faziam no rosto de Mera.

"Snoke!" Sussurrou como se não quisesse que aquelas imagens a ouvissem.

"Imaginei. Como foi em Jakku, você a encontrou?"

Mera tentou criar alguma esperança dentro de si.
O garoto afastou-se dela seguindo a frente da imagem do imperador Palpatine, uma das maiores e mais esbeltas esculturas presentes ali. Cruzou as mãos por trás de suas costas e venerou a figura do imperador.

"Não." Fechou os olhos e respirou fundo. "Nós a perdemos."

"Não!" Ela exclamou. "A garota não está mais no lugar que a deixamos, Mera. Não sei o que aconteceu, não sei se está morta ou se fugiu."

"Não pode ser, Eslo! Snoke a quer. Já pediu que eu seguisse em direção a Jakku para trazer a menina. Ele vai nos matar..."

"Não vai!" Eslo exclamou repousando as mãos nos ombros de Mera.

"E aquele imbecil do Lorenzo? Não o mandamos cuidar de tudo? Da garota? Que eu me lembre ele recebeu uma boa quantia por isso! Parece que eu mesma terei de fazer o serviço..."

"Não encontrei Lorenzo. Não se sabe nada sobre ele em Jakku. Ninguém o viu ou então fingem que não. Não está mais aonde os deixamos."

"Imbecil..." Mera rosnou. "Mas eu vou encontra-lo! Ele não tem nem onde cair morto, não tem como sair de Jakku." Era evidente a raiva na fala de Mera. "Esteja preparado, Eslo." Fixou seus olhos no do rapaz. "Snoke não é nosso único problema. Kylo também."

"Ele não pode saber!"

"Só a presença da sucateira muda tudo, Eslo. Ela exala luz, o passado. Tudo. Ela é forte, Eslo, ela é sensível à força." Fechou os olhos. "Tenho medo que ela esteja tendo visões, assim como Kylo. Ele sempre acaba se lembrando e então Snoke vai lá e tira suas memórias!"

"Se acontecer nós tiramos a memória dela novamente!"

"Ela fica cada dia mais forte, Eslo. Quanto mais tempo com Kylo, mais ela fica forte. E eu até ouvi falar que Kylo não consegue entrar sempre na mente dela. Isso me preocupa." Respirou fundo. "Um dia eles vão se lembrar de tudo, e esse será o dia em que nossa sentença de morte será assinada." Ele a encarou assustado. "Esteja preparado, Eslo, pois eu tenho certeza que esse dia irá chegar! E ele está próximo."

•••

Havia se passado uma semana quando Rey fora chamada por Hux em seu quarto. "Kylo a aguarda para sua avaliação com o Líder Supremo." Rey assentiu com a cabeça enquanto um arrepio lhe subia a espinha. Ren e ela não estavam se falando direito devido ao ocorrido na semana passada e, com isso, sua autoconfiança diminuiu.

Quando chegou ao salão principal acompanhada por Kylo Ren, uma roda de cavaleiros se formava com ela no centro, a aguardavam.

Não tenha medo. Ren transmitiu seu pensamento para a mente de Rey, sem que ninguém os ouvisse.

Os cavaleiros a olhavam fixamente, todos vestidos em trajes preto e só ela em cinza. As fitavam de tal forma que pareciam famintos pela chance de conhecer profundamente as habilidades de Rey, e explora-la.

Ela parou pouco à frente do centro e permaneceu quieta. Algo estava estranho, o líder supremo não estava lá, não havia sua projeção. Foi quando ele surgiu das sombras. Seu corpo se materializou logo a sua frente e ele não era mais apenas um holograma, mas sim um corpo físico.

Era pouco mais alto que Kylo, talvez tivesse 2 metros e meio, cinzento e magro. Muito magro. Rey quase cambaleou mas Kylo segurou em seu braço antes que ela de fato caísse, ele pressentia que isso lhe ocorreria. Manteve sua aprendiz de pé para que o líder supremo não percebesse a fraqueza.

"Renesmy." Snoke arfou. "Pela primeira vez nessa eternidade de espera posso novamente pôr meus olhos em você, de verdade!" Sorriu sem um pingo de humor. "Tão bela!" Aspirou o perfume de seus cabelos enquanto a garota permanecia paralisada e com nojo do toque do líder em suas mechas.

Não reaja! Ouviu a voz de Kylo sussurrar em sua mente enquanto que, ao seu lado, o homem não falava nada.

"Líder supremo!" Rey o reverenciou.

"Está tão diferente!" Ele continuou. "Tão crescida, forte, destemida! Diferente da última vez em que a vi..."

"Vamos começar logo, Líder Supremo." Ouviram a voz de Mera, ela estava aflita, queria que Snoke e Rey tivessem o menor contato possível.

"Por que tanta pressa, Mera?" Snoke sorriu em direção à Rey. "Parece que nossa querida Mera não quer esperar para desvendar suas habilidades, devo escuta-la?"

"Como o senhor preferir." Rey dizia com dificuldade, o ar lhe faltando, o coração pulsando forte em seu peito, suas veias saltando.

"Como queira."

Snoke afastou-se da garota e Kylo fez o mesmo. Pôs-se ao lado de Ava enquanto sua pulsação se formava mais forte em seu pescoço.

"Kylo diz que você tem grandes habilidades com a força, Rey. Ele acha que você pode se tornar uma de nós. Queremos saber se é verdade ou apenas luxuria da parte de nosso mestre dos cavaleiros de Ren." A voz de Snoke era cada vez mais rouca. "Siga em frente, Ava." A loura o olhou com receio, não queria ser a primeira, sempre era. "Vamos logo, Ava, não temos só você!" Snoke protestou contra a paralisia dela. Ava andou em passos lentos em direção ao centro onde se encontrava Rey. "Vejamos se você resiste a todos nós, como resiste a Kylo Ren."

Rey o olhou por mais uma vez e então seus olhos voaram em direção à Kylo. Seu olhar era vago em direção ao chão. O rapaz estava destruído por dentro e não aguentaria ver sua aprendiz ser torturada por cada um de seus cavaleiros apenas para ser testada.

Ele sabia que era normal, que todos eles passaram por isso e que tinha uma hierarquia. Ava era, infelizmente, a mais fraca, não resistiu a quase nenhum dos cavaleiros, já Eslo, ele apenas não resistia à tortura de Kylo, enquanto que ele conseguia resistir a todos, por isso fora escolhido como mestre.

Ava sorriu brevemente pra Rey e fechou os olhos tentando resgatar todas as forças de suas habilidades. Ava agarrou o pulso de Rey e criou a conexão entre seus pensamentos e o corpo da garota.

Rey observava atentamente preparando-se para a dor, mas ela não veio. Depois de algum tempo, quando Ava percebeu que não estava funcionando, ela tentou aumentar o fluxo e então fora interrompida por Mera.

"Desista, Ava, ela não sentiu."

Os olhos azuis penetrantes da loira encontraram os avelã de Rey. Estava chocada, incrédula, não esboçou nenhuma palavra.

"Qualquer aprendiz meu teria desmaiado de dor!" Afirmou. "Não sei o que está acontecendo!" O líder supremo analisava a fala de Ava enquanto se magnificava com a reação de Rey.

"Kendrick!" Chamou. "A faça sofrer." Kylo levantou o olhar e fixou-o sobre Kendrick, ele não pôde evitar em perceber.

O jovem seguiu em direção a ela e quando chegou a cumprimentou com a cabeça. Ele esticou a mão direita em direção ao rosto de Rey e sentiu seu poder fluir por seu braço em direção a ponta dos dedos, mas quando chegou ao rosto de Rey, a garota não esboçou nenhuma reação.

"Incrível!" O líder supremo exclamou entre gargalhadas. "Incrível! Ela consegue persuadir a todos!"

Mais outros dois cavaleiros tentaram machucar Rey sem sucesso. Snoke se deliciava com as reações, a cada momento sua admiração pela garota crescia.

"Mera." Snoke então a chamou. Rey arregalou os olhos e o desespero começou a se formar em seu corpo. Uma liberação enorme de adrenalina e sua respiração acelerou.

Mera sorriu quando percebeu o olhar tenso de Kylo para ela, sabia exatamente o que ele estava pensando e Mera daria tudo para que Rey sofresse em suas mãos. Chegou até a garota e lhe sorriu. Posicionou as duas mãos em torno das têmporas de Rey.

A garota não expressava nenhuma reação enquanto Mera aumentava ainda mais a intensidade das investidas, já incrédula. Os raios que se formavam em suas mãos pareciam não surtir efeito nenhum sobre ela. Estava irritada, precisava tortura-la. Seu sangue fervia, sua jugular pulsava.

"Por que você não sente?" Ela gritou aumentando a intensidade. "Por que não sente?"

"Já chega, Mera." Kylo rosnou. "Não vai chegar a lugar nenhum."

A mulher se afastou abruptamente de Rey. Seus olhos estavam definitivamente envoltos por raiva, quase sem cor, brilhando.

"Não entendo, qualquer outra pessoa teria morrido! Eu coloquei todas as minhas forças!"

"Ora, não fique aborrecida, Mera, ainda temos Eslo!" Snoke tentava confortar Mera sarcasticamente.

"Não!" Ren gritou. "Já chega, vocês já viram, ela resistiu!" Ren fora segurado por dois de seus cavaleiros, estava desesperado, Eslo não resistia a ele, apenas, e suas habilidades eram incríveis, talvez fosse o fim de Rey.

Eslo sorriu ironicamente para Kylo, achava que era ele quem deveria estar em seu lugar. Seria um prazer torturar a garota pela qual seu mestre tinha tanto apresso.

"Com licença!" Eslo disse beijando a mão de Rey, ela a afastou rapidamente dos lábios do garoto. 
Eslo tocou em seu rosto e um fluxo de raiva entrou no corpo dela. A mão quente de Eslo fazia a face de Rey ferver, seus nervos pulsaram e ela podia sentir as investidas dele, assim como Kylo na interrogação.

O fluxo de dor lhe atingiu fracamente devido à resistência que Rey apresentava. Focava toda sua força no ato para impedir que Eslo invadisse sua mente. Estava funcionando.

Ela apertou os olhos e uma lágrima caiu de seu olho. Estava fazendo muita força até que caiu no chão quando Eslo parou. Abriu os olhos e o encarou. Ele estava furioso.

"Como consegue!?" Exclamou. "Ninguém nunca resistiu a mim!"

"Parece que perdeu seu posto, Eslo!" Exclamou sorridente. O rapaz o fitou e seguiu em direção a Mera. Eu não entendo. Sussurrou para ela . Eu disse a você! A moça respondeu.

"Parece que você resistiu a todos, Rey!" O líder supremo dizia andando em direção a ela. "Vamos ver se resiste a Kylo Ren."

"Não!" Kylo protestou. "Não estamos aqui para torná-la mestre, já lhe disse que ela resiste a mim!" Gritou. "Eu não vou tortura-la, Snoke!"

"Que pena, Kylo Ren." Deu de ombros. "Então parece que eu terei que fazer o seu serviço!"

"Não!" Ele gritou novamente e Rey se desesperou ao ver seu mestre sendo impedido por dois cavaleiros. O líder vinha chegando perto e então Rey sentiu seu pescoço ser envolvido pela mão fria de Snoke. Aquele toque a destruiu por dentro. A medida que ele a enforcava ela sentia sua cabeça formigar. Gritou.

"Parece que ela não é resistente a todos nós!" 
Snoke suspendeu Rey no ar, ela sentia sua jugular pulsar cada vez mais forte na tentativa desesperada de preservar a vida naquele corpo. A garota começou a se debater enquanto suas mãos apertavam os dedos de Snoke, tolice. Quanto mais força fazia para se livrar dele, mais ficava fraca. Ela se contorcia e Ren gritava ao fundo pra que Snoke parasse. 
"Ela não é forte o suficiente, não é mesmo!?" Snoke ria ao tortura-la.

Rey começou a ficar roxa, sentiu-se fraca, a vida se esvaindo de seu corpo. Seus olhos reviraram e ela estava mais pálida que Kylo. Rey já estava sem voz e mal se debatia quando ouviu Kylo gritar novamente. Os garotos não o soltavam e ele se debatia cada vez mais forte.

"Pare!" Gritou. "Por favor, estou implorando!" Estava furioso, não aguentava vê-la daquela forma. "Ela está morrendo, por favor, pare!!!"

"Quer que eu pare, Kylo Ren? Está preocupado agora?" O líder supremo arfou.

"Por favor!" Ele implorou.

"Por que se importa Kylo Ren? É só uma sucateira. Foi você quem disse!"

"Pare, por favor!" Exclamou, já sem forças. "Por favor." Começou a quase sussurrar.

"Por que Ren? Por que quer que eu pare?"

"Por que... eu.... por favor...."

"Diga!"

"Eu.... por que eu a amo! Eu a amo!"

A frase fez com que Snoke paralisasse e assim cessasse a tortura fazendo com que Rey colidisse com o chão. Não estava incrédulo, sabia que mais cedo ou mais tarde ouviria aquilo, e de fato o amor de Kylo Ren por Rey lhe interessava.

Os outros cavaleiros se entreolharam e depois seguiram todos a observar Kylo, não acreditavam no que ele dizia. Como poderia ele, um mestre, se apaixonar por uma mera sucateira? Paixões não eram permitidas no lado sombrio.

Ren correu em direção ao corpo de Rey encontrando seus olhos fixados sobre ele. Ela também não conseguia acreditar no que Kylo acabara de fazer. Disse que a amava para poupar sua vida. Mas por que?

"Você o que? A ama!?" Disse rindo. "Criaturas como você são incapazes de amar, Kylo Ren!"

Ren sacudia o corpo de Rey pra que ela reagisse melhor, estava fraca, desorientada, mas podia ouvir tudo o que diziam. Kylo pressionava seus dedos na artéria de Rey para sentir sua pulsação, respirou aliviado.

"Ela precisa de ajuda! Hux!" Gritou mas ninguém parecia ouvi-lo. "Ava! Chame Hux, agora! Eu preciso de Dorn." Gritou para Ava que estava paralisada, abalada com a situação, e então seguiu a procura de Hux.

"Acha mesmo que pode amar, Kylo Ren?"

"Não é Kylo Ren que a ama, Snoke!" Gritou. "Criaturas como Kylo são incapazes de amar, não é mesmo!? Não é o que me obriga a acreditar todos os dias? Estou apenas respondendo aos impulsos, líder supremo, como você disse para eu fazer." Fixou seus olhos sobre o líder. "Estou apenas ouvindo ao grito desesperado de Ben Solo. É ele quem a ama, é ele quem se importa."

"Ben Solo está morto!" Rosnou.

"Eu também acreditei nisso!" Riu ironicamente. "E olha só? Parece que não totalmente..."

Ren carregou o corpo de Rey desesperadamente em direção à entrada do grande salão, o deixando. Os cavaleiros se entreolhavam mas ninguém dizia nada. O Líder Supremo permaneceu parado analisando Kylo sair do salão.

Quando no corredor, Ren encontrou Hux parado o esperando sair, Ava estava ao seu lado ainda imóvel. Ren gritou perguntando o porquê de Hux estar parado alí, o ruivo lhe respondeu ironicamente que não estava lá para ajudar.

"Mais uma vez a sucateira?" Sorriu. "Incrível como ela está sempre se metendo em confusão."

"Rey! O nome dela é Rey!" Kylo rosnou.

"Que seja." Disse sorrindo. "Não vou mover uma palha, não colocarei minhas mãos sobre a sujeira dessa catadora de lixo!" Hux cuspiu a 10 do corpo de Rey, fazendo o sangue de Kylo Ren borbulhar. Lhe dessem apenas 2 segundos sozinhos com o general e não sobraria um fio de cabelo ruivo para contar a história.

"Desgraçado!" Kylo esbravejou. "Ava, por favor me ajude!" Kylo disse cordialmente, apenas Ava tinha sua consideração naquele meio de cavaleiros famintos por poder.

Ren correu em direção à ala hospitalar acompanhado de Ava e deixou Rey sob os cuidados da equipe de Dorn.

"Por favor, fique com ela, eu preciso resolver algumas coisas." Disse Ren para a loura. Ela assentiu e segurou forte na mão de Rey. Ele agradeceu pelo gesto.

"Ren eu não sabia." Ava começou a dizer desesperadamente, "por que tem que ser assim? Tínhamos tudo planejado, tudo seria do nosso jeito, e então Mera e Eslo tornaram-se contra os métodos e agora o poder do líder supremo só cresce."

"Ava, Ava! Pare!" Ordenou Ren enquanto segurava os punhos da moça que estava à beira de um ataque histérico. "Ava, se tudo sair do controle nós temos um ao outro, temos Kendrick também. Temos nossos aprendizes e Eslo é ruim mas não vai nos trair, não é como Mera!" Tentava lhe acalmar. "Tenta se focar agora, pelos poderes da força, Rey precisa de nós agora, precisa dos nossos cuidados." Ava ainda chorava mas sua respiração ia voltando ao normal. "Rey é incrivelmente habilidosa, você viu, Ava! Tê-la ao nosso lado muda tudo! Se precisarmos fazer alguma coisa pelo menos temos a certeza de que ela resiste à Mera, Eslo e os outros. E isso é ótimo. Confie Ava, confie!"

•••

Jakku, presente.
"Um quarto de porção." Unkar Plutt dizia arrogantemente para Kira e seus colegas que tinham passado um dia inteiro trabalhando para ele e lhe traziam especiarias. Kira viu a tristeza no olhar de seus colegas.

"Isso não vale um quarto porção!" Kira meteu-se a interromper."

"O que disse?"

"Semana passada o mesmo objeto valia duas porções inteiras!"

"Cale a boca!" Grunhiu.

"Quer nos matar de fome? Um quarto de porção para cinco crianças?" Unkar deu de ombros e então Kira pegou três porções que estavam dando bandeira ao lado de Unkar e saiu correndo gritando para que as outras crianças a seguissem.

"Garota!" Gritou Unkar. "Sigam-na e tragam-na para mim!" Ordenou seus capangas e eles o fizeram. Kira escondeu seus colegas de baixo de uma lataria abandonada no deserto e lhes distribuiu a comida.

"Se Unkar pensa que vai nos deixar morrer de fome e ao mesmo tempo nos explorar, ele está muito enganado!" Ela dizia com determinação.

O vento fazia com que a areia de Jakku invadisse qualquer local aberto do planeta. As crianças tentavam se esquivar e ignorar os grãos que caiam sobre a comida, era aquilo ou nada.

"Droga de areia!" Bufou. "Lá de onde eu vim era tudo verde, mal tinha areia!" Comentou. "Não vejo a hora de voltar..."

"Você acha que seus pais vão voltar, Kira?" Um de seus colegas perguntou.

"Claro que sim!" Abriu um sorriso. "E quando voltarem eu vou tirar todos vocês daqui e comemoraremos com um banquete! Eu tenho certeza que papai organizaria um banquete..." seu olhar caiu ao chão. "Ele deve estar tão desesperado me procurando que quando me encontrar a alegria será enorme... e sim, ele faria um banquete..." o sorriso de Kira se desfez em uma expressão triste. Ao mesmo tempo que tentava confortar as crianças afirmando que seus pais os tirariam de lá, Kira tentava se convencer a acreditar na própria história.

Na verdade, a última coisa que se lembrava era que sua mãe fora levada por uma nave parecida com as da Primeira Ordem, e nunca mais depois disso teve noticias dos dois. Não tinha certeza se eles estavam vivos. Mas, ao mesmo tempo, sabia que ainda tinha família em algum lugar no universo, só não sabia quem eram seus parentes, uma vez que Lor San Tekka fora morto pelo monstro da Primeira Ordem antes que ele pudesse lhe levar até sua vovó, e ela odiava aquele ser sombrio por isso, tinha certeza que se vingaria de Kylo Ren algum dia. Tinha certeza de que ele estava por trás do sumiço de seus pais. Mal sabia ela que...

Foi então que seus pensamentos foram interrompidos por uma mão bruta que a puxava pela túnica. As crianças gritaram seu nome e Kira fora levada pelos capangas de Unkar. Quando chegou até o local de trabalho de Plutt, fora recebida com tabefes e berros daquele ser asqueroso.

Kira ficou um bom tempo em poder dele, todos os dias levava uma surra e ficava sem comida. Nunca houvera sofrido tanto na vida, qualquer um desejaria não estar no corpo de Kira naquela hora, nem mesmo ela.

Pela primeira vez na vida a menina implorou aos céus que morresse, e esse pedido seria a sentença de morte de Unkar um dia. Quem dera pela força ele tivesse a sorte de no futuro não se deparar com o pai da garota pois, qualquer ser na galáxia jamais, em sã consciência, faria sofrer a filha de um homem como aquele.

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