História Tears Of The Spy - Problemas!

SHAIRA

Os olhos remelentos, por conta da noite de sono bem dormida, refletiam no espelho de um banheiro àquelas íris cor de mel. Ela mal sentia os ferimentos do dia em que descobriu algo que era praticamente impossível. Ou seja o dia anterior, a menina não podia acreditar que alguém teve a coragem de beijar seu vizinho nerd, tudo bem ele não era tão feio assim, mais também não era nenhum "Top model".

Ela não tinha certeza do local que estava, quando acordara o quarto parecia de um hospital, mas ao sair o lugar era semelhante a um centro de operações de telemarketing, como aqueles nos filmes aonde várias e varias pessoas atendem telefones. Enquanto Noah a levava ao banheiro muitos olhos passaram a encara os jovens, Shaira percebeu que muitos dos olhares eram direcionados ao nerd, talvez ali fosse uma reunião de nerds e o moreno fosse algum tipo de popular. Noah dizia para a mesma não dar muita atenção aquilo. 

 — Então... Não vai me contar o que aconteceu na sua casa? Porque aqueles caras estavam te perseguindo? 

 — Primeiro você precisa tomar um banho, limpar esses cortes. Aliás foi muito corajosa pulando daquele jeito. 

Ela fez uma expressão que dizia "estou sendo bajulada por um nerd" Sharia não quis continuar com as perguntas e apenas foi para o banheiro.

É assim que ela havia ido parar se olhando no espelho. O cômodo tinha um chuveiro e toalhas, parecia um banheiro de hotel o qual ela havia passado as ferias com seus pais quando era apenas uma criança. 

 — Aonde é que eu me meti? 

 Perguntou à si mesma ligando o chuveiro, sentiu toda a tensão se esvair com força, a água limpava não só seu corpo como a mente, doía um pouco por conta dos joelhos ralados e os leves cortes causados pelo vidro da mesa dos Smiths. 

 Shaira já estava achando ruim está naquela situação com o nerd que ela descobrira não parecer um menino tão certinho assim. Os cachos da morena derramaram uma boa quantidade de água quando ela os espremeu, como não tinha algo no que o prender apenas o ajeitou com as mãos deixando arrumadinho de alguma forma. 

 Suas roupas estavam acabadas, Shaira notou um pequeno armário ao lado espelho, sua expressão de surpresa era clara "como não percebi isso aqui quando entrei?" pensava. Curiosa a menina abriu umas das duas gavetas achando várias camisetas regatas, se pôs a vestir uma, ficava um pouco apertada e acentuava suas curvas, ela sorriu, gostou da roupa, terminou de vesti com a sua própria calça e o tênis converse sujo em seguida saiu do banheiro. 

 Foi surpreendida por Noah que parecia está a esperando do outro lado do corretor ao qual ela agora atravessava. Não pode deixar de reparar que ele também estava com alguns ferimentos leves, suspirou, Shaira só queria esclarecer aquilo e voltar para sua casa. 

 — Agora me conte. — Foi direta, não queria passar nem mais um segundo ali, queria ver seus pais, foi nesse segundo que percebeu que havia passado um noite fora de casa sem avisar, sua mãe a mataria com toda certeza. 

 — Siga-me. — O menino soltou um bocejo antes de andar sem olhar para trás e se certificar que Shaira o estava seguindo, ela deu passos apressados para alcançá-lo. — Para a sua infelicidade. Para a minha também, você foi me visitar no dia em que aqueles bandidos super treinados foram me matar. 

 — Eu não entendo. Porque alguém iria querer matar um nerd como você? Por favor seja mais claro nas suas explicações. 

 Shaira pode ouvir uma risada fraca do menino a sua frente. Um riso de escárnio, ele estava claramente zombando dela. 

 — Agora vem a parte incrível. Eu não sou um simples nerd, mais sim um jovem espião da corporação. Uma rede de espiões mundiais, meus pais sumiram e é por isso que eu estava indo para escola. Tenho que encontrar eles, aqueles caras da minha casa, eram a única pista. 

 Noah falava com uma calma. Parecia que já havia passado pela situação várias vezes. Shaira se manteve calada enquanto sua mente absorvia as informações. Seu vizinho e colega de escola era um espião. Eles andaram mais uns dez metros em silêncio naquele corredor de paredes brancas e várias portas. 

 — Você é um espião, mas aonde estamos? 

 — Na central da corporação. Aqui na nossa cidade. Temos que fazer um questionário sobre o que você viu e depois te deixamos na sua casa. 

 — Como isso funciona? Eu estou confusa. Não é todo dia que você descobre que é vizinha de espiões. 

 O menino parou de andar e se virou. Shaira percebeu que Noah não parecia mais um nerd qualquer, ele soltou um bocejo deixando claro o seu tédio. 

 — Vai apenas nos contar o que viu. É simples. Sem mentiras. 

 Noah rolou os olhos como se estivesse explicando quanto era um mais um. Shaira concordou com a cabeça. O menino abriu uma das portas, e fez um sinal para que ela entrasse no local. Suspirou fundo e entrou, o Smith fez o mesmo e trancou a porta ao passar pela mesma.  

NOAH 

Já era à quinta vez que sua vizinha relatava o que havia visto naquele dia. Nada demais. Somente os dois homens, nenhuma informação útil. Isso o deixava nervoso apesar dele não demonstrar, estava pensativo sobre o que podia ter acontecido com os pais. Eles eram os melhores espiões que Noah conhecia e não podiam ter sumido do nada, estava claro que alguém os raptara, porém o que lhe intrigava era o fato de quem quer fosse o responsável pelo sequestro ainda não havia entrado em contado. 

 — Então... Eu já posso ir? Juro que já contei tudo o que sei. 

 A voz de Shaira lhe tirou dos seus pensamentos. Sua parceira loira também estava ali. Sentado ao seu lado. Vestia um uniforme semelhante ao de Noah, camiseta preta com calças jeans escuras e coturnos nos pés, ambos tinham uma pistola presa em um coldre. 

 Eles se entreolharam. Chegaram em um acordo do que fazer em relação à Shaira em questões de segundos sem precisarem de falas. 

 — Está liberada. Dois agentes a levaram para casa. Devo dizer que não pode contar nada para ninguém, se não teremos que matar você e sua família.

O menino se levantou após a fala de sua parceira de trabalho. A loira repetiu o ato, Shaira estava sem falas pelo que tinha ouvido, Noah soltou uma risada rápida. 

 — Agora espere aqui querida. Os agentes logo lhe levaram para casa. Eu e Noah temos que trabalhar. 

 — Que seja! — Shaira respondeu cruzando os braços na altura dos seios. Noah percebeu a antipatia que a amiga sentia por sua vizinha. 

 Noah rolou os olhos. Tinha coisa mais importante à fazer, como por exemplo achar seus pais. 

 — Se perceber algo estranho, alguém com atitude suspeita, ligue para o número 5637 do seu celular. Guarde bem o número, talvez você precise. 

 Ele a avisou antes dele e sua parceira saírem da sala deixando Shaira sozinha. 

 — Eu estive pensando. Tem algo que não faz sentido. 

 — Eu também estive pensando, já sabemos que seus pais foram sequestrados. A questão é quem foi e por que ainda não se pronunciou pedindo resgate ou algo do tipo. 

 Eles andavam em direção ao quarto de Noah na sede da corporação. Todo os agentes disponiveis estavam à procura dos pais dele, porém os jovens preferiam conversar em um local reservado. Dois agentes como os pais do menino não sumiam do nada, ele tinha receio de haver um traidor entre a corporação. 

 — Durante todos esses anos meus pais acumularam muitas criminosos de dariam de tudo para ter os dois na palma da mão, mas algo me diz que não é só um simples sequestro por vingança, tem alguma coisa à mais nisso. Temos que descobrir qual era missão deles. — Os jovens dialogavam seguindo o caminho. Noah se calou um pouco tentando pensar em alguma de suas missões, ele nunca havia enfrentado algum bandido realmente importante, ou um dos mais procurados, logo o menino descartou a ideia que alguém queria se vigar dele. 

 — Eu tive uma ideia! — A loira se pronunciou. Não importava quantos anos ela morasse no país seu sotaque europeu sempre seria perceptível. Ele fez um sinal com as mãos para que ela continuasse. — Eu vou tentar descobrir qual era a missão de seus pais. Você checa a ficha dos caras que eles já prenderam. Descarte os menores, com certeza isso é algo de alguém grande. Coloque o comunicador no ouvido, será mais fácil de obtermos contado rápido. 

— Não se esqueça que eu sou o chefe aqui! — Noah deu um sorriso desdenhoso. Se despediu de sua parceira com uma rápido toque de mãos. 

 Já em seu quarto, Noah Smith olhava todos os arquivos de missões e bandidos que seus pais tinham investigado, prendidos e até os que eles haviam matados. Aquilo parecia não bater, já tinha descartado vários, mas nenhum batia com o que ele procurava, a maioria os estava presa ou morta. Os poucos livres não tinham poder para fazer aquilo. 

 — Vamos Noah. Você não é só um nerd. É um espião treinado para raciocinar e matar. É isso! 

 Ele não tinha que procurar alguém que queria vingança. O menino sentia que esse não era o objetivo do sequestro. Se o fosse seus pais já teriam aparecidos mortos. A idéia de os perder lhe causou arrepios na espinha. Noah se sentou na cadeira de rodinhas e fez um esforço para chegar até o computador na sua mesinha. 

 — E seu eu começar a procurar suspeitos não tão óbvios ao invés dos bandidos que meu pais prenderam. Talvez possa ser alguém da lista dos cem mais procurados pela Interpol. 

O menino digitava rapidamente. Seus olhos fixos à tela do aparelho, concentrado em descobrir tudo. Ele começou à ler a lista porém depois de uns minutos foi interrompido pelo seu toque de celular. Ele tirou o aparelho do bolso da calça, sabia que só podia ser problema, era o telefone que a corporação lhes davam, não era rastreável. 

 — Alô. 

 O menino disse rapidamente. Ele podia ouvir uma respiração forte, seja quem fosse estava com problemas. 

 — Noah? É você? — Ele reconheceu a voz de primeira, porém teve a certeza que era problema quando percebeu o tom choroso da menina. 

 — O que aconteceu? Me diga! — Ele já tinha se levantado da cadeira. 

 — Tem... Uns homens aqui, estavam armados. Eu e meus pais estamos escondidos num quarto secreto, mas não vai demorar para eles nos acharem! Me ajude por favor! 

 Era possível sentir o medo da menina somente por sua voz. Noah apenas confirmou que estava indo e desligou. Logo em seguida colocou o comunicador em seu ouvindo. 

 — Sophie! Você está ai? — Fazia tempo que não chamava sua parceira pelo nome — Temos um problema. Shaira disse que tem homens armados em sua casa. 

 Ele vestiu um colete à prova de balas por cima da camiseta preta. Sua pistola presa ao coldre pareceu mais pesada. Um sinal que ele a utilizaria. Correu para a sala de armas, pegando uma metralhadora e granadas além de munição. 

 — Já estou na frente do prédio te esperando! 

 Shopie o informou fazendo com que ele suspirasse aliviado. Correu para fora do prédio grande da corporação que ficava em um bairro pouco movimentado. 

 — Vamos rodar! 

 Gritou entrando na pickup escura. Sophie rapidamente ligou o carro e já dirigia em velocidade para a casa de Shaira. Noah se preparava para o pior. Suas armas estavam prontas, não havia tempo de avisar a corporação então era só ele e sua parceira. O menino pediu baixinho para que seus vizinhos ainda estivessem vivos.