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História Teenage Dream - Part I: I'ma get your heart racing


Escrita por: Nevaeh-

Notas do Autor


Hello, people!
Depois de muito tempo, aqui estou eu escrevendo sobre o meu crackshipp preferido de todos!
É (ou era pra ser) um two-shot clichezinho que eu nunca terminei, e acabei desenterrando esses dias por causa da linda da Archie-sama :3
O capítulo foi revisado e levemente alterado, mas nada que comprometa quem já leu.
Espero que gostem ^^

Capítulo 1 - Part I: I'ma get your heart racing


Fanfic / Fanfiction Teenage Dream - Part I: I'ma get your heart racing

A chuva tamborilava violentamente no teto translúcido do complexo esportivo, formando estranhas sombras nos corredores e assustando a única pessoa que se atrevia a transitar por ali àquela hora. Que dia maravilhoso pra uma brincadeira ridícula, murmurou a nadadora batendo os dentes, tentando disfarçar o barulho dos pés molhados enquanto se arrastava vagarosamente em direção ao clube de boxe.

Com certeza, aquele não era o melhor dia para Juvia Lockser. Estava molhada, com frio e sem roupas numa escola vazia, correndo o sério risco de ser suspensa e perder a vaga para o Interhigh... Mas, naquele instante, ela não se importava nem um pouco em ser pega; a única coisa que queria era algo quente para se enrolar. E um café, quem sabe...

— Senpai?

Deslizou silenciosamente a porta de madeira para o lado, sentindo o ar carregado de calor, tensão e suor preencher seus sentidos com uma alegria embriagante. Arrastou-se para dentro, ouvindo o barulho quase ensurdecedor dos golpes no saco de areia e, assim que seus olhos se acostumaram com a desfocada iluminação, teve certeza de que aquele não era o Natsu Dragneel que estava acostumada a ver pelos corredores.

Porque tudo naquele lugar cheirava a ódio. A frustração estava estampada nos olhos negros, intensos, semicerrados como se encarassem seu pior inimigo. Pensou em interromper, mas a sanguinária harmonia nos movimentos impensados atraiu a ex-delinquente a observá-lo mais um pouco.

Merda, merda, merda... Ele murmurava palavras desconexas, num tom de voz que, se não lhe provocasse arrepios, seria profundamente sedutor. A sede de sangue estava estampada nos socos certeiros, que forçavam as úmidas ataduras a se soltarem aos poucos das mãos calejadas. Em todas as vezes que pisara naquele lugar, era a primeira vez que Juvia o via tão desarmado. No que ele está pensando?

A perturbação de Natsu Dragneel lhe provocava imensa curiosidade. Vê-lo sem o sorriso perfeito, sem a raiva comedida e toda aquela capa de esportista perfeito, estudante esforçado e neto do diretor a atraía. As veias saltadas ressaltavam os braços bem talhados e formavam um charmoso caminho até as mangas da camisa branca colada pelo suor, evidenciando ainda mais as linhas perfeitas de seus músculos e a barriga sarada... Um sorriso duvidoso surgiu nos lábios da Lockser, e, por mais que não fossem pelos mesmos motivos, tinha que admitir: ele é realmente bonito como dizem por aí, não é...

— Natsu-senpai, – Juvia chamou mais alto, batendo a porta como se tivesse acabado de entrar ali, e finalmente atraiu a atenção dele – aconteceu alguma coisa?

— Oi? – Natsu interrompeu sua série de socos ao ouvir a conhecida voz suave, desfazendo as rugas que marcavam seu rosto e mostrando o sorriso habitual. – Não... Não é nada de mais. – respondeu, inconscientemente afagando os próprios cabelos enquanto observava Juvia aproximar-se. Uma enorme mentira, ele sabia bem, mas àquela altura já estava tão acostumado a repetir aquilo que os olhos inquisitivos da kouhai não o incomodavam tanto. Não tinha intenção de falar de sua vida para alguém no momento, então tratou de mudar de assunto, questionando-a no motivo de sua molhada presença enquanto se aproximava das grades de proteção do ringue – Vai querer carona, é?

— Também... – ela sorriu, dando de ombros num gesto minúsculo, com os braços cruzados em volta dos seios e um sorriso trêmulo nos lábios já quase azuis. Ele deslizou calmamente por entre os elásticos, saltando para o lado dela e encarando seus olhos azuis com curiosidade – Primeiro preciso de uma roupa. Tem alguma para me emprestar?

— Você chegou aqui assim? – o Dragneel perguntou automaticamente, arqueando a sobrancelha assombrado. Juvia revirou os olhos em resposta, dando um tapa fraco na testa molhada e rindo uma gargalhada gostosa, com leves toques de sarcasmo...

Que ele ignorou completamente, murmurando um nossa, você está gelada assim que a tocou. Natsu envolveu-a num abraço lateral, tentando aquecê-la minimamente enquanto caminhavam pela sala repleta de tatames até o armário de suprimentos. Mesmo que ela quisesse ser irônica, as mãos geladas e o tremor do corpo pequeno a tornavam menos agressiva que um gatinho e, de certa forma, o faziam sorrir também.

— Claro que não, idiota. – Você me viu hoje mais cedo, que pergunta... Trocaram olhares, sorrisos tímidos num mesmo acerto silencioso, mas agora não tinha mais certeza nenhuma de que ele realmente a vira; talvez até fosse melhor assim.  A ex-namorada de Natsu e suas amigas do clube de teatro já a infernizavam pelo seu antigo crush, não queria piorar tudo sendo a nova “melhor amiga” do lutador bonitão e popular. – Não sou tão doente como dizem por aí, tá?

E Natsu devolveu imediatamente o sorriso, jogando a toalha sobre os cabelos molhados e fazendo menção em secá-los, num afago um tanto quanto bruto. Não costumava prestar atenção em boatos, mas problemas anteriores com a Phantom Lord o obrigavam a mantê-la sob seus olhos. E, em meio a mãos geladas e caronas pedidas na calada da noite, ela se mostrou estranhamente surpreendente. Uma tatuagem de guarda-chuva no pé esquerdo, um maiô sempre molhado e um silêncio suave, reconfortante como a ondulação dos seus pés na piscina. Sem perguntas, sem cobranças, nem aquela curiosidade própria das suas amigas, apenas a segurança que o silêncio dela lhe provocava.

Recebeu um meneio de cabeça como forma de agradecimento, seguido de um sorriso gentil, e sua kouhai foi se sentar próxima ao aquecedor, num ponto mais distante da sala. O rebolado lento e sensual dos quadris moldados pelos anos de natação e o movimento suave dos seios grandes, notáveis mesmo com o maiô negro apertado, o fizeram suspirar.  Não tem nada de estranho nisso... Daquela maneira, observando-o de soslaio como se soubesse o que pensava, Juvia não parecia nada com os boatos de delinquente e maníaca perigosa. Maliciosa talvez, mas perigosa...

Não, não eram amigos nem nada parecido. Completos estranhos seria o termo correto – o Dragneel era um dos ditos populares, mesmo que não se orgulhasse disso, enquanto Juvia permanecia sozinha na sala na hora do almoço. Mas, quando todas as luzes se apagavam e não havia mais ninguém para observar, encontravam-se novamente nos muros do colégio. Sorriam, trocavam provocações, favores e caronas, num eterno e implícito acordo de que cobririam as mentiras um do outro para que aquele tempo de paz permanecesse intocado.

— Não tenho nenhuma roupa aqui, mas pode usar o meu casaco, se quiser... – disse Natsu, tentando controlar o nervosismo com o seu sorriso habitual e estendendo o casaco vermelho estampado com o símbolo da Fairy Tail a Juvia. Ela sorriu levemente, agachando-se à frente do aquecedor e observando tediosamente uma mariposa, que caminhava suavemente sobre a luz alaranjada. Ele repetiu o gesto, ficando próximo a ela o suficiente para sentir a toalha molhada e a pele ainda gelada do braço, e tentou parecer desinteressado, desfazendo as ataduras já frouxas de suas mãos. – Mas, afinal, o que aconteceu com a sua farda?

— Bem... – ela suspirou, passando os dedos nos próprios cabelos enquanto encarava a linha tênue dos lábios dele com certa curiosidade. Por mais que ali houvesse um sorriso, o cansaço e a leve preocupação estavam perfeitamente estampadas no rosto brilhante de suor, o que tornava Natsu um pouco mais humano... E, com certeza, mais bonito. – Se eu te disser que roubaram, você acredita?

Juvia fez menção em sorrir, pronta para dizer que era apenas uma brincadeira – embora não fosse –, mas a expressão do Dragneel se tornou tão grave que seu sorriso morreu antes de chegar aos lábios. Tinha que admitir, não era uma brincadeira das mais engraçadas, mas já vira dias piores, por isso um uniforme de ginástica magicamente desaparecido não a afetava tanto... Um boato a mais não faria muita diferença para a sua excelente reputação.

Mas, para Natsu, aparentemente desacostumado com aquelas falsas brincadeiras, era inacreditável. A ingênua presunção do Dragneel, de que nada de mau aconteceria com os amigos dele, a fazia sorrir... Mas, apesar de lindo, era igualmente idiota. Em que mundo você vive pra achar que o seu nome protegeria alguém, senpai?

— Por quê? – a atadura estalou com força no tatame, atraindo a atenção dos olhos azulados; a expressão surpresa e raivosa de Natsu forçou-a a conter um sorriso, deixando-o ainda mais ofendido.

— A sereia de Phantom Lord. – ela explicou, suspirando, como se fosse algo óbvio. As marcas de sua antiga escola jamais sairiam, sabia bem, mesmo que deixasse os cabelos crescerem, parasse com a maquiagem escura e usasse roupas folgadas. A Fairy Tail jamais esqueceria a derrota de seu glorioso capitão de natação na disputa mista do Interhigh do ano passado... Nem do sorriso deslumbrado com que ele cumprimentou a campeã. – As pessoas guardam rancor por coisas bobas, senpai.

— Você sabe quem são, não é? – Natsu perguntou com um sorriso que nada tinha de amigável, comprimindo os punhos com força até que estalassem. A sensação era de que ele iria bater em alguém naquele instante. – Diga os nomes e eu-

— Você não vai fazer nada, baka senpai. – ela lhe deu um peteleco fraco, quebrando a concentração e desfazendo as pequenas rugas na testa do Dragneel. – Qualquer coisa que você fizer só vai piorar tudo. – E, mesmo que suas próximas palavras fossem dúbias e até um pouco maldosas, Juvia resolveu brincar um pouco com o senso de heroísmo de Natsu, retirando os cabelos rosados do rosto dele e completando – E, além disso, não são pessoas com quem você poderia lidar.

— Está duvidando da minha força? – ele questionou-a com desprezo, afastando as mãos dela num movimento brusco e cruzando os braços sobre as pernas numa ameaça silenciosa. Poderia muito bem se livrar de qualquer problemático da Fairy Tail por ela, bastava ter os nomes; não conseguia entender por que Juvia insistia em manter aquele ridículo silêncio.

Mas de nada adiantaria a sua ajuda, idiota. Juvia pensou em dizer, mas simplesmente tocou o punho dele com a mão gelada, sorrindo, e dissentiu com a cabeça, caminhando sozinha até o ringue principal.

— Sei muito bem me defender sozinha, Natsu. – disse num tom levemente sarcástico, deslizando por entre as cordas de suporte como se não fosse nada. Os olhos vibrantes do Dragneel observavam-na curiosos, num misto de irritação e desejo. – Afinal, uma vez fantasma...

— Então por que não faz alguma coisa, senhorita sereia fantasma? Já que você é tão boa... – Natsu ironizou, pronunciando o apelido com um prazer maldoso, com a ofensa tornando o brilho dos olhos negros ainda mais intenso. O nome da sua escolinha de merda não me diz nada, tampinha. Aproximou-se, segurando Juvia pelo queixo e observando-a com o mesmo olhar ameaçador que ela presenciara momentos antes. E, com o desprezo reservado aos seus inimigos, sorriu e disse – Você não parece nada intimidadora desse jeito.

— Porque não quero. – ela retirou a mão dele de seu rosto, nem um pouco intimidada com a aparente ira do Dragneel, e caminhou pelo ringue, exibindo um sorriso presunçoso nos lábios – Tenho uma promessa a cumprir... – suspirou, vendo-o apoiar a cabeça nos braços sobre a grade elástica e observar curioso os seus dedos ajeitando o maiô na curva da bunda – Preciso continuar até o Interhigh antes de me resolver com aquelas putas de uma vez por todas. — soltou o maiô num estalido violento, sem se importar com o leve ardor que permanecera em seu quadril.

Só mais um pouco... Uma semana, um primeiro lugar e estaria livre para se vingar de cada uma das garotas do fã-clube do capitão Fullbuster. E talvez dele também, quem sabe... Retirou o casaco de Natsu, colocando-o sobre uma das grades, e esticou-se delicadamente, alongando os músculos ainda rígidos pelo frio e sentindo o olhar especialmente duvidoso de seu senpai.

Natsu não poderia fazer nada por ela, afinal, eram as amigas dele que estavam provocando-a daquela maneira. Lisanna, Lucy, Cana, Mirajane... Tudo porque se aproximara do capitão do time de natação na hora errada, por ter sido mais uma das novatas iludidas por um falso príncipe. Mas toda aquela história não tinha nenhuma importância; não podia ser suspensa, queria muito ver Gajeel. Para isso, mais uma semana em silêncio não era nada.

— Mas, pelo visto, você não confia nas minhas habilidades... – ela sorriu, prendendo os cabelos num coque alto, com o olhar fixo nos olhos negros. Me subestima, como todos os outros. Estendeu o dedo indicador, tocando o peito do Dragneel num tom acusatório, e perguntou – Que tal um teste?

— Não luto com-. – Natsu preparou-se para negar, vendo o ar de divertimento estampado naquele sorriso duvidoso, mas praticamente não conseguiu desviar do chute alto que se seguiu – Tá doida, garota? Imagina se isso me... Oh.

— Ainda acha que eu chorava e os outros brigavam por mim, Natsu? — a Lockser fez sua melhor expressão indefesa, colocando as mãos para trás e sorrindo meiga, fazendo-o arquear uma sobrancelha e soltar uma gargalhada levemente irônica.

Lendo pensamentos, por acaso? Mal conseguiu se recuperar do ataque surpresa e ela investiu novamente, com um gancho de esquerda. O estalo da mão dela na sua foi alto, mas estava mais entretido com a respiração dela tão próxima ao seu pescoço e com as curvas evidentes no maiô colado… Uma distração maravilhosa, devia admitir, mas a petulância dela era grande demais para ser ignorada.

— Tente me derrubar, então. – Natsu sorriu, batendo a mão no bíceps contraído como uma provocação. Após adversários muito mais ameaçadores, aquela pequena gatinha não o assustava nem um pouco… Mesmo que o modo que ela lhe sorria fosse oblíquo demais para passar despercebido.

Convencido demais... A Lockser revirou os olhos, rapidamente focando na desleixada figura do lutador à sua frente. Não fazia questão alguma de quebrar aquele tenso contato visual, o tom jocoso dos olhos negros provocava divertimento em Juvia; e, antes que ele pudesse montar qualquer postura defensiva, acertou-o com força no osso do ombro esquerdo.

Natsu desequilibrou um passo, afastando com mais força do que gostaria a pesada mão da nadadora, quando quase foi atingido por dois golpes em sequência, um no pescoço e um no estômago. O estalo das pernas em suas mãos fez Natsu sorrir – como se não fosse nada, segurou com mais força as panturrilhas dela, que apoiou as mãos no chão por reflexo antes de ser erguida pelos tornozelos e ficar completamente de ponta-cabeça. E então, tampinha? Juvia fez menção em protestar, certa de que ele a derrubaria, mas a brincadeira estava apenas começando para Natsu.

Assim que sentiu as mãos dele soltando seus calcanhares, um grito ficou entalado na garganta da Lockser, mas imediatamente sentiu os braços dele prendendo sua cintura.

— Você quer me matar? – Juvia deu um soco na perna dele, ouvindo seu coração bater violentamente nos ouvidos, e tentou se libertar daquele abraço doente... Mas ele ostentava um sorriso estupidamente vitorioso nos lábios. – Qual o seu problema?

Ele não respondeu, estava ocupado demais num conflito interno entre olhar e não olhar o quão perto estava dela; a visão do maiô desenhando-a daquela maneira era tentadora demais para que seus olhos pudessem ignorar, então deixou de lado por um instante a sua adversária... Até sentir os dedos gelados deslizando lentamente por sua barriga, puxando o elástico da calça de moletom e da boxer e dando a ela a privilegiada visão da linha marcada do seu quadril. Natsu estremeceu assim que o hálito quente se chocou com a pele subitamente nua, e um indiscreto desejo percorreu seus pensamentos, mas, antes que seu corpo correspondesse devidamente, o estalo do elástico na pele o despertou.

Ela está apenas jogando. O desapontamento pegou de surpresa o Dragneel; aquilo não era nem de longe o que ele queria que fosse. Desceu-a ao chão, vendo-a usar as mãos como apoio e se levantar com uma ponte, lhe dirigindo um olhar carregado de malícia. Mantenha o foco, ela só quer te provocar.

— Te machuquei? – a Lockser perguntou, já próxima o suficiente para notar o tímido rubor no rosto do lutador. O olhar dele vacilou pela primeira vez naquela noite, tentando ocultar o desejo estampado nas pupilas dilatadas. E Juvia, aproveitando-se do momento de insegurança e da curta distância, abaixou-se para simular um beijo exatamente onde o elástico o atingira – Um beijinho e passa...

— Golpe baixo, garota… – Natsu murmurou desconcertado, dando inconscientemente um passo para trás e ganhando um sorriso vibrante como resposta. Era um predador nato, mas, acorrentado pelos elásticos de proteção, sentia-se uma presa, refém daquele olhar oblíquo, atraente, que o envolvia como uma música particular. Em questão de força, Juvia era um oponente insignificante, mas...

— Não disse que jogaria de acordo com as suas regras... – ela sorriu maldosamente, batendo a mão no ombro do Dragneel como quem consolava uma criança derrotada. E, mesmo que esperasse uma represália, mal conseguiu sentir o momento em que ele agarrou seu braço e o imobilizou contra as costas. Olha...

— Se é assim que você quer... – o Dragneel respondeu no mesmo tom maldoso; um gemido baixo escapou dos lábios dela como reclamação ao movimento brusco, mas ele continuou comprimindo seu braço com força.

O som, suave e erótico, distorceu suas futuras provocações, transformando-as num incômodo desejo que já dava claros sinais. Capturara a sereia, aprisionando-a em seus braços, mas mal conseguia perceber que era ele quem se envolvia nos encantos dela. Aproximou-se um pouco mais, permitindo que o cheiro de cloro e shampoo de morango se embrenhasse em seus sentidos, e sentiu a pele morna arrepiar-se ao calor de seu corpo… E a própria pele eriçou-se assim que a mão livre dela tocou sua perna, numa carícia repleta de segundas intenções.

— Está com frio, senpai? Está arrepiado...

Um toque sutil, que lentamente subia pela perna, e Natsu já queria abandonar toda aquela porcaria respeitosa de honoríficos… Ela está só me testando ou…? A expressão desentendida no rosto de Juvia  ao questioná-lo o irritava, ainda mais quando mal conseguia esconder sua crescente atração pela kouhai. Desejava-a. O braço imobilizado estava frouxo, mas Natsu não se atreveu a soltá-la completamente, temendo que a oportunidade se encerrasse com o fim daquele contato.

Porque não sabia até que ponto aquilo era um jogo ou uma provocação. Era lento demais para saber com exatidão o que aquelas entrelinhas significavam; era o cara que só tinha boxe na cabeça, e nem metade da sua fama de pegador era real. Não queria que aquilo terminasse antes mesmo de começar; não queria pedir desculpas, pois nada realmente sensato passava por sua mente para justificar ou esconder sua excitação, visível sob as calças de moletom. Soltou-a lentamente e o sorriso da Lockser aumentou um pouco mais; a malícia com que ela lhe olhava de canto o fez correr o risco.

E, involuntariamente, Juvia fechou os olhos ao sentir os dedos dele afastando o cabelo do seu pescoço. Estava perdendo o controle da situação; teve certeza disso quando os lábios dele tocaram sua nuca e uma das mãos pousou levemente em seu ombro. Tomou, então, a mão dele na sua, trazendo o braço dele sobre seu ombro e, antes que Natsu tivesse chance de reagir, girou-o por cima da cabeça e atirou-o no chão.

— Game over, Natsu. – anunciou com um sorriso duvidoso nos lábios, colocando um dos pés sobre a barriga dele e mostrando um v com os dedos.

Não sabia mais qual a sua intenção com tudo aquilo, mas não podia ignorar seu coração batendo rápido e a vontade cada vez maior em seduzi-lo. O jogo havia acabado, mas a última coisa que ela queria era ir embora. Natsu sorriu, passando a mão nos cabelos, e ela involuntariamente mordeu os lábios; era impossível não notar o quanto ele estava excitado e, mesmo que aquilo não estivesse nos seus planos, a visão era tentadora. Então, fez questão de esquecer-se das amizades problemáticas que ele tinha e do problema que aquele homem poderia causar, sentou-se sobre a barriga sarada e passou a amarrar o cabelo tranquilamente, como se aquilo não significasse nada.

Perto. Natsu suspirou pesadamente com a expectativa, levando as mãos às coxas dela e apertando-as com gosto. Sua mente, já nublada pelo desejo, esqueceu-se de onde estava e de quem era. O entorno perdeu foco; estava entretido demais observando de camarote aquela cena no mínimo erótica. A aparência inocente que Juvia insistia em manter sumira em meio a cabelos bagunçados e um olhar de desafio, que mesclava arrogância, medo e desejo; tinha vontade de esfregar na cara dela que conseguira arrancar aquela máscara de garota boazinha, mas não tinha certeza que a sua, de cara legal e certinho, ainda estava de pé. Porque tudo o que fez foi agarrar a bunda dela com tudo e colocá-la exatamente onde queria que ela estivesse, fazendo questão que Juvia sentisse o quanto estava duro por causa dela.

Para Natsu, não havia mais nada. Apenas ele e Juvia, numa brincadeira que nada tinha de inocente. Ela colocou os braços ao lado do seu rosto, ficando próxima o suficiente para sentir a densa respiração do Dragneel, e mordeu os lábios como se ainda pensasse na possibilidade. Mas, mentirosa, tudo o que queria era observar Natsu suspirar, surpreso e desejoso, enquanto movia lentamente os quadris.

— Essa sua falsa indecisão vai demorar quanto tempo? – Natsu sorriu, colocando uma das mãos nos cabelos dela e roçando os dentes no pescoço agora exposto, e os olhos antes tensos com o ambiente se cerraram em deleite.  – Nós não temos tem- – foi interrompido de forma brusca, com a mão dela sobre sua boca, assim que um filete de luz surgiu da porta entreaberta.

— Alguém aí?

A forte lanterna percorreu o ambiente semi-iluminado com desinteresse, como se a pergunta houvesse sido jogada ao ar. Ninguém respondeu, assim como era esperado; mas, se a pequena guarda tivesse olhado com mais atenção, veria uma mão puxando com força o casaco do time de uma das grades do ringue. Não podiam ser pegos; o avô de Natsu era especialmente rigoroso com relação ao neto e Juvia, bem, o seu histórico dizia tudo.

Seguiram a pequena guarda noturno com os olhos, enquanto pensavam nas melhores mentiras para estarem no clube à noite – juntos, ainda por cima. Natsu conseguia sentir a tensão nos olhos e no corpo de Juvia, que abraçava o casaco com mais força do que deveria, mas aquilo não o incomodava. Muito pelo contrário. Seus olhos inconscientemente se desviavam da forte lanterna aos olhos azuis, e ele possuía um estranho sorriso nos lábios que nem o suspense de ser pego conseguiu arrancar. Era a primeira vez que Juvia estava tão próxima de ser pega – e, mesmo que isso significasse ter alguns problemas para ele também, Natsu não conseguia deixar de achar bonito o jeito que ela mordia os lábios e arregalava os pequenos olhos azuis.

Mas, ao contrário do que gritavam os óbvios pensamentos de Juvia, a mulher simplesmente se espreguiçou. Jogou a toalha nos olhos entre um bocejo e outro, praguejando o maldito aluno que interrompera seu sono e abandonara aquela bagunça ali, e finalmente desligou o aquecedor. E, quebrando a tensa concentração da Lockser, Natsu se aproximou do pescoço exposto e, aproveitando-se do frio que começava a invadir a sala, sussurrou para que ela o acompanhasse. Ela vestiu o casaco do time e fitou-o em busca de uma confirmação; seus dedos, então, se entrelaçaram aos da Lockser e, enquanto a mulher caminhava em volta do ringue numa última checagem, eles se esgueiraram da forma mais silenciosa possível até a porta.

E, então, correram.

Passos e risadas eram abafados pela chuva intensa; sentiam-se ninjas, espiões ou algo ainda mais fantástico enquanto escapavam de lanternas e tropeçavam em meio ao piso molhado. E, mesmo que a chuva a congelasse por dentro, Juvia nunca havia percebido o quanto as mãos dele eram quentes. Natsu era quente, um interessante contraponto que a instigava a querê-lo. Se Natsu não tivesse amigas tão problemáticas, se não fosse tão próximo do capitão, se não existissem tantas coisas… Adoraria se apaixonar por Natsu Dragneel, mas isto não era possível.

E, pulando às pressas o muro lateral como sempre fazia, o sorriso dela lentamente desapareceu e o mundo ganhou o ar cinza da despedida. Juvia olhou para as mãos, desapontada com o calor que aos poucos se esvaía; aquele estranho jogo havia acabado, e era hora de voltar para o inferno. Não esperou que ele alcançasse o topo da árvore e saltasse o muro; começou a andar de volta para o dormitório batendo os dentes e, lembrando-se que não tinha chaves nem sapatos, revirou os olhos.

Não quero voltar pra casa, murmurou para si mesma, pensando nas cobras que com certeza a aguardavam e na confusão que estar vestida com aquele casaco causaria. Aquela seria a prova de qualquer coisa que não aconteceu, o que a fez secretamente desejar que tivesse acontecido. Mordeu os lábios, degustando por um instante o e se que surgira em sua mente, e olhou para trás; parado na chuva de braços cruzados, com o mesmo ar de desafio e voz rouca, Natsu aguardava.

— Essa sua falsa indecisão vai durar quanto tempo?


Notas Finais


Então, pessoas, espero que vocês tenham gostado.
Apareçam aqui nos comentários! Digam olá, perguntem coisas, critiquem ou digam aquele clássico 'amei, continua'... essa pessoa enroladíssima vai amar responder cada um.
Ah, ainda não escrevi o próximo capítulo, mas qualquer dia desses sai. :P
Bem, é isso. Até mais ^^


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