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História Tela em Branco - Acho que... os lábios dele já desabrocharam...


Escrita por: alien_rosa

Notas do Autor


Olá pessoal!!! Tudo? Estou purpurinada de felicidade!!! Sabem por quê? Chegamos em mil acessos!!!!!? Nunca, nunca, nem em minhas fantasias havia pensado que isso ocorreria...bom, para dizer a verdade, não imaginava que minha história chegaria em dez capítulos...tudo muito novo para mim. Então, muito obrigado a todos vocês por termos chego juntos até aqui!!!! PARABÉNS PARA NÓS, NESTA DATA QUERIDA...
Dedico este capítulo então a todos...aos que me ajudam com informações, aos que me ajudam e me apoiam em seus comentários, aos meus 46 favoritos, e aos meus fantasminhas leitores...Alien rosa ama todo mundo!!!!!
Em ritmo de comemoração, um capítulo soft...
Boa leitura

Capítulo 10 - Acho que... os lábios dele já desabrocharam...


Fanfic / Fanfiction Tela em Branco - Acho que... os lábios dele já desabrocharam...

Narr: Eren

 

Após o término da aula voltei para casa como sempre, caminhando. O trajeto leva em torno de uns vinte minutos em passos lentos... então, é perto. O bairro residencial de classe alta é bem tranquilo. A maioria dos moradores passam o dia longe de suas casas, em seus trabalhos. Idosos e crianças são poucos, que quando os vemos, é em uma praça, bem arborizada que fica a algumas quadras.

Gosto daqui.

 Decidi não ir à biblioteca hoje, esta manhã foi bem cansativa e atípica... A situação do Levi me deixou preocupado.

 Aliás, quando que comecei a me interessar tanto por uma pessoa?

Isso é estranho... todas elas  passam por mim e são iguais... todas cinzas. Não  me entenda mal, não é como se eu fosse melhor que todas pessoas do mundo...ao contrário, talvez seja um dos mais inúteis possíveis, mas as pessoas em geral...não me atraem. Vivem suas vidas, ou melhor, passam pela vida, sem acrescentar nada. As mesmas rotinas, as mesmas conversas, os mesmos desejos, os mesmos objetivos, os mesmos pensamentos. Tudo girando em torno de um mundo onde o ter é fundamental, e o ser deixou de existir.

Por isso que gosto de animes. Neles, o mundo, os personagens são mais humanos do que os humanos reais.

Não que não goste de pessoas, não tenho nada contra, mas nem a favor...

Mas... Levi não...

Ele é diferente...

Ele é colorido...

A única coisa cinza em Levi são seus olhos.

Mas mesmo sendo cinza, é um cinza não cinza. Sei lá, é um cinza diferente...  que olhos!

Com inúmeros tons de cinzas, que uma paleta de tintas não daria conta de representar tantos tons...

Ele não é um simples humano... ele, é diferente...

Tem algo nele que o deixa especial.

Bom, se este mundo chato fosse um anime, diria que ele é um extraterrestre, uma divindade, um akuma, um shinigami, ou simplesmente e o cara predestinado em profecias muito antigas que iria salvar o mundo, e Tokyo! Lógico, sempre Tokyo!

 Ele parece este tipo de personagem de shonen... kkkk

Mas tirando minhas divagações de lado, acho que deva ser normal me interessar nele...

Ele é...  um amigo...

Amigo?

Tomodachi. Sempre escutei esta palavra nos animes e nunca  me trouxe o menor sentido. Tipo: os caras lutam, morrem, sofrem, choram, por um... amigo... Amigo? Acho que, o mais perto de uma amiga que tive  foi...  minha mãe...mas isso já foi...

Então, amigo?

Será que o Levi também me considera seu amigo?

Mesmo que, eu não sei muito sobre ele... será que podemos ser amigos sem nos conhecer? Hãaa... talvez isso ocorra por que até então ele era apenas o cara que está me ajudando com História... mas, em que momento isso começou a mudar para mim? Em que momento ele ficou colorido?Em que momento o cinza dele ficou um cinza diferente?

Será que o Levi quer ser meu amigo?

Mas, a grande pergunta é:

 

Porque quero fazer dele meu amigo?

 

 

Bom, Levi é um cara legal... é diferente de todo mundo...

Ele é inteligente.

É atencioso, apesar de meio ríspido com as palavras...

Sempre está me criticando, me chamando de idiota, burro, criança... e outras palavras que não entendo...

Briguento, sei lá no que ele se mete, e desrespeita os professores...

Misterioso... nunca sei o que está pensando...

 

 

Então: por que quero ser amigo dele?

 

 

Haaa...  por que, por que...  sinto... que nada disso é o Levi. Levi é algo mais...

Nada disso é importante...

Por que o Levi é um cara diferente...

Não... diferente não é bem a palavra... apesar que, a forma como ele se veste destoa de todos na sala. Não, da escola! Ele é descolado... maneiro...

Apesar de ser baixinho... mas, até isso é legal nele... kkkkk.

Combina com seu ar sério e rebelde?

Sério e rebelde?

Existe isso?

Existe.

Levi ...

Contraditório, mas parece assim...

Então, se a palavra que o define não é diferente, qual é?

Bonito!

Ah! Isso sim...  ele é bonito. Não, ele é muito bonito.

Estranho um garoto ser bonito, mas ele é...

 Poderia ser uma garota de tão bonito!

 

Não...

 

Não poderia ser uma garota!

 Levi não é nada feminino, ao contrário, ele é bem masculino... mas, é de uma masculinidade com traços delicados, e ao mesmo tempo fortes, duros... e suaves?

É uma composição contraditoriamente perfeita. Tudo combina nele.

Se não fosse seu tamanho, kkkkk... poderia ser modelo... bom, de desfile não dá, mas modelar  para catálogo, artístico... para alguém pintar... Daria uma ótima pintura.

Gostaria de pintá-lo...

Seu tamanho, seus cabelos, suas roupas, seu jeito de ser e falar, seu rosto, seus olhos, sua voz, sua boca...

Aliás, sua boca...

Nunca tinha parado para reparar como uma boca pode ser bonita!

Já havia percebido como seus olhos são profundos, e seu meio sorriso é contagiante... mas, não havia reparado como os traços de sua boca... são diferentes...  bonitos.

 

 Muito bonita... mas, o que faz dela tão bonita?

O QUE FAZ UMA BOCA BONITA?

Me perco em meus pensamentos e quando dou por mim, já estou na esquina da minha casa.

O QUE FAZ UMA BOCA BONITA?

Esta pergunta reverbera em meu cérebro...

Pego  as chaves da casa dentro da mochila. Abro o portão e após caminhar o pequeno trajeto do jardim da frente, chego à porta. Antes de abri-la, viro-me de costas e olho as floreiras que a Teresinha persiste em dedicar-se em seu tempo livre.

São floreiras verticais que costeiam em ambos os lados da passagem de cerâmica. Teresinha encheu estes com gérberas. Ela sempre diz que gérberas são flores chiques... apropriadas para a casa de um promotor.

Lógicas da cabeça de Teresinha...não existe nada de mais em ser um promotor...

As flores estão começando abrir, revelando seus botões de cores e tonalidades variadas. Quando desabrocharem, vai ficar muito bonita a entrada da casa...

Bonitas...

Como estou usando esta palavra ultimamente!

Parece que estou conseguindo captar mais onde há coisas belas...

Quando me tornei tão consciente de beleza? Isso... até parece meio fútil...

 

Não sou fútil.

Não sou como as pessoas em minha volta.

 

Não sou fútil. Tenho certeza! Mas... as coisas belas recentemente  vem me  chamando atenção...

Até por que o belo, não é cinza...ou é?

 

Fico pensando: flores quando desabrocham ficam bonitas, mas... e bocas?

Lógico que não desabrocham... não são flores...

Mas então, por que em algum momento elas ficam bonitas?

Ou será que desabrocham?

 

Entro em minha casa. Jogo minha mochila no sofá e sento ao lado desta. Nisso, Teresinha que está na cozinha, escutando meu barulho, aparece na sala.

-Boa tarde Senhor Eren, chegou cedo em casa!?

-Olá  Tê, sim, vim logo depois que terminou a aula...

-Sei... não quis ficar na biblioteca desenhando?

-Não Tê, tô cansado hoje... e com umas coisas na cabeça...

- Coisas na cabeça? Problemas menino?

-Não... não, é bem um problema...  -nisso, concentro meus olhos a realmente olhar para a mulher que está em minha frente.

Estatura baixa, meio gordinha... com aquele quadril largo. Sua pele não poderia ser definida como branca nem negra. Olhos escuros, usando uns óculos torto, que algumas décadas atrás  esteve  na moda... e sua boca possui lábios grossos, levemente corrugados pela idade. Teresinha não usa maquiagem, mas percebo que suas sobrancelhas são diferentes, como tatuagens. Meio esquisitas, diga-se de passagem...

 Os sinais dos anos já se evidenciam pelas marcas nos olhos, testa e nas laterais da boca.

- Tê, qual a sua origem?

-Como?

-Sua raça. Quer dizer, desculpa, não quis ser intrometido, mas é que fiquei na dúvida sobre seus pais...

-Háaaa... sem problemas menino Eren... -vejo Teresinha se aproximar de mim, e sentar-se em uma poltrona de um lugar. - Minha mãe era índia e meu pai negro...

-Então tu és a mistura dos dois?

-HAHAHAHAA!!!! Isso aí, cara de um e fucinho de outro. Sou mestiça, ou como a mulher do senso disse, sou parda. Mas por quê?

-Não nada... só  estava te observando e pensado como nossos pais são responsáveis por como nos parecemos...

-É verdade... tu por exemplo menino,  tem os olhos do teu pai, mas a cor da tua pele e dos cabelos é da tua mãe...

-É... acho que sim Tê...

Teresinha se levanta e caminha em direção a cozinha.

-Então menino, já que veio cedo para casa, que tal tomarmos um café da tarde? Posso fazer o que tu desejar... quem sabe teu bolo  favorito? Com recheio e cobertura de brigadeiro?

Levanto meu olhar para Tê, e observo  aquela mulher ali, parada.

Ela não é bonita. Não, nada bonita. Mas também não tem nada que a deixe feia. Quer dizer, quando ela fala percebo que seus dentes são amarelados, e alguns já não se encontram em sua boca...

Seus cabelos escuros, grossos e volumosos não sabem se desejam ser lisos ou crespos...

Sorrio para ela.

-Obrigado Tê! Quero sim. Vamos tomar café da tarde juntos.

-Olha só, tô vendo que o menino tá bem hoje também... hehehe... que bom... daqui a uma hora vai tar pronto.

-Kkkk... só tu mesmo Tê... Então vou subir para meu banho...

Vejo a mulher se distanciar em direção a cozinha.

Nada bonita.

Sua boca também não é bonita.

Mas, mesmo ela não sendo bonita, gosto de estar perto dela.

Então, não sou fútil...

Ela é atenciosa, educada, está sempre tentando me agradar... acho que a Tê é mais que uma empregada doméstica...

Ela cuida de mim.

Ela gosta de mim.

Mas, o que ela representa para mim?  Ela não é minha amiga... ou é?

Ela é um adulto... é diferente...

Diferente de estar com alguém da minha idade... diferente de estar com o Levi...

 

 

Após meu banho, ligo o computador. Quando o sistema operacional termina de abrir, vejo a wallpaper que havia colocado há alguns dias. Uma imagem do Kenshin Himura, do anime Rurouni Kenshin.

Por que coloquei esta imagem mesmo?

Haaaa... foi no dia que o Levi apanhou, depois que cheguei em casa,  assisti uns episódios...

O Kenshin era forte... o batousai...

Mas ele era pequeno e magro... aliás, como o Levi... kkkkk...mas, acho que as semelhanças terminam aí...kkkkk...o Kenshin era amável...bom, o Levi está longe de ser...

Dou dois cliques na pasta de animes que está no Desktop. Começo a correr o cursor para encontrar a pasta do Rurouni Kenshin. Acho-a. Resolvo abri-la.

Paro.

Fecho as  duas janelas.

Vejo o ícone do Google Chrome.

Dois cliques.

Abre.

Digito a busca: boca bonita

Vai...

Após alguns segundos o resultado da minha busca chegou. A propósito, que raio de pesquisa é essa que estou fazendo? O QUE ESPERO ENCONTRAR?

A RESPOSTA...

O QUE FAZ UMA BOCA SER BONITA?

 

 

Após alguns minutos vendo imagens e lendo algumas matérias, escuto a Teresinha bater na porta.

-Senhor Eren, o café da tarde... tá pronto!!!

-TÔ INDO TÊ!!!!

Me levanto, e antes de me distanciar do computador, fecho as janelas. Ao sair de meu quarto e cruzar o longo corredor de quartos, paro em frente a um aparador com um espelho na horizontal  anexado na parede.

Olho-me.

Conduzo minha mão esquerda até meus lábios. Puxo-os para frente, fazendo uma espécie de bico. Puxo-os para o lado em uma careta. Contorno-os com o polegar e o indicador.

-Definitivamente, estes não são bonitos... -sussurro para mim.

-MENINO EREN!!!  O CAFÉ... ESTÁ PRONTO!!!

Saio do meu transe em frente ao espelho  com o grito da Tê, tirando a mão de minha boca.

-JÁ ESTOU DESCENDO TÊ!!!!!

Com uma conclusão: minha boca não é bonita...

 

 

-O senhor demorou...

Entrei na cozinha com a Teresinha já sentada a mesa. Havia colocado uma toalha xadrez em cima desta,  e as louças. O prometido bolo estava no centro, sob uma bandeja redonda. Ele ainda fumegava. Quentinho. Retirado do forno e com a cobertura grossa ainda escorrendo  pelas laterais. Perfeito. Do jeito que ela sabe que gosto!

-Que cheirinho bom...

-OH... Hehehe... fiz como o senhor gosta, com a cobertura apurada no leite condensado.

Sento-me a sua frente.

-Parece que está delicioso...

Olho para ela, toda sorridente, expondo seu sorriso amarelado.

-Hehehehehe!!! Modéstia a parte, mas sei fazer bolo... não sou como estas mulheres de hoje que não sabem  derreter um chocolate em banho-maria...

Teresinha sempre repete isso. Acho que sente-se orgulhosa de saber cozinhar bem, se reafirmando sob as garotas de hoje que acabam não aprendendo muito a arte da culinária. Percebo que fica feliz quando como bastante e elogio o que faz. Agora, está ela curvada sob a mesa, cantarolando algo desconhecido para mim, enquanto corta o bolo e coloca em meu prato. Permaneço olhando para esta mulher singular.

-Que tá me olhando menino! Come!!!! APROVEITA QUE TÁ QUENTINHO!!!!!!

Tê serve minha xícara de café e após volta ao bolo para servir a si.

-Tê...

-Sim...

-Tu não usas  baton?

-Por quê? Quer me dar um de aniversário?

- Se tu usas, eu te dou...

-Não brigado menino,  guarda tua mesada pras tuas coisas... não gosto de baton.

-Mas...  tu não achas que a boca fica bonita com eles?

Vejo Teresinha  parar de servir-se, me olhar com estranheza, e após senta-se em seu lugar.

-Sei...  e da onde vem esse teu interesse por “ bocas bunitas”?

-Hãa...

-MENINO EREN?

- Do dee senho Tê... - dei uma leve gaguejada.

-Sei... bom, se é o que tu diz... Menino, não precisa ter baton na boca pra ser bunita.

Olho para ela com dúvida.

-Não?

-Não!!!  Não fiz muita escola, nem intendo de artes que nem tu, mas ver, a isso sim, ver eu sei ver. Mesmo com meus óculos, sei ver e perceber o que é bunito. Sua mãe por exemplo: só vi ela no dia do casamento maquiada... haaa... como ela tava linda... mas no resto da vida, nem baton usava... E ela era linda... e tinha uma boca bem carnuda...é...  ela tinha uma boca bonita... muito bonita. Como a sua...

Vejo Teresinha olhar  fixamente para mim.

-Tu tem a boca da tua mãe...

-É.. .eu lembro dela... ela era linda...

-Viu? Então? Sem contar que home não usa baton... e meu falecido marido, que o diabo o tenha, tinha uma boca... UIII, E QUE BOCA!!! SENHOR!!!!

-Kkkkk...

-Não é pra rir não menino, a boca dele era enorme e tinha uns beiço bem grossos... era ótimo pra mord..

Teresinha para de falar e olha para mim. Vira seu rosto para o lado e se levanta constrangida, indo em direção ao balcão americano.

-Desculpa Senhor Eren... me empolguei falando do falecido...

Viro para trás para lhe falar:

-Kkkkk... sem problemas Tê... não sabias que era viúva. Sentes  falta dele?

-Daquele traste? Não...  tô feliz agora... aquilo só me dava incomodação. Gastava meu dinheiro e o dele em cachaça...

-Mas...  -dou uma pausa enquanto estou com a boca cheia.  – mas, então ele era ruim?

Teresinha pega uma espátula e volta à mesa.

-Não... ele era um homem bom... a bebida estragou ele. Ele sabia fazer uma mulher feliz...

Ela se senta e volta a cortar outra fatia do bolo. Percebo que dá um leve suspiro. Seu olhar fica nostálgico.

- Kkkkkkk... Com os beiços grossos dele?...- Falo isso já dando risadas.

Teresinha se levanta abruptamente de novo e eu começo a rir da situação.

-Menino debochado... isso não é coisa pra se dizer...

-Kkkkk... desculpa Tê, mas achei engraçado... beiço e tal... kkkkkk

Ela volta a olhar em minha direção ainda tentando mostrar-se brava.

-Sei ... mas, tu tá muito saidinho hoje... que interesse tu tem em bocas? Fala a verdade menino!!!

 

Escuto outro timbre de voz  ser emitido dentro da cozinha.

-HORA, HORA TÊ!!!! É ÓBVIO... MEU HERDEIRO  TÁ PEGANDO UMAS GAROTAS!!! -  Se aproxima de mim, e curva-se um pouco dando tapas fortes em minhas costas - NÃO, É MESMO MEU FILHO... HEHEHEHE... ENFIM... PUXOU O PAI!!! NÃO NEGA QUE É UM JEAGER!!!!

Olho para cima e observo ao meu lado aquela pessoa. Realmente, meus olhos, eu herdei dele, mas quanto ao resto... todo meu resto... não tenho nada dele.

Me levanto, tirando sua mão das minhas costas.

-Não pai... não estou pegando nenhuma garota...  –falo baixinho,  desviando meus olhos dele.

Como pode existir um pai que não sabe nada sobre seu filho?

Ele volta a acercar-se por trás, me abraçando, e fortemente me mantém nesta posição.

-Não tem por que ter vergonha!!!!!  Tu já tens dezessete anos... já tava na hora...  -Olho para ele constrangido com seu comentário. - RELAXA FILHO!!!!!TEU PAI ESTÁ AQUI E VOU TE ORIENTAR EM TUDO!!!! HAHAHAHHA.

-Senhor Jeager, acho que o menino Eren não estava falando destas coisas...

-TU E AS TUAS BOBAGENS TERESINHA!!!! AINDA ACHA QUE ELE É CRIANÇA!!!!!  NÃO TE PREOCUPAS, VOU TE ENSINAR AS COISAS DO MUNDO DOS HOMENS COMO O MEU PAI FEZ COMIGO!!!!

Volto a encará-lo, agora indignado.

-O senhor poderia fazer o favor de parar de falar tão alto e me largar?

-AHH... TÁ!!!... desculpa... não tinha percebido que estava gritando... -ele me solta de seu abraço gravata.

-O senhor sempre está gritando... -Ainda indignado, não consigo lhe olhar. Observo ele se mover para minha frente, estendendo o braço para segurar minha mão.

-Filho, desculpa aí, vai... é minha  mania por causa do trabalho. -Ele tenta buscar meus olhos, então desvio mais o rosto para o lado.

-Aqui é sua casa, e não seu trabalho... deveria agir como um pai e não como um promotor ou show man... - tiro minha mão da dele. Vou à mesa, pego o prato com a fatia de bolo que Tê havia servido e saio da cozinha em passos largos, com a cabeça baixa. Sem dizer mais nada.

 

-Olha para mim Teresinha, o que eu fiz agora?

-Haa... senhor Jeager, sou só uma empregada... mas que o senhor não sabe lidar com seu filho, isso o senhor não sabe...

-Mas... Teresinha, tu que ficas mais com ele, o que tem de errado nele?

Teresinha que estava recolhendo a mesa, para, e lhe fita com um olhar cortante:

-Não tem nada de errado no menino... o senhor  é que não conhece seu filho...

-Será que devo levá-lo a outros psiquiatras  para novas avaliações?

Teresinha se aproxima de meu pai, segura em seus ombros e o conduz em direção as cadeiras. Ao aproximar-se, empurra-o fazendo-se sentar-se.

-Senhor Jeager!  Eu estudei só até a segunda série... mal sei assinar o nome... mas de uma coisa eu sei... seu filho não é louco!!!! Sou ignorante de estudo, mas o senhor é ignorante de conhecer seu filho!!!

Nisso o promotor arregala seus olhos verdes e tenta falar.

-Não!!!!! O SENHOR VAI ME OUVIR AGORA!!!! -Teresinha pega a espátula e a fica segurando-a firme na mão, movimentando-a, para frente e para trás. - Ele é um menino que passou por poucas e boas, tem lá seus problemas pra aprender... mas, quem não tem? Tem que tomar aqueles remédios... mas, quem não tem?

Teresinha se abaixa e fica de cócoras olhando nos olhos de meu pai.

-Mas, senhor Jeager, seu filho é um menino de ouro... ele é educado, querido, um pouco tímido, não tem amigos, fica naqueles desenhos de olhos grandes o dia inteiro, quando não tá na escola, trancafiado  em uma biblioteca desenhando! Ele não é o senhor... escuta, ELE É BEM DIFERENTE DO SENHOR!!!!! Então, não lida com ele como se vocês fossem iguais... nem como se o senhor estive num daqueles programa de TV. Fica mais com a boca fechada, olha seu filho de verdade, e tenta intender mais ele... o senhor era bom em intender a falecida...

-O SERMÃO TERMINOU? Posso falar agora?

-Não!!! Eu não terminei!!!! O senhor passa os dias lidando com jovem  marginal e quando chega em casa não consegue lidar com seu filho adolescente que é do bem.  Eren é um menino  sensível. Ele é um artista!! A falecida já dizia isso!! Só o senhor não vê o que este menino faz... senhor Jeager: Eren é muito parecido com sua mãe...  -Teresinha se levanta, passa as mãos nos olhos tentando se libertar de lágrimas que começam a surgir.  –Agora se o senhor desejar me demitir por eu ter falado coisa que não devia, pode fazer. E agora, eu deixo o senhor falar...

Meu pai se levanta. Olha para Teresinha que agora está com a cabeça baixa, fungando.

-Bom, acho que sua demissão é bem merecida por achar que tem direitos de falar neste tom comigo...

Ele coloca a mão na cabeça dela, e começa a tentar organizar seus fios de cabelos desalinhados.

-Mas não vou fazê-lo...

Ela o olha pasmada.

-Não vou lhe demitir, ao contrário... quero lhe dizer obrigado.

-Mas...

-Xiiiii... agora sou eu que falo. -Vejo meu pai colocar o dedo em sua boca, pedindo silêncio. - Obrigado por me dizer estas coisas, obrigado por estar conosco todos estes anos e cuidando de meu filho, obrigado por conhecê-lo mais que eu, e amá-lo como se fosse seu filho. Acho que nossa situação seria bem pior se tu não estivesses com a gente. Ajudando-nos em tudo. E tu tens razão em tudo que dissestes... Eren é muito parecido com Carla, mas não consigo entendê-lo. Não sei lidar com ele...

- O senhor está tentando da forma errada...

-Mas eu tento acertar...

-Tentar não basta, tem que conseguir... seu menino sofre mais que o senhor a ausência dela...

-Mas ele não diz nada...

-Senhor Jeager, existem coisas que não precisam ser ditas... tá lá, e a gente só sente... Agora com sua licença, preciso ir recolher os cobertores no varal. O tempo não tá firme...  e lavei eles tudo com Confort.

-OK...  pode ir Teresinha.

-O que faço para sua janta, senhor?

-Nada.  Não vou jantar em casa. Vim mais cedo para me trocar. Hoje, tenho reunião com os patrocinadores do programa...

-Vai mesmo fazer um realiti xou?

-Vou sim... tudo está se acertando...

Teresinha sai da cozinha indo em direção à lavanderia e o pátio dos fundos. Meu pai, permanece mais um tempo na cozinha, pega um pedaço do bolo, mastiga, e o tira da boca com as mãos, deixando a massa úmida em cima de um pratinho.

 

Quando percebo que ele vai sair da cozinha, saio correndo. Subo as escadas em silêncio e me tranco em meu quarto.

O que passou agora na cozinha?

Como posso entender tudo isso?

Repouso o pratinho de bolo na escrivaninha. Olho para a tela do meu computador. O Kenshin está ali. Olhando-me com seus olhos frios de assassino. Empunhando sua espada de lâmina invertida.  Ao lado do monitor, meu potinho com as cápsulas.

Teresinha não me acha louco, nem doente, ela gosta de mim... ela me entende...

Giro a tampinha. Pego um comprimido e tomo-o sem precisar de água. Já estou acostumado a fazer isso...

Hoje foi um dia muito cansativo. Vou até minha cama e jogo-me de qualquer jeito.

Hoje foi um dia de muitas descobertas...

Hoje foi um dia com sensações esquisitas...

Levo minha mão até a minha boca. Começo a brincar de puxar meus lábios.

Teresinha disse que minha boca é bonita como da minha mãe... mas, não acho...

Tá certo que nela era bonita, mas em mim... não tem graça alguma.

A dele é mais bonita... acho que... os lábios dele já desabrocharam...

Nestes pensamentos adormeço.


Notas Finais


Então amados, vamos respirar...
Lembrando: estou na lagoa e aqui a internet só na lan house... hoje viajei até a cidade vizinha e aproveitei para usar uma lan daqui...a conexão aqui é melhorzinha...então estou na lan agora. Vou ficar on line até uma 17hs... mas, não deixem de escrever... posso demorar uma semana para responder, mas respondo, eu juro!!!! <3


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