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História Tela em Branco - Foi a primeira vez que ele não me destruiu com seus olhos...


Escrita por: alien_rosa

Notas do Autor


Gomen, mina-san!!! Não abandonei vocês, nem a fic. Acontece que saí de férias com meus pais para a lagoa...e não tinha internet decente...voltei hoje!!!Para me redimir, trouxe outro capítulo quentinho do sol...e bem maior...kkkkk...espero que apreciem...
E obrigada a todos que leram minha história, e especialmente aos 16 que favoritaram!!!

Capítulo 4 - Foi a primeira vez que ele não me destruiu com seus olhos...


Fanfic / Fanfiction Tela em Branco - Foi a primeira vez que ele não me destruiu com seus olhos...

Estava ensopado. Todo Ensopado.

-Levi, o quê..

-Não fala nada!

-Mas...

-Merda cara! Disse pra ti calar a boca!

Vejo Levi pegar e puxar a cadeira abruptamente começa a organizar seu material. Sistematicamente retira item por item, porém a intensidade com que fazia os objetos baterem entre si ao organizá-los produzia sons que reverberavam no silêncio do local. Ao terminar aquele processo, ele suspira profundamente e me olha.

-Vamos começar a organizar este trabalho. Trouxe os livros que havia dito que tinha em casa. Estive dando uma olhada, neste tu vais encontrar informações que não conseguimos no livro didático, que por sinal é uma porcaria...mas o que fazer, estes livros do governo... Pensei em nós começarmos a abordar a temática dentro de um plano geográfico, contextualizando a Grécia Antiga com seus limites no passado e no presente. Depois partimos para aspectos sociais...

Interessante, tem algo diferente no Levi hoje. O que seria? ....

-Como era constituída a sociedade, sabe aquele lance de pirâmide social. Então nós pode...

Talvez o cabelo...hum...não...não é isso, tá certo que o cabelo tá escorrido por causa da água, e parece que a franja tá maior...mas não é isso...

-Acredito que falar do papel social que as mulheres desempenhavam os locais em que ficavam...

Mas se não é o cabelo... caracas, nunca tinha reparado que ele tem um brinco na orelha. É brinco ou é piercing. Aliás qual a diferença? Sei lá, mas acho que é um brinco...o que é aquilo? Uma cruz meio...

-Acho que... já que tu gostas de desenhar podes produzir os cartazes, assim temos um diferencial de  tê-los feito a mão...aposto que nossos colegas vão imprimir as imagens e colar em cartolinas. Tscc...Cafonas...O que tu achas de nós mostrarmos replicas de templos e maquetes. Ou quem sabe, das divindades gregas? Tua sabias que eles eram politeístas?...Eren?.... EREN?

-Haã?...

-Pelo amor de Atena...

-De quem?

-Atena...- vejo Levi suspirar profundamente, sua sobrancelha está arqueada novamente. Começa a movimentar suas mãos em círculos em volta das têmporas...- No que tu tava pensando pirralho? Esquece, tenho medo de saber e acabar me contagiando com teu cérebro de ventosas...bom retornando, acho que poderíamos impressionar a Petra com algo diferente...estou tendo algumas ideias originais, que acredito que irão destroçar com as pseudo apresentações dos outros...

-Pseudo...o quê?

-Nossa cara, como tu chegou até aqui? Tu não sabes o que significa pseudo?

Não respondi. Não sei por que, mas também não consegui sustentar olhar nos olhos de Levi. Em vez disso, virei meu rosto, e fiquei olhando em direção a janela da rua. Ainda estava chovendo. E muito. Com aquele dia cinza. Percebo que seus olhos cinzas ainda continuam me fitando. Tento virar meu rosto e encará-lo. Falar o que passa na minha mente. Não consigo...Volto a encarar o nada.

Por que não consigo?

Vergonha?

Vergonha de quê?

Não sei...talvez por alguém perceber como sou esquisito? Por não ser bom em nada? Por não servir nem para estudar? Vergonha por alguém perceber como sou imprestável...

Percebo que Levi afasta os olhos de mim, e começa a escrever em silêncio. Permanecemos assim. Volto meus olhos em direção a sua mão. Não tinha reparado, mas estava usando dois anéis na mão direita. Um no polegar e outro no indicador. Seus dedos se movem de forma ágil, mas não a mão dos anéis, e sim a outra. Ele é canhoto. Como eu.  Começo a reparar nas suas mãos. Brancas, magras com dedos longos. Parecem ser mãos bem cuidadas, pois sua pele tem um aspecto liso... macio.

Volto a reparar no que Levi está fazendo. Percebo que todas as ideias com pontos principais e palavras chaves estão sendo escritas em uma espécie de esboço. Ao lado, ele colocou por escrito as páginas que tenho que ler, o que tenho que fazer e como fazer. Tudo anotado, como uma receita de bolo para iniciantes na cozinha. Eu sou este iniciante.

-Pronto. Acho que com isso podemos começar a articular nosso trabalho. Faça o que está escrito. Eu faço a minha parte. Se ambos fizermos nossas partes, não teremos mais a necessidade de nos encontrarmos.

Pego a folha de caderno. Leio novamente. Levi realmente é inteligente. Mapeou os conceitos mais importantes para a apresentação. Detenho-me em olhar algo no final da página. - Surpresa? O que quer dizer?

-Surpresa significa surpresa. Ou vai me dizer que tu és tão jumento que não sabe o que significa surpresa?

Baixei minha cabeça novamente. Estou começando a pensar que as falas de Levi tem este poder sobre mim. - Sei o que significa, mas não vamos fazer o trabalho juntos? O correto não seria conversarmos sobre tudo?

Levi volta a me encarar, percebo seus olhos fecharem um pouco. Outro suspiro. Como ele suspira! Acho que deixei ele tenso...

-O correto seria conversarmos sobre tudo do trabalho. Porém, recebi o prêmio de ganhar um parceiro que não sabe conversar, muito menos contribuir com qualquer porra de ideia idiota que venha de sua cabeça de alga, por isso, deixa quieto! Faz só o que escrevi, que vai dar certo. Ok? Tu não precisa de nota? Estou pensando em te ajudar. Agradece e cala a boca.

-Me descul...

Percebo Levi se levantar. Da mesma forma que chegou, seus movimentos sempre rápidos, abruptos e tensos. Guarda seus materiais. Mas, de uma hora para outra ele congela. Fica olhando para o chão. Guio meus olhos na direção em que este olha, então me apercebo o que está lhe detendo...

-Caracas...Levi...

-Não é nada, só estou preocupado em deixar a biblioteca assim...

-Sei lá, mas acho que o problema não é bem esse...olha teu estado...

Levi estava de pé, suas roupas ainda pingavam. Não tinha percebido, mas sua blusa branca de algodão de mangas longas estava toda molhada  grudando em seu corpo. Suas calças marcavam suas pernas. Aquilo definitivamente não faria bem a saúde de ninguém...muito menos ao Levi, tão pequeno...

-Deixa quieto, uma chuvinha assim não mata ninguém...

Sei lá o que me ocorreu, mas meus braços se movimentaram e quando vi tinha pego no braço de Levi. Ele arregalou os olhos, seu aspecto de surpresa se evidenciou imediatamente.

Da mesma forma que eu também fiquei surpreso com a minha ação. Congelei.

Por que tinha pego em seu braço?

Não sei...somente sei que fiz...

Reflexo? Baixei a cabeça, desviei meus olhos dele, e retirei minha mão.

-Dees cuulpas.- Por que gaguejei? Por que fiquei nervoso?

- Haã, tá legal...

Percebo que Levi também não entendeu a minha reação. Mas por que entenderia se nem ao menos eu entendi.

Ficamos de pé em silêncio. Levi volta a terminar de organizar suas coisas. Faço o mesmo. Por que segurei seu braço? Qual era a minha intenção?

Quebrei o silencio.

-Sabe, tive uma ideia...

Ele me olha incrédulo...

- Pode me acompanhar ao banheiro?

-Por que deveria?

-Sei que não será de muita ajuda, mas tu podes tirar esta blusa e torcer. Daí pode usá-la para se secar...

-Sim pirralho gênio da lâmpada, daí visto o quê? Quer que eu seja pego dentro da escola sem camisa? No mínimo ia ser “convidado” e ir bater um papo com o Irvin...

-Na verdade...eu tinha pensado, bem...foi meio idiota, então deixa quieto...

-Não, agora fala!

-Eu poderia te emprestar meu casaco...daí tu fechas ele e ninguém perceberá que tu está sem camisa...e tu não te resfrias...

Impressão minha ou sinto a postura de Levi mudar? Sei lá, parece que seus ombros normalmente tensos relaxam, e seu rosto de expressões sempre indignadas se abrandam...pelo menos um pouco...

Ele olha para mim. Me encara.

 Olho para ele, mas não consigo entender o que ele está pensando. Não consigo sustentar aquele olhar forte e nebuloso sobre mim. Viro o rosto.

Silêncio.

 

-Ok! Vamos.

Vejo Levi me dar às costas e seguir em direção à porta de saída da biblioteca. Fico olhando ele se distanciar, ainda sem entender o que ele disse.

-O QUE TÁ ESPERO LERDO! VAMOS!

Levi aceitou a minha ideia? Acho que sim. Corro em sua direção.

_____XXXXXX______

 

-Senhor Jaeger, o que tem a dizer a todos brasileiros sobre este caso?

- Minha cara, gostaria de agradecer a cobertura da imprensa brasileira em mais este vil caso em que a degradação humana mostra-se evidente. Porém, não podemos esquecer que todos os cidadãos brasileiros de bem merecem viver em um território livre desta espécime de seres que se outorgam o direito de agirem de forma animalesca perante a sociedade. E  é para isso que existe a justiça, e para isso que o nosso ministério público não se exime de exigir da nossa justiça  a obrigação de punir com rigor estes seres que aporcalham nossa imagem.

-Mas promotor, a defesa sustentou  inocência. Existem provas cabais sobre os crimes?

-Provas cabais irrefutáveis minha cara. E não estamos falando de provas circunstanciais. Através da minha orientação, conseguimos encontrar provas materiais, de origem biológica e inclusive encontramos os locais em que ocorriam os atos depravados deste crápula. Nossas mulheres e crianças poderão dormir mais tranquilas, pois este maníaco enfim foi pego, e se depender dos meus esforços, nunca mais ele verá o que é liberdade!

-Promotor Jaeger, como o senhor se sente sabendo que suas redes sociais são as mais visitadas, que seus vídeos são os mais curtidos dentro de nosso território?

-Há,há, há...não é para tanto...até parece que sou um ídolo..ha há há...

-Mas o senhor não pode fechar os olhos para sua popularidade, sua imagem, seu carisma...

-Ah obrigada, Claire, sim, mas isso é normal. Nosso povo sofrido anseia por um salvador, alguém que mostre como o poder pode servir ao povo, em vez de usurpar o povo...o que modestamente estou fazendo é meu trabalho! Colocar estes marginais atrás das grades para que as pessoas de bem como nós possam ser felizes!

-Há boatos que o senhor assinou um contrato com uma rede televisiva para tornar-se apresentador de um reality show policial, isso procede?

-Há há há, vamos aguardar para ver...

-E sobre a sua possível candidatura a governo do estado?

- Há há há...querida, vamos aguardar, o que posso dizer é que se o povo precisa de mim, eu estarei lá...

-Uma última pergunta promotor...

-Agora desculpas Claire, já respondi suas dúvidas, qualquer coisa, entrem em contato com minha secretária e agendem uma entrevista oficial. E povo brasileiro, hoje vocês podem dormir em paz, por que eu, PROMOTOR JEAGER, fiz questão de colocar mais outro desgraçado abusador atrás das grades!!!!!!

-Mas promotor,...promotor, ...promotor...

O homem de terno Armani cinza grafite se distancia cercado de seguranças que o levam para um veículo preto, devidamente protegido.

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Entramos no banheiro. Eu estava logo atrás de Levi. Este largou seu material no balcão da pia. Se escorou e ficou me olhando.

-O que...

-Tu não vais me emprestar o casaco?

-Sim, mas...

-Mas o quê...

-Tu ainda está ensopado...

-Claro né, preciso pegar a roupa contigo para depois entrar no Box e tirar a minha...ou tu achas que vou fazer isso aqui no meio do banheiro?

-Haã, ...mas qual é o problema...?

A postura de Levi se endireitou, cruzou seus braços, e veio caminhando em minha direção. Me olhando...

-Estou com uma dúvida...

-Qual?

-Não sei se tu és um alienígena,... um retardado metal,... ou simplesmente não tem senso comum... -não sei por que, mas sua voz parecia mais baixa, mais grave, como o sibilar de uma serpente...

-Eu..eu..não entendo onde tu queres chegar...

Levi para na minha frente. De novo, seus olhos me fitam. Caracas, o que será que ocorre que não consigo encará-lo quando ele faz isso? Será que ele tem alguma aura das trevas, um ki maligno, ou quem sabe um miasma do mal que transmite através dos olhos?

-Percebo que tu não entendes mesmo...né?...que bom... - Neste momento ele volta a se afastar e estende o braço. -Vai me emprestar o casaco ou não vai?

-Haã? Claro. -Tiro o casaco e lhe alcanço. Levi vai em direção aos Box e se tranca lá dentro.

Após alguns minutos, este sai. Está com meu casaco de moletom fechado, e pelo que percebi, andou torcendo as calças, pois além de não estarem pingando, estavam amassadas. Meu casaco ficou grande para ele. As mangas estavam sendo dobradas nos punhos, e a barra da cintura  ficava abaixo do seu quadril.

 -Ficou um pouco grande...mas por hora serve...obrigado.

-Há...não foi nada...tu está me ajudando muito...

-Ah, isso é verdade...com certeza...e só eu sei o que está me custando isso... - percebo Levi indo em direção ao balcão. Abre a sua bolsa e de lá retira um pente. Indo em direção ao espelho começa a pentear-se.  Então lembro que em momentos anteriores havia achado algo estranho no Levi. Cogitei ser o corte de cabelo, mas ele estava ali, o penteando, e tirando o fato do cabelo estar molhado, não havia nada de diferente. O mesmo corte, raspado na nuca, com uma franja dividida ao meio... O brinco, ...que ainda não havia percebido que ele usava na parte superior da orelha, ...mas não era isso,...tinha algo diferente...o quê?

Agora Levi estava arrumando a gola do casaco... parece que dentro do seu ponto de vista estético, a gola insistia em brigar com seu corpo para não ficar arrumada aonde ele desejava.

-Que merda, esta gola não permanece de pé!

Me aproximo dele.

-É que tu tens que prendê-la desta forma. - Assim mostro ao Levi como é possível deixar a gola de pé com o auxílio do botão. Neste momento, tão perto dele, tão perto do rosto dele, entendi algo...

-Tu ficas melhor assim!

-O QUÊ?

Aproveitei que estava perto dele para tirar a minha dúvida, e passei o dedo indicador na lateral de seu rosto.

-Fica melhor assim, ...olha ...sem aquela coisa grudada no teu rosto. Tua pele já é lisinha e branca, não precisa de maquiagem.

Nisso, retiro meu dedo do seu rosto, e fricciono o indicador no polegar. Sinto o resto da maquiagem em meu dedo. Não sei que tipo de produto ele coloca, mas aquilo tem uma textura gordurosa. Acho que por causa de tanta chuva que Levi recebeu, seu rosto acabou sendo lavado...era isso que eu tinha estranhado. Desde o início.  Seu rosto estava limpo. Sem máscara. Levanto meu olhar, e quando nos fitamos, ele desvia e olha para o lado.

Foi a primeira vez que ele não me destruiu com seus olhos de tempestade...

 


Notas Finais


Acho que as coisas começaram a se movimentar...kkkkk...Como faltei demais a escola, esta semana terei que correr atrás do prejuízo, mas se der, posto o próximo que está quase pronto!!!


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