História Tem Sido Sempre Você - 19 Days - Capítulo 7

    Zheng andou por todo o campus a procura de uma figura pálida bastante conhecida. Estava preocupado. Jian as vezes agia como um inconsequente, e magoado, não sabia o que o amigo poderia fazer. Estava suando. Já não fazia ideia de qual Campus invadira. Sentou-se em um banco, ofegante, desgrudando a camisa do corpo que transpirava. Suspirou.

    Fora pego de surpresa quando o amigo perguntou sobre casamento, e travara como se algum objeto estivesse traçando sua garganta naquele exato momento. Ali, agora, sentado e sozinho, cansado demais para voltar a buscar por um amigo tonto, ele refletiu sobre a pergunta não respondida do outro. Tinha intenção de, a longo prazo, casar-se com Liang?
    A resposta era muito óbvia. Era mais do que claro que... Não. Se parando para pensar, jamais ponderara sobre essa possibilidade, nem mesmo um minuto. Normalmente, mesmo com Liang, estava muito compenetrado em sua própria vida; em seus jogos, seus afazeres.

    Entretanto, com Jian de volta, claramente Zheng não conseguia ser tão egoísta. Mesmo agora, com o cansaço atingindo seu corpo e toda meditação, alguma parte de seu cérebro o lembrava de continuar a procura por Yi. E assim Zheng apoiou-se em seus joelhos para levantar-se.

    Não muito tempo depois, quando estava a ponto de desistir e jogar tudo para os ares e voltar para sua casa, encontrou-o sentado debaixo de uma árvore com uma figura conhecida que o aborrecia. Apesar disto, notava-se em Jian que sentia-se mais confortável com He Tian, naquele momento, pois, quando Zheng Xi aparecera, Jian retesou.

    - He Tian, o que faz aqui?

    - Eu estudo aqui também, esqueceu?

    - Hoje é sábado. – Lembrou Xi, enfiando as mãos nos bolsos e fitando Jian, que nitidamente desviou de seus olhos. Voltou-se para Tian. – Não sabia que vocês eram próximos.

    - Eu já tinha um compromisso por aqui. – Falou, não dando mais detalhes. Levantou-se do chão limpando a grama de suas calças preta esportiva. – Não pude ignorar uma donzela rejeitada. – He Tian fitou Jian ao deferir as palavras. Pôde, à tempo, escapar do soco do jovem alvo, que mirava sua coxa. Rindo, ele afastou-se conectando seus fones de ouvidos brancos ao celular. Enquanto se afastava, Zheng e Yi puderam ouvir: - Onde você está? Não pense em fugir de mim, pois te caçarei até o inferno. Preciso que me faça um guisado novo. Eu não sei o que aconteceu em minha panela.

     Zheng sentou-se ao gramado fingindo interesse no cara alto que se afastava divertindo-se com os evidentes gritos do outro lado da linha, apenas para não encarar o garoto com cara de poucos amigos ao seu lado. Às vezes, simplesmente não sabia como lidar com Jian, preferindo o silêncio. Assim, ambos davam seus problemas por resolvido, e no fim, acabavam apenas com frustrações acumuladas e ocorridos disfarçados. Zheng sabia.
    Suspirou apoiando-se no solo com as mãos para trás do corpo, finalmente encarando o amigo que agia como uma criança magoada, interagindo com um pedaço de folha velha qualquer. Jian era mesmo um idiota. Preparou-se para pensar no que iria dizer, mas a atitude partiu do outro, surpreendentemente:

    - Desculpe por aquilo. Eu percebi que te assustou. Vou tomar cuidado para não me infiltrar em sua vida, a partir de agora. – Disse Yi, em um tom quase inaudível. – Eu não sei porque perguntei aquilo...

    - Claro que sabe. – Zheng disse, cortante e firme. – Você está com ciúme. – Concluiu – E você queria que eu soubesse. – Suspirou. As palavras fluíam de uma forma séria, prendendo a atenção do outro que temia suas palavras. Ambos sabiam aquilo, porém nenhum arriscava-se a confessar. – Caso contrário, não comentaria esses tipos de coisa. Porque você ainda tem esperança, Jian...

    Jian não podia acreditar no que estava acontecendo. Sentia sua vista queimar, para então perceber que o calor era advindo de uma onda de lágrimas que se recusavam em cair, cegando-o. Zheng mantinha os olhos firmes nos seus, e Jian não poderia mais suportar. Não podia suportar porque Xi estava repleto de razão. Jian possuía, dentro de seu âmago, alguma esperança de que Zheng Xi corresponderia aos seus sentimentos incessantes. Havia toda uma fachada para que Jian superasse aquelas sensações dentro de si, porque na verdade ele não queria livrar-se destas sensações. Era débil.
 
     Notando o amigo levar um braço ao rosto para esconder as lágrimas que cairiam, Zheng quase chorou. Seria sempre torturante aquela imagem diante de si. Queria correr e abraça-lo, mas sentia que o momento não era propício para isso. Principalmente para o que iria dizer, quando Yi ameaçou levantar-se:

- Eu estou disposto a tentar...! – Disse alto, segurando pelo pulso do garoto que estava agora de pé. Jian tremera por completo, olhando em seguida para trás, para Zheng que estava sentado no gramado, segurando-o fortemente, impedindo-o de sair. Seu coração palpitou com a possibilidade de estar devaneando. Estaria ele imaginando, em um momento como aquele? Quantas vezes sonhou com a possibilidade. Somente a possibilidade.

- Eu estou falando sério, Jian. – Zheng reforçou, erguendo-se também. – Eu estou disposto a... tentar. – Enfatizou. – A verdade é que eu nunca consegui nutrir grandes sentimentos pela Liang. -Seu corpo também tremia. De desespero, medo, insegurança. Medo de magoá-lo ainda mais, caso falhasse. Desespero em adentrar este mundo inexplorado. Insegurança com o que viria a seguir...

    - Não brinca comigo, XiXi. Isso não tem graça! – A lágrima rolou pela face de Jian enquanto o mesmo tentava se soltar.

    Zheng puxou-o contra si, segurando-o ao rosto com as duas mãos. Deslizou seus polegares abaixo dos olhos de Yi, retirando de lá o líquido incolor, para mais tarde dizer:

    - Eu não brincaria com uma coisa dessas, muito menos com você. Estou sendo totalmente sério. – Jian, não tendo outra reação, abraçou-o apertado, quase fundindo seus corpos, aos berros satisfeitos em seu ouvido. O abraço durou o que se pareceram horas, com o coração de Jian quase a saltar de seu peito, de felicidade.  Zheng não queria ter de dizer aquilo, mas ainda não havia terminado. - Todavia... você tem que concordar... que é apenas uma tentativa, Jian.