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História Tempestta - Ranpur


Escrita por: KrikaHaruno

Capítulo 5 - Ranpur


 

O espaço aéreo daquela região era completamente deserto, quase nas divisas com outra galáxia. Não era um local habitado e aparentemente sem importância para Ranpur.

Uma pequena nave dirigia-se para um satélite natural. Por estar distante de uma estrela, era escura e fria. A nave pediu autorização para se aproximar do corpo celeste. Visto daquele ponto parecia não ter nada, mas quando a nave fez uma leve curva, pode se ver diversas construções.

Ela pousou em uma das pistas e seu piloto conduzido rapidamente para dentro. Era um sistema complexo e com milhares de pessoas. A pessoa, que horas antes estava escondida no palácio real, foi levada para a sala principal da construção.

- Senhor. - ajoelhou, diante de um homem que era a autoridade máxima.

- E então? - olhava a paisagem.

- As informações repassadas anteriormente estão corretas. O filho de Soren voltou. Ele será anunciado a toda galáxia amanha, direto da sede da policia.

- Tem certeza que é ele?

- Absoluta. Veja.

A pessoa projetou uma imagem na parede. A imagem mostrava o rosto de Giovanni. O chefe virou-se para fitar a figura.

- Era o Soren quando novo. - sorriu. - não há duvidas.

- Quais as próximas ordens?

- Apenas vigie. Quero saber todos os passos dele. Todos.

- Sim senhor.

- Vá.

A pessoa deu as costas e saiu. Dois homens aproximaram em seguida.

- Sejam meus olhos amanha. - disse o chefe. - será mais fácil para vocês do que para a autoridade maior.

- Sim senhor.

Os dois fizeram uma mesura e saíram. Foram para suas respectivas naves, não antes de retirar a proteção que encobria o símbolo da ordem a qual elas pertenciam.

O.o.O.o.O

A noite seguia alta em Ranpur e todos estavam tendo uma noite tranqüila, alias nem todos. Shaka remexia-se na cama. Estava sonhando...Via Giovanni dentro de uma espécie de globo de vidro acompanhado por um homem... depois o viu dentro de uma nave que explodiu.

Acordou assustado. Olhou para os lados, os amigos dormiam. Levantou, indo até a varanda.

- "É a mesma imagem que vi na mente do Giovanni... O que deve ser?"

Alguns andares acima, o canceriano também não dormia bem. Mexia-se na cama e o rosto estava banhado por suor. No sonho, estava num lugar nebuloso com o pai ao lado. Tinha a sensação de conhecer aquele lugar, mas não sabia onde era. Subitamente apareceu um rapaz de no máximo quinze anos e de cabelos brancos, parecia muito com ele...

Acordou de repente.

- Caspita... - murmurou, percebendo que ainda era noite.

Giovanni levantou e foi até o banheiro lavar o rosto.

- Que diabo de lugar era aquele?

O amanhecer foi tranqüilo para a população de Ranpur e relativamente cedo para os santos de Atena. Shion fez questão de acordar todos a cinco da manhã para se prepararem, apesar dos enormes protestos. Em uma hora, já tinham tomado o desjejum, na própria cozinha do palácio, o que provocou um alvoroço, pela presença do príncipe. As sete uma nave tinha deixado-os na área que Hely havia providenciado.

- Não preciso treinar. - Mask descia a passos duros da nave. – Eu sou o príncipe!

- Só quando te convém. - disse Shion. - vá.

Ficaram surpresos com o local. Era uma enorme quadra, afastada dos grandes arranha- céus. Era suspensa alguns metros do chão, pois em baixo passava uma linha de transporte.

- Perfeito. - Shion olhou ao redor. - não usem cosmo, para não danificar. Duplas. - caminhou até o centro. - Miro e Shura, Dohko e Aioria, Shaka e Giovanni, Mu e Gustavv, Kanon e Aldebaran e Saga e Kamus.

- Nem aqui ele pega leve. - o escorpião tomou posição. - ainda mais que estou sentindo o meu corpo pesado.

- É por causa da gravidade. - disse Shaka. - ela é mais forte aqui.

- Vão ganhar agilidade, quando voltarmos para a Terra. - Shion foi para um canto. - Comecem!

Não tiveram alternativas a não ser obedecer.

No palácio...

Lirya estava a mesa. Célica e Hely estavam um pouco mais atrás.

- Hely.

- Sim majestade.

- Eron ainda não acordou?

- Acordou senhora. Ele e seus amigos de VL19-3. Contudo partiram cedo para a área que o senhor Shion havia solicitado.

- Para que será... - estranhou. - e quanto a segurança?

- Tomei todas as providencias. O local está bem vigiado.

- Deixe minha nave de prontidão. Tenho alguns compromissos.

- Sim. - Hely reverenciou indo para perto da outra.

- Por que eles foram para lá? - Célica cochichou no ouvido dela.

- Não faço idéia. - respondeu friamente.

- Estou surpresa por não saber. Nada fica oculto de você.

O.o.O.o.O

O prédio onde funcionava o governo de Ranpur já estava movimentado com o vai e vem dos funcionários. Na sala do chanceler, Beatrice entregava-lhe a agenda do dia.

- O senhor tem um almoço com os representantes de Sacoma às três da tarde, reunião com a rainha, em seguida reunião com empresários do setor financeiro e por ultimo a cerimônia na sede da policia.

- E para amanhã? - lia o jornal.

- Por enquanto nada, mas não descarto de reuniões de emergência depois do evento dessa noite.

- Mesmo se houver ligações, não marque nada. Diga que já tenho outros compromissos. Quero o dia livre para avaliar as noticias.

- Sim senhor. - Beatrice levou a mão ao ouvido. - perfeitamente. - disse a uma terceira pessoa. - senhor Marius, eles já chegaram.

- Faça os entrar.

Ela foi até a porta abrindo-a.

- Bom dia senhores.

- Bom dia Beatrice. - Evans disse por todos.

Ela deu passagem a eles e retirou-se.

A mesa oval acomodou o chanceler, Rihen, Evans, Ren e Etah.

- Rihen, por favor. - Marius passou a palavra a ele.

- Muito bem. - colocou um dispositivo ao centro da mesa. Quando ligou apareceu uma imagem tridimensional englobando em escala menor os três principais planetas: Ranpur, Eike e Maris. - desloquei regimentos para o entorno dos três. Áreas 34,36,63,64,65 terão o espaço aéreo vigiado, mas o transito as naves não será fechado, ao contrario da área 35. - a medida que Rihen falava as imagens eram mostradas. - Todo o espaço aéreo será fechado e exclusivo para a Galaxy. A esquadra dessa área irá recepcioná-la assim que ela der entrada ao território. Os legos da Antares farão a proteção no entorno da sede. Ren. - olhou para o filho de Marius.

- O espaço em torno do hadren e o próprio será fechado quando a Galaxy passar, em seguida será liberado. Uma esquadra irá vigiar todo o espaço aéreo da área 36.

- A Euroxx dará suporte a ele, Marius, assim como dará suporte a superfície. - disse Evans.

- Os legos ficarão encarregados da escolta desde o palácio até a Galaxy, senhor Marius. - Etah pronunciou.

- Um deslocamento muito grande... - observou o chanceler. - ótimo para chamar a atenção.

- Mas se trata da proteção do príncipe. - disse Evans.

- De todos os homens deslocados para essa missão, menos que meio por cento sabem do porque disso. Sei que devemos ter segurança máxima, mas isso é chamativo. Ainda mais que será televisionado. Viram os jornais de hoje? - pegou seu aparelho. - É com grande expectativa que aguardamos o pronunciamento de hoje a noite... - leu.

- Deixe-os especular. - Rihen tomou a palavra. - deixe-os pensar que essa operação está carregada de excessos. Será uma forma de mandar um recado.

Todos os olhares foram para o presidente da policia.

- Quando souberem do real motivo, irão ver a segurança que cerca o príncipe. Será um recado a todos dizendo que a policia galáctica está protegendo o príncipe em peso.

Ren e Etah concordaram na hora.

- Tudo bem. - Marius disse por fim. - sigam com o plano.

O.o.O.o.O

A estação que abrigava o regimento da policia da área quinze era bem modesta. Não contava com muitas naves e o pessoal era reduzido, ainda mais que ficava nos confins da galáxia.

O superintendente daquela região, estava em sua sala, analisando alguns documentos.

- Primeiro tenente Madden. - um rapaz entrou batendo continências.

- Sim?

- Chegou uma comunicação da sede. Eles pedem a confirmação da presença do senhor para essa noite.

- Confirmação? - o fitou.

- É um evento que ocorrerá na sede e contará com a presença do conselho. Todos os superintendentes receberam o convite.

- Todos? - indagou surpreso.

- Todos os cento e quarenta e três.

O rapaz de cabelos brancos ficou em silencio.

- "Uma reunião desse porte, um dia depois da chegada do príncipe? Muito estranho." Pode confirmar minha presença. Irei agora mesmo. - levantou. - fique no comando, qualquer coisa me comunique.

- Sim senhor.

Rapidamente foi para a pista pegando sua nave. Como era de modelo antigo levaria algumas horas até chegar em Ranpur. Assim que traçou a rota, pegou um comunicador.

- Dara. - disse uma voz.

- Estou indo para Ranpur.

- Aconteceu alguma coisa? - indagou surpreso.

- Uma convocação com todo o conselho e membros da policia galáctica.

- Todos??

- Deve ser o seu príncipe. - disse zombeteiro. - ele vai debutar para a sociedade.

- Quero todos os detalhes e veja se é ele mesmo. É capaz de reconhecê-lo?

- Eu reconheceria aquele pirralho a quilômetros de distancia.

- Sei que sim... - podia perceber que ele sorria. - tome cuidado Iskendar.

- Até breve.

A comunicação foi encerrada. Iskendar voltou a atenção para o painel, onde uma nave de brinquedo repousava.

- Será interessante rever o filho de Soren.

O.o.O.o.O

O treino seguia tranqüilo, apesar da gravidade do planeta aumentar o peso deles. Em momento algum usaram cosmos justamente para evitar qualquer incidente. Shion fiscalizava de perto, entretanto as vezes perdia no seus pensamentos. Tinha gostado de conhecer a princesa de seu povo e estava ansioso para conhecer o planeta de seus ancestrais. Seria uma grande experiência.

Shaka e Mask lutavam em silencio. O virginiano analisava o companheiro. A cada segundo ele ficava mais forte e nem parecia sofrer com a gravidade. Shaka foi ao chão ao receber um soco.

- Foi mal Buda.

- Tudo bem... - o indiano limpou o canto da boca. Estava prestes a levantar quando teve uma visão. Era a mesma imagem que viu na mente do canceriano e no sonho da noite anterior.

- Shaka?

Ele piscou os olhos algumas vezes.

- Desculpe. - levantou.

- O que foi?

- Nada... - o fitou seriamente. - não é nada.

Voltaram ao treino. Enquanto isso... Dohko e Aioria trocavam socos e chutes.

- Até acostumarmos com essa gravidade... - murmurou o libriano desviando de um chute.

- Pelo menos ficaremos mais rápidos.

O grego fechou o punho pronto para desferir um soco em Dohko, estava tão compenetrado na ação que não reparou na mão. Não havia cosmo, mas ela soltava pequenas faíscas elétricas. O punho do leonino passou apenas de raspão, mas foi o suficiente para o chinês levar um choque.

- Pô Aioria. - Dohko recuou. - sem cosmo!

- Mas não estou usando. - disse sem entender.

- Você me acertou com seu golpe.

- Eu não!

- Por que pararam? - Shion aproximou-se da dupla.

- Ele usou cosmo. - disse Dohko.

- Não usei mestre. Eu juro. - o fitou. - eu...

Aioria sentiu a mão formigar, quando a olhou, pequenos raios circundavam-na.

- Eu não disse. - o chinês o fitou.

- Aioria... - murmurou Shion.

- Mestre, eu...

Foi só o tempo de Shion e Dohko recuarem, o corpo de Aioria foi envolvido por dezenas raios, como se estivesse eletrizado.

- Que porra é essa Aioria? - Shura desviou de um raio.

- Eu não sei! - exclamou assustado.

As descargas elétricas espalharam-se pelo local, os cavaleiros desviavam como podiam.

- Aioria, pare imediatamente! - ordenou o mestre.

- Não sou eu mestre! Eu não sei por que disso!

- Ele não está usando o cosmo, mestre. - disse Saga em tom baixo.

Shion o fitou, realmente não sentia o cosmo, mas qual o motivo daquele evento?

Os raios aumentaram e começaram a afetar o chão do local provocando rachaduras. O leonino estava assustado, contudo da mesma forma que começou de repente, os raios sumiram.

- O que... - Aioria olhava para as mãos.

- Você está bem? - Gustavv aproximou com cautela.

- Estou. Eu não entendo. Mestre... - fitou o ariano.

- Eu também não faço idéia. - disse com sinceridade. - pode ser efeito de estarmos numa atmosfera diferente. Eu não sei, mas não se preocupe, deve ser por causa disso.

- E como vamos explicar isso? - Deba apontou para as rachaduras.

- Não se preocupe. - disse Mask. - não sou o príncipe? Mando consertar.

O grego respirou aliviado.

- Voltem aos treinos. - ordenou Shion.

Recomeçaram, com Aioria tendo mais cuidado. Kanon e Aldebaran afastaram um pouco mais dos demais por precaução.

- Não sabia que leoa dava choque. - brincou o geminiano.

O brasileiro riu. Kanon partiu para cima dele com o punho erguido, Deba segurou sem problema e revidou com outro. O geminiano foi jogado longe.

- Contenha a força. - Kanon mexeu no maxilar para ver se não estava quebrado. - é só um treino.

- Desculpe. - disse sem graça. - errei a mão.

- Sei...

Kanon partiu para cima dele, ambos estavam lentos por causa da gravidade, mas a força de Aldebaran ligeiramente aumentava. O marina defendia-se como podia. Num dado momento, o brasileiro aplicou-lhe uma rasteira, levando-o ao chão. Kanon virou o corpo rapidamente para não ser acertado por um soco.

- Tem que quebrar o chão, não eu.  - disse levantando. - olha o buraco que ficaria em mim.

- Foi mal Kanon. - voltou a atenção para o buraco que se formou. - se o Mask ver, me matar.

- Ver o que? - o canceriano havia escutado.

- Fiz um buraco sem querer...

Giovanni parou a luta com Shaka para ver.

- Sorte que tenho dinheiro não é?

- Pois é... - murmurou sem graça.

- Poxa. - Miro aproximou. - que cratera.

- Acabou a conversa. - disse Shion. - Aldebaran controle sua força e não use cosmo.

- E olha que ele não estava usando. - disse Kanon. - imagina se usasse!

Mal Kanon acabou de falar, ouviram um estralo. Os quatro voltaram a atenção para o buraco, uma rachadura surgiu e começou a alastrar por todo o chão.

- Ops...

A plataforma que estavam começou a fragmentar em vários pedaços e se Shion e Mu não tivessem agido rápido, os pedaços cairiam sobre a linha de transportes.

- Pô Deba! - ralhou Mask. - assim também não!

- Desculpe...

- Por isso disse para não usar o cosmo. - Shion soltou um longo suspiro, como explicaria a rainha o ocorrido.

- Eu não usei, juro.

- Talvez o material não seja resistente... - murmurou Kamus.

- Que seja. É melhor voltarmos antes que mais um incidente aconteça. - disse o ariano mais velho.

- Ah... mestre... - Shura estava na beirada, olhando algo.

- O que foi?

- Não foi só chão, tem uma pilastra de sustentação que está bem danificada.

Shion lançou um olhar frio para Aldebaran.

- Vá resolver.

O brasileiro saltou para perto da pilastra. Realmente ela corria o risco de desabar.

- Droga... - olhou ao redor, vendo um gramado próximo. - Mask vai me matar... - ele deu a volta e posicionando, deu um soco na pilastra. Uma pedra bateu com força contra o rosto dele provocando um corte. Deba nem sentiu e o corte cicatrizou segundos depois não deixando marcas. Segundos depois a pilastra virou pó.

Os cavaleiros olharam entre si intrigados.

- Estão vendo o perigo que passei? - comentou Kanon. - e nem usou cosmo.

Deba retornou a plataforma.

- Não podia mirar em outro lugar? - Mask fitou ferino.

- Desculpe.

- Vamos.

O.o.O.o.O

No palácio, no centro de Ranpur, Hely repassava o esquema de segurança para a cerimônia de mais a noite.

Estava circulando por entre os corredores, checando os relatórios, quando o aparelho que usava no braço esquerdo apitou.

- Pronto.

- Senhorita Hely, é o Ynos, responsável pela segurança do setor norte.

- Diga.

- A nave do príncipe acaba de traçar o retorno ao palácio.

- Ótimo.

- Peço autorização para acionar o departamento de manutenção.

- O que aconteceu? - parou de andar.

- O príncipe e seus companheiros realizaram uma espécie de treino físico, o que acabou de destruir parcialmente a área.

Hely franziu o cenho ao ouvir aquilo. A área foi destruída? Como assim?

- Autorização concedida. Quero um relatório detalhado sobre isso.

- Sim.

A comunicação cessou. A garota achou muito estranho o ocorrido, mas esperaria o relatório para informar a rainha.

O.o.O.o.O

Os cavaleiros entraram no palácio ao som dos xingos de Giovanni, principalmente para Aioria e Aldebaran.

- Eu deveria mandar prender vocês! - exclamou. - quero ver explicar para a minha mãe o que fizeram.

- Nós? - Aioria gaguejou.

- Shion é que não vai ser.

Olharam para o grande mestre ele concordava com o canceriano.

Enquanto isso, Lirya assistia a pequena discussão. Sorria.

- "Ele se parece muito com você, Soren." - pensou. - bom dia rapazes.

A voz cortou os xingamentos de Giovanni.

- Por que quer prende-los Eron? - indagou sorridente. Aioria e Aldebaran empalideceram.

- Diga. - Giovanni olhou para eles.

- Não queríamos causar problemas majestade, - começou um sem graça grego. - mas acabamos destruindo a área que concedeu a nós.

- Quebraram tudo mãe!

- Não foi tudo. - disse o brasileiro.

- Não se preocupem com isso, vou providenciar o conserto. Mas o que faziam lá?

- Treinos físicos. - Giovanni aproximou da mãe, deu lhe um beijo na testa, mas não chegou muito perto, pois estava suado. - vou tomar um banho. Anda cambada!

- Ele está abusando... - murmurou Miro a Shura.

- Vamos. - disse Shion, não achando graça em ser mandado, mas obedeceu.

- Mandarei avisar quando o almoço for servido.

Os cavaleiros fizeram uma reverência antes de saírem. Hely, num canto, apenas esperou eles saírem para aproximar.

- Majestade.

- Sim.

- É sobre a área destruída por eles.

- Foi grande?

- Não senhora, o departamento de reparos já foi avisado, a questão é o tipo de estrago.

- Como assim? - indagou curiosa.

- A composição química dos compostos utilizados na fabricação leva o oricalco. A plataforma não poderia ser danificada como foi. Parece que usaram muita força para isso.

- Será que tem a ver por serem protetores de elementares em VL? Marius disse que eles possuem "poderes". - as duas caminhavam lentamente.

- Pode ser por isso, apesar dos relatos dos soldados que faziam a vigilância. Eles disseram que não viram nada de anormal. Eles usavam os punhos, numa clara luta corporal, com a exceção de um deles.

- Qual? - a rainha parou.

- Aioria. Ele provocou uma onda de descarga elétrica na plataforma.

- Estranho... procurarei informações a cerca disso em Orion, eles talvez poderão explicar.

O restante do dia seguiu de maneira tranqüila e os preparativos para a apresentação na polícia galáctica continuavam a todo vapor.

No departamento de defesa de Ranpur, Rihen, Ren, Evans e Etah estavam reunidos para acertarem os últimos detalhes, assim como na sede política do planeta. Marius, Beatrice alguns membros do governo discutiam as novas diretrizes que seriam tomadas após a apresentação.

O.o.O.o.O

O sol estava sendo tingido de laranja, indicando o final de mais um dia. Alisha andava por entre os jardins reais, a procura do ar fresco daquele horário. Os pensamentos estavam perdidos em seu pai. Assim como Eron, o havia perdido precocemente.

- Princesa Alisha. - uma jovem lemuriana aproximou.

- Sim?

- Já está quase na hora. - disse.

- Vamos sentar um pouco? - deu um sorriso amável.

A jovem não disse nada, obedecendo. As duas sentaram próximas a uma fonte.

- Papai gostava muito desse jardim...

- É um lugar encantador, princesa.

- Rana sem cerimônias. - a fitou divertida.

- Desculpe Alisha.

- O rei lutou tanto para nos proporcionar a paz e hoje um novo capitulo se inicia. - a princesa olhou para o céu. - a volta de Eron por ser uma benção como também uma maldição.

- Nosso povo vê com bons olhos a volta dele. Ouvi dizer que a maioria de GS o aguarda ansiosamente. - disse Rana. - vamos ter que fé, que tudo irá dar certo.

- Eu espero que sim. Fiquei muito feliz com a volta dele, mas ao mesmo tempo apreensiva.

- Por que? - Rana a fitou.

- Ele passou quinze anos afastado de nós, num lugar com outros costumes e realidade. O quanto isso pode tê-lo afetado? Será que, quando Eron enxergar suas reais responsabilidades vai querer assumi-las?

- Claro que sim. Ele é filho de um Tempestta, a segurança da nossa galáxia, conquistada a duras penas está nas mãos dele.

- Quero muito acreditar nisso.

- E os Atlantiks? - queria mudar de assunto para que a princesa não pensasse naquilo. - quando eles virão?

Alisha pensou em Mu, mas o pensamento mudou rapidamente para Shion. Jamais tinha conhecido um Atlantiks como ele. Sua postura altiva e sublime remetia a um dos nobres de sua corte. Será que ele era algo assim naquele planeta longínquo?

Rana achou curioso o súbito silencio da princesa.

- Quais são os nomes?

- Shion... - murmurou sem perceber. - ele é tão... – não terminou a frase. - o outro se chama Mu.

- Esse Shion é tão o que? - indagou.

- Nobre.

Rana ficou em silêncio, conhecia a princesa desde que eram adolescentes e jamais a ouviu falar sobre algum rapaz de maneira tão contemplativa, será que...

- A senhorita gostou desse Shion?

- O que? - o rosto ficou vermelho. - claro que não Rana! É como eu disse, ele tem aparência de nobre, de certo tem um cargo importante no planeta dele.

- Só isso?

- E o que mais seria?

- Não sei... tem alguns anciãos do nosso conselho que aguardam o pronunciamento de um casamento real...

- Sorte que, quem manda aqui sou. - levantou. - eles apenas pensam na continuidade da casa real. Ainda bem que estão em vias de aposentar.

- Não seria má idéia um casamento. - disse para alfinetar.

- Com a reviravolta que o retorno do Eron pode causar, tenho coisas mais urgentes a se pensar.

- Só estava brincando. - levantou. - eu sei que a situação política requer toda a sua atenção.

 - Rana, - depositou as mãos nos ombros dela. - com Eron de volta, ou a galáxia estará a salvo ou perto de sua extinção.

O.o.O.o.O

Por onde passava era reverenciada. Havia chegado a pouco ao seu planeta natal, antes de seguir viagem rumo a sede da policia galáctica. Não usava o uniforme de trabalho e sim as vestimentas tradicionais de seu povo, considerados descendentes dos elementares puros.

- Senhorita.

Dois guardas a reverenciaram e em seguida abriram uma grande porta dourada para a passagem.

Um salão enorme despontou-se para ela. Não havia luz, a não ser o brilho dourado que emanava das vestes de doze pessoas, reunidas em circulo no centro do salão e ao redor de uma bola azul que chegava a altura da cintura deles. A mulher aguardou ser chamada ou percebida.

Um dos doze abandonou o circulo e foi até ela. Rapidamente ela curvou-se.

- Não há necessidade filha de Trieste. - disse o senhor de olhos azuis e tez muito branca.

- Estou indo a uma reunião na sede policia. Creio que se trata de algo importante já que foi solicitado pela rainha de Ranpur e requer a presença de todos.

O senhor sorriu.

- Realmente é muito importante. Saberia, se não relutasse em usar o sangue da sua raça.

- Prefiro que o destino se mostre a mim, como se mostra a qualquer pessoa comum.

- Palavras de seu pai. Mas às vezes, - a voz ficou séria. - é necessário deixar que o destino se expresse primeiramente em nós. Este é o caso, pois não se trata apenas do destino de nossa raça, mas de toda a galáxia.

A mulher o fitou confusa.

- Venha.

Caminharam até o grupo. Eles deram passagem a ela, para que pudesse ver a bola azulada que brilhava.

- O que quer dizer suas palavras Noah? - o fitou, pois se recusava a olhar para a bola.

- Pelo menos uma vez permita-se ver o que está para acontecer, Urara.

- O oráculo tem coisas a te mostrar, menina. - disse uma velha senhora. - uma de domínio publico e a outra que diz respeito a sua vida particular.

- Fatos intercalados?

- Somente o tempo poderá te responder, já que uma das imagens diz respeito apenas a você. Não podemos ver.

Ela relutou nos primeiros segundos, mas se a segurança da galáxia, que ela tanto prezava estava ameaçada, cederia. Os olhos azuis claros olharam para a bola azul. A principio, não viu nada, mas aos poucos as imagens começaram a aparecer para ela. Via um corredor, por onde alguns homens caminhavam. Aparentemente, nada de anormal, quando os olhos fixaram num homem. Pelo físico parecia ser um de sua raça, mas havia algo diferente nele. Reparou que ele usava entre as sobrancelhas um ponto vermelho, o que não conduzia a um Eiji. A imagem se desfez.

- O que significa...?

- Não temos resposta. - disse Noah. - essa imagem só foi mostrada a você.

- E a outra? - indagou, não havia lógica naquilo.

- Olhe...

Urara olhou novamente. Era o mesmo corredor e os mesmos homens, inclusive o da imagem anterior, contudo o olhar foi para outro homem que parecia ser conhecido. A imagem tornou-se mais clara e ela pôde ver o rosto do homem... os olhos arregalaram.

Os membros do grupo fitaram-na.

- Entende a gravidade? - indagou Noah.

- Ele... está vivo...? Mas como?? - estava assustada.

- Só ele poderá nos dizer.

Urara voltou o olhar para a bola azul. A imagem do rapaz ainda estava lá.

- Tempestta... - o nome perdeu-se no ar.

O.o.O.o.O

Um grande esquema de segurança estava montado, as principais emissoras de TV estavam presentes para o evento que parecia ser o acontecimento do século.

Em Ranpur, não havia outro assunto, a não ser o pronunciamento da sede. O olhar da população volta e meia dirigia-se para o palácio que estava com todas as luzes acesas.

Giovanni estava no seu quarto acabando de se arrumar. Estava nervoso, ele seria mostrado a toda galáxia e não sabia se estava preparado para isso.

Fitou sua imagem no espelho. Usava a mesma roupa do jantar, acrescida da faixa, insígnias e a coroa.

- Entre. - disse sem se virar.

- Digno de uma realeza.

- Sem brincadeiras Gustavv.

O sueco parou atrás dele, mirando-o no espelho.

- Deixou de ser um morto de fome e virou o rei de uma galáxia. Isso que é ganhar na loteria.

- Para. - a voz saiu nervosa.

Afrodite o fitou seriamente.

- Qual o problema Mask?

- Nenhum... - fingiu arrumar a faixa.

- Fale. - Dite sentou no sofá. - admita que está com medo.

- Medo? - o fitou rindo. - não seja ridículo!

- Seja sincero com você como foi em admitir que gostava da Helena.

- Isso tudo. - a voz saiu baixa. - eu não sei onde isso vai parar. Nem lembro de como fui parar no santuário. E se não passar de um engano? E se a minha volta ocasionar algo pior?

- Pior como?

Mask não respondeu.

- Deixe de ser frouxo e coloque para fora o que sente.

O cavaleiro mostrou o dedo do meio.

- Vamos. - o italiano colocou seu pingente para dentro da blusa.

- Giovanni. - Dite parou na frente dele. Mask já esperava um sermão. - seja o que acontecer hoje, se precisar eu estarei aqui.

- Obrigado. Vamos.

Os demais dourados, já estavam a espera de Giovanni no salão principal. Não demorou para a rainha chegar na companhia de suas damas reais. Ela usava um vestido sóbrio em contraste com a jóias reais que usava. Célica e Hely estavam vestidas iguais. Elas usavam uma túnica negra e com a cintura marcada por uma fita vermelha. Os cabelos presos numa trança. Deba e Célica trocaram olhares.

- Onde está o Eron?

- Gustavv já foi chamá-lo majestade. - disse Shion.

- Majestade. - Etah aproximou do grupo. - estamos prontos.

- E seu pai?

- Já partiu em direção a Galaxy.

- Ótimo. Só falta...

Ela virou quando os olhares foram para a porta que se abriu, era Giovanni e Afrodite. Shaka fitou o amigo. Naqueles trajes nem parecia o cavaleiro de Câncer. O olhar demorou na insígnia que ele usava... e foi de repente! O cérebro foi invadido por imagens, as mesmas do dia anterior. Piscou os olhos várias vezes, até que elas dissiparam.

- Preparado filho? - Lirya ajeitava a faixa.

- Sim.

- Então vamos.

O grupo foi conduzido por um batalhão de policiais até a pista de pouso, onde uma nave de tamanho mediano os aguardava. Até então tudo normal até que Miro viu os robôs Legos, vários deles.

- É muito doido! - exclamou. - você me prometeu que eu andaria num desses. - olhou para Etah.

- Prometi e vou cumprir. Tudo ao seu tempo.

Embarcaram, a nave alcançou vôo, até ganhar o espaço. Os cavaleiros ficaram impressionados com a quantidade de naves.

- Quantas! - exclamou Mu.

- São necessárias para a segurança do filho de Soren. - disse Lirya fitando o filho.

- Pessoal... - murmurou Deba. - olhem aquilo.

O grupo foi para o outro lado, arregalando os olhos. Se ficaram impressionados com o tamanho da Euroxx, havia outra ainda maior.

- Qual o tamanho daquela coisa? - indagou Aioria.

- É uma das nossas naves militares, a Galaxy. - explicou a rainha. - se não me engano ela tem quinze quilômetros de extensão.

- E vamos nela? - Kanon parecia uma criança.

- Sim.

A nave pediu autorização para aproximar, a medida que chegavam perto o estado de perplexidade era maior. Viram a Euroxx não muito distante e realmente a Galaxy era superior. A nave entrou e seus ocupantes levados a sala de controle. Marius e Beatrice os aguardavam. Ela e Kamus trocaram olhares.

- Seja bem vinda majestade. Sou o capitão dessa nave. - um senhor fez uma reverência. - Kopal Patna.

- É um prazer conhecê-lo capitão.

- Majestade. - Marius cumprimentou.

O capitão olhou curioso para o grupo que acompanhava a rainha. Poderia ser seus guarda-costas, mas os ternos pretos não combinavam com a função. Deveria ser roupas militares. O olhar foi para o único que usava tal roupa. Por que ele usava a insígnia da casa real?

- Eron. - Marius soprou no ouvido dele, o capitão ficou pálido.

- Como??

- Depois te explico. Haja com descrição, pois ninguém aqui sabe disso.

O capitão ainda lançou um olhar incrédulo, mas ficou em silencio.

Ele assumiu sua cadeira de comando, dando as instruções. As naves em torno da Galaxy tomaram posições, assim como a Euroxx.

- Preparem os aceleradores, liguem os vandreds, tracem a coordenada da sede. - ditou as ordens.

- Vandreds ligados, energia a setenta e cinco por cento. Refletores abertos, posições Y328, E159, O753.

- Navegação ajustada. Índices de energia normais. - disse um controlador.

- Margem de erro: 0,0001 por cento.

- Liguem os escudos refletores, repassem às coordenadas as outras naves. Deixem a velocidade baixa para que elas possam nos acompanhar. 

Uma luz azulada apareceu na frente deles, Saga e Kanon correram até a janela mais próxima para testemunhar. A luz transformou-se em círculos propagando como ondas, segundos depois os círculos transformaram em cones e a Galaxy entrou. Os demais viram quando a Euroxx surgiu logo atrás seguida de outras naves.

- Navegação ajustada. Índices de energia normais. Margem de erro: 0,0001 por cento.

- Podemos andar por aí? - indagou Dohko.

- Não vejo problemas. - disse Marius. - mas nossa viagem será de apenas uma hora.

- Rápido assim? - questionou Kamus.

- Sim. A sede é próxima e estamos dentro de hadren.

- Diante disso ficaremos por perto. - Shion fitou a todos, mandando um recado.

- Como quiserem.

- Marius, Eron e eu estaremos na ala residencial.

Todos fizeram uma reverência antes deles saírem. Giovanni não queria ir, mas obedeceu.

Shion levou os cavaleiros para fora da cabine. Beatrice foi cuidar de suas obrigações.

- Marius... - a voz do capitão saiu séria. - o que está acontecendo? A polícia inteira foi convocada. Só numa guerra é assim.

- Também achei exagero da parte do Rihen, mas pensando bem foi até melhor.

- Rihen sabe do motivo?

- Ele é o presidente da polícia, tinha que saber, Kopal.

O capitão aproximou mais e abaixando o tom de voz...

- Fale.

- Não percebeu? - fingiu surpresa. - não reconheceria o filho de Soren?

- Pare de brincadeiras... - silenciou. - mas... - a expressão foi de choque. - aquele rapaz? Ele é o Eron??

- Sim. Depois te darei todos os detalhes, mas sim. Ele é o Eron.

- Vocês ficaram loucos? Estão com o príncipe e só temos a escolta da Euroxx?!! Onde está a Antares??

Marius sorriu. Kopal sempre foi muito dramático.

- Está tudo sobre controle. Cada metro quadrado está fortemente vigiado. Rihen não economizou, como você mesmo disse.

- Essa galáxia vai virar um caos...

- Creio que sim.

O.o.O.o.O

Por não ser uma nave de uso civil, a área residencial não tinha dormitórios adequados a realeza. Lirya e Eron foram para o quarto destinado ao capitão. Célica e Hely ficaram na porta.

- Sei que a Euroxx tem acomodações melhores, filho.

- É que a senhora não conhece as prisões do santuário. - disse olhando o local. - e isso continua sendo maior que meu quarto na Terra.

- Como se sente? - aproximou tocando de forma carinhosa o rosto dele.

- Nervoso. Eu sou um cavaleiro, não um príncipe.

- Vai se sair bem. - acariciou as mechas azuis.

- Vou ter que falar alguma coisa? Explicar como fui para na Terra?

- Não. - ela afastou-se. - a sua volta será impactante, as pessoas não terão tempo de perguntar alguma coisa. Apenas diga, que está feliz por voltar a GS. - os olhos azuis olhavam o azul claro do hadren. - Eron...

- Sim? - aproximou dela, parando perto da janela.

- Eu sei que tem um dever com a elementar da Terra e que tudo isso aqui é novo para você, então... - silenciou. Não era o momento para ter aquelas dúvidas.

- Mãe. - o cavaleiro pegou as mãos dela colocando-as entre as suas. - eu realmente não sei qual caminho quero seguir.

Ela o fitou demoradamente. Seu pequeno Eron agora era um homem.

- Eu te entendo. E não importa qual caminho irá seguir, nós nos teremos para sempre.

Giovanni sorriu, abraçando a mãe com ternura.

 

O.o.O.o.O

 

Na porta do quarto, Hely mantinha-se num total silencio. A sua raça era dado a faculdade de enxergar flashs do próprio futuro ou de terceiros e dias antes ela tinha visto uma imagem. Naquela ocasião, não tinha entendido o sentido da visão, mas agora as coisas pareciam mais claras. Fechou os olhos...

---Flashback----

Estava em seu quarto, preparando-se para dormir. Tinha sido um dia tranqüilo, apesar de notar sua rainha agitada e ansiosa. Não sabia o motivo e nem ousaria perguntar, mas estava preocupada. Mirou-se no espelho para fazer uma trança no cabelo antes de dormir. Os olhos azuis estavam fixos no reflexo, quando a imagem distorceu... ela estava dentro de uma das naves da policia e seguia para algum lugar importante, não via quem a acompanhava, mas sabia que era um acontecimento que mudaria a vida de muitas pessoas... os olhos piscaram algumas vezes antes de acordar. Recuou assustada e sem entender o significado das imagens.

--- Fim do Flashback---

- "Será que minha visão se tratava disso?" - pensou.

- Hely!!!!

A voz alta de Célica a trouxe de volta.

- O que foi? - a fitou.

- Estou te chamando, parece que estava longe.

- Apenas concentrada. - virou o rosto. - não podemos sair do lado da rainha.

- Eu sei, mas não era nisso que pensava. - sorriu. - aposto que é num dos amigos do príncipe.

- Cely... - soltou um suspiro desanimado. - não diga asneiras.

- Sei... - sorriu divertida. - aquele kalahasti estava bonito.

- Célica. - a voz saiu séria. - não faça nada, tem que se concentrar na sua missão. Sabe que se falhar na proteção da rainha, será destinada a Wan.

- Ei... - levantou as mãos. - eu sei dos meus deveres e sei das conseqüências em não cumprir. Sabe muito bem que não colocaria o meu dever a frente de um homem.

- Espero que saiba mesmo.

- Apenas quero sexo casual.

Hely a fitou ferina.

- Hely, - a garota aproximou, tocando no queixo da outra. - sempre me coloco em primeiro lugar. - os olhos castanhos fitaram bem fundo os azuis claros.

- Assim espero.

Célica sorriu.

O.o.O.o.O

Shion e os demais cavaleiros andavam pelas dependências perto da cabine de controle. Kamus atrasou o passo e quando eles distanciaram tomou outro rumo. Viu quando Beatrice seguiu por outro corredor. Minutos depois Miro deu falta dele, indo atrás. Kamus rapidamente pegou a direção que a jovem tinha tomado, quase deu de cara com ela e teve que se esconder. Esperou que os policiais que estavam com ela dispersarem para aparecer.

- Boa noite Beatrice.

A garota virou na hora surpresa.

- Boa noite.

- Fui ao toalete, mas acabei me perdendo. - disse sério.

- A Galaxy é bem complicada mesmo. Às vezes até eu me perco. - sorriu.

O francês devolveu o sorriso, analisando-a. Os cabelos estavam presos num coque e sua roupa era igual do dia da apresentação só que na cor preta. Na parte direita do casaco havia um broche dourado.

- Imagino que tenha muito serviço na noite de hoje.

- Sou assessora de um chanceler o que já demanda muito trabalho, ainda mais hoje. É desgastante, mas gratificante, ainda mais com a nova Era que vai se iniciar.

- A volta de Eron realmente é um divisor de águas. - deu um passo a frente.

- Sim. Creio que não seja diferente no seu planeta. Sempre que há poder em jogo, os resultados podem ser devastadores em todos os sentidos.

Kamus não pode deixar de sorrir, ela era nova, mas muito centrada em seu dever e inteligente. Estava prestes a perguntar algo quando sentiu um cosmo aproximando...

- "Por Atena..." - pensou contrariado.

- Aí está você. - Miro munido de um grande sorriso parou ao lado do amigo. - boa noite Beatrice.

- Boa noite Miro.

- Algum problema? - Kamus o fitou com o olhar gélido.

- Não, só vim atrás de você. A mando de Shion. - disse, mas era mentira.

- Se perdeu. - disse Beatrice em socorro ao aquariano. - os corredores da Galaxy são labirintos.

- Onde estava indo? - Miro o fitou, ainda sorrindo.

- Toalete.

- Sério? Mas eu pensei que... - ele calou-se ao sentir o cosmo de Kamus agressivo. - deixa para lá. Então Beatrice, - voltou o olhar para ela. - está muito linda.

- Obri-gada. - o rosto corou.

- É melhor irmos. - Kamus pegou no braço de Miro começando a congelá-lo.

- Tem razão... até logo Beatrice.

- Tchau. - disse Kamus rapidamente e arrastando Miro.

Ela achou graça.

 O braço de Miro iria congelar a qualquer momento.

- Meu braço Kamus. - puxou.

- Por que veio atrás de mim? - indagou irritado.

- Queria vê-lo em ação. - sorriu maldoso. - pensa que não percebi? Tá caído pela rosinha.

- Foi por acaso. Fui ao banheiro.

- Sei... - massageava o braço. - eu te conheço cubo de gelo. Mas não se preocupe. - passou o outro braço pelo pescoço dele. - não vou fazer nada, só na observação.

- Cala a boca Miro!

- Ei! Só quero ajudar.

- Enfia sua ajuda...

- Já entendi. - afastou. - não falo mais nada. - queria gargalhar, Kamus estava interessado em Beatrice. - "isso vai ficar interessante."

O.o.O.o.O

Os corredores da sede da polícia estavam tomados por gente. Principalmente o corredor que dava acesso a câmara onde ocorria as principais reuniões da polícia e do conselho. Niive seguia apressada para ocupar seu lugar, acabou encontrando uma amiga pelo caminho.

- Quem é vivo sempre aparece. - abriu o sorriso.

- Como vai Niive? - estendeu a mão para ela.

- Bem e você? Faz tempo que não te vejo Urara.

- Nossas obrigações. - deu um sorriso discreto. Alias isso era a marca de Urara, ponderação e racionalismo ao contrário de Niive impulsividade e emotividade. Cada uma carregava as características de seu povo. - como anda Clamp?

- Mesma coisa. Nossa galáxia está em paz, apesar de achar que isso aqui diz outra coisa. - apontou para as pessoas.

- Talvez.

- Eu sei que você sabe o que está acontecendo.

- Eu não sei o motivo da reunião.

- Não estou falando pelas vias convencionais. - disse Niive, não podia revelar a verdade, mas queria saber se a amiga já desconfiava.

Urara a fitou intensamente, apesar da diferença de idade e personalidades distintas as duas tinham se tornado boas amigas.

- Espero que traga paz o acontecimento de hoje, apesar de achar que não. - a fitou seriamente. - você já sabe senhorita Jay.

Niive sorriu.

- Sim. Verá que sua raça não erra nas previsões.

O.o.O.o.O

Na ala destinada aos superintendentes, a maioria já estava ocupando seus lugares. E era o caso de um deles.

- Por isso gosto dessas reuniões. - disse um rapaz de feições jovem. - podemos rever nossos companheiros.

O outro rapaz ergueu o rosto.

- Ruri!

- Como vai Iskendar? - cumprimentou-o.

- Muito bem, melhor se estivesse em casa.

- E hoje era o meu dia de folga. - Ruri sentou em seu lugar, o número 16. - fazer o quê? - passou a mão na franja revelando duas pintas ao invés da sobrancelha.

- Ordens. - sorriu. - já conseguiu sua transferência?

- Sou novo aqui, ainda não tenho tempo suficiente para pedir.

- As nossas áreas não são muito boas. - comentou. - mas ouvi falar que as áreas 49 e 50 vão abrir vagas.

- Seria perfeito. - disse. - muito mais perto de Alaron. Eu fiz minha inscrição, mas não sei...

- Espero que consiga.

- Tem idéia do teor da convocação? - olhava a acomodação das demais cadeiras.

- Não. - Iskendar seguiu o mesmo movimento. - Provavelmente algum assunto burocrático. Sempre é isso.

- Mas o conselho estará presente, isso não é muito comum.

- Verdade, mas o importante é a recepção que terá depois.

Os dois riram.

O.o.O.o.O

Um dos corredores que dava acesso à câmara estava fechado para a entrada da princesa da casa de Aliperti. A comitiva real foi conduzida ao seu lugar de direito e a princesa a sua bancada no conselho, as demais autoridades que já haviam chegado prestaram uma leve reverência a princesa Alisha.

- Parece que todos irão comparecer em peso. - disse.

- Princesa Alisha. - o canal de comunicação abriu.

Ela olhou para a bancada ao lado. Era o chanceler de Maris.

- Como vai senhor Rodhes? - colocou o comunicador no ouvido.

- Muito bem. Espero que tenhamos uma noite agradável.

- Teremos. - sorriu.

O.o.O.o.O

Na ala reservada a diretoria, um homem andava a passos rígidos. Seu porte altivo indicava que era alguém com autoridade. Os cabelos grisalhos eram bem curtos. O olho esquerdo era branco e no outro usava um tapa olho.

- General Eduk.

O homem parou ao ouvir seu nome.

- Senhor. - um jovem bateu continências.

- Está atrasado sargento Fianna.

- Imprevistos. - desculpou-se.

- Vá assumir sua posição na ala dos superintendentes.

- Sim senhor.

- Senhores.

Os dois olharam para trás.

- Presidente Rihen. - Fianna e Eduk bateram continência.

- Fico feliz que tenham atendido o meu pedido.

- Nossas obrigações sempre em primeiro lugar.

- Sei disso Stiva Fianna. - tocou nos ombros do jovem. Ele pertencia a raça Kalahasti por isso tinha a pele morena, cabelos e olhos negros.

- É muito bom ouvir isso de um jovem. – a voz soou atrás deles.

Os três trocaram olhares antes de voltarem a atenção para a voz cheia de frieza.

- Premier Serioja. - Rihen o cumprimentou de forma cortes.

- É sempre um prazer revê-lo presidente, a você também Eduk. - ignorou Stiva.

O diretor não respondeu.

- Espero que seja um motivo nobre para essa convocação. - ajeitava a túnica que usava.

- Não podemos esperar menos da rainha de Ranpur. - disse Eduk com um sorriso cínico no rosto, pura provocação.

- A rainha. - a voz saiu com certo desprezo. - é claro que ela deve ter um ótimo motivo para convocar todo o conselho. - os olhos vermelhos fitaram-no. - Se me derem licença irei assumir minha bancada.

Ele saiu sobre o olhar dos três.

- Sujeito petulante. - disse Stiva.

- Fale baixo Stiva. - Rihen o advertiu. - pode ser insignificante, mas faz parte do conselho.

- Ele será um grande problema. - Eduk o fitava. - por mais que represente um planeta insignificante, numa região insignificante como a área 128, ouvir dizer que ele está conquistando nomes. Sua oposição a regência da rainha Lirya está ganhando adeptos.

- Isso pode atrapalhar a ordem de GS, Athos. - fitou o diretor da área 2. - mantenha os olhos nele. Você também Stiva.

- Sim senhor.

Quando Serioja deu entrada na câmara e assumindo seu lugar, os burburinhos começaram.

- Chegou o "rei" do conselho. - disse Rodhes usando o comunicador.

- Meus embaixadores nos planetas Mark e Kast disseram, - iniciou a princesa. - que os líderes desses lugares estão em constante contato com ele. Não me surpreenderia se o Akino, conselheiro daquela região aliar-se a ele.

- Ainda somos a maioria princesa, mas precisa de um basta. Precisamos cortar a erva daninha antes que ela cresça demais. - fitava Serioja ser cumprimentado por muitos conselheiros. - assim que soubermos como será a repercussão da volta, - a fitou. - marcarei uma reunião o mais rápido possível com os nove.

- Precisamos agir antes que um mal maior aconteça.

O.o.O.o.O

Quando a Galaxy entrou no perímetro da área trinta e cinco sua proteção foi substituída da Euroxx pela Antares, a maior nave militar da galáxia. Os dourados ficaram impressionados com o tamanho dela. Era o dobro da Euroxx.

Em menos de vinte minutos, a Galaxy saiu do hadren, entrando no espaço aéreo da área trinta e cinco, dezenas de naves faziam o patrulhamento.

- Que esquema de segurança. - disse Miro.

- Estão transportando o príncipe. - Shaka fitava a janela. - não é diferente quando a Atena faz suas viagens, guardando é claro as devidas proporções.

- O Gio realmente é muito importante. - disse Deba.

- Aposto que mais que possamos imaginar. - Shion fitava as outras naves que faziam a escolta. - ele é uma peça que fará toda a diferença na política.

- Realmente o italiano grosso virou alguém. - brincou Afrodite.

- Diante disso temos que tomar providencias.

A frase de Shion chamou a atenção de todos.

- Por que diz isso Shion? - indagou Dohko.

- Giovanni está no patamar igual como Atena está para nós. Marius nos disse que há muitos políticos que querem a abolição da regência dos Tempesttas e a volta dele estraga esses planos. Ele será alvo de atentados.

Os cavaleiros olharam entre si.

- Devemos ficar de olho nele o tempo todo. Não poderemos interferir na maneira como Marius irá cuidar disso, mas nós, na qualidade de cavaleiros devemos prestar toda a assistência a Mask ao nosso modo. - frisou as últimas palavras. - ao final de um mês ele tem que voltar vivo para o santuário.

- Pode contar conosco. - disse Saga por todos. – tomaremos conta dele.

- Obrigado.

- Por esse trabalho iremos cobrar bem caro. - brincou Shura. - férias em algum resort, está incluso no pacote.

- Ele não deve saber disso Shura. - disse Shion. - ele não se sentirá a vontade e pode até prejudicar o trabalho da polícia. É melhor agirmos sem ele saber.

- Tudo bem.

- Atenção setores de transporte e reparos. Cinco minutos para a manobra de engate. Setores B58 a C15 serão ligados a ponte no setor C001 da sede.

- O que está acontecendo? - indagou Deba.

- Acho que aquilo responde a sua pergunta. - Kanon apontou para a janela.

As expressões ficaram impressionadas. A construção, um tubo com um topo quadrado, era gigantesca erguendo-se a milhares de quilômetros de altura. Na extremidade inferior ligada a esse tubo, havia um conjunto de quatro discos brilhantes funcionando como terminais para naves pequenas, a imagem parecia uma pétala de flor aberta. No meio do bastão, um cilindro circundava-o preso a ele por quatro hastes, como pontos de sustentação. Na parte superior, uma edificação quadrada e dividida em vários andares e no topo uma construção côncava feita em vidro de coloração esverdeada.

- Que porra é essa? - Aioria não acreditava.

- Deve ser a tal sede da polícia. - disse Kamus.

Batidas na porta interromperam a conversa. Era Beatrice, para chamá-los para preparação ao desembarque.

Foram conduzidos, juntamente com Marius, Lirya e Giovanni a sala do desembarque.

- Ponte acoplada com sucesso capitão. - disse um controlador. - Legos da Antares farão a segurança no entorno.

- Deixe a nave em sinal vermelho. Avise as outras naves sobre os procedimentos.

Giovanni parecia não muito impressionado com as imagens, ao contrário dos demais santos de Atena. Aquilo era completamente novo e surreal.

- Sede, autorização para desembarcar. - uma controladora acionou a transmissão.

- Autorização concedida.

- Perfeito. - disse Kopal. - abram as portas.

As grandes portas começaram a abrir, os cavaleiros esticavam os pescoços para enxergar além. Quando o processo terminou, viram um longo corredor branco, com policiais dos dois lados formando uma parede.

- Agradeço a confiança majestade. - Kopal reverenciou.

- Eu que agradeço. - sorriu gentil.

Marius seguiu na frente abrindo caminho. Beatrice, Lirya, Giovanni, Hely e Célica e por último os dourados. Shaka olhou para o teto. Era transparente o que permitia a visão das naves e robôs que circundavam o túnel e a sede. Pela posição, deduziu que a nave estacionara ao lado do cilindro. O olhar subiu um pouco mais, mirando a construção quadrada do topo, parecia ainda mais impressionante de perto. Subitamente a mente foi invadida por uma visão, mais precisamente de uma pessoa. Não via seu rosto, pois ela estava de costas. Os cabelos loiros claros desciam lisos e usava uniforme semelhante ao da polícia.

- Shaka.

A voz de Mu o trouxe de volta.

- O que?

- Tudo bem? - notou o amigo distante.

- Sim. Só um pouco impressionado com isso. - mentiu.

- Quem não ficaria. - sorriu.

Shaka apenas meneou a cabeça. O que tinha sido aquilo? Primeiro imagens de uma nave, agora de uma pessoa? O que significava?

- Senhores, - Marius começou. - essa é a sede da polícia galáctica. Todos os comandos saem daqui. É dividida em várias repartições e departamentos, mas naquela ala, - apontou para o quadrado. - é onde ficam os gabinetes do alto escalão e dos conselheiros que compõe a administração política. Vêem aquele teto de vidro? Ali é onde fica plenário, onde ocorrem reuniões e votações. Também usamos como auditório.

- Nossa estação espacial não é nem um terço desse tamanho. - comentou Kamus.

Marius deu algumas explicações mais simples e quando entraram na sede, ficaram impressionados com o tamanho e a engenhosidade. Era um cenário futurístico. Mask deu um leve sorriso. Aquele lugar apesar das reformas ainda parecia com o lugar onde o pai o levava às vezes.

- Papai surtava quando eu desaparecia aqui dentro. - comentou.

- Ele me contou. - Lirya sorriu.

- Para uma criança é um prato cheio. – disse Marius. - Ren também sumia quando criança.

O grupo foi conduzido a um elevador e depois levados para os acessos da câmara.

- Vocês podem vir comigo? - indagou Beatrice aos dourados. - iremos ficar na bancada destinada a Ranpur.

Mask lançou um olhar para eles.

- Vai ficar tudo bem. - Dite aproximou. - e modere as palavras, é um príncipe. Não mate Atena de vergonha.

- Pode deixar.

- Boa sorte Mask. - Kanon e ele trocaram um cumprimento.

- Obrigado.

Os homens de Atena e Beatrice dirigiram para seus lugares. Lirya, Giovanni e Marius continuaram a andar, até a ala de onde fariam o pronunciamento.

O grupo entrou no espaço destinado ao chanceler de Ranpur.

- Que lugar maneiro! - exclamou Miro. - olha só para isso! - apontou para o teto.

- Que auditório. - disse Dohko. - quantas pessoas? - fitou Beatrice.

- Dez mil.

- Uau... - murmurou Dite.

- O auditório é dividido em duas sessões: Militar e política. Na militar, nas bancadas inferiores ficam os membros do baixo escalão da polícia. Líderes de esquadras, capitães de naves, etc. - Beatrice pediu para que eles aproximassem para poderem ver. - acima os superintendentes das áreas. Em seguida os diretores, depois o vice-presidente e por ultimo o presidente. Do outro lado, - continuou. - nas bancadas inferiores, ficam todos os representantes de todos os planetas da galáxia. Acima deles os conselheiros.

A assembléia era semi-circulo, com bancada e disposições de espaço muito parecido com a Terra. A área destinada ao comando da reunião ficava no nível das bancada inferiores. Era um local amplo e com um grande telão, o que facilitava a visualização de todos. Tudo normal, se não fosse pelo teto de vidro que conferia a todos uma vista esplêndida do espaço.

- É surreal pensarmos que estamos no espaço, sem ser na orbita de um planeta. - disse Shura.

- Foi construída aqui por ficar no meio dos três planetas principais: Eike, Maris e Ranpur. - Beatrice complementou. - por favor ocupem seus lugares, a reunião já vai começar.

 



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