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História Tempestta - Ponto de Virada


Escrita por: KrikaHaruno

Capítulo 7 - Ponto de Virada


No palácio, Lirya preparava-se para seguir com Eron.  

Urara estava num canto, resolvendo alguns assuntos sobre sua área. Shaka aproximou esperando o momento propício para conversar.

O cavaleiro a analisava atentamente, ela era bem alta para os padrões das amazonas do santuário. Os cabelos e a tez clara poderiam dizer uma nórdica ou até mesmo inglesa, como acontecia com ele. Era bonita e o rosto maduro trazia seriedade. Apesar das faculdades que ela tinha, não sentia cosmo.

A diretora encerrou a comunicação, Shaka aproveitou a deixa.

- Senhorita Urara.

Ela o fitou.

- Será que podemos conversar por alguns instantes?

Os dois seguiram por um corredor e pararam numa varanda com vista para a cidade.

- O que deseja? - ela o fitou.

Shaka fitou os olhos tão claros quanto os seus.

- Eu ter reconhecido aquelas imagens, sem tê-las visto anteriormente é um indício que tenho poder de prever o futuro?

- Certamente. Isso é muito comum na nossa raça. Mas não gosto de usar. Eu acho que o futuro é algo que não deve ser mostrado. O próprio nome diz: futuro.

- Mesmo que seja para evitar alguma tragédia?

- Na guerra, eu previ a morte dos meus pais e não pude fazer nada para evitá-la. - o fitou. Tinha os olhos como seu, mas o rosto era bastante jovial. Ele poderia ser seu filho. - por isso abafo esse dom.

- Além dessa visão eu tive outra. - Shaka desviou o rosto. - eu vi você nela.

- Me viu? - indagou bastante surpresa.

- Sim. Não pude ver seu rosto, mas era você. O que isso significa?

Urara não respondeu de imediato. Também o tinha visto em sua visão.

- Acredito que nossos caminhos tinham que se cruzar.

A resposta o fez olhá-la.

- Você não pertence a essa galáxia, no entanto tem os dons dos eijis. Talvez nosso encontro fosse para descobrir o porquê disso.

- Parece sensato.

- O conselho de Obi deve ter uma resposta para isso. Vamos descobrir juntos.

O.o.O.o.O

Iskendar estranhou seu comunicador apitar. Não esperava ligação de ninguém e tão cedo.

- Iskendar.

- Tenho informações que possam te interessar. - era Dara.

- Quais?

- Eron está indo para Ikari.

- O que??? O que aquele fedelho vai fazer lá?

- Não faço ideia. Apenas sei que vai de Euroxx. No máximo em duas horas. Se pensa em fazer algo deve partir agora.

- Alguém mais sabe dessa informação?

- Se eu estou sabendo, não duvido nada que o palácio esteja repleto de espiões. O que vai fazer?

- Parar aquele idiota. - já levantou, pegando suas coisas. - ele não conseguirá entrar na atmosfera. Depois conversamos. - desligou o aparelho. - não vai atrapalhar meus planos seu garoto mimado!

Saiu.

O.o.O.o.O

Célica e Niive discutiam sobre um possível encontro em Clamp nos próximos dias. Aldebaran fitava as duas, queria perguntá-las sobre seus "poderes", mas estava sem jeito.

- Coragem touro. - disse Kanon parando ao lado dele.

- Fico sem jeito.

- Pois eu não. - Kanon o puxou.

- Kanon!

- Pergunte sobre sua "raça".

Caminharam até elas.

- Desculpe... - a voz do brasileiro saiu baixa. - mas podemos conversar?

- Claro garotão. - Célica deu uma piscadinha. - ficou surpreso por seu ferimento cicatrizar rápido.

- Fiquei. - o jeito espontâneo dela o fez relaxar. - nunca aconteceu isso na Terra.

- Devemos ter algo na nossa atmosfera que afete você. - disse Niive, sem olhar para Kanon. - de toda forma quando for a Clamp terá todas as respostas.

- E como é o planeta?

- É feito de contrastes. - respondeu Célica. - em todo o planeta reina o clima quente, mas tem partes que ocorre chuvas e em outras que é deserto puro. Eu por exemplo sou de Niniveh, uma cidade que fica perto do deserto.

- E você Niive? - indagou Kanon com o rosto neutro.

- Da capital, Bright. - respondeu com um pé atrás.

- Agora fiquei curioso por conhecer. E todos são como nós?

- Sim. - Célica não deixaria Niive conduzir a conversa. - como eu te disse daquela vez. Não temos muitas variações genéticas. Só os olhos que podem ser do castanho claro ao preto.

- Deve ser um lugar interessante. - comentou Kanon. - eu também quero ir Célica.

- Claro.

A diretora arqueou a sobrancelha, qual era a dele?

- A senhora Lirya deve conversar com o nosso presidente. Eu estarei indo amanhã para lá, é possível que seguirão comigo. - ela não deixou por menos.

- Seria ótimo! - exclamou o taurino.

- Perfeito - Kanon deu um sorriso.

- Não sei se você irá. - Niive o cortou.

- Quer apostar?

Célica olhou para Aldebaran, que deu nos ombros.

Enquanto isso, Alisha e Shion conversavam. Mu nem tentou entrar na conversa, já que seu mestre ignorava-o.

- Que cara é essa Mu? - indagou Dohko aproximando dele.

- O mestre monopolizou a princesa. Eu também tenho duvidas.

- Hum... - Dohko fitou o casal. - Shion está encantado com ela.

- O que? Claro que não Dohko.

- Por que não? Uma princesa literalmente e ainda lemuriana? Shion também é homem. Ele também sente atração.

O olhar foi de Dohko para seu mestre. Será que era aquilo?

- E pensar que mesmo com o passar dos séculos, ainda conserva muito da nossa raça. - Alisha sorriu.

- Eu poderei ter acesso a documentos e a nossa história?

- Perfeitamente Shion. Os anciãos que governam junto comigo também ficaram interessados em saber o que aconteceu em VL19-3. Ainda mais por se tratar de alguém como você.

- Como assim? - indagou.

- Atlantiks de cabelos verdes são extremamente raros. Cerca de um por cento da população.

O grande mestre ficou surpreso e pensando bem, ele era o único do seu circulo de convívio que tinha essa coloração nos cabelos.

- Isso tem alguma causa?

- Uma mutação genética, mas nada que comprometa a saúde. Apenas os cabelos nascem com coloração diferente.

- Eu jamais poderia imaginar isso. - Shion estava admirado. - e pensando bem, sou o único que tem essa cor.

- Eu vi por duas vezes. - disse Alisha. - e foram mulheres. Posso colocar a mão?

- Cla-ro. - gaguejou com o pedido inusitado.

Alisha tocou as madeixas verdes de forma lenta, sentindo os fios lisos e macios. A maioria dos presentes não estava prestando atenção no ocorrido, mas Dohko e Mu...

- Primeiro passo dado. - o libriano abafou o sorriso.

- Seu cabelo é muito macio. - Alisha soltou os fios.

- Obrigado. - a face ficou rubra. - eu...

A frase foi interrompida pelo som de passos. Era Etah chegando junto com soldados.

- Majestades. - reverenciou Eron e Lirya.

- Está tudo pronto Etah? - indagou o italiano.

- Sim alteza. Eu irei escoltá-lo até a Euroxx.

- Eu preciso de uma nave, mas eu não sei pilotar, tem alguma com piloto automático? - ele já caminhava em direção a pista.

- Temos, mas creio que o senhor não terá dificuldades. Irei repassar as coordenadas de Ikari.

- Obrigado.

Marius e Lirya acompanhavam a conversa. O filho de Soren, aos poucos assimilava sobre sua terra natal.

- Majestade. - Urara e Niive aproximaram. - temos algumas obrigações, mas estaremos a disposição caso necessite de nós.

- Obrigada meninas.

- Digo o mesmo. - disse Stiepan.

- Irei contatá-lo mais tarde, - disse Marius. - temos que marcar uma reunião com o grupo dos nove.

- Tenho ciência. Precisamos nos cercar de cuidados.

Stiepan despediu-se dos demais e prometeu a Aioria uma ida a Orion.

Na caravana com destino a Ikari os cavaleiros também iam. Alisha queria ir, mas tinha outros compromissos, antes do retorno a Alaron. Vendo Eron sair, correu até ele. Pegou o seu braço puxando-o.

- Pode fazer algo por mim?

- Você e sua mania de presentinhos. - o canceriano torceu a cara.

Ela não pode deixar de sorrir. Quando crianças, sempre que um viajava, trazia para outro alguma coisa.

- Não quero presente.

- Quer o que então?

- Sei que meu pai chegou a ir uma vez com o seu a Ikari. Não faço ideia do que tenha lá, mas se encontrar algo sobre ele pode trazer para mim?

Ficou surpreso com o pedido.

- Está bem. - brincou com os cabelos lilases. - verei o que posso fazer.

- Obrigada Eron. - sorriu

O chanceler e Lirya sorriram ao ver os dois.

- E a ideia do Soren. - Marius a fitou sorrindo.

- Ele também comentou com você? - indagou surpresa.

- Em casar os dois?

Shion que estava perto passou a ouvir a conversa, pois era claro que falavam de Mask e Alisha.

- Sim.

- Ele e Samir eram muito amigos, então pensaram que poderia ser interessante a união das duas famílias.

O mestre fitou Alisha que sorria para Mask. Será que ela pensava nessa possibilidade?

- Acho que isso não será possível... - murmurou a rainha, lembrando-se que o filho dissera que amava uma menina da Terra. - se bem que...

- Deixem os dois decidirem. - brincou Marius. - ainda terão tempo para isso.

- Verdade.

Shion continuou fitando o "casal". Mask dizia-se apaixonado por Helena, mas com sua volta a sua terra natal, será que seus sentimentos mudariam? Será que ele e Alisha...

Balançou a cabeça negativamente. A vida dos dois não lhe dizia respeito.

O.o.O.o.O

Escoltada pelos Legos, a nave que conduzia Giovanni e os demais atracou na Euroxx. Eles foram conduzidos para a sala de comando onde foram recebidos por Evans. Marius, assim que viu outras naves da policia ao lado da nave mãe indagou ao amigo do porquê. O capitão disse que havia comunicado a Rihen sobre a viagem e o presidente achou por bem enviar algumas naves de segurança.

Traçadas as coordenadas a Euroxx entrou no hadren e cerca de uma hora e meia depois chegava a área um, mal sabiam que outras naves também tinham se dirigido para lá. Como o hadren não passava perto do planeta, levaram mais dez minutos até pararem na orbita do planeta.

- Etah. - disse Mask, ajeitando a roupa que usaria na nave.

- Vai sozinho? - indagou Lirya.

- Sim mãe. Não sabemos o que pode ser encontrado lá, prefiro não arriscar.

- Mas você não sabe pilotar uma nave! - exclamou Dite.

- Dite tem razão Mask. - falou Saga.

- Tem piloto automático e a ida até lá não pode ser pior do que ir para o Inferno. - brincou.

Etah o conduziu até o compartimento das naves.

- Essa é uma das nossas melhore naves. Já joguei as coordenadas de Ikari e do local aproximado para aterrissar. Está no semi automático e a qualquer momento pode selecionar a opção automática. - Etah explicava os comandos básicos para ele, Shura que estava perto ouvia atentamente. - a nave possui câmeras externas e vamos receber as imagens. Também implantamos um sinal de ajuda.

- Mas a atmosfera irá permitir? - indagou Marius.

- Contamos que sim.

- Tentarei usar o cosmo, - Mask olhou para Shion. - talvez funcione.

- Tome cuidado. - estava preocupado e com uma sensação ruim. Mask estava indo para um local completamente desconhecido e o menor erro poderia custar a sua vida.

- Pode deixar.

- Não se arrisque filho. - Lirya acariciou o rosto dele. - volte são e salvo.

- Não se preocupe. - entrou na nave. - quando voltarmos - olhou para Etah. - poderia me dar um treinamento de como pilotar essas coisas?

- Claro alteza.

- Eu também quero. - disse Shura.

- Eu também. – Miro levantou a mão.

- Posso ensinar a todos sem nenhum problema. - Etah animou-se.

Mask acenou para todos. A porta do hangar abriu lentamente para dar passagem a nave. Ela era similar aos caças da Terra, porém com porte muito maior. Seguindo as rápidas instruções Giovanni partiu. Lirya e os demais voltaram para a sala de comando para acompanhar a jornada.

O.o.O.o.O

Uma pequena nave tentava penetrar na atmosfera tumultuosa de Ikari, sabia que entrar naquele planeta não seria fácil, por isso arranjou uma nave que pudesse suportar as turbulências, mas mesmo assim foi com dificuldades que conseguiu pousar em um ponto do planeta.

- Agora é só esperar. – disse Iskendar descansando os pés sobre o painel.

Não estava preocupado em ser visto, tanto que nem desconfiava que outra nave estava na parte oculta da orbita de Ikari, aguardando o momento certo para atacar.

 

O.o.O.o.O

 

 

A nave de Mask aproximava de Ikari, pela janela, o italiano viu a grande bola cinza. Na Euroxx, a rainha e os demais acompanhavam as imagens transmitidas pelas câmeras.

O transporte entrou na atmosfera, sem contratempos, mas segundos depois a nave começou a sofrer turbulências. Rapidamente ele colocou-a em modo automático. A nave seguiu por longos minutos sobre forte pressão, as câmeras acopladas foram arrancadas pelas rajadas de vento e a comunicação com a Euroxx cortada.

Na nave mãe as imagens transmitidas foram interrompidas.

- Perdemos contato capitão. – disse um dos controladores.

- Eron! – Lirya levou as mãos ao rosto.

- Estabelecem a linha 3209. – pediu Evans. - Rastreiem a superfície do planeta.

Os dourados olharam entre si. Shaka sentou no chão ficando na posição de meditação. Começou a liberar seu cosmo e expandir sua mente.

Enquanto isso, Mask buscava uma forma de estabilizar a nave.

- Droga! – não sabia qual botão apertar. – droga!

Shaka expandia seu cosmo, ele chegou até o planeta, mas não conseguiu transpassar a atmosfera, contudo sentia que Mask estava vivo.

- Meu cosmo não o alcança, mas de alguma forma eu o sinto. – levantou.

As coisas para Giovanni não estavam boas, além das rajadas de vento que sacudiam a nave, ela entrou numa tempestade de raios.

- Mas que droga!

Olhava para o painel sem saber o que fazer. Para piorar ainda mais a energia da nave foi cortada. O empuxo foi imediato, a gravidade do planeta exercia uma grande pressão. O canceriano já previa sua morte quando a energia da nave foi restabelecida. Ela tomou impulso e saiu do meio da tempestade. Quando as grossas nuvens dissiparam Giovanni deslumbrou o céu acinzentado do planeta. A luz solar que iluminava a superfície era branda, quase fria. A terra era coberta por montanhas e cordilheiras que se estendiam por quilômetros e tendo seus picos cobertos por neve. Seguindo as coordenadas traçadas, a nave fez um pouso no mar, pois não havia um local apropriado para ela.

O cavaleiro abriu a cabine, respirando o ar puro e frio daquele local.

- Modo aquático ativado.

A voz metálica do comando chamou sua atenção. Ele fechou a porta da cabine e a nave começou a se locomover. Parecia ser a única coisa com vida naquele local remoto e belo. As águas eram cercadas por paredões de pedra que se erguiam a metros de altura. A nave fez uma dobra a direita em direção a um local que parecia uma baía. Quando a paisagem despontou, o italiano arregalou os olhos.

A baía abria-se de frente para ele. Viu um enorme muro de pedras que se estendia ao longo de quilômetros para a esquerda e direita, tendo ao centro duas estatuas gigantescas de um animal que assemelhava dragões. Pela posição deles, pareciam guardiões do grande portão de ferro que ficava bem ao meio. Era tão imponente quanto intimidador. O olhar ergueu-se um pouco vendo atrás do muro, uma cidade, protegida por esse muro e por cordilheiras a direita, a esquerda e ao fundo. Destacando-se no meio um palácio, parecendo feito de cristal.

A nave parou diante do portão. Mask saltou caminhando até a entrada.

- Como vou entrar? – murmurou olhando a fortificação. O olhar foi para um dos dragões, o trabalho do autor tinha sido perfeito que parecia que ele estava vivo, pronto a atacar o invasor. – vou ter que entrar como um ladrão.

Usou seu cosmo e teleportou para dentro da cidade.

Ela lembrava as cidades saídas de contos medievais. Não havia qualquer sinal de vida, como se aquele lugar tivesse sido abandonado há muito tempo. Mask caminhou tendo como objetivo alcançar o palácio. Passou por ruas e ruelas, até que chegou a entrada do castelo. Usando seu poder, entrou no palácio. As paisagens vistas anteriormente não lhe remetiam a nada, contudo ao mirar o espaço interno do castelo, algumas lembranças vieram-lhe na mente. Já estivera ali com o seu pai.

O.o.O.o.O

Os controladores tentavam todas as linhas possíveis de comunicação, mas sem sucesso.

- E então Evans? – Lirya estava aflita por não ter noticias.

- Há algo na atmosfera que bloqueia os sinais majestade. – disse. – mas sabemos que a nave pousou intacta na superfície.

- Tem como descobrir a região?

- Os nossos sinais não conseguem fazer o rastreamento, Marius. Vamos ter que aguardar.

Lirya passou a andar de um lado para o outro. Soren já havia lhe dito sobre a dificuldade em chegar a superfície, quanto mais o filho, que nada sabia sobre naves.

- Tenha calma senhora. – disse Dite. – sei que o Mask está bem.

- Estou tentando... Shaka não pode tentar novamente?

- Posso.

O virginiano sentou. Expandiu seu cosmo, novamente a atmosfera bloqueava, mas ainda sim conseguia sentir a presença dele.

- Sinto a presença, mas não sei precisar onde, tampouco estabelecer uma comunicação.

A rainha soltou um suspiro desanimado. Tinha que confiar no filho.

 

 

O.o.O.o.O

 

Serioja estava sentado na varanda do seu quarto, observando a paisagem de Imega. Tomava uma taça de Cruzer com um leve sorriso nos lábios. Em poucas horas seu maior empecilho seria eliminado. Com Eron morto, seria questão de tempo conquistar um lugar de destaque no conselho e após isso começar o seu reinado.

- Longa vida aos Tempesttas. – ergueu a taça sorrindo cinicamente.

O.o.O.o.O

A medida que subia, as lembranças da infância tornavam-se mais vivas na memória. Ele não sabia o que procurar, mas deixou-se levar pela intuição. Subiu o ultimo jogo de escadas parando numa porta oval dourada. Sem hesitar abriu, deparando com uma sala também oval e dourada. O lugar era surreal e extremamente belo. As paredes do entorno eram de vidro e conferia uma visão de trezentos e sessenta graus podendo ver todos os pontos da cidade. Nunca estivera em Star Hill, mas achava que a vista seria a mesma inclusive a sensação de estar num lugar místico. No meio do salão tinha uma espécie de altar em formato cilíndrico, a uns três metros de altura. Mask caminhou até ele subindo uma pequena escada. A vista daquele ponto era ainda mais espetacular.

De repente seu cosmo começou a elevar, entrando em ressonância com o local. A paisagem, outrora da cidade fantasma, dera lugar a um cenário completamente diferente. Ele via dezenas de planetas, como se estivesse no espaço.

- Mas o que é isso..? – calou-se ao ter a mente invadida por imagem. Ele e o pai naquele local vendo os planetas. – já vi isso...

- Claro que já viu.

Giovanni assustou-se com a voz. Olhou para trás imediatamente. Um homem estava parado na porta da sala. Mask não conseguia ver a face, pois ele estava bastante iluminado, como se fosse translúcido.

- Quem é você?

O homem apenas sorriu. Os olhos azuis o fitaram e a passos lentos caminhava até o canceriano. O cavaleiro analisava aquela figura. Tinha certeza que a cidade estava vazia e nem viu nave alguma nos arredores.

- Quem é você? Se não responder vou atacar.

- Você tem o temperamento dos Tempesttas. – ignorou as palavras.

Giovanni recuou diante das palavras, o homem subiu as escadas, parando de frente para ele. Usava uma túnica branca, os olhos azuis escuros eram vivos e firmes. Feição jovem. Os cabelos brancos eram curtos e adornados por uma coroa dourada.

Primeiro o olhar foi inquisidor para em seguida ficarem surpresos.

- Pai...? – a voz saiu baixa.

O homem abriu um grande sorriso.

- Há quanto tempo Eron.

Ele recuou diante do nome. Não poderia ser seu pai, ele não estava morto?

- Pai? - a voz saiu vacilante.

- Sei que deve estar surpreso. - Soren parou ao lado dele, fitando a paisagem. - não estou vivo. Isso é apenas a projeção do meu corpo. Eu morri quando a Euroxx foi atingida. 

Mask ficou em silencio.

- Você se parece muito com a sua mãe. - o fitou. - e tornou-se um bom rapaz.

- Não sou tão bom assim... – abaixou o rosto.

- Eu sei de tudo que fez. As mortes que você causou, a suas três mortes em batalhas, que é um cavaleiro da deusa Atena e que se apaixonou por uma moça de nome Helena.

- Como sabe???

- Eu sempre estive com você Eron. - tocou no peito do filho. - sempre.

Giovanni não sabia o que dizer. Tinha tantas coisas que queria falar caso tivesse oportunidade e agora que a tinha as palavras simplesmente não saiam.

- Por quê? - foi a única coisa que formulou.

- S1 tinha se tornado uma galáxia poderosa, - o olhar voltou para a paisagem. - prova disso foram nossas baixas. A guerra durou um ano e há custa de muitas vidas, conseguimos vencer. A vitória de GS consolidaria o poderio dos Tempesttas e S1 temia isso. Não temos outra galáxia próxima a nós então representávamos um ameaça para eles. Eu sabia que o governante não deixaria a perda, passar em brancas nuvens e que o alvo dele seria você.

- Eu?

- Se ele conseguisse destruir a linhagem dos Tempesttas GS poderia entrar em colapso por falta de um governo forte e assim a revanche seria facilitada.  O conselho que se formou quando partiu não iria resistir por muito tempo, já estamos tendo rachas. – o fitou. - Quando o capitão da antiga Euroxx informou que nós éramos o alvo, não pensei duas vezes. O bem estar de GS, todo o sangue derramado para trazer a paz não poderia ser destruído.

- Poderia ter ido comigo. O senhor é o rei.

- Abandonaria seus irmãos de armas? - o fitou.

Mask calou-se. O velho Giovanni talvez, mas o novo seria incapaz.

- Não. - disse por fim.

- Era necessário que você vivesse e voltasse quando fosse a hora. - começou a andar. - S1 está por quinze anos em profundo silêncio e isso esconde uma forte tempestade.

- Como fui parar no santuário?

- Samir tinha conhecimentos de Atlantiks que viviam na Terra. Antes da guerra estávamos pesquisando sobre um hadren que poderia nos levar até lá. A descoberta veio horas antes da destruição da Euroxx. Não tive dúvidas em mandá-lo para VL19-3. Era um local remoto e dificilmente S1 o encontraria. Só não imaginava que Samir morreria horas depois, levando com ele o segredo da sua localização.

- A mamãe disse que acharam a minha pista quando descobriram as anotações do tio Samir.

Soren sorriu. O amigo era sempre precavido e era agradecido a ele por cuidar de sua família.

- Por que não me lembro do exato momento que cheguei? E por que as minhas memórias foram alteradas?

- O que diriam de um menino que diz viver em outra galáxia? VL19-3 é muito atrasado filho, nem transcorreram o sistema VL19! Antes de colocá-lo na nave, alterei as suas memórias para que pudesse ter uma vida normal. - parou novamente. - sua nave aterrissou numa cordilheira na região oriental do planeta e induzi sua telecinese para ir onde existia Atlantiks, no caso na Grécia. Daí para o santuário.

- E a nave? Alguém poderia tê-la encontrado.

- Ela está enterrada nas profundezas das cordilheiras. Eu pensei em tudo Eron.

Soren aproximou do filho e tocou na testa dele.

Giovanni sentiu a cabeça latejar por alguns segundos. Os olhos piscaram freneticamente, ate normalizarem. Ele fitou o pai. Parecia que a mente tinha clareado. Lembrava-se de tudo! Do hadren, das cordilheiras, sua chegada ao santuário. 

- Nós temos a capacidade de ativar hadrens e o que te levou até a Terra, só voltaria a ativar caso estivesse em órbita.

- E se Marius não tivesse ido? Eu estaria perdido para sempre?

- Não. - olhou para o teto. - sabe que lugar é esse?

- Não. - olhou ao redor.

- É daqui que os elementares observavam a galáxia e via os acontecimentos do passado, presente e do futuro. Os Eijis herdaram um pouco disso, no entanto não tem acesso a esse local... Da última vez que estive aqui foi me revelado uma visão. Não foi com imagens e sim com palavras. A energia implantada desse lugar me disse que eu teria um filho perdido. Ele ficaria por anos longe de sua terra natal e voltaria só quando fosse necessário. E quando isso acontecesse eu teria a graça de ver minha verdadeira família. – Soren deu um sorriso triste, pois a profecia não se aplicava apenas a ele.

- Acho que entendo... - murmurou. 

- Tudo que eu fiz foi pensando em você Eron. - tocou nos ombros dele. - sei que não fui um bom pai. - o olhar transpassou o cavaleiro, indo até a porta. - em todos os sentidos.

- Foi o melhor.

- Obrigado. - afastou. 

- O sonho, era o senhor me chamando.

- Eu precisava que viesse aqui. Ikari é o único lugar em que eu poderia manifestar.

- Por quê?

- Somos as pessoas que tem o sangue mais próximo de um elementar. Quando eles partiram, milênios atrás, quiseram deixar Ikari protegida. As tormentas que enfrentou quando entrou no planeta nada mais são que linhas de defesas contra invasores. Um ser humano comum, não consegue passar. Eijis e Atlantiks podem até conseguir, mas não passam da primeira defesa. Ficam do lado de fora cidade, mas nós não. O nosso sangue permite isso.

- Há exceção?

- Não que eu tenha conhecimento.

- Mas e agora? Eu não sei governar e tem o conselho. Eu não sei o que fazer.

- Sabe, só precisa prestar atenção a sua volta. Temos amigos valiosos, assim como terríveis inimigos. Desde a minha época há pessoas que querem usurpar o poder, agora mais do que nunca. Não se esqueça também de S1, ele é um inimigo sempre a temer.

Confie na sua intuição e nos seus amigos. Tenho certeza que conduzirá GS da melhor forma. Marius e Evans o ajudarão. Tenho plena confiança neles.

- Gostaria de ter essa confiança em mim mesmo. – deu um meio sorriso.

- Você carrega o sangue dos Tempesttas, sabe o que fazer. E escute a sua mãe, ela é muito sábia.

- Vou tentar. - sorriu.

- Tem um grande poder. - tocou a face dele. - mais que possa imaginar. A sua vida em VL te proporcionou um grande desenvolvimento. Consegue manifestar a energia de um elementar, o que vocês chamam de cosmo. – Soren fitou os planetas. - Nossa família surgiu com a ida de quatro elementares que ao invés de seguirem com conterrâneos foram para Ranpur.

- As quatro pontas do emblema real.

- Isso mesmo. Houve cruzamento entre esses elementares e os humanos, mas apenas o filho de um dos quatro, Kasnner, herdou os poderes, ele tinha a capacidade de controlar o clima. Assim ele se tornou rei, fundando a nossa família. Tempestta  quer dizer Tempestade em Badema. A partir daí os poderes foram passando de geração em geração, perdeu-se um pouco na essência, mas chegaram ao seu bisavô Kirin, sua avó Bruni, eu e você. 

- Por isso tenho só noventa por cento.

- Justamente, mas vendo todos os membros, eu não duvido que seja o Tempestta mais poderoso. Como Kasnner foi.

- É isso que tenho de especial?  Manifestar a energia de um elementar?

- Não apenas, mas precisa descobrir sozinho. No momento certo todas as faculdades que possuir vão aflorar.Você consegue respirar no espaço. - sorriu. - eu não conseguia.

- Sabe o por que disso?

- Nossos cientistas podem explicar. Eu não sei, pode ser um fato inerente aos elementares.

 Você se tornou um grande homem. Confie também nos seus amigos. Eles são poderosos e assim como você conseguem manifestar o poder de um elementar.

- Eles são fortes mesmo. – riu.

Soren fitou os cabelos de Mask, eram tão azuis quanto os da mãe. Deveria ser o primeiro Tempestta a não ter a cor branca nos cabelos.

- Você puxou o biótipo da família da sua mãe.

- Ela disse isso.

- Um indicio que seu poder está aflorando será a coloração do seu cabelo. Não tenho certeza se isso irá acontecer, mas ele poderá ficar branco em determinadas ocasiões.

- Mas ele nunca ficou.

- Estava na Terra não aqui.

- Sempre que eu quiser poderei vir aqui conversar com o senhor?

- Não. Meu tempo só ia durar até o momento que você viesse aqui, mas... – acariciou as madeixas azuis. – sempre estarei com você. Nunca abandono os meus, apesar de parecer.

- Algum recado para a mamãe?

- Peça desculpas por mim. Com o seu desaparecimento eu infligir a ela uma dor muito grande. Diga que não há um dia que eu não pense nela. Pode me dar um abraço?

Ainda sem jeito Mask o abraçou, contudo cedeu ao contato.

- Pai. – o abraçou mais forte. – mesmo achando que o senhor era da Terra, senti muita falta. Muita.

- Eu sei. – emocionou. – eu também senti e queria que as coisas tivessem sido diferente. Se eu pudesse voltar atrás, se eu soubesse de algumas coisas eu mudaria tudo. – deixou uma lágrima cair enquanto o olhar estava perdido em algum ponto.

Mask o soltou na hora, havia sentido a presença de alguém.

- Quem está aí? – olhou em todas as direções, pois não sabia precisar onde a pessoa estava. – pai tem alguém aqui.

- Não se preocupe. – disse simplesmente. – deve está sentindo a energia de algum elementar ou próximo a isso.

- Mas...

- Promete que cuidará da sua mãe?

- Sim. E tentarei ser um bom líder.

- Eu sei. – o soltou. – lembre-se que sempre estarei com você. E que sempre contará com uma ajuda especial. - fitou o pingente que Mask carregava. - Samir e suas ideias.

- Ainda conservo a minha nave.

 - Agora vá. Sua mãe deve está preocupada.

Abraçaram-se mais uma vez, antes de Mask partir. A imagem de Soren ainda ficou por um tempo antes de dissipar no ambiente.

Enquanto isso na Euroxx, Lirya não cabia de preocupação, havia passado horas sem noticias do filho. Os controladores tentavam de todas as formas restabelecer contato, mas em vão. Shaka, Mu e Shion também tentavam através do cosmo.

Giovanni voltou para a nave, realizando os processos. Ela alcançou vôo, o cavaleiro nem se preocupou com a possível tormenta, pois estava feliz por reencontrar o pai. As coisas seguiam normais quando a nave pegou uma turbulência, mas o que ele não sabia era que havia uma nave a sua espreita. Ao sair das nuvens de tempestade, a nave dele foi atingida por um torpedo. Como a nave inimiga também estava tendo dificuldades para se manter estável, o torpedo acabou atingindo a lateral da nave de Mask, mesmo assim provocando um estrago. O impacto tinha sido razoável a ponto de fazer o cavaleiro perder os sentidos. A nave começou a cair.

Iskendar via a nave de Giovanni cair em queda livre. A nave inimiga ao ver a queda da nave do príncipe retirou-se. Teria que escolher: salvar o príncipe ou ir atrás da nave que atirou.

- Droga! - aumentou a velocidade num mergulho. 

A nave de Mask bateu com força contra o chão, mas não explodiu. Iskendar parou a sua nave perto dele e usando sua telecinese foi até ela.

- Eron! Eron! - gritou, mas não adiantou.

Ele pulou em cima da porta da nave, vendo que o príncipe estava desacordado. 

- Eron!

Usando a força, conseguiu arrancar a porta e tirar o italiano. Usou seu dom parando ao lado de sua nave. 

Mask sangrava na testa. Cuidadosamente Iskendar o deitou no chão.

- Vamos Eron. - disse esperando o poder de regeneração que os Tempesttas possuíam fazer efeito.

Um estrondo chamou sua atenção. A nave com o símbolo de Ranpur tinha explodido. O jovem voltou a atenção para o italiano, aos poucos o ferimento foi cicatrizando. Giovanni abriu os olhos lentamente. Sentia a cabeça doer.

- O que...

- Sente algo? - indagou.

- Minha cabeça dói... quem é você? - sentou.

 - Um amigo. Vamos sair daqui. 

Iskendar o ajudou a levantar e o levou para nave. 

- Melhor sairmos daqui.

Mask não questionou ainda se sentia zonzo. A nave de Iskendar alcançou vôo, pegou um pouco da tormenta, mas chegou a órbita. Giovanni fitava o salvador.

- Não sei quem é você, mas obrigado.

- Dispenso os agradecimentos, não faço isso por você. - disse frio.

O cavaleiro não se importou, aquele rapaz tinha um gênio parecido com o dele. Responderia a mesma coisa se estivesse no lugar dele.

- Gostei de você. - alongou o pescoço. 

Iskendar ficou surpreso, mas não disse nada. Era muito estranho ter a presença do príncipe Tempestta.

- Por que se arriscou vindo a esse lugar? – ele continuava com o olhar no painel.

- Por que me salvou?

- Entendi, - Iskendar sorriu. - há perguntas que não devem ser respondidas.

- Isso mesmo. Tenho uma nave que está do outro lado da órbita, pode me deixar lá, se isso não se tratar de um seqüestro. - sorriu.

- Acha que pode ser? - o fitou de rabo de olho, sorrindo.

Giovanni fixou o olhar nele. Não tinha cosmo, mas tinha algo que lhe era familiar, só não sabia o quê.

- Não. Por incrível que pareça eu confio em você.

O rapaz de cabelos brancos o fitou, surpreso.

- Eu não confiaria se eu fosse você.

- Que seja.

- Muito bem alteza, venha comigo. - colocou no modo automático.

Giovanni o acompanhou até o compartimento da nave.

- É aqui que nos despedimos.

- Sabe que sou o príncipe, não quer uma recompensa?

- Não há necessidade, ainda mais que farei isso...

Mask não esperava levar um golpe no pescoço. A queda foi na hora. Iskendar ajoelhou ao lado dele, tocando a testa.

- Sua nave sofreu danos e explodiu, - disse no ouvido dele. - Só teve tempo de sair dela. Não se lembrará que me viu. Sua ultima imagem dentro do planeta, foi com o rei.

Iskendar amarrou um comunicador que emitia sinais, pegou-o e o colocou para fora da nave. Sabia que nada aconteceria a ele, já que poderia respirar no espaço.

Reassumiu sua nave e partiu para longe. Mask ficou a deriva...

Lirya estava sentada num canto com as duas mãos encobrindo o rosto. Estava desesperada, pois sentia que o filho corria perigo. Os controladores tentavam de todas as formas, mas sem conseguir contato. Marius, Etah e Evans conversavam afastados. Shaka e Shion tentaram por cosmo, mas também sem sucesso.

Os demais cavaleiros estavam em silêncio. Afrodite aproximou-se da rainha agachando diante dela.

- Tenha fé senhora Lirya. - tocou nos joelhos. - a qualquer momento ele aparece e com a cara mais lavada do mundo.

- Eu sei que aconteceu alguma coisa... - a voz saiu chorosa. - eu sinto. Eu perdi o meu filho de novo... - começou a chorar.

- Fique calma. - ele a abraçou.

- Captei algo senhor. - disse um dos controladores.

Todos olharam para ele.

- É um sinal. Está a cem quilômetros daqui. Posição X58Y98Z63.

- Coloque na tela. - pediu Evans.

A imagem mostrou o cavaleiro a deriva.

- Etah.

Nem precisou Evans dizer novamente, ele saiu as pressas. Três legos partiram em direção ao príncipe. Ao final da missão levaram no para a enfermaria.

- Eron! - gritou a rainha assim que o viu numa maca.

- Está apenas dormindo majestade. - disse o médico. - não tem ferimento algum.

- E os pulmões dele? - indagou Saga. Mesmo sabendo que ele tinha a habilidade de respirar no espaço todo cuidado era pouco.

- Estão perfeitos. Para o corpo do príncipe não importa se é no espaço ou em terra. Ele consegue respirar perfeitamente.

- Como? – Marius estava intrigado com aquilo, já que Soren nunca foi capaz dessa proeza.

- Precisamos investigar chanceler. – disse o médico. – não existe ninguém na galáxia capaz disso. Pode ser que o poder de um elementar consegue transformar alguma substancia do corpo em oxigênio. Vamos pesquisar.

Giovanni começou a balbuciar algumas palavras.

- Eron. - Lirya parou ao lado dele, tocando os cabelos. - Eron.

Ele abriu os olhos lentamente.

- Onde estou...?

- Na Euroxx. - disse Marius.

- Nos deixou preocupados Gio. - Dohko aproximou.

Ele sentou na cama.

- O que aconteceu? - Lirya tocou no rosto dele, queria certificar-se que ele estava bem.

- Eu... quando estava voltando minha nave foi acertada por uma tempestade. Consegui chegar a orbita, mas os danos foram fortes. Só tive tempo de sair dela.

- Não encontramos a nave. - disse Etah. - provavelmente ela foi puxada pela gravidade do planeta.

- Não deveria ter si arriscado tanto! - exclamou Lirya.

- Ela tem razão Eron. - disse Marius. - foi um risco desnecessário.

- Não foi. Eu vi meu pai.

- Como?? - indagou Evans.

- Filho... - murmurou a rainha. - foi o efeito da tensão.

- Ou a atmosfera tem gazes tóxicos. - disse Etah.

- Ou ficou muito tempo no espaço. - sugeriu Kamus.

- Não estou delirando. - a voz saiu seca. - eu cheguei a superfície. Há densas nuvens, mas depois que passa por ela, abre-se um céu acinzentado. Parei próximo a uma baía. Havia uma cidade com duas estátuas enormes guardando o portão principal. O clima é frio e com grandes montanhas. Parece a Terra.

Marius e Lirya ouviam impressionados. Era a mesma descrição que Soren haviam lhe dito.

- Eu transpassei esse portão. Eram construções estranhas e não tinha ninguém. Eu cheguei ao palácio e fui até a sala oval. - olhou para Shaka. - você estava certo. Eu já estive lá mãe. - virou-se para mãe. - com o papai.

- Teve dificuldades para entrar? - indagou Evans.

- Não. Quando cheguei nessa sala, meu pai apareceu para mim em espírito. Ele me explicou do porque ter me mandado para Terra. Ele temia uma vingança de S1 sobre mim.

- Bem plausível de acontecer. - comentou o chanceler.

- Ele mexeu nas minhas memórias para que eu não me lembrasse da minha vida aqui enquanto eu não voltasse. Agora consigo me lembrar de tudo.  - fitou a mãe. - papai mandou dizer que pensa na senhora todos os dias.

Os olhos da rainha marejaram.

- Também penso nele.

Mask segurou as mãos dela entre as suas.

- Pediu desculpas por ter infligido a senhora uma dor tão forte.

- Era necessário. E eu faria o mesmo para proteger você.

- Senhor Marius e Evans, meu pai disse para eu confiar em vocês. Espero poder contar com isso.

- Tem a nossa lealdade alteza. - disse Evans, feliz por Soren ter si lembrado dele.

- Sempre estarei do seu lado Eron. - falou o chanceler.

- Quero estar a par de tudo. Político e militarmente. - ele olhou para Marius e Evans.

- Por Atena! Criou juízo! - exclamou Gustavv.

- Sim. - Mask sorriu. - e Etah, vou precisar mesmo de umas aulas.

- Para quando o senhor quiser.

- Ele precisava mesmo disso. - disse Shaka a Shion em tom baixo. - o cosmo dele está mais leve.

- Giovanni agora se encontrou.

O.o.O.o.O

O premier de Yumeria realizava uma reunião, quando recebeu uma comunicação. Ele pediu licença para atender.

- Pronto.

- Está feito senhor.

- Ele está morto?

- A atmosfera de Ikari é hostil mesmo eu sendo uma das raças, mas consegui acertar a nave dele. Creio que ele caiu.

- Não tem certeza disso?

- Não. Não pude conferir, mas mesmo que ele tenha sobrevivido a queda, não tem como sair de Ikari. Vão precisar de uma força tarefa para conseguirem entrar no planeta e isso pode levar semanas. Se ele estiver ferido...

- O maldito é um Tempestta. - a voz saiu fria. - Tem capacidade de regeneração. Ele te viu?

- Não. Deve pensar que foi a tormenta.

- Menos mal. Se ele sobreviveu ao menos não pensará que foi um atentado. Fique de prontidão caso precise de você.

A comunicação foi encerrada. Serioja não gostou do que ouviu. Se havia a possibilidade de Eron estar vivo, sua missão tinha falhado.

- "Ganhou uma batalha, mas ainda estamos em guerra."

O.o.O.o.O

A noticia do acidente a Eron não ficou restrita a Serioja. Haykan também tinha sido informado.

- O conselho não perde tempo. - disse saboreando uma bebida. - o que mais descobriu Jhapei?

- Pelo que sei não foi com sucesso. Mas precisamos esperar para ter notícias, se ele morreu ou está em Ikari é provável que Ranpur irá abafar o caso.

- Não se preocupe com isso. Tenho como conseguir essas informações. A policia galáctica será informada ao mesmo tempo que nós.

Jhapei não disse nada, sabia que seu senhor tinha pessoas infiltradas na polícia.

O.o.O.o.O

Iskendar pousou sua nave num lugar pouco habitado. Tirou do casco da nave o emblema da policia galáctica. Não queria ser visto por ninguém, apesar de todos em Sidon o conhecer por ser o superintendente daquela região. A passos rápidos rumou para a residência de Dara. O vigia assim que o viu deu passagem. Encontrou o dono da casa, no jardim.

- Pensei que demoraria mais em Ranpur, superintendente Madden.

- Aquele lugar me sufoca. - sentou num banco.

- Bebe algo? - mostrou a garrafa.

- Não.

- A informação era verdadeira? - Dara serviu-se mais um pouco.

- Sim. Aquele pirralho foi mesmo para Ikari.

- E?

- Eu o segui até o palácio da cidade, já ouviu falar?

- Mais ou menos, eu abandonei as crenças do meu povo. - Dara encostou-se no encosto da cadeira. - mas continue.

- O rei apareceu para ele.

Dara cuspiu a bebida. Iskendar riu.

- Como é? Soren está vivo??

- Não. Foi uma projeção do espírito. Ele sabia fazer isso. Começou com um assunto de família muito chato. Eron perguntou o porquê de ter sido mandado para outra galáxia.

- E qual foi?

- Soren tinha medo que S1 fizesse algo contra o filhinho dele.

- Plausível. Acabando com Eron e Soren os Tempesttas deixariam de existir. Pelo menos na teoria.

Iskendar fechou a cara, não tinha gostado da frase.

- Desculpe. - pediu Dara. - e o que mais?

- Apenas as recomendações que os pais fazem aos filhos. - permitiu-se relaxar.

Dara o analisou, havia acontecido algo a mais.

- E o que mais? - indagou mais incisivo.

Iskendar contou tudo, a medida que ouvia o rosto de Dara ficava sério.

- Ele pediu isso?

- Sim. - disse seco. - tinha uma terceira nave lá. - queria mudar de assunto.

- Outra nave chegou a Ikari?

- Chegou. - levantou. - segundo os relatos de Soren, além dos Tempesttas, apenas os Eijis e Atlantiks entram em Ikari. O que leva a crer que alguém desses povos pilotava a nave.

- Foi alguém a mando do conselheiro. Aquele.

- Imaginava que Serioja estava por trás disso. Eu não pude seguir a nave, pois a nave do merdinha foi acertada. Tive que ajudá-lo.

- Você salvou o Eron?!! - indagou pasmo. - você? - aquilo era inacreditável.

- Não tive escolha. Aquele pirralho não podia morrer. Eu o levei para a minha nave e de lá o deixei no espaço.

- No espaço?

- Uma habilidade Tempestta que Eron tem. Nem Soren a tinha.

- Interessante... - coçou o queixo. - Deixou ser visto por ele?

- Viu. Tivemos uma conversa.

Dara arqueou a sobrancelha.

- Vocês conversaram??? - estava perplexo.

- Deveria está louco, pois disse que confiava em mim.

- Ele disse isso? - sorriu.

- Falou um monte de asneiras. Antes de deixá-lo no espaço bloqueei as memórias dele sobre o acidente. Ele não se lembrará de nada.

- Quer dizer que salvou o príncipe da morte. Ato heróico. Foi por algum motivo em especial? - a pergunta saiu irônica.

- Aquele merda não pode morrer enquanto eu não conseguir o que eu quero! - exclamou irritado. - eu o salvei porque tenho objetivos! Quando os atingir, pouco me importará o destino do principezinho. Até lá, ele vive.

- Iskendar. - Dara deixou a garrafa sobre a mesa. - é realmente isso que quer? Você sabe que pode mudar o jogo a qualquer momento e a seu favor. A carta que possui é ou é até melhor que a volta de Eron. Sabe disso.

- Sei, mas não darei esse gosto a ele. - a voz saiu amargurada. - Deixe o príncipe ter o seus momentos de glória e depois eu acabo com o mundo feliz dele.

O.o.O.o.O

A Euroxx chegou a noite em Ranpur. Mask agradeceu o apoio de Evans e Etah já marcando para o dia seguinte uma aula sobre pilotagem. Shura e Miro disseram que iriam com certeza e os demais pensariam sobre o assunto.

Serioja e Haykan receberam a noticia do retorno do príncipe. O primeiro abafou a raiva que sentiu e o segundo sorriu satisfeito por ele ter sobrevivo. Não teria graça Eron morrer tão cedo.

Lirya com ajuda de Marius organizou para que Aldebaran, Aioria, Shaka, Mu e Shion partissem em direção aos planetas destinados, o que os deixou animados.

- Deixarei tudo preparado senhora. - disse Marius.

- Agradeço.

- Senhor Marius. - Mask o fitou. - posso lhe pedir algo?

- Claro.

- Amanhã após as minhas aulas com o Etah, gostaria de uma reunião com os políticos de Ranpur.

O pedido deixou o chanceler surpreso.

- Preciso ficar a par do que acontece no meu planeta, antes de querer governar a galáxia. Se for como na Terra deve haver ministros.

- São quinze no total, alteza. Irei providenciar a reunião.

- Agradeço.

Lirya sorriu diante do interesse do filho.

E foi nesse clima de expectativa que o dia findou em GS.

X.x.X.x.X

Mal o dia raiou na capital de Ranpur e Giovanni já estava de pé. Tomava café na sala de jantar quando os dourados apareceram.

- Já levantou? - Dite o fitou impressionado.

- Você está com algum problema? - Kanon tocou na testa dele.

- Teve algum sonho ruim? - até Shaka estava impressionado.

- Parem de falar e sentem logo.

- O humor continua o mesmo... - Miro puxou uma cadeira.

- Algum problema Giovanni? - indagou Shion com a voz preocupada. Conhecia o suficiente para deduzir que ele não era de levantar cedo.

- Nenhum mestre. - disse simplesmente. - meu dia está cheio. Assim como o de vocês. Já recebi a programação de hoje. - Mask pegou um pequeno dispositivo que refletia a tela. Os golds ficaram surpreso com a desenvoltura dele. - Mestre, Mu, Aldebaran, Aioria e Shaka embarcaram daqui a duas horas. Saga e Kanon, - fitou os geminianos. - Marius sugeriu que fossem para o centro de estudo dos hadrens. Fica a critérios de vocês. Os demais se quiserem terem aula comigo, Etah irá me buscar em uma hora.

Shion o fitou impressionado. Giovanni até parecia com ele ao dar as ordens.

- Como quiser vossa alteza. - brincou Shura. - está gostando de mandar.

- Não estou mandando. Ainda.

- Fico feliz que tenha resolvido assumir suas responsabilidades. - disse o mestre.

- Se vou ficar aqui por esse mês ao menos tenho que colocar ordem na casa. Preciso ser útil em alguma coisa.

 

O.o.O.o.O

 

Lirya caminhava em direção a sala de jantar. Tinha tido uma ótima noite. Estava com as esperanças renovadas depois do encontro de Soren e Eron.

- Bom dia majestade.

A voz de Marius a fez acordar.

- Marius, já tão cedo? - sorriu.

- Seu filho quer trabalhar. - devolveu o sorriso. - agora de manhã seguirá com Etah para Maris. A tarde tem reunião com os ministros. Eles estão empolgados em ver o herdeiro.

- Fico tão feliz ao ouvir isso. É sinal que Eron está aceitando a sua condição.

- O encontro com Soren desencadeou isso.

Depois do café, os dourados que iriam viajar foram se preparar, enquanto os demais aguardavam Giovanni para seguir com ele para Maris.

Na pista de pouso cada um tomou a direção de uma nave. Kanon olhava para a nave que levaria Deba a Clamp.

- Saga.

- O que foi?

- Eu vou com Aldebaran.

- Como? - o fitou incrédulo. - ficou doido?

- Tenho assuntos a tratar.

Saiu de perto do irmão sem dá-lo chance de resposta. Kanon parou ao lado de Deba e Célica.

- Eu vou com você.

- Por que?

- Tenho meus motivos. - sorriu.

O taurino revirou os olhos. Não daria uma hora para Niive matá-lo.

Com toda a segurança possível, as pequenas naves partiram tomando rumos diferentes.

Serioja já tinha informações sobre as viagens, mas optou por não fazer nada.

 



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