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História Tempting Trip - Rut


Escrita por: TheCrown

Capítulo 6 - Rut


 


 Os ciclos hormonais dos ômegas, por mais desconfortáveis que possam ser às vezes, são naturalmente fundamentais para sua fertilidade – tanto que se renovam todos os meses desde de seu momento de maturação até a menopausa, preparando-os para procriar. Entretanto os chamados "cios" não se manifestem apenas neste subgênero, há apenas mais um grupo que experiencia esse chamado biológico.

 Alfas.

 Os cios dos alfas, popularmente referidos como "rut", são menos frequentes que de seus parentes lupinos, os ômegas. Ruts também são o equivalente aos cios dos ômegas, eles preparam o corpo, e tornam os alfas verdadeiras bombas hormonais prontos para acasalar. Sejam estes fêmeas ou machos – embora no caso das fêmeas estas sejam incapazes de fecundar alguém, elas geram os bebês tão naturalmente quanto betas ou ômegas.

 E dadas às exceções, alfas à princípio só sofrem rut três vezes ao longo de suas vidas: quando maturam, quando passam pelo ritual de 'mate' com seus parceiros e quando atingem determinada idade e/ou momento da vida em que sentem a necessidade ou vontade de procriar. Fora as três ocasiões principais, muitas variáveis podem desencadear um rut fora de época, tais como: complicações no knot – no caso dos machos –, febre alta, ameaça em potencial ao seu relacionamento ou mesmo cortejar um ômega no cio.

 E Park Jimin tivera o grande feito de experienciar todas as situações citadas anteriormente... simultaneamente.

 O loiro já se encontrava um tanto grogue quando seus amigos o resgataram da situação embaraçosa em que se encontrava no quarto há pouco: amarrado à cadeira, desnorteado e com uma ereção vigorosa despontando no ar – com uma calcinha amarrada ao seu pênis, é necessário lembrar. Jimin sentiu que havia algo errado no momento em que se lançara debaixo do chuveiro gelado contrastando com sua pele ardente, seu knot estava tão absurdamente apertado que já comprometia sua circulação sanguínea. Choramingou teso ao tocar seus testículos sentindo-os pulsar, doía mas era gostoso; estavam grosseiramente pesados, carregados do sêmen que dali há pouco iriam sujar o box inteiro.

 E agora, mais do que nunca, Jungkook martelava em sua mente. Sua língua ferina, seus olhos afiados, sua atitude... céus! Queria fazê-lo engolir toda aquela pirraça com uma dose generosa de porra garganta à baixo. Queria fodê-lo, queria marcá-lo, mordê-lo...! Sua fera interna estava possessa.

 Como pôde permitir que nosso ômega escapasse outra vez?! Tome-o, rasgue sua roupa e trepe com ele na frente de todos para mostrar como se faz!

 Jimin balançou negativamente a cabeça, aquela sugestão era tentadora demais... mas não era moralmente aceitável. Precisava manter o foco, tinha preparado com tanto carinho a surpresa pra ele... e já estava pronta. Só precisaria levá-lo até ela quando o sol se pusesse. Era o momento perfeito.

 Jungkook ia amar.

 Consegue imaginar aquele rabinho cheinho de porra...? Os filhotinhos que poderíamos semear nele?!

 O alfa socou a parede com força, trincando o azulejo, e rosnou para o nada. Esses pensamentos eram uma verdadeira tortura, e ele estava tão fodidamente excitado, sentia que ia morrer se não acasalasse logo. Neste mesmo momento o inchaço na base de seu pênis cedeu e com um arrepio que correu-lhe o corpo inteiro desencadeou-se seu orgasmo enfim.

 — C-caralho...! — rosnou sem fôlego, seu falo tremulando no ar a cada jato de esperma grosso sendo expelido, pintando a parede. Suas pernas bambearam e o rapaz quase foi ao chão tamanha a intensidade das sensações.

 Seu pênis jorrava como uma fonte, que grande desperdício!

 Jimin suava mesmo sob a chuveirada, estremecendo e ondulando os quadris, sem forças para alcançar o próprio membro, estava sensível demais, temia tocá-lo e provocar outro knot inchado. Levou uns bons segundos para cessar e mais algum tempo para seu sexo amolecer. Mas o calor ainda estava ali, a insaciedade, a fome por Jungkook.

 — Eu to ferrado... — concluiu desanimado.

...

 Depois de ter uma longa conversa, mediada por ninguém menos que Seokjin, Junghyun foi convencido à permanecer na reserva até o final da viagem. Pelo bem do irmão. Além do mais, o Jeon mais velho também não queria causar problema aos Kim, eram ótimas pessoas. Só o Park que não lhe descia mesmo.

 — Então está decidido, vamos fazer desta uma experiência completa para as crianças Jeon. — Namjoon concluiu ao final do café da manhã tardio. — Vamos assentar acampamento na clareira, como todo mundo faz. Tentaremos esquecer esse incidente por hora e relaxar de verdade. Afinal estamos num retiro. É para isso que existe essa reserva.

 Todos concordaram então, dissipando a tensão do ambiente.

 — Tae, seu irmão já está melhor? — Jin quis saber quando já levantavam-se da mesa do desjejum.

 — Eu não falei com ele ainda. — respondeu coçando a nuca hesitante. Não sabia ao certo como iria encarar o irmão depois do que fizera, então nem queria vê-lo. — Mas Hoseok-hyung disse que ele iria dar uma passada na enfermaria fazer uns curativos e que depois nos encontraria.

 — Ah... que ele não demore. Jimin precisa se desculpar apropriadamente com seu noivo.

 Jungkook escondeu um sorrisinho levado ao ouvir isso. Ainda bem que resolveu se lavar antes da refeição, porque tinha certeza que estava cheirando ao noivo depois de sua visitinha à cabana mais cedo ainda àquela manhã.

 — Você está bem mesmo, pirralho? — Junhyun quis saber quando já desembocavam no corredor que levava aos quartos da pousadas.

 — Estou ótimo.

 — Certo...  sabe que eu só quero o seu melhor, não sabe? Eu vim junto nessa viagem apenas para garantir que você ficasse bem.

 Jungkook o espiou de canto de olho, percebendo o quão sério seu irmão estava sendo sobre aquilo tudo. Ele já não confiava muito em seu noivo desde o incidente no elevador, e agora com certeza muito menos.

 — Eu sei, hyung. Está tudo bem, só tente não exagerar. — respondeu num suspiro. — Jimin ainda é meu noivo, e eu o amo muito. Não estrague isso pra mim.

 — Jungkookie, eu...

 — Por favor, prometa que não vai brigar com ele quando vê-lo.

 — Mas ele precisa de uma boa lição e...

 Jungkook lhe lançou um olhar decepcionado e seu irmão entendeu o recado, assentindo resignado.

 — Está bem, eu prometo.

 — Obrigado, hyung! Eu te amo! — o ômega abriu um sorriso largo, esticando-se para abraçá-lo apertado. Junghyun riu, era sempre bom ser alvo do afeto do pequeno.

 — Ok, ok. Vamos logo que eu te ajudo à recolher suas coisas.

 — Araseo!

 Os irmãos Jeon seguiram até o final do corredor, onde ficava o quarto que à princípio dividiriam. Jungkook estava com a chave e fez as honras de abrir a porta, adentrando o cômodo e acendendo a luz no caminho, seu irmão o seguiu logo depois.

 O alfa quase rosnou ao pôr o pé ali dentro. O ar estava carregado, alguém havia marcado território ali dentro, e era com certeza um alfa.

 — Jungkook-ah, alguém mais entrou aqui além dos Kim? — perguntou farejando sutilmente em volta.

 — Não, só você, hyung. — o ômega respondeu despreocupado, indo recolher sua mala grande ali no canto para abrir sobre a cama em seguida. — Por quê?

 — Não... não está sentindo esse cheiro?

 Jungkook parou por um momento, farejando ele mesmo o ar, antes de se voltar para o irmão com uma interrogação no meio da cara.

 — Se estivermos falando da mesma coisa deve ser o mesmo cheiro que senti hoje cedo... é bem forte, faz meu nariz coçar. — respondeu franzindo o nariz. — Como mofo mas menos... fétido? É como se estivesse em toda parte, é um cheiro meio doce também... — tentou categorizar, mas então seus olhos se arregalaram em realização. — Hyung! Você acha que alguém invadiu meu quarto?

 Junghyun negou, lhe enrolando com uma desculpa genérica qualquer.

 Depois de observar a reação do irmão concluiu que ele não reconhecia mesmo o odor. Ao menos isso, pois se tratava de cheiro de sêmen de alfa, significa então que nunca esteve exposto ao mesmo. Alguém usou para marcar território dentro do quarto dele, e não era difícil imaginar quem foi.

 — Park Jimin. — rosnou entredentes, baixo o bastante para que Jungkook não compreendesse.

 Aquele bastardo! O quarto não estava cheirando assim na noite anterior quando houve o incidente, ou mesmo na manhã seguinte quando Junghyun foi checar o irmão, ele com certeza deve ter voltado quando não havia ninguém e feito aquilo.

 — Bom, esse ar puro da clareira vai cair bem à calhar agora. — Jungkook deu de ombros, voltando à guardar seus pertences espalhados.

 O Jeon mais velho resolveu usar então o pretexto de recolher os pertences de seu dongsaeng largados à esmo para procurar a marca do crime. E para seu desgosto ele logo achou, debaixo da cama do irmão. Havia um par de shortinhos de dormir azuis de Jungkook escondidos ali embaixo, e ao inspecionar brevemente percebeu de pronto que estava sujo de sêmen seco. Sêmen de alfa.

 Aquele alfa pervertido!

...

 Depois de se assentarem no local perfeito para levantar acampamento, Junghyun sumiu de repente. Saindo secretamente à procura do Park. E, inevitavelmente incubido da tarefa de montar a barraca sozinho, Jungkook já estava fumaçando de raiva.

 — Eu sabia que ele ia fugir! Eu sabia! Aquele folgado! — ele resmungava, irritado.

 — Tae, ajude o Jungkookie ali, por favor. — Jin instruiu e o alfa concordou indo ao socorro do cunhado.

 — Enrolado aí? — ele perguntou se agachando ao lado do pequeno.

 — É mais difícil do que eu pensava. — confessou com um suspiro derrotado. — Se o Jiminie estivesse aqui isso já estaria pronto em dois tempos... à propósito, você sabe onde ele está?

 Taehyung deu de ombros.

 — Não o vejo des... — o rapaz nem teve a chance de terminar a sentença, pois no instante seguinte o dito cujo surgia detrás da trilha, juntando-se à sua familia.

 — Jiminie! — Jungkook imediatamente abriu o sorriso mais lindo e foi ao encontro do noivo. Saltando sem cerimônias em seu colo, sendo agarrado e equilibrado num braço só. — Achei que não vinha mais!

 — Perdão, Gguk. — o alfa sorriu sem graça, ainda afetado pelo ocorrido entre os dois horas mais cedo, Jungkook agia como se não lembrasse de nada! Jimin equilibrava sem dificuldades o seu pequeno em um braço e um embrulho grande na outra.

 — O que é isso? É a minha surpresa? — o ômega se empolgou ao perceber o tecido de lona parecendo envolver algo grande e importante.

 — Não, a sua surpresa vem depois. Quando o sol se pôr. — respondeu sibilando a parte importante, para que apenas Jungkook ouvisse, como se compartilhasse de um grande segredo. O Jeon mordeu o lábio inferior o observando por um instante, parecendo demasiado empolgado com a tal surpresa, e assentiu por fim.

 — Ah, fazer o quê? Eu espero. — deu de ombros o ômega voltando ao chão. — O que é isso então?

 — Ferramentas. Eu soube na pousada que vocês fecharam a conta e vieram acampar na clareira. — respondeu abrangente, chamando a atenção de seus pais também. — Aí eu trouxe machados pra cortar a lenha. Afinal um acampamento não é acampamento de verdade sem fogueira.

 — Fez bem. — Namjoon assentiu em reconhecimento. — Mas não ache que eu esqueci o que você me fez passar essa noite.

 Jimin murchou um pouco, baixando a cabeça em submissão. Ele largou as ferramentas no chão e curvou-se completamente ao seu pai.

 — Eu peço desculpas pelo meu descontrole ainda ontem. Eu ofendi o senhor, ofendi minha família e meu noivo. — pediu e mantêve-se nessa posição até que seu pai voltasse à se pronunciar.

 — Pode se levantar. — Namjoon comandou num suspiro. — Sei bem do seu problema de descontrole, não foi completamente sua culpa. Mas a pessoa à quem devia estar pedindo perdão agora é o Jungkook, não acha? — sorriu de leve, incentivando-o com um maneio de cabeça.
 
 Jimin assentiu, voltando-se para Jungkook para pedir perdão apropriadamente, mas o mesmo se agarrou ao seu tronco num abraço de lado e não permitiu que ele se curvasse.

 — Está perdoado! — decretou sorrindo largo antes de depositar um selinho breve nos lábios perfeitos de Jimin.

 — Ya, Jeon Jungkook, mostre um pouco mais de orgulho, por favor! — Jin o repreendeu, suspirando derrotado com uma mão no rosto. Os demais apenas riram. — Bom, já que está aqui por que não vai recolher a lenha, hun? Anda, anda! Xô!

 Jimin assentiu, rindo fraco. Ele depositou um último beijo no topo da cabeça de Jungkook e desvencilhou-se do mesmo.
 
 — Tae, vai junto com ele.

 Taehyung retesou, sem ter para onde correr.

 — Eu ia... ajudar a montar a barraca. — lembrou, tentando se esquivar de ficar sozinho com o irmão. Sua consciência estava pesada demais pra isso.

 — Eu faço isso, vai logo. Eu quero uma fogueira bem grande, ok? — Seokjin rebateu, gesticulando com os braços algo de fato grande e exacerbado.

 — Vamos, Tae. — Jimin insistiu, indicando a orla da floresta com a cabeça.

 Taehyung engoliu em seco mas assentiu por fim, se rendendo. Ele se juntou ao mais velho e os dois seguiram trilha acima, logo desaparecendo entre a folhagem mais espessa.

  ...

 — Eu dou conta aqui, por que não vão se refrescar um pouco? — Namjoon sugeriu ao seu esposo que espirrava repelente em si mesmo à cada cinco minutos.

 — Tem certeza, Joon? — perguntou, se coçando enquanto olhava em volta para ter certeza de que não havia nada mesmo em que pudesse ajudar. — E as lonas sobre as barracas?

 — Pode deixar que eu ponho, não é tão difícil assim. — reafirmou ele tomando o produto das mãos do mais velho para descartar dentro da mochila. — E pare de usar isso, é infrutífero. Mas eu tenho aqui algo que ainda funciona perfeitamente... quer tentar? — lembrou malicioso, acariciando-se por cima dos shorts de forma safada.

 Jin corou no ato. Aquilo de novo não!

 — Não vou deixar que urine em mim novamente. Seu... alfa territorial bobão! — grunhiu alto o bastante para que apenas o homem à sua frente escutasse, Namjoon apenas riu descarado.

 Há muito tempo, quando o ômega ainda era inocente, acreditava em tudo que seu parceiro afirmava. Namjoon era a voz da razão. E isso rendia muitas ousadias ao alfa, que até conseguiu convencê-lo certa vez de que sua urina – tal como a saliva – tinha propriedades curativas e que iria apagar as manchinhas de picadas de inseto na pele alvinha do ômega apenas mijando em cima delas. O que obviamente era mentira, apenas a saliva podia fazê-lo, mas Namjoon e seu lado sadista adorou brincar com seu hyung inocente, e adorou mais ainda a forma como Jin passara semanas marcado com seus feromônios pesados. Mais um pouco e as pessoas passariam a confundir Seokjin com um alfa.

 — Quer se lavar Kookie? — o mais ômega velho perguntou, já girando em seus calcanhares.

 — Onde?

 — Tem uma cachoeira aqui perto.

 — Na verdade isso seria ótimo. Tudo bem por você, Namjoon-hyung?

 — Ele vai ficar perfeitamente bem sozinho. Vamos! — Jin não hesitou em arrastá-lo logo para fora dali, para se afastar dali, longe das indecências de Kim Namjoon.

...

 Já no meio da mata, os irmãos recolhiam a lenha. E bom, na verdade essa era idéia inicial.

 Jimin deveria encontrar e trazer de volta para o acampamento galhos e toras secos para fazer a fogueira mais tarde. Mas o alfa não podia resistir aos próprios instintos e, quando há apenas alguns metros do sítio de acampamento, se viu sacando o pênis dos shorts e marcando território em pontos estratégicos, urinando em árvores. Seu odor iria alertar à qualquer um que se aventurasse muito perto do perímetro de segurança que montava para o noivo. Jimin mal raciocinava direito àquela altura, seu instinto falando por si, embora dessa vez não estivesse descontrolado.

 — Hyung! — a voz de Taehyung o despertou e o garoto piscou confuso antes de voltar a vestir-se. — Que nojo, não vejo você fazer isso desde a puberdade! Vai ficar mijando em tudo feito cachorro de rua até quando? — bufou desgostoso.

– Pare de reclamar, você fazia o mesmo!

 — Fazia nada.

 — Fazia sim!

 Marcar território era uma das coisas que alfas em rut geralmente faziam, desleixo de Taehyung não notar naquele instante. Demoraram-se um pouco naquela tarefa, mais se bicando que de fato colhendo madeira, mas depois de recolher o suficiente fizeram seu caminho de volta para o acompamento. Eles não sabiam ainda, mas Junghyun voltou para o acampamento aguardar o Park, depois de exaurir-se procurando pelo mesmo ao longo dos limites da reserva.

 O dia não estava para acabar bem.

...

 O sol já se punha deixando um belo crepúsculo lilás para trás quando Jungkook retornara ao acampamento, refrescado e exausto. A cachoeira em que fora com Jin era bastante rasa e tranquila, muitas mães levavam os filhotes para deixá-los correrem soltos por lá, e o Jeon de alguma maneira se viu um grande atrativo para os pequenos. As crianças o alugaram o dia todo, e o ômega adorou interagir com os mesmos, ficando com o peito aquecido só de imaginar que um dia teria sua própria ninhada.

 Jimin lhe daria os filhotes mais bonitos que o mundo já viu.

 — Ah, hyung! Elas eram tão adoráveis, eu queria morder todas elas! Acho que nunca vi uma concentração tão grande de filhotinhos de perto. — comentava alegre, no caminho de volta. — Eu não vejo a hora de ter a minha própria próle! Meus próprios mini Jiminies!

 Jin esboçou um sorriso cansado em resposta, não querendo se prolongar muito no assunto. "Filhos" era um assunto um tanto delicado para ele.

 — Está... tudo bem, hyung?

 — Uhum. Só fiquei cansado.

 Namjoon já os aguardava com as barracas montadas e tendas de proteção armadas sobre elas – para protegê-los de uma eventuais chuvas. Jimin acendia a fogueira e Taehyung preparava espetinhos na mesinha de madeira ali perto. Mas nem vista de seu irmão.

 — Ué, será que ele não voltou ainda? — se perguntou encaminhando-se até as tendas conferir. — Hyung? Ah, aí está você! Hyung, hoje eu conheci... — começou ele animado, mas se calou quando não obteve sua atenção.

 Seu irmão estava sentado quieto em seu saco de dormir, olhando sério para um ponto fixo. Sua aura não era das melhores, e isso preocupou Jungkook que imediatamente se ajoelhou ao seu lado, buscando tirar alguma reação dele.

 — Hyung, você está bem?

 Junghyun suspirou pesadamente, ainda sem fitá-lo.

 — Acho que é melhor mesmo nós voltarmos pra cidade. — declarou sem mais nem menos, pegando o mais novo desprevinido.

 — M-mas você disse... quer dizer, já conversamos sobre isso! Eu não quero ir! — negou ferreamente, confuso e um tanto irritado. Por que aquilo agora?!

 — Seu noivo.

 Jungkook bufou desgostoso.

 — O que tem meu Jimin agora? A gente não combinou que deixaria esse assunto só pra quando voltássemos?! Você quer arruinar meu casamento, é isso?!

 — Ele sequer merece você, Jungkookie. — respondeu frio seu irmão, levantando-se de súbito. — Venha, eu vou mostrar pra você. Mostrar para todo mundo lá fora, o lixo de alfa que ele é. — completou deixando a barraca.

 Jungkook empertigou-se no mesmo instante, levantando-se num salto e seguindo seu irmão para fora dali, bem à tempo de ouvi-lo chamar estridente.

 — Park Jimin!

 Todos voltaram-se para a figura visivelmente alterada de Junghyun parada no meio do acampamento. Jimin suspirou pesado antes mesmo de se dar ao trabalho de se virar, sabia que em um momento ou outro teria de encarar o cunhado e pedir perdão pelo que fez, mas o Jeon andava irredutível consigo, sempre desconfiando de si desde o incidente há anos atrás, no elevador. Isso não seria fácil.

 — Sim? — ele largou o machado e a lenha que estava cortando para trás, se apresentando de frente para Junghyun. O mesmo estava irado consigo, ele tinha um olhar alucinado e parecia bastante tentado à socá-lo. — Sei que está decepcionado com...

 Junghyun não permitiu sequer que ele terminasse suas desculpas, puxando uma sacola de papel amassada do bolso e lançando em seu peito. Confuso, Jimin recolheu o embrulho e o fitou com uma sobrancelha arqueada.
 
 — Eu não sei porque meus pais insistem em dar a mão do meu irmão à um bárbaro feito você! Um alfa grotesco e sem limites! — ele rosnou as ofensas, surpreendendo à todos. — Você não só marcava o Jungkook quando ele era apenas um filhote, como também tentou desvirtuá-lo, não... estuprá-lo! Você tentou estuprá-lo duas vezes! Por que é tentativa de estupro o que você fez, você não tinha o consentimento dele!

 Jimin retesou ante as duras palavras, levando-as de pronto para o coração.

 — Eu... n-não foi minha intenção em momento algum. — sibilou de cabeça baixa, envergonhado.

 — Não seja ridículo! Você está distorcendo os fatos aqui! — Jungkook berrou furioso com o irmão. — Todo mundo sabe muito bem que fui eu quem causei tudo aquilo! Eu insisti que ele me marcasse, e eu o convidei à nossa casa aquela noite!

 Junghyun lhe olhou de relance, não se abalando com sua tentativa de defender o amado, e colocou um dedo no peito do alfa o cercando e forçando-o à se submeter, à baixar a cabeça. Aquilo já era abuso demais, ele estava abusando do controle do outro alfa, aquilo não ia acabar bem se Jimin resolvesse se defender.

 — Você marcou território dentro do quarto na pousada! Eu entrei lá, eu achei isso lá! — vociferou o Jeon indicando a sacola de papel.

 Frustrado porém muito confuso, Jimin abriu o embrulho amassado, encontrando uma peça de roupa que certamente pertencia à Jungkook, tinha o cheirinho de pêssegos dele. Um shortinho. E estava coberto de... sêmen seco?

 Céus.

 Sêmen de alfa.

 — Quem fez isso? — a voz do alfa saiu grave e aterrorizante, sem desviar os olhos da peça de roupa suja.

 Aqueles eram os shorts do seu ômega, sujos de sêmen de outro que não ele. Taehyung ao lado engoliu em seco.

 — O que... o que é isso? — Jungkook perguntou confuso, arrancando a peça de roupa e checando com seus próprios olhos. — Isso... é meu?

 Jimin cruzou o olhar com seu ômega, recebendo a confusão de seu pequeno em retorno.

 Mas que afronta era aquela? Alguém ousou marcar território no quarto do seu ômega?! Invadir seu quarto durante  o cio?! O Park voltou então sua atenção ao Jeon mais velho, já sendo tomado pelo ódio cego do momento, e encontrá-lo naquela posição ofensiva, como se ousasse desafiá-lo, deu ao animal interno de Jimin exatamente o que ele precisava para descarregar sua fúria: um alvo.

 Derrube-o, faça ele se submeter. Ele é rival. Inimigo. Está desafiando sua autoridade!
 
 — Hyung. — Taehyung chamou hesitante, temendo que ele estivesse perdendo o controle outra vez. Jimin já hiperventilava, as íris em seus olhos se afiavam e ele sequer piscava, mantendo Junghyun no centro de seu campo de visão.

 — Junghyun-ah, sem movimentos bruscos agora. — Namjoon interveio, aproximando-se cauteloso. — Não dê as costas à ele, apenas baixe a cabeça e fique quieto.

 — O quê? — o Jeon fez exatamente o contrário, voltando-se para o chefe do clã, confuso.

 — Corre!

 Junghyun mal teve tempo de reação, pois no instante seguinte Jimin saltava sobre ele, levando ao chão. Jungkook gritou assustado e se afastou dos dois alfas, eles agoram rolavam no chão aos socos.

 — Mas que merda! — Taehyung resolveu intervir, tentando apartar a briga. Mas não deu outra, ele acabou sendo envolvido na mesma.

 E antes que Namjoon pudesse fazer algo à respeito Jimin liberou sua fera, furioso. Sabendo que não seria capaz de lutar contra um lobo de mais de dois metros naquela forma, Junghyun o imitou. Os dois rapazes nem bem terminaram de metamorfosear antes que já estivessem um grudado no outro novamente, em meio à mordidas lacerantes e garras afiadas. Taehyung os seguiu então, ainda no intuito de separar a briga. E num piscar de olhos os três estavam rolando mata à dentro, quebrando troncos e destruindo a trilha no caminho.

 Jungkook entrou em choque, malmente conseguindo registrar o que acabara de presenciar. E ao longe se podia ouvir o rosnado furioso de Namjoon tentando pará-los.

 



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