1. Spirit Fanfics >
  2. Tender Age In Bloom >
  3. Getting High

História Tender Age In Bloom - Getting High


Escrita por: kakahcobain

Notas do Autor


Terceiro capítulo...
Boa leitura!

Capítulo 3 - Getting High


Fanfic / Fanfiction Tender Age In Bloom - Getting High

Lá pelo meio daquela tarde nublada, interrompi meu estado de hibernação em cima da cama e me agasalhei melhor para ir me encontrar com Kurt. O lugar sugerido por ele para o encontro, o prédio da prefeitura, se localizava a umas três quadras da casa em que morava com meu pai. Aliás, falando nele, agradeci mentalmente por não estar em casa desde quando eu tinha chegado da escola. Assim evitava ter de lhe dar grandes explicações para sair de casa. Provavelmente ele estava torrando nossas preciosas economias enchendo a cara por aí... Meu pai tinha um sério problema com o alcoolismo e reservarei um momento mais adequado para expor melhor os detalhes sobre esse drama que eu vivia dentro de casa.

No momento, o mais importante seria a mentalização da minha figura caminhando pelas ruas mórbidas e pacatas de Aberdeen. Eu fitava todas aquelas ruas enquanto caminhava, via todas aquelas casas hermeticamente enfileiradas, alguns carros que decoravam algumas garagens, via igrejas, calçadas, pessoas... Aquilo tudo me oprimia de forma muito intensa... Naquela época eu era muito jovem e não sabia definir direito o que realmente sentia. Só sabia que era uma apatia muito grande em relação ao mundo externo e certo pessimismo convicto em relação a meu futuro. Por mais que me esforçasse, não conseguia ver muita coisa além de uma vida solitária e apoiada nos breves momentos felizes de embriaguez. Aproveito a oportunidade para introduzir a ideia de que trágica e irremediavelmente eu estava seguindo os mesmos passos do meu pai em relação ao alcoolismo.

Mas retomando a ideia original, eu caminhava um tanto distraída, imersa em centenas de pensamentos sufocantes e urgentes. Até que minha atenção foi subitamente atraída ao vislumbrar, um pouco ao longe, a figura de Kurt sentado na beira de uma calçada, um pouco à frente de uma construção grande o suficiente para se destacar das demais à sua volta. Andava tão distraída que não havia percebido que já havia chegado à prefeitura. Andei alguns metros até onde ele estava.

— Oi... Está há muito tempo aí? – disse a ele parando de caminhar por um momento, enquanto checava em meu relógio de pulso se havia me atrasado.

— Não... Cheguei quase agora... – disse ele enquanto calmamente tragava um cigarro. Levantou da calçada. Percebi que ele usava sua mochila preta da escola nas costas — Quer um? – perguntou ele apontando para o cigarro que tragava.

— Quero.

Eu havia começado a fumar cigarros convencionais a pouco tempo e já sentia que daqui pra frente isso se transformaria num vício, ao mesmo tempo que em um bom companheiro contra meus problemas de ansiedade. Kurt remexeu o bolso da frente de sua calça jeans e retirou um cigarro da carteira, acendendo pra mim em seguida com seu isqueiro. Traguei profundamente, fechando os olhos de satisfação ao sentir a fumaça me acometer. Abri os olhos e a soltei aliviada. Só foi nesse momento, devido a pouca distância entre nós dois, que reparei na maneira como Kurt estava vestido. Estava com a mesma calça e o mesmo casaco que usava de manhã no colégio, e a blusa... Bom, certamente ela me chamou a atenção. Era uma blusa cuja estampa era uma foto de David Bowie, na sua fase psicodélica e enigmática de Ziggy Stardust.

— Gosto da sua camisa – elogiei.

— Então você também curte o Bowie...? – comentou ele entre tragadas.

— Claro... Como poderia não ter uma tara por esse homem? – disse em tom de brincadeira seguidamente de uma profunda tragada naquele cigarro.

— Tem razão... – disse o loiro.

Andamos por uns dez minutos, passando por mais ruas e casas deprimentes de Aberdeen. Um vento gelado nos acompanhava anunciando a progressiva chegada da noite. Pelo caminho, andávamos na companhia de um silêncio quase que absoluto, frustrado apenas pelo ruído de alguns carros que passavam por nós. Minha mente decolava em uma série de pensamentos aleatórios.

— Chegamos na minha rua – Kurt disse interrompendo o fluxo de meu transe, apontando para a próxima sequência de casas à nossa frente. Assenti com a cabeça.

Era uma rua como qualquer outra de Aberdeen: Uma sequência de casas feitas de madeira para ajudar no isolamento do frio, com fachadas parecidas, todas pintadas com cores parecidas. Mas ao mesmo tempo me chamava a atenção por haver uma grande área verde ao fundo, desabitada, composta por alguns arbustos, e mais ao fundo, por pinheiros. Instantes após termos adentrado aquela rua, Kurt continuou:

— Eu moro aqui – ele dizia apontando para uma das casas. — Vamos entrar no quintal e atravessá-lo até os fundos. Assim cortamos caminho.

A fachada era modesta, como todas as outras daquela rua. Havia um tapete marrom escuro na porta e algumas plantas com flores no jardim. Seguimos pela lateral do terreno, que dava acesso direto aos fundos, onde havia a grande área verde. Logo estávamos adentrando o local, desviando de alguns arbustos esparsos pelo caminho. O silêncio quase absoluto se pronunciava novamente, agora frustrado apenas pelo ruído de nossos passos sobre galhos, pedras e folhas secas. Ao longe, já avistava algo que parecia ser a tal ponte.

Andamos mais um pouco mata adentro e logo nos deparamos com o nosso destino.

— Chegamos, é aqui. – o loiro disse parando de caminhar.

Kurt tirou sua mochila preta das costas e a apoiou num grande pedregulho, a abrindo em seguida. Tirou de lá uma toalha de tecido azul. A sacudiu no mesmo instante, desdobrando-a desajeitadamente (o que me fez rir por dentro) e depois a esticou no chão, num local plano, perto da ponte. Ele se sentou sobre o pano e fez um gesto para me sentar também. Logo cruzei minhas pernas e me abaixei, me acomodando melhor sobre o pano. Eu estava ainda um tanto ofegante, devido à nossa caminhada. Olhei para o lugar ao redor de mim. Havia um pequeno lago à nossa frente, cujas águas eu só conhecia um pequeno trecho, que desaguava num local perto de onde eu morava. A chegada da noite, que nesse momento já avançara consideravelmente, trazia um tom soturno àquela paisagem.

— Quando escurecer, não se preocupe. Trouxe uma lanterna. – o loiro disse com um tom tímido depois de retirá-la da mochila. — E aqueles postes de luz logo ali atrás não nos deixam na mão – continuou ele, se referindo aos postes que ficavam perto dos fundos das casas de sua rua. Assenti com a cabeça.

— Me empresta a lanterna – pedi com um gesto. Ele me obedeceu.

Fiquei acendendo e apagando a lanterna, testando como sua claridade funcionava naquele princípio de breu sobre nós. Depois a direcionei no rosto de Kurt, rindo em seguida de sua careta ao encarar aquele clarão repentino sobre seus olhos azuis.

— Vai se fuder, Sarah... – ele protegeu os olhos com o antebraço. Eu só ria.

— Me desculpe, prometo me comportar... – tirei a lanterna da direção de Kurt e a segurei numa altura um pouco abaixo de meu queixo, simulando uma cena de terror. Fiz umas caretas bizarras.

— Porra, não faz isso – eu ria da maneira calma com que ele falava — Tenho medo de não conseguir dormir hoje à noite.

Mostrei meu dedo do meio a ele, que sorriu. E desliguei a lanterna. Kurt abriu a mochila novamente. Retirou de lá uma pequena sacola plástica.

— Pronta? – perguntou ele retirando um baseado da sacola com certo entusiasmo.

— Nasci pronta – sorri igualmente animada com aquele momento.

Kurt posicionou o pequeno cigarro em seus lábios com calma, enquanto apalpava seu bolso da frente, à procura do isqueiro. Logo o encontrou e o apertou repentinas vezes, aproximando-o do baseado. Ele deu uma tragada, meio que como um ato de demonstração do que eu deveria fazer.

— Traga e não solta, guarda pra você... – disse ele me entregando o pequeno cigarro.

Nessa hora, nossos dedos se tocaram. Posicionei o beck entre meus lábios e imitei Kurt, sentindo uma fumaça diferente atravessar minha garganta. Sorri e entreguei novamente a ele. Ficamos nessa repentinas vezes, e aos poucos fui sentindo na real como era a brisa de maconha. Começou com uma brisa leve, tímida, que ia ficando mais viva... Eu olhava para aquele lugar ao nosso redor, e tudo nele parecia ainda mais calmo.

— Esse lugar é tão calmo... Realmente deve passar nenhuma alma viva por aqui... – disse a ele, que tragava ao meu lado. — Com exceção de nós dois. – completei.

— Continuo com a tese de que aqui passa nenhuma alma viva... – Kurt disse com a voz mais rouca que o normal, encarando um horizonte imaginário e melancólico à sua frente.

Quando ouvi aquilo, me senti automaticamente conectada com seu interior. De alguma forma ele havia percebido meu certo desdém pelo universo e, mais do que isso, também compartilhava desse sentimento tão cruel. Olhei pra ele e, segundos depois, ele retribuiu, me olhando de volta. Sorri tristemente e rapidamente desviei de seu olhar, me imergindo instantaneamente em pensamentos românticos e platônicos em relação a ele. Ele me entregou o beck novamente, me despertando momentaneamente desses pensamentos.

— Pensando bem... Você tem toda razão. – lhe respondi antes de uma tragada.

— Estamos mortos e suspensos... Não se esqueça que tudo sempre pode piorar. – ele fez o favor de me lembrar desse querido detalhe, que momentaneamente eu havia esquecido.

— Porra... Eu poderia ser poupada de ouvir isso durante minha primeira brisa...

— Foi mal... – disse ele em um tom distante.

— Putz, já sei que vou ouvir pra caralho amanhã, quando meu pai perceber que não irei para a escola. – revirei os olhos.

— Seus pais também são separados? – ele perguntou me encarando.

— É, são... – acho que não consegui disfarçar meu semblante triste ao admitir isso. – Os seus se separaram há quanto tempo?

— Há sete anos atrás, quando eu tinha sete anos. E os seus?

— No ano passado... Majoritariamente a culpa foi do meu pai. Ele é alcoólatra. E quase matou minha mãe em um de seus porres...

— Que coisa... – Kurt disse e lhe entreguei o beck. — Mas porque então está morando com seu pai? – perguntou ele, curioso.

Ri rapidamente da sacada de Kurt, que mesmo brisado fez aquela colocação pertinente.

— Boa pergunta... Na verdade minha mãe não é nenhuma beata nessa história, ela estava traindo meu pai com outro. Meu pai descobriu e numa certa noite encheu a cara como nunca antes tinha o visto fazer. Aí ele enlouqueceu, eles começaram a brigar e o resto você já sabe...

— E entre uma mãe adúltera e um pai alcoólatra, você preferiu o pai alcoólatra? – ele disse rindo da minha cara.

— Eu meio que tomei as dores do meu pai... Eu fiquei extremamente decepcionada com ela, ao saber que ela tinha outra família, inclusive outros filhos – eu já falava com certa dificuldade. Dei mais uma tragada forte no beck. — Ah... Cansei de falar de dramas familiares... Quero curtir essa belezinha aqui.

A noite já havia finalmente chegado, carregando consigo um véu negro e gélido que nos envolvia. Apesar dos postes ajudarem na iluminação, Kurt ligou a lanterna. Uma ventania gélida nos abraçou de repente e instintivamente me encolhi de frio. Não sei o quê exatamente me fez fazer o que fiz em seguida, mas displicentemente inclinei minha cabeça para o lado, a apoiando num dos ombros de Kurt. Eu já era toda feita de brisa, e talvez por esse motivo tenha me sentido fortalecida a externar um pedaço do que circulava pela minha cabeça. Fechei os olhos e deixei aquela sensação de prazer invadir meu corpo frágil. Estava tendo uma onda forte. Eis que sinto um dos braços do loiro envolvendo minhas costas, correspondendo àquele meu ato... 


Notas Finais


E aí, o que acharam? <3
Bjinhos, nos vemos em breve


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...