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História Tentação Particular - Capítulo 02


Escrita por: KatherineHanzen

Notas do Autor


Mil perdões pela demora... Espero conseguir postar os próximos muito mais rápido!
Espero que gostem ♥

Capítulo 2 - Capítulo 02


 Durante a tarde, trabalhava em uma lanchonete próxima de casa, onde o salário não era suficiente para tudo que eu precisava, mas também não me deixava passar fome.

                Meu chefe tinha sérios problemas mentais, e apesar de estar apenas em seus quarenta e muitos anos, jurava que ele sofria de Alzheimer. Ele era completamente bipolar, o que fazia com que eu tivesse vontade de trancá-lo em seu [i]gabinete[/i] às vezes.

                Fora isto, os meus colegas de trabalho eram agradáveis. Além do mais, havia Hinata, minha única amiga dócil, gentil e inocente, de verdade. Na verdade, ela tinha sorte por me ter por perto. Pois, por ter um coração muito bom as pessoas costumam se aproveitar dela... Principalmente os homens, já que os longos cabelos negros e olhos perolados faziam dela uma mulher muito atraente, no auge de seus dezenove anos.

                A lanchonete normalmente era bem movimentada. Com isso, não me refiro a quantidade de clientes, mas sim à qualidade.

                Mas é claro, que vez ou outra tínhamos de lidar com espertinhos.

                Aquela tarde de segunda-feira, especialmente, demorou muito a passar. O movimento estava baixo e eu agradeci por isso, pois continuava alheia ao meu redor. Minha sorte é não ter Ino por perto. Aliás, este foi um dos motivos de eu ter escolhido trabalhar em uma lanchonete de [i]fast-food[/i] e não em uma loja de roupas.

                Meu expediente terminava as 18:00hr.

                Às 17:59 meu celular tocou.

                - Alô?

               - Olá minha vadia preferida! – Ouvi a voz receptiva de Ino no outro lado da linha.

                - Olá... Estou no meu expediente de trabalho e você está me atrapalhando.

                Quase pude vê-la girar os olhos no outro lado da linha. – Seu horário já acabou.

                - Na verdade, são 17:59.

                Ela ficou em silêncio durante algum tempo, o que me deixou confusa.

               - Pronto... Agora são 18:00! - Ela exclamou, voltando à animação.

                - O que é que você quer?

               - Isso lá é jeito de tratar quem vai te tirar da seca hoje? – Ela respondeu empolgada demais, para o meu gosto.

                - Não estou na seca! E eca, Ino... Não sou lésbica!

                Ela bufou. – Não se faça de estúpida! Apesar de ser mesmo...  – Ela deu uma pausa e eu estreitei os olhos. – Vamos àquele bar que abriu no outro lado da cidade... Música ao vivo!

                - Estou um pouco cansada e...

               - CALE ESSA MALDITA BOCA! – Ela gritou e eu tive que afastar o celular de meu ouvido. – Passo na sua casa às oito. – Ela voltou ao tom simpático e desligou antes que eu pudesse falar qualquer coisa.

                Não consegui evitar rir sozinha.

                Talvez um pouco de diversão fizesse mesmo bem e fosse exatamente o que eu estava precisando.

 

...

 

                Às 20:00, eu estava pronta.

                Sabia bem das consequências que eu teria caso não estivesse. Ino se transformava em um demônio de cabelos loiros quando a faziam esperar.

                Optei por um vestido preto curto e simples, com sandálias da mesma cor. Minha maquiagem também era simples com um pequeno destaque nos olhos, mas lábios bem vermelhos, em contraste com a minha pele clara e meu cabelo róseo.

                Que por sinal, parecia ser tingido.

                Talvez Ino tivesse razão e eu devesse optar por outra cor.

                Ou talvez se eu lhe desse razão eu seria sufocada pelo seu ego.

                Dei uma última olhada no espelho antes de sair, me sentindo bonita.

                Minha casa estava silenciosa e escura, como sempre. Talvez por isso eu odiasse ficar em casa. Pois sempre que eu estava sozinha, eu precisava desesperadamente encontrar alguma coisa para distrair a minha mente. 

                Odeio o silêncio.

                Odeio a solidão.

                Por isso, assim que ouvi Ino buzinar em frente à minha casa, sai correndo, para fugir outra vez.

 

 

 

...

 

                Quando entramos no novo bar, automaticamente olhamos ao redor minuciosamente. Se fosse um lugar BEM frequentado, não havia problemas estarmos ali. Talvez houvesse se Ino decidisse beber demais. Mas, caso isso acontecesse, eu havia treinado muito bem ao longo do tempo como fingir que não a conheço.

                Temari e Hinata vieram conosco.

               Fazia um bom tempo que não saíamos juntas e não sei qual foi a mágica que Ino fez pra trazer Hinata junto. Ela nunca sai para festas, afinal, sua timidez não permitia. Por isso imagino que deva ter sido ameaçada.

                O lugar estava consideravelmente cheio e agradavelmente cheio. Sentamos em uma mesa nas laterais, ao lado da parede.

                Olhei ao redor, observando as demais pessoas presentes ali e quando meus olhos pousaram sobre um grupo de rapazes em especial, ergui uma sobrancelha.

                - Ino... Onde foi que você ouviu falar deste lugar mesmo?

                 Perguntei assim que ela voltou para a mesa, pois havia ido buscar nossas bebidas. Ela deu de ombros.

                 - Não sei. Acho que vi um anúncio na internet.

                Fiquei encarando-a com a sobrancelha arqueada durante mais algum tempo, e reparei que ela começou a ficar nervosa.

                 - Ah, é mesmo?

                 Ela cruzou os braços, desviando o olhar. - Sim.

                  - Então confesso que é uma grande coincidência nosso novo colega de turma bonitão estar justamente aqui hoje.

                Ela olhou para mim, fingindo empolgação.

                - Ok. Vou fingir que você não nos usou de cobaias outra vez... Caso contrário precisarei afoga-la em um vaso sanitário de banheiro de motel.

                Ela me encarou horrorizada.

                - Sinceramente? Eu tenho medo de você. De onde é que você tira essas ideias?

                Encolhi os ombros.

                - Faz diferença?

                - Na verdade, faz. Quero saber o que não fazer para não me tornar assim como você... – Ela olhou para as unhas e eu girei os olhos.

                Bebi um gole da minha batida de morango e então as luzes se apagaram, acendendo os holofotes novamente apenas no palco que havia ali. Ouvimos alguns aplausos e aplaudi também a banda que acabava de entrar.

                Eram desconhecidos, obviamente.

                Mas é isso que torna a música de bar diferenciada, não?

                A aglomeração de pessoas começou a aumentar à medida que entardecia. A música era agradável, tocavam boas músicas de diversos ritmos. Podia-se até mesmo dançar, mas eu estava entediada demais para encontrar forças para levantar o meu traseiro da banqueta.

                Ino foi à caça depois de ter bebido dois copos de um líquido desconhecido por mim.

                Esperava que não fosse álcool puro.

                Mas, se fosse, eu estava precisando mesmo dar risadas da cara de alguém. Azar o dela.

                Mesmo em meio ao amontoamento de pessoas, pude ver sua cena. Ela acidentalmente fingiu ter sido atingida por um esbarrão vindo do além, e se jogou para cima do ruivo.

                Girei os olhos, ainda mais entediada. Aquela era tão velha...

                - Ela é... Patética.

                Temari se pronunciou, observando a mesma cena que eu. Concordei com a cabeça.

                - Né?

                - Será que ele é mesmo assim tão ingênuo a ponto de cair nessa?

                Encolhi os ombros enquanto mordia o canudinho de meu copo.

                - Não sei. Mas sinceramente espero que sim. Já parou para pensar em quantos lamentos teremos que ouvir caso essa caça não dê certo?

                Temari estreitou os olhos, pensativa, e balançou a cabeça em seguida.

                - Tem razão.

                Apoiei o meu rosto em uma das mãos e me virei para ela.

                - E quanto à você?

                Ela me olhou, confusa.

                - Eu o quê?

                - Quando é que vai arranjar um namorado?

                Ela riu ironicamente, um pouco nervosa.

                - Não preciso de homens.

                Gargalhei, sorrindo de lado em seguida.

                - Acha mesmo? Decidiu morrer santa? Conheço um convento muito bom onde você pode aprender a fazer milagres. – Dei uma pausa, pensando. – Ou macumba, como preferir...

                - Não me culpe por ter decido ser decente por mais tempo.

                - Por mais tempo? Você vai é ficar para titia.

                Ela fez uma careta.

                - Mas do que é que está falando? Até onde sei você está solteira também!

                Gargalhei outra vez.

                - Tudo bem, ponto para você. Mas, eu vou tirar o meu atraso esta noite. Só preciso encontrar alguém a altura...

                Voltei a morder o meu canudinho enquanto vagava meu olhar pelas figuras quase escondidas pela sombra daquele estabelecimento. Não havia nada que chamasse significativamente a atenção.

                Então, Ino voltou. Sorria mais que o Coringa, e sua boca também estava mais borrada que a dele.

                Mas eu obviamente não diria isso à ela.

                - Então...

                Olhei para ela, que parecia explodir em purpurina a qualquer momento.

                Ela soltou um gritinho e eu fiz uma careta, enquanto ela dava pulinhos.

                - Adivinha quem é que tem um encontro com o cara mais gostoso da faculdade? - Temari girou os olhos e quando ninguém respondeu, Ino continuou.- EU!

                - Nem vou dormir esta noite de tanta empolgação por você... – Resmunguei, terminando de tomar minha bebida.

                - Credo! Será que alguém pode ficar feliz por mim?

                - Estou feliz por você... – Hinata se pronunciou, timidamente.

                Ao menos o gato não havia comido sua língua, como parecia. Visto que ela não havia pronunciado uma única palavra naquela noite, até aquele momento.

                - Obrigada! – Ino praticamente a agarrou. – Você sim é uma amiga de verdade!

                Girei os olhos pela milésima vez naquela noite.

                Então constatei que as coisas estavam mesmo ruins e me perguntei o porquê de continuar ali. Acho que tenho um sério problema, de teimar comigo mesma.

                - Está tudo muito lindo, mas está na minha hora de ir embora.

                Ino me encarou um pouco irritada.

                - O quê? Por quê raios?

                - Porque raios eu não tenho nada para fazer aqui.

                - Ah... – Ela sorriu, sorrateiramente e olhou para as unhas. Eu praticamente podia ver as engrenagens se movendo em sua cabeça. Estreitei os olhos e ela continuou. – Então de nada adianta você saber QUEM eu vi perto do balcão.

                Me levantei.

                - Não mesmo.

                Ela aumentou ainda mais o sorriso e eu estreitei os olhos em sua direção.

                - Nem mesmo se for o nosso professor delícia?

                No momento, achei ter ouvido errado.

                Ou talvez fosse algum tipo de vingança. Ela adorava vinganças.

                - Tchau, te vejo amanhã.

                Mandei um beijo no ar, indisposta a entrar em seu jogo.

                - Por que não vai ver com os seus próprios olhos, então?

                Ela cruzou os braços, convicta.

                Mas não era possível.

                Eu nunca... Jamais imaginaria o professor de física em um bar como este.

               Estreitei ainda mais os olhos e comecei a caminhar em direção ao balcão, desviando de, no mínimo uma dúzia de bêbados cheirando a mistura de suores. 

                Mas então, eu o vi.

             Odiava admitir, mas Ino tinha razão. Quase não acreditava no que meus olhos podiam ver, mas o nosso professor de física (delícia) estava mesmo no bar!

                Escorado no balcão, de costas para a multidão, inclusive para mim. Porém, inconfundível. E não, eu não o reconheci pelo seu traseiro impecável. Juro que foi pelo cabelo rebelde.

                Ele vestia uma camisa branca de gola polo e jeans escuro.

                Eu quase podia sentir o quanto estava cheiroso, mesmo de longe.

             Respirei fundo, ajeitei o meu vestido e meu cabelo, e caminhei em sua direção. Ele parecia alheio ao seu redor, e conversava com outro homem moreno e bonito, que eu não conhecia.

               Sasuke era cerca de vinte centímetros mais alto que eu, mas a forma como seu corpo levemente se curvava sobre o balcão facilitou para que eu me aproximasse de sua nuca e inspirasse profundamente, sentindo aquele perfume que me deixava com as pernas bambas.

                Notei que os cabelos de sua nuca se arrepiaram com a minha proximidade, e ele rapidamente se virou e me segurou pelos pulsos.

                Nunca vou esquecer a careta que ele fez ao perceber que era eu!

                Tive que fazer um imenso esforço para não rir.

                - Você... – Ele falou baixinho, quase em um resmungo.

                - Que perfume usa?

                - Não interessa.

                Encolhi os ombros. – Não, mas é muito bom.

                Ele ignorou meu comentário, como se nem o tivesse ouvido.

                - O que está fazendo aqui?

                - O mesmo que você.

                Ele estreitou os olhos enquanto me encarava, e eu sorri.

                - Eu não estou sozinho.

                - Não perguntei. E eu também não.

                - Uma menina indefesa não deveria andar por aí desprotegida.

                - Não sou uma menina e não tenho medo do escuro, Sasuke.

               Ele crispou os lábios com força e apertou mais os meus pulsos, como se reprimisse alguma coisa dentro de si. Que, naquele momento, eu queria muito descobrir o que era. Me senti estranha por chamá-lo pelo nome, mas fora da faculdade eu não tinha porquê tratá-lo como professor.             

                - Louca.

                Sorri sorrateira, sentindo uma estranha sensação de vitória por ele não ter questionado o fato de eu o chamar pelo nome.

             - Se não se importa... Poderia me soltar? Não que eu não esteja gostando de que você esteja encaixando as pernas nas minhas... – Olhei para baixo, constatando que estávamos mais próximos do que eu havia me dado conta. Senti o calor subir por entre minhas pernas e por pouco minha voz não vacilou. – Mas alguém pode nos ver. 

                Ele piscou lentamente, irritado e me soltou bruscamente.

               - Você dança?

               - Não.

               - Mas bebe... - Comentei ao observar seu copo sobre o balcão.

               - Aparentemente... - Ele sorriu de lado como se aquilo fosse óbvio.

               Foi a primeira vez em que o vi sorrir. 

               E foi ainda melhor do que eu imaginava. 

               Pigarreei ao perceber que o encarava durante tempo demais. E eu sabia que ele havia percebido, pois continuava sorrindo daquela maneira. 

               Encolhi os ombros. - Não é o que eu imaginava.

               - Por quê? Um professor não tem o direito de ter uma vida social?

               - Não os mal-humorados como você... Com todo respeito. - Sorri.

               Ele fechou a expressão novamente e eu me dei conta de que queria fazê-lo sorrir para sempre.

               Ele colocou as mãos nos bolsos da calça, mas não disse nada.

               Ri pelo nariz. - Adios... - Acenei e girei meu corpo para o lado contrário, em direção à pista de dança.

               Se ele não quisesse dançar, eu não o obrigaria. Tudo o que falo sobre estar necessitada é exagero.

               Ok, talvez não seja. Mas se trata de algo que não posso demonstrar.

               Notei que de longe as meninas me observavam. Então, quando finalmente alcancei o "núcleo" da pista de dança, comecei a mover o meu corpo no ritmo da música que tocava. Não era muito agitada, por isso fechei os olhos deixando que o embalo me envolvesse. 

                Não sei como, mas podia sentir o olhar dele queimando sobre mim.

                Abri os olhos, olhando-o de relance por cima dos ombros, enquanto dançava. Sasuke estava ainda escorado no balcão, mas desta vez apoiado nos cotovelos e olhava para a pista de dança. Olhava diretamente para mim. Ao contrário do que normalmente faria, criei coragem para sustentar a conexão entre nossos olhos. Ele também não desviou os olhos, mesmo tendo percebido que eu também o encarava. 

                 Ele bebericou um gole de sua cerveja, com os olhos fixos nos meus.

                 Senti novamente uma onda de calor me invadir. Como uma sensação perigosa e avassaladora.

                Quando desviei meu olhar, levantei as mãos acima do corpo, me movendo ainda mais, com movimentos ainda mais significativos. 

                 Eu queria que ele me desejasse. Queria deixá-lo louco.

             Não sabia se estava funcionando, e também não quis olhar para ele novamente. Pois, se ele continuasse me olhando daquela maneira, eu me obrigaria a saltar em seu pescoço. Podia ser até loucura, mas eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser em que ele era realmente aquilo que ele estava me incentivando a fazer, me encarando daquele jeito.

                   Dancei duas músicas seguidas até começar a sentir meu corpo se cansar. Por outro lado, sentia a minha mente e espírito com as energias renovadas. Dançar faz com que eu descarregue as coisas ruins, e consiga esvaziar minha cabeça mesmo que por um breve momento. E um breve momento já era muito tempo.

                     Mas no que eu estava pensando? Com o que eu estava preocupada, afinal? Havia jurado que não deixaria qualquer pensamento me dominar. 

                      O problema, é que havia algo naqueles olhos. Algo que precisava ser explorado e praticamente implorava para ser explorado. Não era difícil saber que ele não deixa ninguém se aproximar, como se tivesse um campo de força à seu redor, mas eu nem me importava.

                           Respirei um pouco ofegante quando parei de dançar, e voltei a focar meus olhos na direção da mesa em que estava antes, procurando minhas amigas. Haviam muitas pessoas na pista, e por eu ter uma altura não muito vantajosa, não havia muito que eu pudesse ver. Então fiquei na ponta dos pés e estiquei meu corpo, me tornando um pouco mais alta do que com apenas o salto.

                              - Você não deveria parar de dançar nunca. - Gelei quando aquela voz invadiu meus ouvidos e mãos fortes queimaram a pele em minha cintura.



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