Point of View. Selena Gomez
Os seus olhos caramelados me encaram de maneira absorvente, enquanto sua respiração se esvai de maneira pesada ao notar a minha demora para o responder. Olho para as minhas mãos confusa e assustada. Os meus olhos tremem mas eu não me permito chorar.
Droga! Eu me sinto tão fraca.
- Justin .. - minha voz tenta se pronunciar alta, mas ela treme tanto.
- Não, Selena. - ele me corta inusitadamente, fazendo me o olhar arrependida. - Não me diga o que eu penso que vai falar!
O olho desconfortável. É mais do que óbvio que ele está irritado.
No entanto, Justin parece notar tal desconforto entre nós e agarra a minha mão me transmitindo o carinho que tanto anseio, que tanto desejo, que tanto amo.
- Ouça, - vejo pacificamente sua língua húmida e rosadinha viajar em seus lábios - Você já passou por tanto, Selena, têm que enfrentar isto agora. Não pode simplesmente ignorar o que aconteceu e o que está acontecendo, não pode viver mais assim. Ele tem que ter a punição que merece, e nós já demos o primeiro passo para isso.
Seus olhos cuidadosamente me observam.
- Você vai prosseguir com a denúncia não vai ?
Eu não sei. Eu não sei.
A minha garganta aperta eu quero tanto chorar.
Justin me olha e por fim suspira, ele sabe o que estou pensando. Agora posso ver seu olhar de desapontamento para comigo, e eu odeio.
- Eu já sabia ! - ele dá uma risadinha irónica - Você não vai.
Sua mão deslarga a minha e ele se vira num impulso e pega sua jaqueta que estava jogada no pequeno sofá cinza.
- Sinceramente, se quer saber, que se lixe ! Se você quer continuar apanhando o problema é seu. - ele fala com desdém.
A porta se fecha e finalmente eu me permito chorar. Meu peito dói, eu sinto a dor na minha garganta e no meu estômago. Eu me corroio de choro por completo, eu estou exausta.
- Selena Gomez!
Olho para a porta encontrando um moço de jaleco branco me encarando. O médico que esbarrei outrora em outro dia.
- Uau, parece que o destino conspira a nosso favor. - ele dá um sorriso de lado, sincero e simples.
Tento retribuir mais em vão. Ele nota minhas lágrimas e se aproxima de mim cautelosamente. Posso sentir seu perfume másculo agradável. Um dos melhores que já cheirei.
- Você esteve chorando ? - seu corpo repousa na cadeira ao meu lado e ele me encara.
Abano a cabeça para os lados, negando.
- Bom, para além de ficar linda corada, também fica chorando. Mas acho que prefiro ver um sorriso em seu rosto.
Olho para ele que agora se encontra perto de mim o suficiente para conseguir ver sua pele limpa e seus olhos claros. Ele é lindo.
- Porque estava chorando ?
- Não foi nada. - digo enquanto limpo o rosto com os punhos.
- Acho que as pessoas não costumam chorar por nada, elas costumam ter motivos. - ele diz risonho.
- É.. Talvez eu tenha motivos mas nada de importante. - engulo a seco.
- Tenho a certeza que são importantes, Selena. - Ele se levanta e passa a mão sobre meu rosto. - Sem febre. Sente-se melhor ?
Anuio positivamente com a cabeça.
-Então o que aconteceu para vir parar ao hospital e ser minha paciente ? - o sorriso prevalece no seu rosto, o que me anima. De facto é agradável a conversa amigável que estou tendo com ele.
- Eu senti-me mal. - admito, o que de facto ocorreu. - Acabei por desmaiar.
Ele anota algo em seu bloquinho branco e depois me olha.
- E as marcas em seu corpo ?
Paro. Sinto a minha respiração prender, o que torna difícil a minha capacidade de racocionar.
- Eu fui assaltada. - minto descaradamente.
Christopher morde os lábios e me olha vagorosamente. Seus olhos me percorrem de baixo a cima, cima a baixo, ponta a ponta ele me admira.
- Você é muito bonita, Selena. -franzo o cenho - e tenho a certeza que muito boa pessoa também. Não merecia isso.
- Acho que ninguém merece ser vitima de um assalto, não é mesmo ? - rio fraco, tentando prosseguir com a mentira.
Ele me encara atenciosamente e volta a prestar atenção ao seu caderninho, rabiscando ali algo.
- Bom, Sel .. - ele para de escrever e me olha. - Posso lhe chamar de Sel, certo ? - sorrio em concordância. - Com certeza ninguém merece ser assaltado mas tenho mais certeza ainda de que nenhuma mulher merece ser vítima de qualquer tipo de violência.
O olho envergonhada. Não sei o que falar, nem coragem tenho para isso.
Graças a deus, seu celular vibra e ele pede licença e o atende num instante.
- Eu vou ter que ir, mas adorei falar com você. - ele fala após guardar o celular. - Terá alta ao final da tarde, visto que tudo está bem com você. - seus olhos param em mim. - Passe na secretaria e eles te dão a data da consulta, tudo bem ?
- Consulta ?
- Sim, consulta. Sabe, preciso analisar melhor o que ocorreu. Não é normal desmaiar do nada.
Assinto.
- Se cuide e as melhoras. - sinto os seus lábios em minha testa e é impossível não sorrir.
Logo ele sai, e de novo me encontro sozinha.
Olho para a televisão pequena elevada na parede branco e bufo. Com certeza o hospital não é um dos meus sítios favoritos.
Ouço o barulho da fechadura ser forçada e logo vejo Ashley passar pela porta e fechar a mesma.
Os seus olhos vermelhos indicam o resquício de choro e ela corre até mim e me aperta forte nos seus braços. Eu me perco no seu cheiro de melancia, demasiado forte.
E agora choramos as duas.
- Porque não me contou que ele lhe batia ?
Point of View. Justin Bieber
Entro em casa, após passar pela rua escura devido a já serem quase onze da noite. Depois de sair do hospital fui para a empresa me carregar de trabalho, ou nem tanto. A verdade é que passei a tarde na cadeira a fazer vários nadas, pois a concentração não estava em mim.
Sei que agi mal com Selena, não devia ter dito o que disse, mas a verdade é que me irritou bastante o facto de ela querer continuar a proteger aquele bastardo. É estupidamente absurdo.
Tiro os sapatos com cuidado máximo para não fazer barulho, visto que Bárbara deveria estar a descansar.
Engano meu.
A porta se abre e revela a ruiva com os cabelos amarrados e um sorriso no rosto. Ela não possui maquilhagem e fala ao telefone super sorridente, motivo este por não me notar.
- Adeus, amor ! - ela finaliza.
- Com quem estava falando ?
Assustada, Bárbara me olha e suspira.
- Justin, quase me matou de susto. - ela leva sua mão ao peito, provavelmente tentando controlar suas batidas agora acelaras. - Era candice.
- Pensava que não se falavam.
- É, mas nos resolvemos. - ela vai tirando os sapatos enquanto fala. Posso sentir o nervosismo sem seu corpo.
Continuo a encarando, nem ao menos sei por quê.
Sinto ela vir até mim e me beijar, não a impeço. Eu deixo as coisas fluirem e vou mais longe.
Depois de uma longa noite de transa, acordo com a sensação que trai Selena, mesmo esta não sendo a minha legitíma mulher. Eu me sinto mal.
Mal demais.
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