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História Terceira Chance - Make Her Happy


Escrita por: jaimencanto

Capítulo 2 - Make Her Happy


- Muito bem, sente-se aí.

- O que?

- Sente-se. Ali, no sofá.

- Mas...

- Lety, por favor.

               Ela suspirou e fez o que eu pedi, sentando-se no sofá.

- Muito bem. – Sorri satisfeito enquanto segurava um papel. – Sabe o que é isso?

- Uma folha de papel?

- Sim, mas sabe o que tem aqui?

- Não, não sei.

- É uma lista.

- Uma lista?

- Sim, uma lista.

- Que tipo de lista?

- Do que faremos de agora em diante.

- Ah... Meu amor...

- Antes que você diga alguma coisa, me deixe explicar primeiro.

               Ela cruzou as pernas, me encarando.

- Nesses dois anos que estamos juntos, já falamos tantas vezes de coisas que gostaríamos de fazer um dia. Obviamente viajar pelo mundo é nosso maior sonho, mas também existem outras coisas. Sei que você tem vontade de aprender a andar de patins, que você quer provar comidas diferentes, e você sabe quantas coisas quero fazer mas também preciso de um bom incentivo.

- Sim. – Respondeu concordando.

- Muito bem. Então, eu fiz essa lista. É claro que tem coisas absurdas aqui que só conseguiremos fazer daqui à um tempo, mas comecei com coisas simples que faremos a partir de hoje.

               Lety sorriu delicadamente.

- E hoje nós vamos começar por aqui... – Olhei para o papel. – Fazer coisas que costumávamos fazer mas hoje em dia não fazemos mais.

- Isso é um item só?

- Ainda estou com problemas com os títulos.

               Ela riu.

- Mas então... Sugere alguma coisa?

- Sugiro. Sugiro você parar com essa loucura, e me deixar ir para casa porque já faz três dias que estou aqui.

               Suspirei desanimado e ela riu, levantando-se.

- Eu agradeço tanto por você estar tentando me animar, fazendo esse tipo de coisa por mim.

- Mas...?

- Mas, você ouviu o que Doutor Walter disse. Quanto menos eu me esforçar, mais tempo eu terei até... Isso daqui tocar. – Ela apontou para o pager que havia ganhado de Doutor Walter.

- Mas tudo o que eu preparei à curto prazo são coisas que você não precisa se esforçar.

               Lety aproximou-se e tocou em meu rosto com carinho.

- O que eu mais queria nesse momento era fazer todos esses itens da lista com você. Começando a partir de agora. Mas... – Suspirou. – Eu não quero mentir para você. Estou sem animo algum. Eu só quero ficar deitada na minha cama, esperando o tempo passar. É o que mais terei que fazer nesse tempo.

               A olhei desanimado e desapontado. Eu entendia que era um assunto delicado para ela, mas esperava que eu tivesse o mesmo poder de persuasão que ela tinha.  Eu queria animá-la de alguma maneira, e não assistir o seu desanimo dia após dia enquanto ela esperava receber uma resposta de Doutor Walter.

- E você... Precisa ir trabalhar. – Sorriu divertida ajeitando a gola da minha camisa. – Zac não pode cuidar da loja para sempre.

- Não quero te deixar sozinha.

- Eu vou ficar bem.

- Você sempre diz isso.

- Mas eu não tenho outra opção agora.

               Toquei em seus ombros e não consegui esboçar nem mesmo um sorriso fraco para deixa-la mais tranquila. Eu estava sendo completamente inútil.

- Não vai se arrumar? – Ela aproximou seu rosto do meu.

- Não... – Respondi meio à um sussurro. – Vou ficar como uma criança birrenta e só vou aceitar me arrumar se você prometer jantar comigo hoje.

- Você sabe que todas as vezes que eu janto com você, acabo dormindo aqui por uma semana. – Ela riu.

- Eu prometo que te levo embora depois.

- Não acredito na sua promessa.

               Aproximei meus lábios dos dela.

- Pode acreditar dessa vez.

               Ela sorriu e afastou um pouco o rosto para me olhar.

- Você está ficando bom nisso.

- Eu me esforço.

               Depois de ouvir sua gargalhada que tanto aquecia meu coração, entrelacei meus braços em volta de sua cintura e a puxei para um beijo. Poderia passar a manhã inteira daquela maneira que eu jamais me cansaria. Mas, sabia que quando Lety pedia para que eu a levasse em casa, ela realmente queria ir para casa. Por mim, estaríamos morando juntos e eu não precisaria insistir para que ela passasse as noites comigo. Eu morava sozinho, ela também, não havia problema algum em dividirmos a mesma casa. Mas, eu respeitava seu tempo e seu espaço, e entendia que ela só iria aceitar essa condição, quando tivesse certeza absoluta que assim que morássemos juntos, as coisas entre nós dois continuariam iguais.

               Isso não era um problema para mim. Eu tinha total e absoluta certeza de que queria passar o resto dos meus dias com ela. E sabia que ela também pensava o mesmo de mim. Mas, Lety ainda era a mais sensata de nós dois, e gostava de tomar suas decisões com calma.

- Melhor irmos. – Ela disse recuperando o folego, com o rosto ainda próximo ao meu.

- Tudo bem.

 

 

 

                                                                          •••

 

 

 

               Lety tirou o cinto e virou-se para mim. Não consegui disfarçar meu desanimo por deixa-la na porta de sua casa quando na verdade queria que estivéssemos sentados à varanda da minha casa, tomando suco e conversando sobre coisas aleatórias. E ela provavelmente conseguiu ler meus pensamentos, porque logo depois soltou uma risada abafada e tocou em meus cabelos com carinho.

- Nós nos veremos no fim de semana.

- Falta muito tempo para isso.

- Não falta tanto.

- Para quem estava se acostumando a acordar ao seu lado todos os dias, sim. Falta muito tempo.

               Novamente ela riu.

- Sabia que você fica muito fofo quando está emburrado?

- Não fico fofo.

- Fica sim, pena que me dá muita pena. – Ela riu, me dando um rápido beijo.

- Eu te ligo mais tarde.

- Ok. E se precisar de alguma coisa...

- Sim, eu te ligo.

- Isso.

               Assim que ela desceu do carro e bateu a porta, abaixei o vidro e ela colocou a cabeça para o lado de dentro.

- Se concentre no trabalho, tudo bem?

- Vou me esforçar.

               Lety sorriu e piscou para mim, dando alguns passos para trás. Esperei até que ela caminhasse até a porta da sua casa e a destrancasse, para enfim eu dar partida no carro. Que eu estava preocupado por ela ficar sozinha em sua casa era óbvio, mas eu também sabia que isso seria importante para ela. Passar um tempo sozinha e colocar seus pensamentos em ordem. Lety era a mulher mais forte que eu já tinha conhecido, mas mesmo com toda sua força, ela precisava de um tempo de fraqueza. E conhecendo-a tão bem, eu sabia que isso só aconteceria quando ela estivesse sozinha.

               Como imaginei, cheguei à loja e Zac me deixou a pá das coisas que tinham acontecido por ali nos meus três dias de ausência. Não muita coisa, principalmente porque o movimento da loja não era tao grande no meio da semana. Mas, fiquei surpreso por termos tido algumas ótimas vendas enquanto estive fora, e obviamente não poupei elogios à ele. Zac além de um ótimo amigo era um ótimo funcionário, e por isso eu me sentia à vontade de conversar sobre diversas coisas com ele quando estávamos a sós na loja.

- Então... Agora é apenas esperar? – Ele perguntou colocando uma caixa sobre o balcão.

- Sim. – Respondi desanimado, abrindo a caixa.

- Eu nem sei o que dizer...

- É, nem eu. – Suspirei. – Queria pensar em uma maneira de ajudá-la, mas não tive muitas ideias boas. A única que tive foi fazer uma lista de coisas que poderíamos fazer, na tentativa de animá-la. Mas não deu certo.

- Por que não?

- Porque ela está desanimada demais com a notícia para pensar em coisas alegres. Aposto que nesse momento ela está na casa dela, jogando as plantas mortas fora enquanto chora ouvindo Elton John.

- Mas Lety é uma mulher forte. Para mim ela nem chorava.

- Acredite, ela chora. E eu fico completamente assustado quando vejo isso, porque não estou acostumado.

- Ela já chorou outras vezes na sua frente?

- Uma só vez. Quando o peixe boi do aquário morreu.

- Mas essa foi uma notícia que baqueou a cidade inteira. O peixe boi era um símbolo da nossa cidade. Era um mascote. Até eu chorei.

- Até você. – O olhei divertido. – Você chora vendo filmes de cachorro, Zac.

- Porque são extremamente tristes.

               Balancei a cabeça rindo.

- Então... A única vez que ela chorou em sua frente foi quando o Mobi morreu.

- Sim. E eu não soube o que fazer. Nunca tinha visto ela chorar antes.

- E agora você acha que... Isso vai acontecer de novo? Digo... Ela chorar.

- Não sei, mas tenho que me preparar para tudo. Foi uma notícia bem forte tanto para mim quanto para ela. Preciso estar preparado para ajudar ela em qualquer situação.

               Algo que eu gostava em Zac era que ele não se cansava de me ouvir falar sobre Lety o dia inteiro. Qualquer outra pessoa em seu lugar iria se zangar e dizer que não aguentava mais ouvir falar sobre uma pessoa por um dia inteiro, mas Zac não. Pelo contrário. Zac tinha muito respeito por Lety e por mim, e algumas vezes prolongava nossos assuntos. Mas, parte de mim sabia que ele fazia isso para não tocarmos no assunto da faculdade, que ele tanto detestava. Apesar de Zac ser apenas alguns anos mais novo que eu, eu o pressionava para que ele se inscrevesse em alguma faculdade. Não queria que ele passasse o resto da vida sendo o meu ajudante, e principalmente, não queria que seu talento fosse desperdiçado. Zac era muito bom com computadores e sistemas, e eu sabia que mesmo negando diversas vezes, ele tinha o desejo de trabalhar com isso.

               Zac era tão teimoso quanto eu, e por diversas vezes quase tivemos discussões sérias por tocarmos no assunto “faculdade”, e isso acontecia todas as vezes que estávamos entediados e sem clientes. Talvez por isso ele gostasse tanto de falar sobre Lety. Daquela maneira, o assunto se renderia até a hora de fecharmos, e não sobraria tempo para falarmos sobre ele. Não que eu reclamasse de falar sobre Lety um dia inteiro, mas eu me importava e me preocupava com o futuro dele.

- Sabe de uma coisa? Tenho certeza que Lety vai melhorar logo. – Disse colocando outra caixa sobre o balcão. – Ela é forte. E até conseguir um doador, ela vai continuar bem. Você vai ver.

               Sorri por seu otimismo.

- Pensamos igual. – Falei convicto. – E até lá, conseguirei uma maneira de ajudá-la. Você vai ver.

 

 

 

                                                                          •••

 

 

 

 

               Estava ansioso como se fosse o meu primeiro encontro. Eu não era o tipo de namorado sufocante e que não conseguia passar nem algumas horas separado, mas estávamos em um momento delicado. Desde que ouvi Doutor Walter dizer que a única opção de Lety era parar com o tratamento e esperar por um doador compatível, minha preocupação com ela aumentou ainda mais. A vontade de ficar perto dela não era apenas para suprir minhas necessidades de tê-la ao meu lado, mas também com a intenção de ter certeza de que ela estava bem.

               Enquanto estava parado em frente sua casa, olhei em meu relógio e percebi que eu deveria me acalmar, porque estava adiantado. A luz da sala estava acesa, o que indicava que provavelmente ela estava terminando de calçar os sapatos ou colocar os brincos. Lety já havia me questionado porque não ficávamos muito em sua casa. Embora fosse uma casa aconchegante e bem organizada (assim como todas as coisas dela), já havia se tornado uma rotina todo fim de tarde sentarmos na varada da minha casa para ver o mar. Eu sabia o quanto Lety gostava disso, o que deixava esse momento ainda mais agradável. Olhar para ela e ver seus olhos brilhando a cada vez que uma onda se quebra próxima à areia, era algo impagável.

               Depois de alguns minutos de espera, a luz da sala se apagou e a porta se abriu. Sorri observando a pressa dela de trancar a porta e guardar a chave enquanto seu sapato ecoava pelo caminho. Assim que levantou e a cabeça e olhou em direção ao carro, um sorriso lindo se formou em seus lábios, e eu me senti em paz enfim. Tive medo de que passar a tarde sozinha em sua casa não lhe fizesse muito bem depois do baque, mas pelo visto eu estava errado. Por sorte.

- Oi! – Ela disse ao abrir a porta do carro.

- Oi. – Sorri satisfeito, esperando que ela entrasse.

               Quando sentou-se no banco ao meu lado e fechou a porta, Lety se inclinou e me deu um carinhoso beijo.

- Parece bem. – Falei quando a observei colocar o cinto.

- Eu disse que ficaria bem. – Ela riu.

- Que bom. Fico feliz.

- E como foi no trabalho?

- Bem. Muito bem. Zac fez um bom trabalho quando estive ausente.

- Que ótimo.

               Continuei olhando para ela, provavelmente com um sorriso abobado.

- Você não vai ligar o carro? – Perguntou divertida.

- Sim, vou. – Sorri girando a chave na ignição.

               Lety gargalhou e eu arranquei, pegando o caminho da minha casa. Como sempre, não teve um minuto de silencio durante o percurso. Lety me contou sobre seu dia “animado” em sua casa, dizendo que fez uma faxina geral e aproveitou para jogar algumas coisas fora. Não tive coragem de perguntar se ela tirou um momento para pensar no que Doutor Walter disse, embora estivesse curioso para saber se seu dia tinha sido mesmo tão produtivo e calmo. Ela parecia bem, e era isso que importava. Quando chegamos em minha casa, abri a porta do carro para ela e caminhamos juntos em direção à entrada. Mas, enquanto eu destrancava a porta, Lety afastou-se e logo percebi o motivo para isso.

- Você continua por aqui, belezinha? – Ela conversou com o gato, abaixando-se para acaricia-lo. – Não dissemos que você não pode ficar aqui porque alguém é alérgico?

               Sorri divertido observando-a.

- Bem que eu tentei convencê-lo de te adotar, mas sabe como é...

- Eu teria que me entupir de antialérgicos se você apenas passasse em minha frente.

               Ela riu levantando-se.

- Eu juro que pensei que ele tivesse ido para outro lugar.

- De vez em quando ele aparece por aqui, mas na maioria das vezes é quando você está aqui.

- Bom... Eu já não dou mais comida para ele. Juro.

- Eu sei. – Sorri abrindo a porta. – Acho que é mais um que se encanta com você.

- Bobo.

               Lety adentrou minha casa e eu a segui.

- Quer tomar alguma coisa? Eu comprei vinho.

- Não... Não vou beber álcool hoje. Mas se você quiser uma cerveja, fique à vontade.

- Não, também estou legal. – Sorri fechando a porta. – Mas vou pegar um suco e alguns petiscos. Ainda preciso colocar o frango no forno.

- Tudo bem. – Sorriu.

- Eu já volto.

               Deixei Lety a sós na sala e segui para a cozinha. Modéstia a parte, eu cozinhava muito bem. Algo necessário para um homem que mora sozinho desde os dezenove anos. Mas, Lety jamais reclamou de uma refeição minha, pelo contrário. Costumava me elogiar, e isso era suficiente para que eu me considerasse um grande cozinheiro. Assim que servi dois copos de suco e coloquei o frango no forno, voltei para a sala e Lety estava sentada ao sofá, com uma folha nas mãos. Era a folha com a lista de coisas à fazer que eu a apresentei mais cedo, e ela parecia bem concentrada.

- Aqui... – Falei entregando o copo para ela.

- Obrigada. – Ela sorriu, pegando o copo.

               Me sentei ao seu lado no sofá e fiquei em silencio enquanto ela olhava para a folha.

- É uma ótima lista. – Disse tomando um gole do suco.

- Você achou?

- Sim. Tentadora, aliás.

- Bom... Ainda tem os itens mais leves que você pode fazer. Como esse aqui...

               Apontei para a folha e ela me olhou divertida.

- “Visitar nossos amigos do trabalho que não vemos há algum tempo”?

- Isso.

- Não seria melhor ter resumido “reencontrar os amigos”?

- Mas não seria tão impactante. Eu precisava ressaltar que você não os vê há algum tempo.

               Ela riu, colocando a folha sobre a mesinha.

- Eu pensei sobre isso hoje.

- Sobre a lista?

- Sobre visitar os amigos que não vejo há algum tempo. – Sorriu aproximando-se de mim. – Talvez eu vá até lá amanhã.

- Será muito bom.

- É... Quando voltei para casa hoje tinha algumas mensagens deles na minha caixa postal.

- Eu disse...

- Pensei que com o tempo eles me deixassem de lado.

- É claro que não. São seus amigos.

- É... Mas eu já não sou como antes. Agora principalmente.

               Ela suspirou e eu segurei sua mão com carinho.

- Você é a mesma Lety que eu conheci, e que eu amo. E tenho certeza que seus amigos irão pensar a mesma coisa.

- Eu amo seu jeito de tentar me animar.

- Tentar?

               Lety me olhou com seriedade.

- As coisas vão começar a mudar daqui à algum tempo. Não vou conseguir fazer grande parte das coisas que faço, e eu não quero que as pessoas se sintam mal com isso. Principalmente você.

- Do que está falando, Lety?

- Estou falando que eu sei o quanto você se esforça para me ajudar e para me ver bem, mas não há nada que possamos fazer a não ser esperar. E com o tempo, essa espera vai ser ainda mais difícil, e eu vou estar bem diferente dessa pessoa que você conhece. E eu não quero ver você se esforçando e quebrando a cabeça tentando me ajudar de alguma forma.

               Fiquei em silencio ouvindo-a.

- Você se esforça tanto por mim... Como fazer uma lista de coisas para fazermos quando eu estiver melhor, mas deveria ter feito uma lista para fazermos SE eu estiver melhor.

- Lety, não...

- Eu sei que não gosta de falar sobre isso, e eu também não quero estragar a noite dizendo esse tipo de coisa. Só quero te alertar... Do mesmo jeito que esse pager possa tocar amanhã mesmo, ele pode não tocar. E até lá...

- ... E até lá nós iremos continuar nossas vidas, como agora. Vamos fazer o máximo de coisas que pudermos e conseguirmos, e em um momento quando estivermos distraídos, de preferencia na cama, esse pager vai tocar.

               Ela riu.

- E eu realmente não vou me importar de termos interrompido um momento como esse para pularmos de felicidade na cama e eu te disser “eu avisei”.

- Sua imaginação é tão fértil.

               Apertei sua mão com carinho e a fiz olhar para mim.

- Não quero que fique com pensamentos negativos, tudo bem?

               Lety maneou a cabeça afirmando.

- Ótimo. – Sorri, lhe dando um rápido beijo carinhoso. – Agora... Vou buscar os petiscos, e você pode me esperar na varanda. Hoje o mar está bem calmo, do jeito que você gosta.

- Tudo bem. – Ela sorriu. Eu te amo.

- Eu também te amo.

               Aquilo para mim já era suficiente.

 

 

 

                                                                          •••

 

 

               Voltei à varanda e Lety estava sentada como sempre, olhando para o mar. Me aproximei devagar para não assustá-la, e assim que coloquei o prato sobre a mesa, me aproximei abraçando-a por trás. Lhe dei um beijo carinhoso no rosto e ela sorriu, segurando meus braços.

- No que está pensando? – Perguntei ainda abraçado à ela.

- Você quer realmente saber?

- Quero.

               Ela riu e eu me sentei ao seu lado, segurando sua mão.

- Estou pensando que... Apesar de tudo, eu sou feliz.

- Mesmo?

- Sim. Muito. – Ela sorriu me olhando. – Ter te conhecido foi uma das melhores coisas que me aconteceu.

               Sorri emocionado e beijei sua mão carinhosamente.

- E... Não vou mentir. Eu estou com medo. Medo dessa espera ser longa demais, medo das coisas mudarem comigo, com a gente... Mas, quando eu paro para pensar em tudo que aconteceu comigo até aqui, me sinto sortuda.

               Me aproximei e olhei no fundo dos seus olhos.

- Você não precisa ter medo de nada, Lety. Eu sei como você é uma mulher forte e batalhadora, e estou aqui apenas de apoio. Mas sem mim, você continuaria sendo essa mesma mulher. Tão linda... – Sorri tocando em seu rosto. – E tão forte.

- Às vezes parece que você não existe, sabia?

- Bom... Se eu não existisse... Eu não conseguiria fazer isso. – Peguei uma azeitona e joguei para cima, abocanhando-a com a boca.

               Lety gargalhou e eu ergui os braços vitorioso.

- Viu só? Sou muito bom nisso!

- Ah sim, você é! – Ela disse ainda rindo.

               Sorri satisfeito e novamente me aproximei, abraçando-a.

- Vai dar tudo certo. – Sussurrei olhando para o mar enquanto a abraçava.

- Eu sei. Porque tenho você.

               Balancei a cabeça concordando.

- Sempre.

 

 

                                                                          •••

 

 

 

- Estamos prometendo de nos encontrar há tanto tempo, e você só me enrola! – Caminhei pela cozinha enquanto falava no celular.

- Eu sei, e eu me sinto péssimo por isso. Mas, prometo que assim que tiver uma folga, vamos nos ver.

- Assim espero. – Falei divertido. – Às vezes um cara precisa do primo/irmão ao lado para jogar conversa fora, tomar uma cerveja.

- Nem me diga! Estou precisando disso.

- Eu também! Você nem imagina! – Suspirei escorando ao balcão.

- E a Lety? Como está?

- Bem... – Respondi com certo desanimo. – Estamos tendo alguns problemas, mas... Ela está bem.

- Problemas na relação?

- Ah não. Não, nossa relação está fantástica como sempre. É só... Um pequeno problema com os exames dela.

- Sinto muito. Se eu puder fazer algo para ajudar...

- É, eu gostaria de falar sobre isso com você. Mas pessoalmente. Isso não é conversa para telefonema. – Falei rindo.

- Tem razão. Logo vou conseguir uma folga e vou aí te visitar. Eu prometo.

- Tudo bem. Bom... Não quero te atrapalhar mais. Sei que você está ocupado.

- Eu gostaria de dizer que tenho tempo de sobra para conversarmos, mas infelizmente estou mesmo ocupado.

- Eu entendo, não se preocupe.

- Te ligo depois, tudo bem?

- Ok. Até logo!

- Até.

               Desliguei o celular e coloquei as torradas no prato. Depois de um tempo, senti dois braços me envolvendo pela cintura com um abraço caloroso, e sorri satisfeito me virando para ela.

- Bom dia! – Lety sorriu sonolenta.

- Bom dia!

- Atrapalhei alguma ligação?

- Não, só estava falando com meu primo.

- Ah, aquele que nunca tive a oportunidade de conhecer nesses dois anos que estamos juntos mesmo você falando dele o tempo inteiro?

               A olhei divertindo, envolvendo-a em um abraço.

- Sim, ele mesmo.

- Então, está tudo bem?

- Sim. Só estávamos jogando conversa fora. Ele não pode tirar folga agora para uma visita, mas disse que está ansioso para te conhecer.

- Também estou ansiosa para conhecer ele. Principalmente porque acho que você fala mais dele do que de mim. – Ela riu, ficando na ponta dos pés.

- Isso é impossível. Eu falo de você o dia inteiro. Pergunte ao Zac.

- Tudo bem, vou acreditar.

               Sorri satisfeito e lhe dei um beijo carinhoso.

- Eu adoraria acordar assim todas as manhãs... – Sussurrei com o rosto próximo ao dela.

- Eu sei. Futuramente.

- Você me enrola muito, Senhorita Padilha.

- Não é minha culpa, Senhor Mendiola. – Ela riu. – Só quero fazer as coisas certas, e já conversamos sobre isso.

- Tudo bem. Tem razão, e eu concordo.

- Obrigada.

- Então... Já que não vamos poder passar o dia todo juntos deitadinhos na minha cama, o que você vai fazer? – Entreguei o prato com torradas para ela.

- Na verdade, eu estava pensando em ir ao aquário.

               Parei a xícara de café próximo à minha boca, olhando-a surpreso.

- Jura?

- Sim. – Ela encarou as torradas, escorando-se ao balcão. – Já tem um tempo que não vou lá, então...

- Lety, isso é ótimo!

- É... Acho que vai me fazer bem ir até lá, não acha?

- Eu tenho certeza.

- Eu só... Tenho medo de ficar mal. Você sabe... Não posso voltar a trabalhar tão cedo. E se eu sentir falta de como era minha vida antes?

- Bom... – Me aproximei e a puxei para outro abraço. – Então eu vou passar lá para te buscar, vou te levar de volta para sua casa, e vou ligar o som bem alto como fiz nos nossos primeiros encontros porque tinha medo de dar o primeiro passo para te beijar.

               Ela gargalhou.

- Isso seria bom.

- Pareceria que voltamos no tempo, não é?

- Sim, pareceria.

               Continuei abraçado à ela.

- E quer saber? Não me arrependo nem um pouco de tudo o que eu fiz, porque hoje eu tenho você. – Falei fazendo-a olhar para mim. – E eu faria tudo outra vez.

- Eu também. – Ela sorriu carinhosamente, me dando um rápido beijo. – Eu também.

 

 

 

                                                                          •••

 

 

               A ideia era deixar Lety no aquário e ir para a loja logo depois. Mas, percebi que ela estava um pouco tensa de voltar lá depois de tanto tempo, e resolvi acompanha-la ao menos até perceber que ela estava à vontade. Eu conhecia aquele lugar como a palma da minha mão, por tanto levar e buscar Lety quando ela trabalhava ali. Mas, não conhecia tanto quanto ela, e assim que entramos, percebi que ela ainda se lembrava exatamente de sua rotina quando trabalhava ali.

- Ai meu Deus! Lety! – Uma de suas amigas correu ao seu encontro, puxando-a para um abraço.

- Oi! – Ela sorriu, retribuindo o abraço.

- Não acredito que você está aqui! Que surpresa maravilhosa!

               Ela olhou para mim, e também me abraçou.

- Que bom te ver também!

- Igualmente. – Sorri, retribuindo o abraço.

- Então foi você que a convenceu de vir aqui, não é? – Ela riu.

- Sou bem convincente. – Falei divertido.

- Espera só o pessoal te ver, Lety. – As duas se olharam. – Eu estou muito feliz de você estar aqui.

- Obrigada, Carol. Eu também estou. – Lety disse satisfeita.

- E você está bem?

               Lety me olhou, e depois suspirou ainda sorrindo.

- Sim, eu estou bem.

- Que ótimo! – Carol exclamou animada. – Vem, quero ver a cara surpresa dos outros.

- Ahm... Eu já vou indo. – Falei e as duas me olharam. – Preciso ir para a loja.

               Me aproximei de Lety e lhe dei um carinhoso beijo.

- Te ligo depois. – Ela disse.

- Certo. Divirta-se. – Sorri. - Até logo, Carol!

- Até!

               Segui para a saída, mas antes de me afastar, olhei para trás. Carol falava sem parar, empolgada, e Lety não parava de sorrir. Me senti satisfeito por saber que apesar de estar com medo, ela estava se sentindo bem. Esse era o meu dever. Fazê-la se sentir bem. E isso me fazia bem. Minha função era fazer Lety feliz, e eu estava me esforçando para isso.



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